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INTRODUÇÃO , FUNÇÃO E ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

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DIREITO ADMINISTRATIVO 
Conceito e fontes do Direito Administrativo 
Ramo do direito público que abrange as normas (regras e princípios) que regulam o 
exercício da função administrativa (seja típica ou atípica), abarcando as entidades, os 
órgãos, os agentes e as atividades desenvolvidas pela Administração Pública na busca 
do interesse público. 
Quando se buscam as fontes do direito administrativo, vê-se que, neste ramo do direito, 
há uma influência muito grande das fontes informais (aquelas produzidas fora do 
ambiente formal, oriunda da produção social e administrativa), não apenas restringindo-
se às formais (aquelas produzidas pelo Estado, por intermédio dos processos formais de 
produção do direito). Desse modo, é possível incluir dentre as fontes do direito 
administrativo, a norma, a jurisprudência, a doutrina, os costumes e a práxis 
administrativa. 
A norma, integrada por regras e princípios, no âmbito do direito administrativo, deve 
compreender o ordenamento jurídico em seu sentido mais amplo, incluindo-se não 
apenas as normas constitucionais, convencionais e legais, mas também a produção 
regulamentar administrativa, a exemplo dos decretos, portarias, instruções, etc. 
Com o fenômeno da “Constitucionalização do Direito Administrativo”, ocorrida 
principalmente a partir da segunda metade da década de 1990, passou-se a dar 
aplicabilidade aos princípios, sejam explícitos (codificados) sejam implícitos 
(decorrentes do regime adotado pela Constituição Cidadão de 1988). 
A lei, como fonte do Direito Administrativo, deve ser considerada em seu sentido amplo 
para abranger as normas constitucionais, a legislação infraconstitucional, os 
regulamentos administrativos e os tratados internacionais. Em razão disso, o princípio 
da legalidade passa a ser visto como sinônimo de “juridicidade”. 
A jurisprudência é formada pelas reiteradas dos tribunais acerca de determinada 
matéria e constitui importante fonte do Direito Administrativo. No sistema brasileiro, a 
jurisprudência é enaltecida principalmente pela força vinculante das decisões definitivas 
de mérito proferidas pelo STF, nas ADI e nas ADC, as quais produzirão eficácia contra 
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (Art 
102, § 2º, da CF/88), e às decisões que reconheçam repercussão geral. 
A relevância do papel da jurisprudência é reforçada pelo fenômeno da judicialização do 
Direito e principalmente após a Emenda Constitucional nº 45/2004. Que trouxe a 
possibilidade da edição de súmula vinculante à Administração Pública direta e indireta 
de todos os entes da federação e aos órgãos do Poder Judiciário. 
A doutrina, compreendida pela produção advinda dos estudos acerca do direito 
administrativo é considerada como fonte material (não formal) do Direito 
Administrativo. Mesmo que a doutrina não vincule, possui o condão de influenciar o 
administrador, o juiz e o legislador. 
Os costumes representam o comportamento estável do povo, compatível com 
determinado espaço geográfico, cultural e temporal. É o que possui a menor vinculação 
no direito administrativo. Os costumes são constituídos por dois elementos: 1) Objetivo: 
condutas reiteradas; 2) Subjetivo: convicção da obrigatoriedade. A doutrina costuma 
classificar os costumes em 3 espécies: 1) secundum legem: aquele que se compatibiliza 
à lei; 2) praeter legem: aquele que preenche eventuais omissões normativas; e 3) contra 
legem: aquele que se opõe à lei. Não reconhecemos a aplicação da 3 espécie. As demais 
compatibilizam-se plenamente com o direito administrativo. 
A práxis administrativa pode ser vista como necessidade de manutenção de uma 
uniformidade na atuação administrativa, objetivando-se segurança jurídica e tratamento 
isonômico. Significa dizer que a decisão administrativa legítima deve ser observada em 
casos futuros e análogos. Veja-se que a práxis administrativa se forma dos precedentes, 
advindos da prática reiterada e uniforme em casos similares. 
Tamanha a importância da práxis administrativa que o Novo CPC, em seu Art 496, 
prevê que está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois 
de confirmada pelo tribunal, a sentença proferida contra a União, os Estados, o Distrito 
Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público e 
que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal, exceto 
quando a sentença estiver fundamentada em entendimento coincidente com orientação 
vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em 
manifestação, parecer ou súmula administrativa. 
