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APOSTILA-COMPLETA-EDUCAÇÃO-AMBIENTAL FAVENI

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
 
 
 
 
VENDA NOVA DO IMIGRANTE – ES 
 
 
 
 
Sumário 
 
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) .......... 3 
1.1 O Capítulo 36 da Agenda 21 ......................................................................... 5 
2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL: NOTAS SOBRE O MÉTODO .......................................................... 8 
2.1 Construindo Consenso Sobre a EA (Educação Ambiental) Associada ao 
Desenvolvimento Sustentável ................................................................................... 10 
3 ALIANÇA MUNDIAL PELA SUSTENTABILIDADE ............................................... 10 
3.1 A Década no Contexto da Globalização...................................................... 11 
3.2 Uma Grande Oportunidade para os Sistemas de Ensino............................ 11 
4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E 
INTERPRETAÇÕES ................................................................................................. 12 
4.1 Críticas e Objeções ao Desenvolvimento Sustentável ................................ 13 
4.2 Educação e sustentabilidade ...................................................................... 15 
5 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO BRASI L ................................................ 17 
5.1 O Nível Genético ......................................................................................... 18 
5.2 Nível De Espécies ....................................................................................... 19 
5.3 Estado da Conservação da Flora e da Fauna ............................................. 21 
5.4 Os Principais Ecossistemas Brasileiros ...................................................... 22 
6 ENERGIA SUSTENTÁVEL ................................................................................... 47 
6.1 Fontes renováveis de energia elétrica ........................................................ 49 
7 O PRINCÍPIO DOS TRÊS ERRES (3R’S) NA LEI Nº 12.305/2010: REDUZIR, 
REUTILIZAR E RECICLAR ....................................................................................... 55 
7.1 A participação popular................................................................................. 57 
7.2 Educação ambiental e sua importância para a implementação da lei nº 
12.305/2010................................................................................................................58 
8 RESÍDUOS SÓLIDOS E RECURSOS HÍDRICOS ............................................... 59 
 
 
 
8.1 Soluções Utilizadas para a Questão Hídrica ............................................... 62 
8.2 Gestão de resíduos sólidos......................................................................... 66 
8.3 Classificação dos resíduos sólidos ............................................................. 67 
8.4 Outros tipos de resíduos sólidos ................................................................. 74 
8.5 Resíduos industriais .................................................................................... 74 
8.6 Impactos Causados pela Disposição Inadequada dos Resíduos Sólidos ... 76 
8.7 Doenças Causadas Devido à Disposição Inadequada dos Resíduos 
Sólidos........................................................................................................................77 
8.8 Reciclagem: a indústria do presente ........................................................... 78 
8.9 Para onde vai o lixo? .................................................................................. 79 
9 CULTURA E SUSTENTABILIDADE EM FOCO: A CULTURA DA 
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL .......................................................................... 85 
9.1 Ambiente, Cultura e Sustentabilidade ......................................................... 86 
9.2 Cultura, produto do desenvolvimento do homem ........................................ 87 
9.3 A Cultura da Sustentabilidade Ambiental .................................................... 87 
9.4 Técnicas para Elaboração e Avaliação de Projetos Sustentáveis .............. 88 
10 O MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ...................... 91 
10.1 As Diferentes Concepções de Educação e de Educação Ambiental ........ 92 
10.2 Olhares e Práticas diferenciadas na Educação Ambiental........................ 92 
10.3 A construção do campo educativo-ambiental e o compromisso com a 
sociedade...................................................................................................................93 
10.4 Educação Ambiental Popular .................................................................... 95 
10.5 Educação Ambiental Crítica ...................................................................... 97 
10.6 A Metodologia Participativa como Ferramenta para a Educação Ambiental 
Crítica.........................................................................................................................99 
10.7 O Saber Ambiental .................................................................................. 100 
11 BIBLIOGRafia BÁSICA ..................................................................................... 102 
 
3 
 
 
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) 
O conceito de Educação Ambiental é mais antigo que o conceito de Educação 
para o Desenvolvimento Sustentável e, nos últimos anos, tem havido muita discussão 
sobre as inter-relações entre estes dois conceitos. O conceito de EA surgiu com a 
própria UNESCO, em 1946, mas foi reforçado em 1975, na Carta de Belgrado 
(UNESCO, 1975). Nessa Carta, afirmava-se que a meta da EA é formar uma 
população consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas a ele 
associados e que seja capaz de trabalhar para resolver os problemas existentes e 
para evitar que surjam outros (LEITE & DOURADO,2015). 
Nos finais da década de 1980 e inícios da década de 1990 começou a emergir 
uma nova concepção de Educação que viria a designar-se como Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável (EDS). 
Em 1997, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, em 
Tessalónica, Grécia, considerou que os resultados da implementação das diversas 
orientações sobre EA tinham sido insuficientes e realçou a necessidade de uma 
educação voltada ao Desenvolvimento Sustentável (LEITE & DOURADO,2015). 
No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, em seu 
Artigo 1º estabelece que "entendem-se por educação ambiental os processos por 
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, 
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, 
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua 
sustentabilidade"(IATO, et al, 2014) . 
As Conferências de Estocolmo, em 1972, Belgrado (1975), Tbilisi (1977), 
Moscou (1987), Rio de Janeiro (1992), Tessalônica (1997), Rio+20 (2012) trouxeram 
em pauta a discussão da educação ambiental como um processo dialético de 
reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, na busca de adoção de novos 
padrões de atitudes. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Imagem: Conferência de estolcomo 
 
 
Fonte: www.profes.com.br 
A Assembleia Geral das Nações Unidas com base na resolução n° 57/254 
instituiu a “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável” (2005-2014) com o propósito de estimular estratégias articuladas que 
permitissem à educação respostas às crises ambiental, social e econômica. Criaram-se assim condições que encorajaram os Estados-membros da ONU (entre eles o 
Brasil) a promoverem a integração dos valores do desenvolvimento sustentável em 
todas as formas de aprendizagem, abrindo perspectivas de diálogo entre os parceiros 
empenhados e com responsabilidades na construção de sociedades mais 
equilibradas ambiental, social e economicamente (IATO, et al, 2014). 
Segundo Barreto, & Vilaça, (2018), atualmente a educação ambiental é 
frequentemente complementada com ‘para a sustentabilidade’, sendo um tema 
relevante e prioritário nas discussões de diversas instituições governamentais e não 
governamentais. Assim a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) traz 
consigo elementos complementares àquela visão de EA apenas sob a vertente 
ambiente, aproximando da discussão elementos como sociedade e economia. 
Neste contexto, a disciplina de Educação e Desenvolvimento Sustentável 
pretende preparar o futuro Técnico Superior de Educação para o diagnóstico de 
 
5 
 
problemas econômicos sociais e ambientais, bem como para a análise de ações 
educativas capazes de minorá-los e ou evitá-los, de uma forma sustentada (LEITE & 
DOURADO,2015). 
Para dar cumprimento a esse propósito, um dos objetivos do programa da 
disciplina requer a análise das diversas perspectivas sobre EA e EDS, bem como a 
análise dos significados desses conceitos e das suas inter-relações, uma vez que, 
como já mencionado, não existe consenso absoluto sobre esse assunto. 
1.1 O Capítulo 36 da Agenda 21 
A Agenda 21 entendeu a "Promoção do treinamento" como um dos instrumentos 
mais importantes para desenvolver recursos humanos e facilitar a transição para um 
mundo mais sustentável, devendo ser dirigido a profissões determinadas e visar 
preencher lacunas no conhecimento e nas habilidades que ajudarão os indivíduos a 
achar emprego e a participar de atividades de meio ambiente e desenvolvimento. 
Segundo a Agenda 21, ao mesmo tempo, os programas de treinamento devem 
promover uma consciência maior das questões de meio ambiente e desenvolvimento 
como um processo de aprendizagem de duas mãos. A "Promoção de treinamento" 
tem os seguintes objetivos: 
 
1) estabelecer ou fortalecer programas de treinamento vocacional que atendam 
às necessidades de meio ambiente e desenvolvimento com acesso assegurado a 
oportunidades de treinamento, independentemente de condição social, idade, sexo, 
raça ou religião; 
 
2) promover uma força de trabalho flexível e adaptável, de várias idades, que 
possa enfrentar os problemas crescentes de meio ambiente e desenvolvimento e as 
mudanças ocasionadas pela transição para uma sociedade sustentável; 
 
3) fortalecer a capacidade nacional, particularmente no ensino e treinamento 
científicos, para permitir que Governos, patrões e trabalhadores alcancem seus 
objetivos de meio ambiente e desenvolvimento e facilitar a transferência e assimilação 
de novas tecnologias e conhecimentos técnicos ambientalmente saudáveis e 
socialmente aceitáveis; 
 
6 
 
4) assegurar que as considerações ambientais e de ecologia humana sejam 
integradas a todos os níveis administrativos e todos os níveis de manejo funcional, 
tais como marketing, produção e finanças. 
 
