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Redução da Maioridade Penal

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
 
 
 
 
 
 
POLÍTICA DE ATENÇÃO À CRIANÇA E O ADOLESCENTE
Prof.ª Valéria
 
 
 
Redução da Maioridade Penal
 
 
 
Discentes:
William José Vieira.
 
 
 
 
RECIFE - PE
2019
CONTEXTO
 
A maioridade penal no nosso país começa aos 18 anos, como é estabelecido no artigo 228 da Constituição Federal de 1988, que afirma que a menor idade é inimputável e estão sujeitos a norma especial. Isto significa que antes de completar 18 anos de idade, uma pessoa não pode ser responsabilizada como um adulto. A reforma ou redução da maioridade penal no Brasil refere-se aos diferentes esforços, ideias ou iniciativas que visão possíveis mudanças na legislação brasileira sobre a penalização de menores de dezoito anos, especialmente no que diz respeito à possível redução da idade para aplicação de punição criminal (legalmente chamada de imputabilidade penal) que ficou conhecida como “maioridade penal”.
A discussão da redução da maioridade penal ganhou força no senado em 2007, após um ocorrido de um assalto no Rio de Janeiro, no qual um garoto de 6 anos morreu após ser arrastado por quilômetros durante um assalto no qual um adolescente de 16 anos teve participação. O tema é bastante polêmico, tendo em vista que, os parlamentares viram na maioridade penal uma forma de medida socioeducativa como punição, já os defensores dos direitos humanos acreditam que este esse projeto não vai solucionar o problema da violência no País.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), diz que “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los à salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
De acordo com dados da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, há 16.868 jovens cumprindo medidas socioeducativas no Brasil. Desse total, 11.734 estão em regime de internação, 3.715 em internação provisória 3.715 e 1.419 na semiliberdade. Isso se dá por falta de preparo por parte do Estado em promover estratégias eficaz para lidar com tal problema. Segundo a assessora jurídica e coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Nadja Furtado, boa parte dos jovens que foram detidos acabam cometendo novos crimes ao deixar os institutos. Isso porque o Estado não é capaz de criar instituições que promovam a ressocialização e educação destes adolescentes, tal como determina o ECA. A coordenadora afirmou que é contra a redução da maioridade penal. Segundo ela, a proposta é uma "falsa solução" para o problema da violência no País. 
 
CONJUNTURA E MUDANÇAS
 
Em caso de aprovação do PL 115/2015, que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, haverá sem dúvidas um aumento significativo do aumento do estado penal brasileiro, que pelos indicativos de hoje, demonstram que que tal penalização não é igualitária a todas as camadas da sociedade. Logo, a redução da maioridade penal iria afetar, preferencialmente, jovens negros, pobres e moradores de áreas periféricas do Brasil, na medida em que este é o perfil de boa parte da população carcerária brasileira. Estudo da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) aponta que 72% da população carcerária brasileira é composta por negros. A inclusão de jovens a partir de 16 anos no sistema prisional brasileiro não iria contribuir para a sua reinserção na sociedade. Relatórios de entidades nacionais e internacionais vêm criticando a qualidade do sistema prisional brasileiro. Ainda se percebe nitidamente uma série de interesses obscuros por trás da tentativa de aprovação deste PL, construtoras, fornecedores de alimentação e fardamentos, são alguns setores da economia que também fomentam esta discussão com interesses meramente capitalistas e por isso fazem forte lobby junto aos congressistas.
No tocante ao tema deste trabalho, a conjuntura atual é bastante desfavorável a aqueles que se posicionam contrários à redução da maioridade penal, um dos motivos é o crescimento da violência em todo o país, e o papel da grande mídia em relação ao problema, principalmente através dos problemas sensacionalistas de TV, é de colocar a população a favor desta redução, conforme citado em pesquisa de janeiro de 2019 realizada pelo instituto Datafolha. Se de um lado, a população responde desta forma, o Congresso Nacional não se difere dela, o congresso nacional aprovou em 2015 a PEC 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Este projeto de lei foi então encaminhado ao senado, onde ganhou força para entrar em pauta após o “massacre de Suzano”, como ficou conhecido o massacre ocorrido em 13 de março de 2019 em uma escola no município de Suzano, no estado de São Paulo.
 