FUNÇÕES DO ESTADO E ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Função 
É quando alguém exerce uma atividade representando interesses de terceiros. 
Obs: A divisão dos poderes não gera absoluta divisão das funções, mas sim, 
distribuição de três funções estatais precípuas. 
a) típica: função para o qual o poder foi criado; 
b) atípica: função estranha àquela para o qual o poder foi criado; 
• : elaboração das leis (função normativa). Função legislativa
– características: produz normas gerais, não concretas e produz inovações primárias no 
mundo jurídico. 
• : aplicação coativa da lei. Função judiciária
– características: estabelece regras concretas (julga em concreto, não produz inovações 
primárias, função indireta (deve ser provocado) e propicia situação de intangibilidade 
jurídica (coisa julgada). 
• : conversão da lei em ato individual e concreto. Função administrativa
– características: estabelece regras concretas, não produz inovações primárias, é direta 
(não precisa ser solicitada e é passível de revisão pelo Poder Judiciário). 
Função Administrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração representando 
os interesses da coletividade. Esta função decorre do fato do Brasil ser uma república. 
República = coisa pública. Ou seja, toda atividade desenvolvida tem que privilegiar a 
coisa pública. 
Função administrativa consiste no dever de o Estado, ou quem aja em seu nome, dar 
cumprimento, no caso concreto, aos comandos normativos, de maneira geral ou 
individual, para a realização dos fins públicos, sob regime jurídico prevalente de direito 
público e mediante atos ou comportamentos passíveis de controle. 
Em razão deste interesse público a Administração terá posição privilegiada em face de 
terceiros que com ela se relacionam. Ela tem prerrogativas e obrigações que não são 
extensíveis aos particulares, está em posição de superioridade (ex.: atos da 
administração são dotados de presunção validade, de auto-executoriedade (não precisa 
recorrer ao Jud.), cláusulas exorbitantes, desapropriação etc). 
Administração Pública 
É a atividade desenvolvida pelo Estado ou seus delegados, sob o regime de Direito 
Público, destinada a atender de modo direto e imediato, necessidades concretas da 
coletividade. É todo o aparelhamento do Estado para a prestação dos serviços públicos, 
para a gestão dos bens públicos e dos interesses da comunidade. 
Desconcentração e Descentralização 
A função administrativa pode ser desenvolvida de duas formas: 
a) Centralizada: forma pela qual o serviço é prestado pela Administração Direta 
b) Descentralizada: forma em que a prestação é deslocada para outras Pessoas 
Jurídicas. 
Desse modo, a DESCONCENTRAÇÃO é a distribuição do serviço dentro da mesma 
Pessoa Jurídica, no mesmo núcleo, razão pela qual será uma transferência com 
hierarquia. 
Espécies de desconcentração: 
a) Desconcentração territorial ou geográfica 
→ As competências são divididas em razão da delimitação 
das regiões onde cada órgão poderá atuar. 
b) Desconcentração material ou temática 
→ As competências são divididas em razão da especialização de cada órgão em 
determinado assunto. 
c) Desconcentração hierárquica ou funcional 
→ As competênciassão divididas utilizando-se do critério de relação de subordinação 
entre os diversos órgãos. 
Por sua vez, a DESCENTRALIZAÇÃO consiste na Administração Direta deslocar, 
distribuir ou transferir a prestação do serviço para a Administração Indireta ou para o 
particular. Note-se que a nova Pessoa Jurídica não ficará subordinada à Administração 
Direta, pois não há relação de hierarquia, mas esta manterá o controle e fiscalização 
sobre o serviço descentralizado. 
Administração Direta 
A Administração Direta se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa 
da Presidência da República e dos Ministérios (Estados, Municípios e suas secretarias). 
Órgãos Públicos 
• São divisões das entidades estatais (União, Estados e Municípios) ou centros 
especializados de competência, como o Ministério do Trabalho e da Fazenda. 
• Não tem personalidade jurídica própria, ou seja, os atos que praticam são atribuídos ou 
imputados à entidade estatal a que pertencem. 
• Podem ter representação própria, por seus procuradores, bem como ingressar em juízo, 
na defesa de suas prerrogativas, contra outros órgãos públicos. 