A partir da publicação do relatório Nosso futuro comum, produzido pela 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), a expressão 
desenvolvimento sustentável passou a ser difundida e tornou-se popular, com a 
Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (Cnumad), 
realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (BARBIERI e SILVA, 2011). 
A Agenda 21, documento aprovado durante a Conferência do Rio de Janeiro, é 
um programa de ação abrangente para guiar a humanidade em direção a um 
desenvolvimento que seja ao mesmo tempo socialmente justo e ambientalmente 
sustentável. Ela é constituída por 40 capítulos, dedicados: às diversas questões 
sociais e ambientais de caráter planetário (erradicação da pobreza, proteção da 
atmosfera, conservação da biodiversidade etc.); ao fortalecimento dos principais 
grupos de parceiros para implantar as ações recomendadas (ONGs, governos locais, 
comunidade científica e tecnológica, sindicatos, indústria e comércio etc.); e aos meios 
de implementação, como mecanismos financeiros, desenvolvimento científico e 
tecnológico, cooperação internacional e a promoção do ensino (BARBIERI e SILVA, 
2011). 
Após a Eco-92, merecem menção, na discussão das ideias da educação 
ambiental, o "Congresso Mundial para Educação e Comunicação sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento", Toronto, Canadá (1992) e o "I Congresso Ibero-
americano de Educação Ambiental: uma estratégia para o futuro", Guadalajara, 
México (1992), que se manifestaria em sequência, nos seguintes eventos: "II 
Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: em busca das marcas de Tbilisi", 
Guadalajara, México (1997); "III Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: 
povos e caminhos para o desenvolvimento sustentável", Caracas, Venezuela (2000); 
"IV Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: um mundo melhor é 
possível", Havana, Cuba (2003) e "V Congresso Iberoamericano de Educação 
Ambiental", Joinville, Brasil (2006). 
A promoção do ensino está presente em praticamente todas as áreas e os 
programas da Agenda 21. Além disso, o Capítulo 36 é inteiramente dedicado à 
promoção do ensino, da conscientização pública e do treinamento. Embora conste em 
 
7 
 
seu preâmbulo que as recomendações da Conferência de Tbilisi ofereceram os 
princípios fundamentais desse capítulo, uma análise de seu texto mostra que ele foi 
muito mais influenciado pela Conferência Mundial do Ensino para Todos para a 
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizado, realizada em Jomtien, 
Indonésia, em 1990. Com efeito, apenas uma única menção foi feita à EA em todo o 
texto do Capítulo 36. Esse fato mostra uma mudança de trajetória no âmbito das 
conferências intergovernamentais promovidas pela ONU e nos documentos 
produzidos por elas. A Declaração de Jomtien reafirma a ideia da educação como um 
direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo 
inteiro, e que pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais 
próspero e ambientalmente mais puro, ao mesmo tempo que favoreça o progresso 
social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional. A Declaração 
reconhece que uma educação básica adequada é fundamental para fortalecer os 
níveis superiores de ensino, a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, 
para alcançar um desenvolvimento autônomo. A educação básica é considerada, de 
modo amplo, como satisfação das necessidades de aprendizagem ao longo de toda 
a vida para todos (UNESCO, 1990). 
A Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) foi criada em 1992 para 
acompanhar e avaliar a implantação das áreas de programas e atividades 
recomendadas pela Agenda 21 e a cooperação internacional relacionada com elas. A 
coordenação das atividades do Capítulo 36 da Agenda ficou a cargo da Unesco, que 
promoveu uma iniciativa internacional denominada Educação para o Futuro 
Sustentável (EPS), em 1994, com o propósito de reforçar os objetivos, as propostas e 
as recomendações constantes nesse capítulo e nas conferências mencionadas 
(BARBIERI e SILVA, 2011). 
Essa mudança de prioridade modificaria a atuação da Unesco e do Pnuma em 
relação à EA. Tal mudança foi precedida pelo encerramento, em 1995, das atividades 
do Piea, que havia sido criado como resultado da Conferência de Estocolmo, como já 
mencionado. Em 1997, a Assembleia Geral da ONU, com base nessa avaliação da 
CDS, adotou um programa para implantar a Agenda21, na qual os temas do Capítulo 
36 passaram a ter as prioridades citadas. Esse programa usa as expressões 
educação para a sustentabilidade e educação para o futuro sustentável, cujos temas 
centrais incluem, entre outros, a educação permanente, a educação interdisciplinar e 
a educação multicultural (BARBIERI e SILVA, 2011). 
 
8 
 
2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL: NOTAS SOBRE O MÉTODO 
Segundo Leher (2016), a matriz discursiva dessa orientação é o 
desenvolvimento sustentável que, a rigor, não é um conceito científico, mas, 
sobretudo, uma ideologia penetrante e indispensável ao capital, em um contexto em 
que os problemas socioambientais alcançam perigosa escala planetária e as 
resistências se ampliam. Está fora de questão que a eficiência energética e o controle 
dos resíduos avançaram de modo extraordinário nas últimas décadas, repercutindo 
de modo positivo em determinados indicadores ambientais e em certos territórios. 
Entretanto, é a lógica destrutiva do capital – materializada no desenvolvimento 
desigual do capital nos territórios – que calibra a forma de consumo de energia, o 
custo possível das mercadorias e define a escala de circulação das mesmas em 
âmbito planetário. 
A opção por um método que converte o Estado em unidade de análise bastante 
em si inevitavelmente leva à reiteração da ordem e ao reforço da institucionalidade 
vigente. Muitos estudos e pesquisas, ao focalizarem a análise interna desses 
documentos, concluem que existe uma polarização nas concepções sobre a 
problemática ambiental, como se houvesse um corte epistemológico entre o culto à 
vida silvestre e o eco cientificismo. A rigor, os dois enfoques possuem pressupostos 
comuns, conforme argumento adiante, ao examinar o Instituto (LEHER, 2016). 
 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. 
Antes de seguir a análise, uma rápida explicitação dos termos é necessária: 
 Culto à vida silvestre, orientação que busca se referenciar na ecologia – 
políticas que em geral resultam na delimitação de parques e áreas de 
preservação ambiental e da biodiversidade. Muitas dessas medidas são 
patrocinadas por organizações não governamentais de âmbito mundial, 
financiadas por corporações e, muito frequentemente, buscam regulamentar as 
reservas a despeito de conflitos com os povos que nelas vivem. 
 Proposições ecocientificistas que argumentam que é possível corrigir o padrão 
de acumulação do capital, melhorando a eficiência do uso dos recursos 
naturais e aperfeiçoando os mecanismos técnicos de controle da 
 
9 
 
contaminação. Se valem de proposições como desenvolvimento sustentável, 
modernização ecológica e indústrias verdes, validadas por selos de 
sustentabilidade ambiental. Essas proposições poderiam ser implementadas, 
na prática, por meio de impostos que levassem em consideração a variável 
ambiental, o uso de mercados de permissão de emissões e pelo 
desenvolvimento de tecnologias que economizassem energia e recursos 
naturais, por meio de formas mais eficientes e complexas de reciclagem: a ideia 
chave é a mitigação dos efeitos socioambientais da produção capitalista. 
 
A matriz discursiva dessa orientação é o desenvolvimento sustentável que, a 
rigor, não é um conceito científico, mas, sobretudo, uma ideologia penetrante e 
indispensável ao capital, em um contexto em que os problemas socioambientais 
alcançam perigosa escala planetária e as resistências se ampliam. Está fora de 
questão que a eficiência energética e o controle dos resíduos avançaram de modo 
extraordinário nas últimas décadas, repercutindo de modo positivo em determinados 
indicadores ambientais e em certos territórios. Entretanto, é a lógica destrutiva do 
capital – materializada no desenvolvimento desigual do capital nos territórios – que 
calibra a forma de consumo de energia, o custo possível das mercadorias e define a 
escala de circulação das mesmas em âmbito planetário. O exemplo da Articulação 
Internacional dos Atingidos pela Val é significativo. A coordenadora de iniciativas 
populares existe, justamente, em virtude dos efeitos devastadores provocados pela 
mineração da Vale em distintas partes do planeta. Produtos sofisticados, 
ambientalmente certificados, estão inseridos em cadeias produtivas globais, que 
contém nódulos que requerem despojo de populações e elevado custo 
socioambiental. O pensamento ambiental eurocêntrico ignora isso (LEHER, 2016). 
O desenvolvimento desigual do capitalismo, a circulação ampliada do capital e 
os processos contra tendenciais* frente à queda da taxa média de lucros explicam o 
motivo porque, a despeito dos avanços tecnológicos do pós-II Guerra, os problemas 
socioambientais agravaram-se de tal modo que a vida no planeta está sob ameaça, 
conforme os relatórios e pesquisas realizadas no âmbito do Painel Intergovernamental 
para a Mudança Climática - IPCC, na sigla em inglês, e sobretudo pela Conferência 
Mundial dos Povos sobre o Cambio Climático e os Direitos da Mãe Terra, realizado 
na Bolívia, em 2010 (LEHER, 2016). 
 
