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Bioquímica Básica João Novaes | 74 A Medicina | FCM-MG 1o período | 2020.2 ESTRUTURA DE AMINOÁCIDOS • Objetivos da aula: - Conhecer a estrutura básica dos aminoácidos. - Compreender a classificação dos aminoácidos primários. - Conhecer os aminoácidos não primários. - Interpretar o estado de ionização dos aminoácidos. - Reconhecer a ligação peptídica entre os aminoácidos. • Funções estruturais e dinâmicas das proteínas: - Catálise enzimática. - Transporte de moléculas. - Proteção imunitária. - Sustentação – citoesqueleto e colágeno. - Movimento – contração muscular. - Geração e transmissão de impulsos nervosos. - Hormônios – insulina. - Regulação da expressão gênica. ➢ Constituição das proteínas: até 20 aminoácidos diferentes. ▪ AMINOÁCIDOS - Temos 20 aminoácidos primários que compõem as proteínas. - Mais de 1 bilhão de sequências possíveis que determinam uma função única para as proteínas. - Cada aminoácido possui uma cadeia lateral distinta, que determina sua propriedade química. - Estrutura dos aminoácidos - Carbono central (em azul). - Do lado esquerdo, um grupamento amino (NH3+). - Do lado direito, um H. - Na parte superior, um ácido carboxílico (COO-). - Abaixo do carbono central, o grupo radical (R – em vermelho). Na lisina, por exemplo, temos o grupo carboxila (carbono 1) ligado ao carbono 2 (também chamado de carbono alfa), que está ligado a um hidrogênio e a um grupo amina, que é a estrutura básica de um aminoácido. A partir do carbono 3, temos o grupo R (carbonos 3 a 6). - Estereoisômeros L e D - L aminoácidos: biologicamente ativos (constituição das proteínas – síntese proteica). - D aminoácidos: encontrados em pequenos peptídeos bacterianos ou em antibióticos. - Como classificar o aminoácido como L ou D? Deve-se verificar para qual lado ficou o grupamento amino (NH3+). - No L-Alanina, o grupamento amino ficou voltado para a esquerda. - No D-Alanina, o grupamento amino ficou voltado para a direita. Nessa figura, temos a estrutura do gliceraldeído (um carboidrato com função aldeído – CHO). Foi baseado nesse carboidrato que foi feita a classificação dos estereoisômeros (de acordo com a posição do grupo hidroxila, é classificado como L ou D gliceraldeído). - Assimetria molecular dos aminoácidos A maior parte dos aminoácidos possui uma assimetria molecular. O carbono alfa (central) é, na maioria das vezes, um carbono quiral ou assimétrico (ligado a quatro grupos substituintes diferentes). - Exceção: aminoácido glicina. O carbono central da glicina é aquiral, uma vez que o radical é um H (então, tem dois grupamentos iguais – fazendo com que não o carbono central não seja quiral). - Os 20 aminoácidos primários - Classificação dos aminoácidos - Aminoácidos essenciais: devem ser adquiridos pela alimentação, uma vez que o organismo não os sintetiza em quantidades necessárias para a garantia de seu funcionamento. ▪ Lisina ▪ Leucina ▪ Isoleucina ▪ Valina ▪ Metionina ▪ Fenilalanina ▪ Treonina ▪ Triptofano ▪ Histidina *Torna-se aminoácido essencial para indivíduos em fase de crescimento. - Aminoácidos não essenciais: são aqueles que o organismo consegue sintetizar em concentrações adequadas para a manutenção do funcionamento do corpo humano. ▪ Alanina ▪ Arginina* ▪ Aspartato ▪ Asparagina ▪ Cisteína ▪ Glutamato ▪ Glutamina ▪ Glicina ▪ Prolina ▪ Serina ▪ Tirosina Considerando o grupo R em pH → 7. - Aminoácidos apolares: ▪ Glicina ▪ Alanina ▪ Prolina ▪ Valina ▪ Leucina ▪ Isoleucina ▪ Metionina - Alanina, valina, leucina e isoleucina: importantes na estabilização da estrutura proteica justamente por causa do grupo R apolar, formando, assim, interações hidrofóbicas com a água. - Glicina: embora seja formalmente apolar, não contribui muito para as relações hidrofóbicas (o grupo R da glicina é formado somente por um H, não tendo, portanto, grande potencial para gerar a interação hidrofóbica). - Prolina: seu grupo R é mantido em uma configuração rígida que leva à redução da flexibilidade estrutural (o grupo amino é ligado ao radical → conformação cíclica/rígida). - Metionina: no grupo R, tem um grupo enxofre (S). - Aminoácidos aromáticos: - O grupo R desses aminoácidos contém um anel aromático. - Relativamente apolares – participam de relações hidrofóbicas. Sobre tirosina e triptofano: - Tanto a hidroxila da tirosina quanto o nitrogênio do triptofano (destacados em vermelho) podem