Classificação quanto à esfera de atuação 
a) Centrais: atuação nacional, estadual ou municipal (ex. Ministério da Saúde, 
Secretaria Estadual de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde); 
b) Locais: atuação específica em determinada parte do território (ex. Unidade de Saúde 
de determinado bairro); 
Classificação quanto à posição estatal 
a) Independentes: são os derivados da Constituição, representam os Poderes do Estado. 
Não são subordinados hierarquicamente e somente são controlados uns pelos outros (ex: 
Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Chefias do Executivo, 
Tribunais e Juízes e Tribunais de Contas); 
b) Autônomos: são os subordinados diretamente à cúpula da Administração. Têm 
grande autonomia administrativa, financeira e técnica, caracterizando-se como órgãos 
diretivos, com funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das 
atividades que constituem sua área de competência. Seus dirigentes são, em geral, 
agentes políticos nomeados em comissão (ex. Ministérios e Secretarias, bem como a 
Advocacia-Geral da União, Ministério Público, Defensoria Pública e as Procuradorias 
dos Estados e Municípios); 
c) Superiores: possuem poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de 
sua competência específica. Representam as primeiras divisões dos órgãos 
independentes e autônomos (ex. Gabinetes, Coordenadorias, Departamentos, Divisões, 
etc); 
d) Subalternos: são órgãos de execução (ex. seções e os serviços). 
Classificação quanto à composição 
a) Simples: também conhecidos por unitários. São aqueles que possuem apenas um 
único centro de competência, sua característica fundamental é a ausência de outro órgão 
em sua estrutura para auxiliá-lo no desempenho de suas funções; 
b) Compostos: são aqueles que em sua estrutura possuem outros órgãos menores, seja 
com desempenho de função principal ou de auxilio nas atividades. As funções são 
distribuídas em vários centros de competência, sob a supervisão do órgão de chefia. 
Classificação quanto à forma de atuação 
a) Singulares: são aqueles que decidem e atuam por meio de um único agente, o chefe. 
Possuem agentes auxiliares, mas sua característica de singularidade é desenvolvida pela 
função de um único agente, em geral o titular. 
b) Colegiados: são aqueles que decidem pela manifestação de muitos membros, de 
forma conjunta e por maioria, sem manifestação de vontade de um único chefe. A 
vontade da maioria é imposta de forma legal, regimental ou estatutária. 
Administração Indireta 
A Administração Indireta compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de 
personalidade jurídica própria: 
a) Autarquias; 
b) Fundações Públicas ou Privadas; 
c) Empresas Públicas; 
d) Sociedades de Economia Mista. 
São características comuns às entidades da Administração Indireta: 
a) Ter sua própria personalidade jurídica (patrimônio e sua receita própria autonomia 
administrativa e financeira); 
b) Tem que haver uma lei que cria ou autoriza sua criação, sendo que sua extinção 
também decorre de lei; 
c) Na sua criação há a previsão de uma finalidade específica; 
d) Não possui fins lucrativos; 
e) Sempre estão sujeitos ao controla da Entidade criadora, embora à ela não esteja 
subordinada. 
Obs: É possível o controle das sociedades de economia mista pelo Tribunal de Contas, 
nos termos do Art.71, II, da Constituição, já que se trata de uma sociedade instituída 
pelo Poder Público. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de 
que as sociedades de economia mista sujeitam-se à fiscalização pelos Tribunais de 
Contas. (STF, MS 25 092/DF, RE 356209 AgR /GO, MS 26117/DF, dentre outros). 
Empresas privadas com participação minoritária do Poder Público 
É possível que o Estado participe de sociedade como sócio minoritário. Estas 
sociedades não serão consideradas sociedades de economia mista ou empresas públicas, 
tampouco integram a Administração Indireta. 
Outro ponto importante a ser ressaltado é que a aquisição de participação acionária 
minoritária pelo Estado não confere à sociedade vantagem perante o poder público. 
Desse modo, por exemplo, não pode haver contratação direta desta empresa pelo Estado 
com base no Art. 24, inciso XXIII, da lei 8.666/93. 
Sociedades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público 
Enquadram-se nesta categoria, expressa no Art. 37, inciso XVII, da CF/88, as 
sociedades privadas das quais o Poder Público seja sócio majoritário, mas que não 
sejam constituídas como Sociedade de Economia Mista. Veja-se como exemplo, uma 
sociedade limitada de que o Estado detenha a maior parte das quotas sociais ou até uma 
sociedade anônima de que o Estado tenha adquirido maior parte do capital social e seja 
acionista majoritário. 