10 
 
2.1 Construindo Consenso Sobre a EA (Educação Ambiental) Associada ao 
Desenvolvimento Sustentável 
Após a Conferência de Estocolmo de 1972, a EA (Educação Ambiental) passou 
a receber atenção especial em praticamente todos os fóruns relacionados com a 
temática do desenvolvimento e do meio ambiente. Dela resultou a criação do 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que viria a dividir com 
a Unesco as questões relativas à EA no âmbito das Nações Unidas. 
Foi estabelecido um plano de trabalho com 110 resoluções, e uma delas se 
refere à necessidade de implantar a EA de caráter interdisciplinar com o objetivo de 
preparar o ser humano para viver em harmonia com o meio ambiente (Resolução nº 
96). Para cumprir essa resolução, a Unesco e o Pnuma criaram o Programa 
Internacional de Educação Ambiental (Piea), com o objetivo de promover o 
intercâmbio de ideias, informações e experiências em EA entre as nações de todo o 
mundo, fomentar o desenvolvimento de atividades de pesquisa que melhorem a 
compreensão e a implantação da EA, promover o desenvolvimento e a avaliação de 
materiais didáticos, currículos, programas e instrumentos de ensino, favorecer o 
treinamento de pessoal para o desenvolvimento da EA e dar assistência aos Estados 
membros com relação à implantação de políticas e programas de EA (BARBIERI e 
SILVA, 2011). 
 
3 ALIANÇA MUNDIAL PELA SUSTENTABILIDADE 
Em 2006, a Unesco criou um grupo de referência para subsidiar a Secretaria da 
Década com insumos conceituais e estratégias. A Secretaria da Unesco para a 
Década, com base em estudos e pesquisas sobre a educação para o desenvolvimento 
sustentável (EDS), está produzindo materiais educativos para a formação necessária 
para facilitar a emergência de uma reforma educacional que inclua a sustentabilidade 
como princípio e diretriz e que nos conduza a uma nova qualidade do ensino-
aprendizagem. O Grupo de Referência da Década da Unesco tem como orientação 
básica cinco estratégias: 
 
 
11 
 
 estabelecer os princípios para uma grande aliança mundial pela 
sustentabilidade, governamental e não governamental; 
 concretamente, iniciar pela criação e acompanhamento dos trabalhos das 
comissões nacionais da Década; 
 criar centros de referência em diferentes partes do mundo para fomentar a 
discussão, a pesquisa e a intervenção na EDS; 
 estabelecer estreita ligação com outras iniciativas e décadas da ONU, tais 
como: Década da Alfabetização, Educação para Todos, HIV/Aids e os 
Objetivos do Milênio; 
 estabelecer uma estratégia de comunicação e informação fortemente 
ancoradanas novas tecnologias e, particularmente, na internet. 
3.1 A Década no Contexto da Globalização 
A globalização, impulsionada pela tecnologia, parece determinar cada vez mais 
nossas vidas. As decisões sobre o que nos acontece no dia-a-dia parecem nos 
escapar, por serem tomadas muito distante de nós, comprometendo nosso papel de 
sujeitos na história. Mas não é bem assim. Como fenômeno, como processo, a 
globalização é irreversível. Mas não esse tipo de globalização, esse modelo de 
globalização, o “globalista” (Ianni, 1996) ao qual estamos submetidos hoje: a 
globalização capitalista. Seus efeitos mais imediatos são o desemprego, o 
aprofundamento das diferenças entre os poucos que têm muito e os muitos que têm 
pouco, a perda de poder e de autonomia de muitos estados e nações. Há, pois, que 
distinguir os países que hoje comandam a globalização – os globalizadores (países 
ricos) – dos países que sofrem a globalização – os globalizados (pobres) 
(GADOTTI,2008). 
Dentro deste complexo fenômeno, pode-se distinguir também a globalização 
econômica, realizada pelas transnacionais, da globalização da cidadania. Ambas se 
utilizam da mesma base tecnológica, mas com lógicas opostas. 
3.2 Uma Grande Oportunidade para os Sistemas de Ensino 
A Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável se constitui numa 
grande oportunidade para a renovação dos currículos dos sistemas formais de 
 
12 
 
educação. O apelo do documento das Nações Unidas é, sobretudo, para os “Estados 
membros”. O documento resgata a história de lutas por uma cultura da 
sustentabilidade, desde Estocolmo (1972), passando pelo Nosso Futuro Comum 
(1987), pela Rio-92, pelo Fórum de Educação de Dakar (2000) e pelos Objetivos do 
Milênio (2002). 
A Década representa um meio de implementação do capítulo 36 da Agenda 21, 
buscando reorientar e potencializar políticas e programas educativos já existentes 
como o da educação ambiental e iniciativas como a da Carta da Terra. O capítulo 36 
da Agenda 21 enfatiza que a educação é um “fator crítico” para promover o 
desenvolvimento sustentável e para desenvolver a capacidade das pessoas no que 
se refere às questões do meio ambiente e do desenvolvimento. O mesmo capítulo 
identifica quatro desafios básicos para implementar uma EDS: melhorar a educação 
básica, reorientar a educação existente para alcançar o desenvolvimento sustentável, 
desenvolver a compreensão pública, o conhecimento e a formação (GADOTTI,2008). 
A educação para o desenvolvimento sustentável, apesar de sua ambiguidade, é 
uma visão positiva do futuro da humanidade, um consenso apoiado por uma grande 
maioria. Com o aquecimento global, a Década tornou-se ainda mais atual, e pode 
contribuir para a compreensão das grandes crises atuais (água, alimento, energia 
etc.). 
 
4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E 
INTERPRETAÇÕES 
O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da 
Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, como uma resposta 
para a humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo passava a 
partir da segunda metade do século XX. Na Comissão Mundial para o Meio Ambiente 
e o desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão de Brundtland, 
presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, no processo preparatório a 
Conferência das Nações Unidas – também chamada de “Rio 92” foi desenvolvido um 
relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Tal relatório contém 
informações colhidas pela comissão ao longo de três anos de pesquisa e análise, 
 
13 
 
destacando-se as questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, 
sua ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, 
além de administração do crescimento urbano (BARBOSA, 2008). 
O relatório Brundland considera que a pobreza generalizada não é mais 
inevitável e que o desenvolvimento de uma cidade deve privilegiar o atendimento das 
necessidades básicas de todos e oferecer oportunidades de melhoria de qualidade de 
vida para a população. Um dos principais conceitos debatidos pelo relatório foi o de 
“equidade” como condição para que haja a participação efetiva da sociedade na 
tomada de decisões, através de processos democráticos, para o desenvolvimento 
urbano (BARBOSA, 2008). 
Não é esperado que toda uma Nação se conscientize de seu papel essencial 
no quadro ambiental e social mundial. Apesar disso, as diversas discussões sobre o 
termo “desenvolvimento sustentável” abrem à questão de que é possível desenvolver 
sem destruir o meio ambiente. 
O Direito Ambiental deve ser firmado em princípios e normas específicas, que 
têm como premissa buscar uma relação equilibrada entre o homem e a natureza ao 
regular todas as atividades que possam afetar o meio ambiente. O fato de que o 
desenvolvimento sustentável tenha respaldo na comunidade brasileira e poder, 
através do Direito Ambiental, fazer parte de uma disciplina jurídica, torna o termo 
capaz de definir um novo modelo de desenvolvimento para o país (BARBOSA, 2008). 
4.1 Críticas e Objeções ao Desenvolvimento Sustentável 
A expressão “desenvolvimento sustentável” se tornou popular após a 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada 
no Rio de Janeiro, em 1992, embora já estivesse presente, com diferentes 
denominações, desde a Conferência de Estocolmo, de 1972. 
A definição de desenvolvimento sustentável da Comissão Brundtand, de 1987, 
passou a ser citada em praticamente todos os documentos oficiais da ONU e suas 
agências, como a Unesco, Pnuma, Pnud, Unido e Unctad, em documentos oficiais de 
entidades intergovernamentais, como OMC, OMS e Banco Mundial, em leis nacionais 
e subnacionais, em documentos de empresas e ONGs, e já faz parte do repertório de 
pessoas mais esclarecidas do público em geral. Hoje, é crescente o número de 
empresas que a colocam em suas missões e declarações. A adesão foi tanta e tão 
 