IMPLICAÇÕES PARA POLÍTICA E PARA A QUALIDADE DE VIDA DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES
 
De acordo com o Art. 228 da Constituição Federal de 1988, “são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/1990) prevê medidas socioeducativas paras os autores de atos infracionais, tais como consta no Art. 112 do referido estatuto. Havendo a prática de ato infracional, são essas algumas das medidas aplicadas: I – advertência; II – obrigação de reparar o dano; III – prestação de serviços à comunidade; IV – liberdade assistida entre outras. A lei ainda prevê que tais medidas aplicadas deverão levar em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. O que demonstra a falácia dos argumentos sobre a dita impunidade que paira sobre os adolescentes que estão sob proteção do Estatuto.
Sob os mais diversos argumentos e justificativas tal tema entra para a ordem do dia, principalmente em contextos de recrudescimento do conservadorismo e em contextos de crise, como são perceptíveis no momento atual no qual a representação máxima do Estado brasileiro, enquanto ainda candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, declara em uma entrevista coletiva que “O ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina. É um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”[1], o que demonstra total desconhecimento da Lei e responsabilização e culpabilização das crianças e adolescentes que estão em situação de violência, seja enquanto autores ou não da conduta infracional.
Para Oliveira (2018, p. 76) a proposta de redução da maioridade penal,
 
Nega de forma clara todos os direitos conquistados arduamente pela sociedade brasileira no que se refere à proteção da criança e do adolescente, bem como desconsidera todos os fatores socioeconômicos que contribuem para a violência e a criminalidade, legitimando um Estado punitivo em detrimento de um Estado social.
 
De acordo com a CONAMP, o art. 228 trata-se de cláusula pétrea por versar sobre direitos e garantias individuais, sendo desta forma insuscetível de modificação. Para a CONAMP a PEC 171/93 traz uma novidade mundial: a ‘redução seletiva’ da imputabilidade penal, sendo criado um adolescente de maturidade múltiplas.
A UNICEF no seu relatório “Porque dizer Não a Redução da Idade Penal” emitido em 2009 elenca alguns motivos para ser contrários a redução da maioridade penal e que revelam uma série de implicações caso seja aprovado, destacamos: É incompatível com a doutrina da proteção integral; É inconstitucional e viola cláusula pétrea (Art. 228 da Constituição Federal); Afronta compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e está na contramão do que se vem discutindo internacionalmente sobre o tema; O ECA quando devidamente aplicado gera bons resultados; São as políticas sociais que possuem real potencial para diminuir o envolvimento dos adolescentes com a violência.
Tendo em vista a atualidade do debate da redução da maioridade penal na sociedadebrasileira, as inúmeras tentativas e tensionamentos provocados ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) pelas propostas de redução da idade penal apresentadas na câmera de deputados brasileira é impensável a ideia de que tais tentativas não representem implicações gravíssimas no que se refere aos direitos das crianças e adolescentes brasileiro.
 
De acordo com uma pesquisa realizada entre 2004 e 2009 na Fundação Casa em São Paulo, foi constatado que apesar de o ECA, prever medidas socioeducativas de caráter pedagógica, a realidade institucional evidenciou uma lógica punitiva e carcerária direcionada aos jovens atendidos. (MALLART, 2014 apud SILVA; HUNING, 2017). Dessa forma, é possível afirmar, que, embora o ECA tenha apresentado uma nova concepção de infância, rompendo com o caráter extremamente punitivo, coercitivo e higienista contidos nos códigos de menores de 1927 e 1979, e que o ECA sob os princípios de proteção, ainda não conseguiu romper com essa lógica contida nos códigos de menores.
A defesa da redução da maioridade penal representa, assim, um ferrenho ataque ao processo histórico iniciado em 1990, no que tange a concepção de infância e dos direitos conquistados por este público que sempre tiveram seus direitos violados, além disso, dentre as diversas implicações que podemos citar, é o encarceramento de uma grande parcela de adolescentes que possuem um recorte étnico-racial e social, o que configura o aumento significativo do sistema carcerário brasileiro que é bastante deficitário no projeto de ressocialização dos sujeitos.

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