Agências Reguladoras 
São autarquias de regime especial, responsáveis pela regulamentação, o controle e a 
fiscalização de serviços públicos transferidos ao setor privado. Exemplos: ANEEL – 
Agência Nacional de Energia Elétrica; ANATEL – Agência Nacional das 
Telecomunicações; ANP – Agência Nacional de Petróleo; ANVISA – Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária; ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil; e ANS – Agência 
Nacional de Saúde Suplementar. 
Outras características: 
• Tem poderes especiais ante a maior autonomia que detém e a forma de provimento de 
seus cargos diretivos (por mandato certo e afastada a possibilidade de exoneração ad 
nutum, ou seja, a qualquer momento). Não são, porém, independentes. 
• Estão sujeitas ao mesmo tratamento das autarquias, e passíveis de idênticos 
mecanismos de controle externo e interno. 
• Os dirigentes das agências reguladoras são nomeados pelo Presidente da República 
após prévia aprovação pelo Senado Federal. Estes dirigentes gozam de mandatos com 
prazo fixo e só saem do cargo mediante renúncia, condenação judicial ou após processo 
administrativo (a lei de criação da Agência poderá prever outras condições para a perda 
do mandato). Não se admite a exoneração ad nutum que, em regra, costuma ser inerente 
aos cargos em comissão. Encerrado o mandato, os dirigentes estão sujeitos à 
“quarentena”, período no qual ficam impossibilitados por 4 meses de trabalharem no 
mesmo ramo de atividade na iniciativa privada. A quarentena é remunerada. 
• Ainda que discricionária, a escolha para os dirigentes e os membros do conselho deve 
atentar para o caráter técnico do cargo a ser ocupado, vez que as Agências Reguladoras 
se caracterizam por um alto grau de especialização técnica no setor regulado, que, 
obviamente, para o seu correto exercício, exige uma formação especial dos ocupantes de 
seus cargos. Isso porque serão brasileiros, de reputação ilibada, formação universitária e 
elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para os quais serão nomeados, 
devendo ser escolhidospelo Presidente da República e por ele nomeados, após 
aprovação pelo Senado Federal. 
QUADRO RESUMO: 
Características das agências reguladoras 
⇒Maior autonomia em relação à Administração Direta 
⇒Dirigentes possuem mandato fixo por período determinado pela lei da instituição. 
⇒Previsão de quarentena para os dirigentes que se desligam da agência reguladora. 
⇒Interposição de recuso hierárquico impróprio no Ministério Superior. 
HIPÓTESES DE PERDA DE MANDATO DE DIRIGENTES DE AGÊNCIA 
REGULADORAS. 
OBS: A lei de criação da Agência poderá prever outras condições para a perda do 
mandato 
↓ 
Renúncia 
↓ 
Condenação judicial Transitada em julgada 
↓ 
Decisão definitiva em processo administrativo disciplinar 
Espécies de atividades desempenhadas pelas Agências Reguladoras 
*Poder de Polícia 
*Fomento e fiscalização de atividades privadas 
*Regulamentação e controle de uso de bem público 
*Atividades desempenhadas com o controle de estatal, mas não através de concessão ou 
permissão de serviço público. Ex: ANS 
Regulação, contratação e fiscalização de atividades econômicas, que não englobam 
serviço público, mas atividade econômica em sentido estrito (monopólio flexibilizado, 
como a indústria do petróleo) 
Regulam e controlam atividades que são objetos de concessão e permissão de serviços 
públicos 
Atribuições das Agências Reguladoras 
⇒ fixar regras à prestação dos serviços sob delegação. 
⇒ realizar licitações. 
⇒celebrar contratos. 
⇒controle e intervenção de desempenho das atividades. 
⇒ aplicação de sanções. 
⇒decisão e articulação de medidas para encampação de serviços de interesse público. 
⇒rescisão ou alteração unilaterais de contratos. 
⇒promoção de reversão dos afetados ao serviços ao término do contrato. 
⇒definição de valor da tarifa ou revisão e critérios para reajustes. 
⇒recebimento de reclamações e “denúncias”. 