14 
 
rápida que não é exagero afirmar que se trata de verdadeiro sucesso em termos de 
popularidade. Mas também não são poucos os que se manifestaram contrários à ideia 
de desenvolvimento sustentável. 
Com efeito, nas medidas de mitigação dos problemas socioambientais, as ações 
de educação ambiental são convocadas para provocar o encontro harmonioso entre 
os “cidadãos” expropriados e os grandes empreendimentos econômicos. As 
resistências verificadas no IBAMA e no ICMBio são trincheiras e ações localizadas 
que provocam correções, ajustes, revisões, mudanças de rota de gasodutos, 
indenização a pescadores e outros atingidos. Entretanto, as medidas de educação 
ambiental exigidas pelo órgão fiscalizador, ainda que a favor das populações afetadas, 
são efetivadas, via de regra, por parcerias público-privadas com organizações que, 
contraditoriamente, dependem do financiamento da empresa que o órgão público está 
interpelando. As tensões são inevitáveis, visto que o setor público exige a mitigação 
dos efeitos das ações provocadas pela empresa que financiará o programa de 
educação ambiental. É uma relação que, a despeito da correção, ética e disposição 
crítica da ONG (ou mesmo do grupo universitário), torna o futuro do trabalho crítico 
incerto e vulnerável às pressões mais ou menos sutis das empresas. Ademais, como 
é possível constatar nos grandes empreendimentos, essas medidas corretivas são 
rapidamente internalizadas nos custos dos produtos e serviços ou, então, têm seus 
cursos absorvidos pelo Estado, em nome da preservação ambiental. No cômputo 
geral, é um ambiente inóspito para vicejar o pensamento crítico, passível de ser 
adensado teoricamente e sistematizado (LEHER, 2016). 
De fato, aeducação ambiental crítica não pode ser nutrida teórica e 
politicamente, de modo endógeno, no âmbito do Estado. 
Se a educação ambiental crítica encontra dificuldade de se desenvolver, teórica 
e praticamente, nos conflitos advindos do processo de licenciamento de grandes 
empreendimentos, é necessário indagar se nas escolas públicas está sendo possível 
tal adensamento teórico-prático. Um exame dos programas governamentais, 
parcerias com empresas, experiências escolares e de formação docente, confirma 
que a perspectiva crítica se desenvolve em um ambiente educacional francamente 
hostil. Com efeito, a incorporação, nas diversas esferas do Estado, da agenda 
empresarial veiculada pelo Todos pela Educação, pela coalizão ultraconservadora 
Escola Sem Partido, pelas entidades sindicais patronais (Sistema S), pelas 
corporações (Vale S.A., Gerdau...) e pelas entidades empresariais do agronegócio 
 
15 
 
(Associação Brasileira do Agronegócio), torna quase que estéril o solo para vicejar a 
educação ambiental inscrita na perspectiva histórico-crítica e libertária. O controle do 
capital sobre a educação básica busca pasteurizar, por meio de seu moinho triturador, 
todas as práticas educativas críticas nas escolas (LEHER, 2016). 
Ademais, em virtude da presença de movimentos sociais que reivindicam a 
perspectiva crítica, os intelectuais do capital chegam a se valer até mesmo do léxico 
pós-moderno para assimilar e esvaziar as proposições emancipatórias de seus 
sentidos anticapitalistas produzidos nas lutas de classes. É necessário, por 
conseguinte, dialogar com a produção do conhecimento decorrente das lutas contra o 
despojo e de seus nexos com espaços de produção de conhecimento científico 
referenciado em uma ética pública. 
A retomada do crescimento com um objetivo do desenvolvimento sustentável 
tanto suscita críticas e desconfianças por diversas razões quanto aplausos e 
regozijos. No entanto, foi a menção à retomada do crescimento que trouxe 
popularidade ao desenvolvimento sustentável entre os políticos profissionais de modo 
geral, pois o crescimento econômico sempre foi bandeira fácil de carregar e de render 
votos. 
Para os governantes, o crescimento econômico gera impostos e uma gestão 
mais tranquila, pois aumenta a possibilidade de atender às demandas de diversos 
setores da sociedade, além do fato de que uma economia em crescimento gera menos 
greves e necessidades de recursos para atender desempregados. Um político que 
propõe em sua plataforma reduzir o crescimento econômico certamente teria uma vida 
política curta. (BARBIERI e SILVA, 2011). 
4.2 Educação e sustentabilidade 
A forma de educação que, em nível mundial, está sendo preconizada para 
enfrentar o desafio de construção de sociedades sustentáveis é a Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável (EDS) ou a Educação para a Sustentabilidade (EpS). 
 
16 
 
 
Fonte: www.ver.pt 
Essa forma de educação passou a ser preconizada internacionalmente pela 
Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2002 e tem como meta beneficiar 
as pessoas com uma educação em que seus valores e comportamentos possam gerar 
e gerir sociedades sustentáveis. 
À medida que os debates a respeito da sustentabilidade se aprofundam e 
envolvem cada vez mais pessoas, instituições e organizações da sociedade civil, 
compreendemos que a solução dos problemas ecológicos é complexa. Aos poucos, 
percebemos que sem uma mudança de paradigma certamente não seremos capazes 
de encontrar alternativas razoáveis aos grandes desafios que a crise ecológica impõe 
à sociedade global (TROMBETTA, 2014). 
Essa abordagem de desenvolvimento sustentável discute as desigualdades 
econômicas e sociais entre os diferentes países como uma das causas da degradação 
ambiental e propõe políticas para o enfrentamento desses problemas. No entanto, 
podemos observar que as estratégias propostas para substituir os atuais processos 
de crescimento econômico pelo desenvolvimento sustentável dizem respeito a 
modificações nas políticas de desenvolvimento, a mudanças nos processos de 
desenvolvimento econômico da sociedade atual. Em nenhum momento questiona-se 
o modelo de desenvolvimento em si, mas suas estratégias. Assim, desenvolvimento 
sustentável diz respeito a uma forma de crescimento econômico das nações que 
levam em conta o comprometimento dos recursos naturais para as futuras gerações. 
A nova ordem internacional a que ele se refere seria controlar a exploração dos 
 
17 
 
recursos naturais em níveis suportáveis em todo mundo. Em resumo, a proposta de 
desenvolvimento sustentável é de crescimento econômico com controle ambiental. A 
desigualdade é tratada como um desajuste a ser superado pela universalização do 
desenvolvimento econômico, porém com sustentabilidade (DE CAMPOS TOZONI-
REIS, 2011). 
Apesar desse aspecto, a influência do conceito de desenvolvimento sustentável 
manteve-se amparada principalmente no âmbito das políticas nacionais e 
internacionais. O Banco Mundial lançou em 1992 um relatório sobre desenvolvimento 
e meio ambiente, em que deixou clara sua postura neomalthusiana, afirmando que, 
apesar dos conflitos entre crescimento econômico e qualidade ambiental, é possível 
encontrar caminhos para adequar o modelo de crescimento econômico ao bem 
comum. 
 
5 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO BRASI L1 
Conhecer a biodiversidade brasileira é uma condição fundamental para a 
elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento 
sustentável de nosso país. Ao se abordar a temática da biodiversidade, faz-se 
necessária uma breve definição do termo. 
 
 
Fonte: www.luciacangussu.bio.br 
 
1 Texto extraído do site: 
http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/livro07_sustentabilidadeambienta.pdf 
 
18 
 
A relevância desse tema se traduz na decisão, pela Assembleia-Geral da 
Organização das Nações Unidas (ONU), de declarar 2010 como o Ano Internacional 
da Biodiversidade, com o objetivo precípuo de aumentar a consciência sobre a 
importância da preservação da biodiversidade em todo o mundo, assim como destacar 
sua influência na qualidade de vida humana e dinamizar iniciativas de redução da sua 
perda (CARDOSO JR, 2010). 
A diversidade dentro de espécies abrange toda a variação de indivíduos de uma 
população, bem como entre populações distintas de uma mesma espécie. Embora 
essa definição pudesse incluir outros aspectos, tais como diversidade morfológica e 
comportamental, entre outras, na prática, vem sendo tratada como equivalente à 
diversidade genética. 
A diversidade entre espécies, por sua vez, refere-se usualmente ao número de 
espécies (riqueza) presentes em determinado tipo de ambiente ou região de interesse 
– por exemplo, o Brasil. Ainda como apontado por esses autores, a diversidade de 
ecossistemas é mais ambígua que as outras categorias relacionadas na CDB e, em 
termos práticos, vem sendo abordada como a diversidade de fisionomias de 
vegetação, de paisagens ou de biomas (CARDOSO JR, 2010). 
5.1 O Nível Genético 
A diversidade genética está na base dos processos ecológico-evolutivos, que 
determinam, em última instância, a constituição dos níveis superiores (espécies e 
ecossistemas). A manutenção da composição intraespecífica de alelos (diferentes 
versões de um mesmo gene) é tão importante quanto a conservação de espécies ou 
ecossistemas. Essa composição pode variar muito entre os indivíduos de uma mesma 
população ou entre populações diferentes de uma mesma espécie. Isso significa que 
em uma população com 100 irmãos ou primos espera-se encontrar menos 
biodiversidade do que em uma com indivíduosnão aparentados. 
Conservar a variabilidade intraespecífica é importante dos pontos de vista ético 
e estético, mas também por motivos mais pragmáticos. 
A baixa diversidade genética compromete a viabilidade de populações em longo 
prazo, pois diminui sua capacidade de adaptação a mudanças ambientais e sua 
resiliência a estresses bióticos ou abióticos – como ataques de patógenos ou períodos 
muito quentes. Uma população geneticamente homogênea, ainda que grande, 
 