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 
ESPÉCIES EXEMPLOS 
1 - Quanto à origem →federais ANS 
→estaduais ARCE 
→distritais ADASA 
→municipais AGERSA 
2 – Quanto à atividade preponderante 
→Agências de serviços ANATEL 
→Agências de fomento ANCINE 
→Agências de uso de bens públicos ANA 
→ Agências de polícia ANVISA 
3 – Quanto à previsão constitucional 
→Com referência constitucional ANATEL e ANP 
→Sem referência As demais 
4 – Quanto ao momento de criação 
→Agências de segunda geração (1996-1999) ANEEL 
→Agências de segunda geração (2000- 2004) 
ANS →Agência de terceira geração (2005- 2007) 
Agências Executivas 
Autarquias e fundações que por iniciativa da Administração Direta celebram contrato de 
gestão visando a melhoria dos serviços que prestam em troca de uma maior autonomia 
gerencial, orçamentária e financeira. Se trata apenas de uma qualificação dada uma 
autarquia ou fundação que tenha um contrato de gestão com seu órgão supervisor, no 
caso um ministério, cumprindo metas de desempenho, redução de custos e eficiência. 
Assim, para ser uma agência executiva basta apenas uma qualificação dada por um 
Ministro de Estado. Exemplos: Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e 
Qualidade Industrial (Inmetro), a Agência Nacional do Desenvolvimento do Amazonas 
(ADA) e Agência Nacional do Desenvolvimento do Nordeste (Adene). 
Agência Executiva 
Autarquias ou fundações que recebem a qualificação através de um decreto do Poder 
Executivo ou portaria expedida pelo Ministro do Estado Celebração de contrato de 
gestão com Ministério Supervisor, Plano estratégico de reestruturação e 
desenvolvimento institucional, Melhoria da qualidade de gestão e redução de custo, 
Possuem o dobro do limite para contratação direta por dispensa de licitação nos termos 
do art. 24, parágrafo único da Lei de Licitações 
Entidades Paraestatais 
Entidades da sociedade civil, sem fins lucrativos, que desempenham atividades de 
interesse social mediante vínculo formal de parceria com o Estado (Rafael Oliveira). 
Fundamentos da existência do 3º setor: 
A) passagem de uma Adm Pub imperativa para uma Adm Pub consensual – o que 
incrementa parcerias entre Estado e Sociedade. 
B) princípio da subsidiariedade – primazia da sociedade na efetivação dos direitos 
sociais, restringindo-se a atuação direta do estado a casos excepcionais. 
C) fomento – o poder público deve promover incentivo ao exercício das atividades 
sociais pela sociedade. 
 Características comuns: 
São entidades privadas, sem fins lucrativos, instituídas sob forma de fundações 
(privadas) ou associações civis, recebendo qualificação jurídica diferenciada. 
(Rafael Oliveira as denomina como “públicas não estatais”). Pública (executam 
atividades sociais e recebem benefícios públicos); 
Não estatal (não integram a estrutura da administração pública); 
Desse modo: 
 
lucrativa; 
 
 
 
 
As entidades paraestatais (que englobam todas as entidades do 3º setor, conforme Di 
Pietro) possuem diferentes qualificações jurídicas, podendo, inclusive variar de um Ente 
da federação para outro. 
Organizações Sociais 
Não integram a Administração Pública, integram a iniciativa privada mas atuam ao lado 
do Estado, cooperando com ele estabelecendo parcerias com o poder público. São 
pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos criadas por particulares para 
aexecução de serviços públicos não exclusivos do Estado, previstos em lei. A lei 
9637/98 autorizou que fossem repassados serviços de: ensino, pesquisa científica, 
desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e 
saúde. 
O instrumento para o repasse é contrato de gestão – art. 37, § 8º (é um contrato diferente 
já que o contrato de gestão se celebra entre a Administração direta e a indireta), 
dispensa licitação como acontece em todos os outros casos de transferência de serviço 
público (o arrt. 24, inciso XXIV, da Lei 8666/93, possibilita a dispensa de licitação para 
a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, 
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas 
no contrato de gestão). 
Podem receber: dotações orçamentárias, bens públicos através de uma permissão de 
uso, recebem servidores públicos. 
São requisitos específicos para que as entidades privadas se habilitem à qualificação 
como organização social: 
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre: 
a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação; 
b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes 
financeiros no desenvolvimento das próprias atividades; 
c) previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de 
direção, um conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, 
asseguradas àquele composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas 
nesta Lei; 
d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de 
representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade 
profissional e idoneidade moral; 
e) composição e atribuições da diretoria; 
f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios 
financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão; 
g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto; 
h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer 
hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou 
membro da entidade; 
i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe 
foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, 
em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social 
qualificada no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da União, 
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos e bens 
por estesalocados; 
II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como 
organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de 
atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração 
Federal e Reforma do Estado. 