19 
 
sempre possui maior risco de extinção, pois pode ter todos os seus indivíduos 
dizimados por uma mesma doença, por exemplo. 
Uma vez que a perda de hábitats e a fragmentação são as maiores responsáveis 
pela redução da diversidade genética, investir no desenvolvimento de técnicas de 
manejo em paisagens fragmentadas reveste-se de uma importância evidente. Sabe-
se, por exemplo, que a persistência de populações em paisagens fragmentadas é 
criticamente dependente da manutenção da conectividade entre fragmentos, o que 
diminui o isolamento (CARDOSO JR, 2010). 
Pesquisas sobre a ecologia e a genética de populações mostram-se 
fundamentais, pois o desconhecimento do poder de dispersão das espécies de 
interesse, assim como da sua estrutura genética populacional antes da fragmentação, 
pode ser um sério empecilho à sua conservação. Estudos com anfíbios e aves 
mostram que a erosão genética não ocorre imediatamente após o processo de 
fragmentação. Assim, a preservação de fragmentos onde a deriva genética e a 
endogamia ainda não são pronunciadas pode ser crítica para a manutenção da 
diversidade genética e viabilidade das populações em uma determinada região. 
Apesar de poucos projetos terem abordado efeitos temporais da fragmentação, os 
resultados indicam que diferentes estratégias devem ser adotadas de acordo com a 
idade dos fragmentos (CARDOSO JR, 2010). 
5.2 Nível De Espécies 
A diversidade é um dos aspectos mais fascinantes do mundo vivo. Nos últimos 
300 anos, a partir das viagens de exploração – a mais célebre certamente foi a de 
Darwin a bordo do Beagle – o conhecimento sobre a diversidade da vida cresceu 
exponencialmente. Fundamentais à sua consolidação foram as teorias sobre a 
definição biológica de espécie. Ainda que não seja um consenso, já que atualmente 
há diversas definições para a espécie, o conceito proposto por Mayr (1999) 
fundamenta-se em três premissas: 
 
 A espécie é um grupo de populações naturais reprodutivamente isolado de 
outros grupos semelhantes; 
 
20 
 
 Considerando seu isolamento reprodutivo, todos os processos evolutivos que 
ocorram em uma determinada espécie restringem-se a ela e a seus 
descendentes: a espécie seria a moeda da evolução biológica; e 
 A espécie é também a unidade básica em ecologia e nenhum ecossistema será 
compreendido de forma plena sem que se conheçam as espécies que o 
integram e suas respectivas interações. Dessa maneira, a diversidade – ou 
riqueza – de espécies traduz-se em inestimável patrimônio sob os pontos de 
vista evolutivo, ecológico e econômico (CARDOSO JR, 2010). 
 
A tarefa de apresentar um diagnóstico do estado da biodiversidade brasileira em 
nível de espécies é gigantesca, considerando sua acentuada riqueza e, ao mesmo 
tempo, a magnitude daquilo que ainda falta ser conhecido. O estudo mais abrangente 
até o momento, no que se refere à síntese do conhecimento atual, foi realizado no 
âmbito do projeto Estratégia Nacional da Biodiversidade, do MMA. A partir de 
informações obtidas de especialistas nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos 
e catalogados, estimou-se que o país teria, em média, cerca de 13% do total mundial 
desses grupos, algo entre 168.640 e 212.650 espécies. 
Enquanto para organismos maiores da biota vegetal e animal a aplicação dos 
métodos tradicionais de classificação possibilita a identificação da espécie, para os 
microrganismos é comum que a caracterização taxonômica seja feita apenas em nível 
de gênero, o que traz restrições às estimativas de riqueza de espécies para a 
microbiota. Sob o aspecto de estudo da diversidade, há ainda limitações associadas 
à grande variabilidade genética registrada em microrganismos em ambiente natural 
(não cultivados em laboratório). Dessa maneira, antes da abordagem sobre o estado 
de conhecimento da flora e da fauna, apresentam-se aspectos singulares acerca da 
diversidade e da conservação da microbiota (CARDOSO JR, 2010). 
Microrganismos são seres vivos unicelulares microscópicos, incluindo bactérias, 
arqueas, fungos, protozoários e vírus. Sua importância ecológica e econômica é 
fundamental: toda a cadeia da vida no planeta, assim como parte significativa das 
atividades econômicas, depende dos processos por eles realizados, destacando-se 
atividades de fotossíntese, ciclagem de nutrientes, manutenção da fertilidade e 
estrutura de solos e processos industriais em diversos setores, destacando-se os de 
química, papel e celulose, alimentos e bebidas. Além disso, microrganismos 
desempenham papel fundamental no tratamento de efluentes industriais, esgotos e 
 
21 
 
resíduos sólidos. O isolamento e o cultivo de microrganismos em laboratório 
respondem também por considerável parcela das inovações nas áreas médica, 
biotecnológica e ambiental. A despeito de sua importância, há uma significativa 
defasagem no conhecimento de sua diversidade em relação a outros grupos, tais 
como animais e plantas superiores. Em nível mundial, estima-se que tenham sido 
descritos cerca de 5% das espécies estimadas de fungos, 0,1% a 12% dos procariotos 
(arqueas e bactérias), 31% dos protozoários e 4% dos vírus. Como o conhecimento 
sobre a diversidade desses grupos no Brasil é ainda incipiente, presume-se que 
também há um vasto campo propício à descoberta de novas espécies (CARDOSO 
JR, 2010). 
Os invertebrados respondem por 95% das espécies animais hoje viventes e o 
número de espécimes tombados em coleção brasileira é quase oito vezes maior que 
o total de vertebrados. Ainda que a maioria dos filos seja total ou parcialmente 
marinha, os invertebrados terrestres destacam-se pela sua riqueza e suas 
importâncias ecológica e econômica. Há filos numerosos, como o Arthropoda,9 que 
inclui aproximadamente 1,5 milhão de espécies já descritas e estudos recentes 
estimam que esse total pode alcançar até quarenta vezes o número atualmente 
conhecido. 
Avaliado de forma resumida o estado de conhecimento da biodiversidade, 
busca-se a seguir apresentar o nível de proteção – e por consequência de ameaça – 
a que estão sujeitas as espécies brasileiras. 
5.3 Estado da Conservação da Flora e da Fauna 
A primeira lista oficial brasileira das espécies de plantas ameaçadas de extinção 
data de 1968, tendo sido identificadas 13 espécies de plantas, sendo que metade era 
de orquídeas. Em 1980, houve a segunda atualização, com o acréscimo de apenas 
uma espécie. A terceira atualização veio após 12 anos, em janeiro de 1992; poucos 
meses depois, em abril, ocorreu a quarta atualização, com o acréscimo de apenas 
uma planta. A partir daquele ano, incluíram-se nessa lista espécies de biomas 
diversos à Mata Atlântica, refletindo o processo de ocupação dos estados da 
Amazônia e dos cerrados do Centro-Oeste. Desde então, a quantidade de espécies 
ameaçadas praticamente aumentou dez vezes. Apenas recentemente, em 2008, a 
 
22 
 
lista de plantas superiores foi novamente atualizada, listando 472 espécies 
ameaçadas de extinção e 1.079 com deficiência de dados. 
5.4 Os Principais Ecossistemas Brasileiros 
O Brasil possui uma grande diversidade de ecossistemas. Quase todo o seu 
território está situado na zona tropical. Por isso, nosso país recebe grande quantidade 
de calor durantetodo o ano, o que favorece essa grande diversidade. Veja, no mapa 
a seguir, exemplos dos principais ecossistemas encontrados no Brasil. 
 
 
Fonte: www.estudokids.com.br 
 Floresta Amazônica 
Estende-se além do território nacional, com chuvas frequentes e abundantes. 
Apresenta flora exuberante, com espécies, como a seringueira, o guaraná, a vitória-
régia, e é habitada por inúmeras espécies de animais, como o peixe-boi, o boto, o 
 
23 
 
pirarucu, a arara. Para termos uma ideia da riqueza da biodiversidade desses 
ecossistemas, ele apresenta, até o momento, 1,5 milhão de espécies de vegetais 
identificadas por cientistas. 
 
 
Fonte: www.fatosdesconhecidos.com.br 
Com uma área de aproximadamente 5,5 milhões de km², a Floresta 
Amazônica é a principal cobertura vegetal do Brasil, ocupando 45% do nosso 
território, além de espaços de mais nove países, sendo também a maior floresta 
tropical do mundo. É chamada de Floresta latifoliada equatorial. 
A Floresta Amazônica caracteriza-se por ser heterogênea, havendo um elevado 
quantitativo de espécies, com cerca de 2500 tipos de árvores e mais de 30 mil tipos 
de plantas. Além disso, ela é perene, ou seja, permanece verde durante todo o ano, 
não perdendo as suas folhas no outono. Apresenta uma densidade elevada, o que é 
propício ao grande número de árvores por m². 
Costuma-se classificar essa floresta conforme a proximidade dos cursos d’água. 
Dessa forma, existem três subtipos principais: mata de igapó, mata de várzea e mata 
de terra firme. 
 
 
 
24 
 
 Mata de Igapó 
Também chamada de floresta alagada, a mata de igapó caracteriza-se por se 
localizar muito próxima aos rios, estando permanentemente inundada. Apresenta 
plantas de pequeno porte em comparação ao restante da vegetação da Amazônia e 
que costumam ser hidrófilas, ou seja, adaptadas à umidade. Possui, em geral, raízes 
elevadas que acompanham os troncos. 
 
 
Fonte: www.infoescola.com 
 Mata de Várzea 
Assim como a mata de igapó, a várzea também sofre com as inundações, porém 
apenas no período das cheias dos grandes rios, por se encontrar em áreas um pouco 
mais elevadas. 
 
25 
 
 
Fonte: meioambiente.culturamix.com 
É uma mata muito fechada, com elevada densidade, árvores altas (em média 
20m de altura) e, em geral, com galhos espinhosos, o que dificulta o seu acesso. As 
espécies mais conhecidas são o Jatobá e a Seringueira, essa última muito usada na 
extração de látex, a matéria-prima da borracha. 
 
 Mata de Terra Firme 
Também chamada de caetê, a mata de terra firme caracteriza-se por se 
encontrar relativamente distante dos grandes cursos d’água, localizando-se em 
planaltos sedimentares. Em razão disso, não costuma ser alvo de inundações, 
recobrindo a maior parte da floresta e apresentando as maiores médias de altura 
(algumas árvores chegam a alcançar os 60m). 
 
 
26 
 
 
Fonte: cristalinolodge.com.br 
A importância da Floresta Amazônica reside, principalmente, em sua função 
ambiental. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, ela não é o “pulmão do 
mundo”, pois o oxigênio por ela produzido é consumido pela própria floresta. Sua 
importância ambiental reside no controle das temperaturas, graças ao aumento da 
umidade, que é resultado da constante evapotranspiração da floresta, produzindo 
massas de ar úmido para todo o continente sul-americano, os chamados Rios 
Voadores. 
É importante não confundir o Bioma Amazônia com a Floresta Amazônica. O 
primeiro termo refere-se às características gerais que envolvem a mata, os animais, 
os rios, os solos e a flora, o segundo limita-se às características da floresta. 
 
27 
 
Fonte: www.sobiologia.com.brp 
 
 Mata de Cocais 
A mata de cocais situa-se entre a floresta amazônica e a caatinga. São matas 
de carnaúba, babaçu, buriti e outras palmeiras. Vários tipos de animais habitam esse 
ecossistema, como a arara canga e o macaco cuxiú. 
A Mata dos Cocais é um tipo de cobertura vegetal situada entre as florestas 
úmidas da região Norte e as terras semiáridas do Nordeste do Brasil, sendo uma zona 
de transição entre os biomas Caatinga, Floresta Amazônica e Cerrado. Abrange 
predominantemente o Meio-Norte (sub-região formada pelos estados do Maranhão e 
Piauí), mas também se estende pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e 
Tocantins. 
Influenciado pela sua localização, esse bioma possui três tipos de 
climas: equatorial úmido - quente e chuvoso, predominando em menos de 20% do 
bioma; tropical semiúmido - predomina em mais de 65%, com estações secas e 
úmidas bem definidas e temperaturas médias elevadas; tropical semiárido – quente e 
seco, com chuvas escassas e irregulares, predomina em 15% do bioma. 
A Mata dos Cocais se formou ocupando lacunas de outras formações vegetais 
(cerrados e florestas amazonenses), que foram desmatadas para criação de pasto e 
exploração de madeira. Seu solo é rico em minérios como: ferro, ouro, 
diamante, bauxita, alumínio e níquel. Uma característica interessante é que o solo, na 
 
28 
 
região dos cocais, possui um lençol freático pouco profundo, permanecendo úmido o 
ano inteiro. 
 
 
Fonte: educacao.uol.com.br 
A vegetação da Mata dos Cocais é dominada pela palmeira babaçu (sendo a 
mais importante a Orbignya speciosa), que predomina nos locais mais úmidos como 
o Maranhão, norte do Tocantins e oeste do Piauí. Na área menos úmida, que abrange 
o leste do Piauí e litorais do Ceará e Rio Grande do Norte, predomina a palmeira 
carnaúba (Copernicia cerifera). As outras principais palmeiras são o buriti (Mauritia 
flexuosa) e a oiticica (Licania rigida). Uma grande quantidade de arbustos e 
vegetações de pequeno porte também são encontradas nos locais de menores 
altitudes. 
O babaçu chega a atingir 20 metros de altura e uma árvore pode produzir até 
2.000 frutos (cocos) por ano. Dentro dos frutos existem as amêndoas, das quais é 
extraído um óleo muito utilizado em diversas indústrias (alimentícias, farmacêuticas, 
químicas, etc.). Outras partes do coco também são aproveitadas, como o epicarpo 
(camada externa), que é utilizado na produção de estofados, embalagens, vasos, 
placas, etc. 
A carnaúba também é utilizada de várias formas. O uso mais importante é a 
extração da cera de suas folhas, que é utilizada na fabricação de diversos produtos. 
 
29 
 
Assim, a Mata dos Cocais representa uma importante fonte de renda para a população 
local. (CARDOSO JR, 2009). 
A fauna nesse bioma é muito diversa, destacando-se a arara-vermelha, gavião-
real, jaguatirica, lobo-guará, macaco cuxiú (endêmico do Brasil) e outras muitas 
espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Nos rios vivem a ariranha, o boto, o 
acará-bandeira (peixe), entre outros. 
A Mata dos Cocais está sendo prejudicada pelo desmatamento desordenado 
para desenvolvimento da pecuária e cultura de soja. Além disso, a extração de 
minerais que ocorre nesse ambiente acaba por fragilizá-lo ainda mais. 
 
 Mata Atlântica 
Com uma área de 1.110.182 km2, o bioma Mata Atlântica10 é um complexo 
ambiental que incorpora cadeias de montanhas, platôs, vales e planícies ao longo de 
toda a faixa continental atlântica brasileira, avançando em direção ao interior do Brasil 
nas regiões sudeste e sul (CARDOSO JR, 2009). 
Essa enorme biodiversidade é resultado, em grande parte, da ampla gama de 
latitudes pela qual a Mata Atlântica se distribui (27º de 3ºS a 30ºS), das grandes 
variações em altitude (desde o nível do mar até 2.700 m, nas montanhas da 
Mantiqueira e Caparaó, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, do Rio de Janeiro e 
do Espírito Santo) e dos regimes climáticosdiversos presentes ao longo de sua 
extensão – desde regimes subúmidos e estações secas no Nordeste até áreas que 
atingem 4 mil mm/ano de pluviosidade, nas montanhas da Serra do Mar. 
A cobertura vegetal da Mata Atlântica começou a ser mapeada utilizando-se a 
análise de imagens de satélite no início da década de 1990, em um trabalho conjunto 
entre a organização não governamental SOS Mata Atlântica e o Inpe. Desde então, 
as duas instituições têm publicado regularmente um atlas contendo informações sobre 
a dinâmica da vegetação da Mata Atlântica – desmatamentos, fragmentação e, mais 
recentemente, regeneração. A quinta e última edição, correspondente ao período 
2005-2008, foi lançada em 2009 (CARDOSO JR, 2009). 
Unidades de conservação podem ser consideradas como fragmentos de habitat 
natural em um bioma altamente modificado pela ação humana, como é o caso da Mata 
Atlântica – mas também de outros biomas já bastante desflorestados e alterados, 
como a Caatinga e o Cerrado. A descontinuidade que existe entre as UCs, preenchida 
 
30 
 
por uma paisagem antropizada constituída por áreas urbanas, industriais e rurais, 
áreas degradadas e em regeneração, bem como as características dos 
remanescentes da paisagem natural (por exemplo, tamanho, perímetro e grau de 
isolamento – distância – em relação a fragmentos adjacentes) têm implicações 
importantes em relação à capacidade desses fragmentos conservarem a 
biodiversidade 
 
 Pantanal 
Com uma área total de 150.355 km2, o bioma Pantanal está inserido na Bacia 
do Alto Paraguai e abrange no Brasil parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso 
do Sul. Seus limites coincidem com a chamada “Planície do Pantanal” ou “Pantanal 
Mato-grossense”, que representa a parte mais baixa da bacia hidrográfica e é também 
a maior superfície interiorana inundável do mundo (IBGE, 2004a). 
Considerando-se sua reduzida área em relação aos demais biomas brasileiros, 
a riqueza de espécies do Pantanal pode ser considerada elevada, embora haja na 
região um baixo número de endemismos. 
A principal atividade econômica no Pantanal é a pecuária bovina de corte, 
realizada de forma extensiva em pastagens naturais. O gado foi introduzido em 
fazendas no Pantanal a partir de 1740, o que foi favorecido por extensas áreas de 
campo nativo. Porém, foi somente a partir de 1914, com a criação da Estrada de Ferro 
Noroeste do Brasil – de Bauru a Corumbá –, que a pecuária entrou no circuito 
nacional. 
Por se tratar de um bioma altamente influenciado pelo regime hídrico, qualquer 
intervenção humana que altere os ciclos hidrológicos naturais poderá colocar em risco 
a biodiversidade, as populações humanas e as atividades econômicas estabelecidas 
na região. Nesse sentido, as maiores ameaças ao bioma referem-se à execução de 
dragagens, à construção de diques e barragens ao longo da planície do Pantanal, ou 
mesmo no planalto adjacente, pertencente à Bacia do Alto Paraguai, onde estão 
localizadas as cabeceiras de diversos rios que compõem a bacia pantaneira. 
 