O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como organização 
social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas no contrato de 
gestão. 
Obs. 1: A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o 
direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual e 
solidariamente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão. 
Obs. 2: A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores 
entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. 
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público 
OSCIP é um título fornecido pelo Ministério da Justiça, cuja é facilitar o finalidade
aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos 
públicos (federal, estadual e municipal) e permite que doações realizadas por empresas 
possam ser descontadas no imposto de renda. 
OSCIPs são Organizações criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado 
emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento de certos requisitos, 
especialmente aqueles derivados de normas de transparência administrativas. Em 
contrapartida, podem celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que 
são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agilidade e razoabilidade 
em prestar contas. 
Podem qualificar-se como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins 
lucrativos, que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular 
há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas 
estatutárias atendam aos requisitos instituídos na lei 9790/99. 
Não são passíveis de qualificação como OSCIP, ainda que se dediquem de qualquer 
forma às atividades descritas acima: 
I - as sociedades comerciais; 
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional; 
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas 
e visões devocionais e confessionais; 
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; 
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um 
círculo restrito de associados ou sócios; 
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; 
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; 
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; 
IX - as organizações sociais; 
X - as cooperativas; 
XI - as fundações públicas; 
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por 
órgão público ou por fundações públicas; 
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o 
sistema financeiro nacional. 
A qualificação como OSCIP, observado em qualquer caso o princípio da 
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação dessas OSCIP, somente 
será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos 
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: 
I - promoção da assistência social; 
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de 
participação das organizações de que trata esta Lei; 
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação 
das organizações de que trata esta Lei; 
V - promoção da segurança alimentar e nutricional; 
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do 
desenvolvimento sustentável; 
VII - promoção do voluntariado; 
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; 
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas 
alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; 
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria 
jurídica gratuita de interesse suplementar; 
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de 
outros valores universais; 
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e 
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às 
atividades mencionadas acima. 
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a 
implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de 
transporte. 
Obs. 1: As OSCIP integram o que a doutrina chama de “Terceiro Setor”, isto é, uma 
nova forma de organização da Administração Pública por meio da formalização de 
parcerias com a iniciativa privada para o exercício de atividades de relevância social 
(por não integrarem a Administração Pública, as OSCIP’s não se submetem às regras de 
concurso público, nos termos do art. 37, II, da CF/88). Sendo assim, como as ideias de 
“mútua colaboração” e a ausência de “contraposição de interesses” são inerentes a tais 
ajustes, o “termo de parceria” tem sido considerado pela doutrina e pela jurisprudência 
como espécie de convênio e não como contrato, tendo em vista a comunhão de 
interesses do Poder Público e das entidades privadas na consecução de tais atividades. 
Obs. 2: Havendo mais de uma OSCIP interessada em celebrar termo de parceria, apesar 
de desnecessária a licitação formal nos termos da Lei n. 8666/93, não se pode olvidar 
que deverá a administração observar os princípios do art. 37 da CF/88 na escolha da 
entidade além de, atualmente, vir prevalecendo o entendimento da doutrina, da 
jurisprudência e dos Tribunais de Contas no sentido de que, ainda que não se deva 
realizar licitação nos moldes da Lei n. 8.666/93, deverá ser realizado procedimento 
licitatório simplificado a fim de garantir a observância dos princípios da Administração 
Pública, como forma de restringir a subjetividade na escolha da OSCIP a formalizar o 
“termo de parceria”. 
Serviços Sociais Autônomos 
Rótulo atribuído a todas as pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da iniciativa 
privada que foram criadas para desenvolver atividades de auxílio a determinadas 
categorias profissionais que não tenham finalidade lucrativa. 
Assim, é pessoa jurídica criada ou prevista por lei como entidade privada de serviço 
social e de formação profissional vinculada ao sistema sindical e sujeita ao disposto no 
art. 240 da CF/88. 
• CF, art. 240: “Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições 
compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades 
privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”. 
• CF, ADCT, art. 62: “A lei criará o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 
(SENAR) nos moldes da legislação relativa ao Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial 
(SENAI) e ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (SENAC), sem prejuízo 
das atribuições dos órgãos públicos que atuam na área”. 