31 
 
 
Fonte: www.vix.com 
O bioma Pantanal conta com apenas cinco UCs, o menor número e o que 
proporcionalmente tem a menor cobertura por UCs entre os biomas continentais 
brasileiros. São duas UCs federais e três estaduais, todas de proteção integral, cuja 
área total soma aproximadamente 440 mil ha, o que corresponde a 2,9% da área do 
bioma. As duas UCs federais, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense 
(135.600 ha) e a Estação Ecológica do Taiamã (14.300 ha), foram criadas em 1981. 
Em 2000 o Mato Grosso do Sul criou o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro 
(77 mil ha) e na década atual o Mato Grosso constituiu suas duas unidades, o Parque 
Estadual do Guirá (103 mil ha) e o Monumento Natural Estadual Morro de Santo 
Antônio (258 ha). 
 
 Campos Sulinos 
No Brasil, o bioma Campos Sulinos abrange parte do território do Rio Grande do 
Sul. São cerca de 170 mil Km2. Além das fronteiras do país, ele se estende por terras 
do Uruguai e da Argentina. 
Os campos sulinos são também conhecidos como pampas, palavra de origem 
indígena que quer dizer “região plana”. Na verdade, os pampas são apenas um 
 
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pedaço das terras dos campos sulinos. O bioma engloba também campos mais altos 
e algumas áreas semelhantes a savanas. 
Nos campos do Sul já foram encontradas 102 espécies de mamíferos, 476 de 
aves e 50 de peixes. 
Para que você possa imaginar como é a fauna deste bioma, vamos citar alguns 
de seus integrantes. No grupo dos mamíferos, podemos citar o tatu, o guaxinim, o 
zorrilho, o graxaim (Pseudalopex gymnocercus) e outras duas espécies em risco de 
extinção: o gato-dos-pampas ou gato palheiro (Leopardus pajeros) e a preguiça-de-
coleira. 
 
 
Fonte: www.emaze.com 
Entre as aves mais comuns estão o cisne-de-pescoço-preto, o marreco, a perdiz, 
o quero-quero, o pica-pau do campo e a coruja-buraqueira, que ganhou este nome 
por fazer seus ninhos em buracos cavados no solo. 
Fazem parte das 50 espécies de peixes catalogadas o lambari-listrado, o 
lambari-azul, o tambuatá, o surubim e o cação-anjo. 
E por lá existem também répteis e insetos. No primeiro grupo está a tartaruga-
verde-e-amarela, a jararaca-do-banhado, a cobra-cipó e o cágado-de-barbicha. Entre 
 
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os insetos, podemos destacar a vespa da madeira e o conhecido bicho-da-maçã, 
também chamado traça-das-frutas. 
São chamados de pampas os campos mais planos que estão localizados ao sul 
do estado do Rio Grande do Sul. Neles existe uma vegetação campestre, que parece 
um imenso tapete verde. Nos pampas predominam espécies que medem até um 
metro de altura. São comuns as gramíneas, que às vezes transformam os campos em 
grandes capinzais. 
Nos pampas a vegetação pode, então, ser considerada rala e pobre em 
espécies. Ela vai se tornando mais rica nas proximidades de áreas mais altas. Nas 
encostas de planaltos, existem matas com grandes pinheiros e outras árvores, como 
a Cabreúva, a grápia, a caroba, o angico-vermelho e o cedro. Nestas regiões, 
chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, onde a espécie vegetal 
predominante é o pinheiro-do-paraná. 
Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados, 
ambientes alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido 
banhado é o de Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada 
pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis) para preservação de tão importante ecossistema. 
Na região dos pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são normalmente 
procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas. 
Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo "terra roxa", batizado assim 
devido ao nome que receberam dos italianos que vieram para o Brasil trabalhar na 
lavoura. Por causa de sua cor avermelhada, eles chamavam o solo de terra 
rossa, pois em italiano, rosso é vermelho. Só que quem começou a chamar de terra 
roxa não sabia italiano e acabou confundindo rosso com roxo por conta do som da 
palavra. 
Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a 
fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso. 
Algumas áreas dos pampas estão sofrendo processo de desertificação, devido 
à retirada da vegetação nativa e sua substituição por monoculturas ou pastos. 
O relevo nos campos sulinos é suavemente ondulado. Predominam planícies, 
mas podem ser encontradas algumas colinas, na região conhecidas como “coxilhas”. 
 
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Além das coxilhas existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são 
comuns. A pedra do Segredo, em Caçapava do Sul, tem 160 metros de alturae três 
cavernas em seu interior. 
Destacam-se como rios importantes deste bioma o Santa Maria, o Uruguai, o 
Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em duas bacias 
hidrográficas: a Costeira do Sul e a do rio da Prata. Tratam-se de rios que apresentam 
boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na região. 
Próximo ao litoral existem muitos lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, localizada 
no município de São Lourenço do Sul, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior 
da América Latina, com 265 km de comprimento. 
O clima da região é o subtropical úmido. O que isso significa? Bom, isso quer 
dizer que, nos campos sulinos, os verões são quentes, os invernos são frios e chove 
regularmente durante todo o ano. 
Quando falamos em invernos frios, estamos falando de temperaturas que podem 
registrar menos que 0º C, ou seja, que podem ser negativas. Quando falamos de 
verões quentes, estamos falando de temperaturas que podem chegar a 35º C. É a 
região com a maior amplitude térmica do país, isto é, onde há maior variação de 
temperatura. 
 
 Caatinga 
A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o 
único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 
734.478 km², correspondendo a cerca de 10% do território nacional. Ela está presente 
nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, 
Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais. 
 
35 
 
 
Fonte: www.ecoprimos.com.br 
As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25°C e 29°C. O 
clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes 
de rochas. 
A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que 
atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, 
que não permitem a exploração de recursos naturais. 
As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de 
uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes. 
As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recuperação do bioma é muito 
rápido, surgem pequenas plantas e as árvores ficam cobertas de folhas. 
A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis 
de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de 
mortalidade infantil. 
Desde o período imperial, tenta-se promover o desenvolvimento econômico na 
caatinga, porém, a dificuldade é imensa em razão da aridez da terra e da instabilidade 
das precipitações pluviométricas. A principal atividade econômica desenvolvida na 
caatinga é a agropecuária. A agricultura destaca-se na região através da irrigação 
 
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artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Alguns projetos de 
irrigação para a agricultura comercial são desenvolvidos no médio vale do São 
Francisco, o principal rio da região, juntamente ao Parnaíba. 
 
Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima 
seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem 
raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com 
recursos para diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é 
formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o 
arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre 
as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas 
dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas. 
Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis 
(principalmente lagartos e cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, 
arara-azul (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa branca, cutia, gambá, preá, 
veado-catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais. 
 
A primeira área protegida criada no bioma foi a Floresta Nacional do 
AraripeApodi, no estado do Ceará, em 1946. A década de 1990 foi a que apresentou 
o maior incremento em área de UCs, mas esse incremento se deveu praticamente à 
criação de apenas três APAs: dunas e veredas do baixo-médio São Francisco (1 
milhão de ha), pelo governo do estado da Bahia e Chapada do Araripe (0,9 milhão de 
ha) e Serra do Ibiapaba (1,6 milhão de ha), pelo governo federal. Na atual década a 
Bahia criou mais uma APA de grande extensão, a do Lago de Sobradinho (1,2 milhão 
de ha) (gráfico 3). A maior unidade de conservação de proteção integral do bioma 
Caatinga é o Parque Nacional da Chapada Diamantina, no estado da Bahia, com 
cerca de 150 mil ha. Das 67 UCs do bioma, 20 têm área entre 10.001 e 100.000 ha, 
21 têm área entre 1.001 e 10.000 ha e 19 têm área menor do que 1.000 ha. 
 
 Zona Costeira 
Conforme mencionado, a Zona Costeira e Marinha tem sido tratada como um 
“sétimo bioma” brasileiro no âmbito das políticas governamentais, especialmente as 
ambientais, embora a definição oficial de bioma, baseada na distribuição contígua da 
 
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vegetação, não lhe seja aplicável. A Zona Costeira e Marinha é a fusão de conceitos, 
ações e políticas relacionadas à gestão e do ordenamento territorial, e ao 
reconhecimento da soberania nacional sobre recursos econômicos marinhos 
(CARDOSO JR, 2010). 
A Zona Costeira e Marinha (ZCM) acompanha os mais de 8 mil quilômetros da 
costa brasileira e abriga uma grande diversidade de ambientes, como estuários, 
praias, dunas, os únicos recifes de coral de todo o Atlântico Sul e a maior extensão 
contínua de manguezais do planeta. Cinco dos seis biomas continentais brasileiros 
possuem interface com a ZCM (BRASIL, 2008). Considerando aspectos físicos e 
biológicos, estima-se que existam entre três e nove grandes regiões marinhas no 
Brasil. 
A biodiversidade marinha da costa brasileira é ainda relativamente pouco 
conhecida. No caso de invertebrados bentônicos, já foram registradas pouco mais de 
1.300 espécies na costa sudeste do Brasil, com elevado grau de endemismo, mas 
muitas regiões e ambientes ainda precisam ser adequadamente inventariados. Para 
grupos mais bem conhecidos, os peixes somam aproximadamente 750 espécies, cuja 
diversidade é relativamente uniforme ao longo da costa e de baixo grau de endemismo 
(CARDOSO JR, 2010). 
 