Ex. SESI, SENAC, SESC (a finalidade é fomentar o desenvolvimento de certas 
categorias privadas e, por isso, interessa a Administração ajudar). Podem receber 
incentivos com dotações orçamentárias e titularizam contribuições parafiscais. 
Principais aspectos: 
1) Entidades civis de direito privado, criadas ou autorizadas por lei. Geralmente, seu 
regulamento é estabelecido por decreto (fora da estrutura da Administração Pública). 
2) Adquirem personalidade jurídica com a inscrição do seu ato constitutivo no Registro 
Civil de Pessoas Jurídicas (geralmente, sob forma deassociação ou fundação). Obs: 
Não há regra que determine a forma jurídica do SSA. Podem assumir o formato de 
fundação ou associação ou formato jurídico especial, insuscetível de perfeito 
enquadramento nas categorias previstas no Código Civil. 
3) Regidos pelo Direito Privado com a incidência das normas de Direito Público 
previstas na lei autorizativa 
4) Criados por entidade civil: corporação representativa de setor da economia, mediante 
autorização legal 
5) Vinculam-se ao órgão da administração direta relacionado com suas atividades para 
fins de controle finalístico e prestação de contas dos recursos públicos recebidos para 
sua manutenção. A vinculação com o Poder Público é diferenciada das entidades da 
administração indireta. 
6) Não estão sujeitos a realização de concurso público, tampouco estão sujeitos à Lei nº 
8.666/93 (licitações e contratos). Leis mais recentes de SSAs estabeleçam a exigência 
de regulamento próprio de compras. (RE 789874, Rel Min Teori Zavascki Julg em: 17 
set 14): 
“Por unanimidade, o STF decidiu que o Serviço Social do Transporte (Sest) não está 
obrigado a realizar concurso público para a contratação de pessoal. O relator do (RE) 
789874, ministro Teori Zavascki, sustentou que as entidades que compõem os serviços 
sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem 
a administração indireta, não estão sujeitas à regra prevista no artigo 37, inciso II da 
Constituição Federal, mesmo que desempenhem atividades de interesse público em 
cooperação com o Estado”. (MS 33442, Rel Min Gilmar Mendes, decisão liminar de 13 
mar 15): 
O ministro Gilmar Mendes suspendeu decisão do TCU que determinava ao Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) a inclusão, em seus editais de licitação, 
de dispositivos previstos na Lei 8.666/1993, que trata de normas para licitações e 
contratos da administração pública. A decisão foi tomada na análise da medida cautelar 
no Mandado de Segurança (MS) 33442. Precedente: ADI 1864. 
7) Mantido por contribuições parafiscais, conforme previsão da lei autorizativa. 
Tributos advindos do setor privado (as empresas), os quais incidem sobre a folha de 
salários das empresas pertencentes à categoria correspondente e se destinam a financiar 
atividades que visem ao aperfeiçoamento profissional e à melhoria do bem estar social 
dos trabalhadores. 
8) Prestam serviços de formação profissional diretamente aos trabalhadores do setor 
tributado 
9) Patrimônio constituído por doações e legados. 
Obs: Em caso de extinção, o patrimônio deve ser revertido para as entidades 
instituidoras, na forma estabelecida no estatuto. 
10) Não se submete a regras do regime administrativo, apenas ao controle da aplicação 
dos recursos de origem pública, por força do art. 70 da CF (sofre controle da CGU e do 
TCU). 
11) Possuem representação jurídica própria (não é representada pela AGU). 
12) Não estão obrigados à observância dos princípios constitucionais da Administração 
Pública (mas seus agentes respondem por improbidade administrativa e ilícitos penais, 
equiparados a agentes públicos). 
13) Observa a legislação privada, inclusive no que se refere ao regime de pessoal 
(regime celetista), ao processo de compras de bens e serviços e de contabilidade e 
finanças com as derrogações impostas na lei autorizativa, quando houver. 
14) Possuem Imunidade tributária, quando enquadrados nos casos contemplados no art. 
150, inciso VI, alínea “c” da CF 
15) Tem estrutura e cargos estabelecidos na forma do estatuto social 
16) Não possuem privilégios processuais (AI nº 841548/PR) e a competência para 
apreciar questões judiciais é da justiça estadual (Súmula 516 do STF: "O Serviço Social 
da Indústria - SESI - está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual“).

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