 
Fonte: www.inctambtropic.org 
 
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O nível de proteção do ambiente marinho por UCs é o mais baixo comparado 
aos biomas continentais brasileiros. Apenas 1,5% da zona marinha é coberta por UCs 
e esta porcentagem cai para meros 0,3% caso a área de APAs não seja contabilizada. 
São ao todo 40 UCs, 22 federais e 18 estaduais, que somam 5,4 milhões de ha. 
Entretanto, excluindo-se as APAs – que representam 89,4% da área de UCs de uso 
sustentável –, a área protegida por UCs é de um milhão de ha (CARDOSO JR, 2010). 
Com área de 35 mil ha, a unidade de conservação mais antiga da zona costeira 
é a Reserva Biológica do Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte, de 1979. 
Em 1980 foi criado também o Parque Nacional de Cabo Orange, no extremo norte do 
Amapá – bioma Amazônia –, com uma área de pouco mais de 600 mil ha, dos quais 
aproximadamente 200 mil ha correspondem a ambientes marinhos, trecho que 
constitui a maior área contínua de unidade de conservação de proteção integral 
existente na zona marinha. Na década seguinte, mais cinco UCs federais de proteção 
integral exclusivas à zona marinha foram criadas, com destaque para as duas 
maiores, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (aproximadamente 90 mil ha) e o de 
Fernando de Noronha (aproximadamente 11mil ha). A maior UC estadual de proteção 
integral é o Parque do Parcel de Manuel Luiz,no Maranhão, criado em 1991, com 50 
mil ha. Nas últimas duas décadas, apenas duas pequenas UCs de proteção integral 
foram criadas, ambas pelo estado de São Paulo, cobrindo uma área de pouco mais 
de 5 mil ha. Assim como nos biomas terrestres, a ênfase tem sido dada à criação de 
unidades de proteção de uso sustentável, que totalizam 11 APAs (2,5 milhões de ha) 
e nove reservas extrativistas marinhas (500 mil ha) (CARDOSO JR, 2010). 
 
 Restinga 
A restinga é uma planície arenosa costeira, de origem marinha, incluindo a praia, 
cordões arenosos, depressões entre cordões, dunas e margem de lagunas, com 
vegetação adaptada às condições ambientais”. 
 
39 
 
 
Fonte: www.overmundo.com.br 
Sobre a restinga é possível se encontrar a vegetação de restinga, que é um 
conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência 
marinha e fluviomarinha, que ocorrem distribuídas em mosaico e em áreas de grande 
diversidade ecológica, sendo consideradas comunidades edáficas, por dependerem 
mais da natureza do substrato que do clima. 
 A cobertura vegetal nas restingas pode ser encontrada em praias e dunas, sobre 
cordões arenosos, e associadas a depressões. Na restinga os estágios sucessionais 
diferem das formações ombrófilas e estacionais, ocorrendo notadamente de forma 
mais lenta, em função do substrato que não favorece o estabelecimento inicial da 
vegetação, principalmente por dissecação e ausência de nutrientes. 
O corte da vegetação ocasiona uma reposição lenta, geralmente de porte e 
diversidade menores, onde algumas espécies passam a predominar. Os diferentes 
tipos de vegetação ocorrentes nas restingas brasileiras variam desde formações 
herbáceas, passando por formações arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a 
florestas cujo dossel varia em altura, geralmente não ultrapassando os 20m. São em 
geral caracterizada por comunidade com pouca riqueza, quando comparada a outras 
comunidades vegetais, sendo protegidas por lei devido à sua fragilidade. 
Em muitas áreas de restinga no Brasil, especialmente no sul e sudeste, ocorrem 
períodos mais ou menos prolongados de inundação do solo, fator que tem grande 
 
40 
 
influência na distribuição de algumas formações vegetacionais. A periodicidade com 
que ocorre o encharcamento e a sua respectiva duração são decorrentes 
principalmente da topografia do terreno, da profundidade do lençol freático e da 
proximidade de corpos d’água (rios ou lagoas), produzindo em muitos casos um 
mosaico de formações inundáveis e não inundáveis, com fisionomias variadas, o que 
até certo ponto justifica o nome de “complexo” que é empregado para designar as 
restingas. 
As formações herbáceas ocorrem principalmente nas faixas de praia e ante 
dunas, em locais que eventualmente podem ser atingidos pelas marés mais altas, ou 
então em depressões alagáveis. Nas zonas de praia, dunas frontais e dunas mais 
próximas ao mar, predominam espécies herbáceas, em alguns casos com pequenos 
arbustos e árvores, que ocorrem tanto de forma isolada e pouco expressiva, como 
formando agrupamentos mais densos, com variações nas suas respectivas 
fisionomias, composições e graus de cobertura. A vegetação das praias e dunas tem 
ocorrência praticamente ao longo de toda a costa brasileira, mas a sua exata 
circunscrição e os termos empregados para designá-la variam muito. As pressões 
antrópicas no sentido de ocupação e urbanização da zona costeira já suprimiram 
muitas áreas representativas desta formação em vários pontos no litoral brasileiro. 
As formações arbustivas das planícies litorâneas, que para muitos autores 
constituem a restinga propriamente dita são os tipos vegetacionais que mais chamam 
a atenção no litoral brasileiro, tanto pelo seu aspecto peculiar, com fisionomia variando 
desde densos emaranhados de arbustos junto a trepadeiras, bromélias terrícolas e 
cactáceas, até moitas com extensão e altura variáveis, intercaladas por áreas abertas 
que em muitas locais expõem diretamente a areia, principal constituinte do substrato 
nestas formações. Os termos “scrub”, “thicket”, “escrube” e “fruticeto” já foram 
empregados para designar comunidades e/ou formações desta natureza, 
notadamente na região litorânea. 
As formações florestais que ocorrem na planície litorânea brasileira variam 
bastante ao longo da costa, sendo essas variações geralmente atribuídas às 
influências das formações vegetacionais adjacentes e às características do substrato, 
principalmente sua origem, composição e condições de drenagem. 
Estas florestas variam desde formações com altura do estrato superior a partir 
de 5m, em geral livres de inundações periódicas decorrentes da ascensão do lençol 
freático durante os períodos mais chuvosos, até formações mais desenvolvidas, com 
 
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alturas em torno de 15-20m, muitas vezes associadas a solos hidro mórficos e/ou 
orgânicos. 
Estes dois tipos de florestas em geral acompanham as variações topográficas 
decorrentes da justaposição dos cordões litorâneos, ao menos onde tais feições são 
bem definidas. Em locais situados mais para o interior da planície costeira, geralmente 
em terrenos mais deprimidos onde tais alinhamentos não são claramente definidos e 
os solos são saturados hidricamente e têm uma espessa camada orgânica superficial, 
ocorrem florestas mais desenvolvidas semelhantes florística e estruturalmente 
àquelas situadas nas depressões entre os cordões. 
A fauna ocorrente nas restingas brasileiras está relativamente menos estudada 
quando comparada com os conhecimentos que já se acumulam sobre a composição 
e estrutura dos seus diferentes tipos vegetacionais. Dentre os estudos tratando de 
grupos de animais invertebrados, podem ser mencionados os realizados com os 
artrópodos, notadamente com diferentes grupos de insetos, estes constituindo a 
maioria dos relatos encontrados. A fauna de vertebrados ocorrente nas restingas 
brasileiras também é relativamente pouco pesquisada, com destaque para os 
trabalhos realizados no litoral do Rio de Janeiro, principalmente com pequenos 
mamíferos e répteis. 
 Manguezal: Os mangues ou manguezais são um ecossistema típico de áreas 
litorâneas, alagadas, onde há o encontro da água do mar com a dos rios dando um 
aspecto salobro à água dessas regiões. É de sua característica a transição entre 
aspectos marinhos e terrestres e sua presença em locais com clima tropical ou 
subtropical. Sua vegetação é composta por três tipos de árvores que podem atingir 
até 20 metros de altura em certos pontos do país: Rhizophora mangle (mangue-bravo 
ou vermelho), Laguncularia racemosa (mangue-branco) e Avicena 
schaueriana (mangue-seriba ou seriúba). 
Os mangues estão presentes em diversas partes do mundo como Oceania, 
África, Ásia, alguns países da América e Brasil. No Brasil esse ecossistema pode ser 
encontrado no nordeste do país em Cabo Orange no estado do Amapá até a região 
sul em Laguna em Santa Catarina compreendendo um total de 20 mil quilômetros 
quadrados, 15 % do total em todo o mundo. 
Este é um ecossistema rico em diversas espécies de animais como peixe-boi-
marinho, caranguejo, lontra, jacaré, cobras, mexilhão, aranhas, craca, lagartos, 
tartaruga, crocodilos entre outros. 
 
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 Esse tipo de ecossistema possui o solo extremamente rico em nutrientes e 
matéria orgânica, raízes e material vegetal em decomposição. 
 As raízes aéreas são uma de suas características mais marcantes, e têm como 
principal função proporcionar a respiração das plantas já que o solo é pobre em 
oxigênio e elas obtêm o mesmo fora dele. 
 O cheiro dos mangues também é um aspecto bem característico, isso ocorre 
devido à presença de água salobra e matérias vegetais

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