formar ligações de hidrogênio. - Aminoácidos que ficam “em cima do muro”: são hidrofóbicos, mas uma parte deles consegue fazer interações com as moléculas de água. - Outra característica desses aminoácidos aromáticos (principalmente, triptofano e tirosina) é que eles conseguem absorver luz ultravioleta no comprimento de 280 nanômetros, o que é muito importante para o estudo de proteína (caracteriza-se a amostra de proteína justamente pela sua absorção de luz ultravioleta). - Aminoácidos polares: (não carregado, carregado positivamente e carregado positivamente) ▪ Polares não carregados: - Serina - Trionina - Cisteína - Asparagina - Glutamina Esses 5 aminoácidos, assim como destacado em vermelho, possuem grupos (tais como hidroxila, a sulfidrila e a amida) que permitem com que eles façam ligação de hidrogênio com a água. - Chamando atenção para a Cisteína, que possui o grupamento sulfidrila – quando temos duas cisteínas, esse grupo sulfidrila consegue fazer pontes dissulfeto, que formarão um resíduo chamado cistina, que é hidrofóbico. ▪ Polares carregados positivamente: - Lisina - Arginina - Histidina - Tanto a lisina quanto a arginina, há a carga positiva. - Na histidina, temos uma ressonância – que dará um caráter positivo para esse grupo radical. ▪ Polares carregados negativamente: - Aspartato (ácido aspártico) - Glutamato (ácido glutâmico) - Os dois têm um grupo carboxila no R (COO-) → característica negativa para o aminoácido. - Aminoácidos não primários - Também são funcionais (grande importância para o organismo). - A falta desses aminoácidos pode gerar patologias. - Geralmente, esses aminoácidos são os aminoácidos primários com alguma modificação: ▪ 4-hidroxiprolina: prolina com uma hidroxila no carbono 4. ▪ 5-hidroxilisina: lisina com uma hidroxila no carbono 5. ▪ γ-carboxiglutamato: glutamato com grupo carboxila no carbono gama. - A ornitina e a citrulina também são aminoácidos não primários funcionais. - São intermediários importantes na biossíntese da arginina e no ciclo da ureia. - Aminoácidos agem como ácido e como base - Na esquerda, a forma não iônica do aminoácido (na realidade, não existe – somente para representação). - Na direita, a forma zwitteriônica do aminoácido – forma carregada do aminoácido, quando ele está com carga zero. ▪ Por que está com carga zero? O grupo carboxila tem uma carga negativa e o grupo amino tem uma carga positiva e elas se anulam. - Aminoácido atuando como ácido - Ácido → doação de próton (H+) para o meio. - Aminoácido atuando como base - Base → retira H+ do meio. - Estado de ionização dos aminoácidos - O estado de ionização dos aminoácidos interfere diretamente na estrutura das proteínas, que é extremamente importante para o pleno desenvolvimento de sua função. - Levando o zwitterion para um meio ácido (por exemplo, pH → 1), ele vai receber H+ (atua como uma base). - Levando esse aminoácido para um meio básico (por exemplo, pH → 11), ele vai doar H+ (atua como um ácido). - Aminoácidos agem como tampão - Para exemplificarmos uma das aplicações do aminoácido atuando como ácido, podemos observar o aminoácido agindo como tampão. - Nesse exemplo, citamos a glicina (aminoácido com grupo R contendo um H). - Paraexplicar esse gráfico de titulação, devemos saber que, na ordenada, temos a escala do pH (de 0 a 13) e, na abcissa, temos o equivalente de base (adicionando OH- - de 0 a 2). - Ponto isoelétrico da glicina → pH = 5.97 Nesse ponto, a glicina está em sua forma zwitteriônica (quando o aminoácido tem carga zero). - Esse gráfico tem duas faixas tamponantes (destacadas de vermelho). - Na primeira faixa tamponante se refere ao grupamento carboxila (-COO- → -COOH). Nessa faixa tamponante de pK1 = 2.34, com a constante de dissociação, temos 50% do grupo carboxila em sua forma protonada e 50% em sua forma desprotonada. - Quando isso acontece, adicionamos base (OH-) na solução e o grupamento carboxila vai liberando H+ para o meio, de forma a neutralizar a base que está sendo adicionada. - Observamos que, nessa região tamponante, temos uma variação amena do pH, porque a liberação de H+ pelo aminoácido se opõe à mudança brusca do pH. - Podemos observar que quando não temos a região tamponante (pI – meio do gráfico), a variação ocorre de maneira muito mais brusca. - A segunda região tamponante refere-se ao grupamento amino (NH3+ → NH2). Com a constante de dissociação pK2, no pH = 9.60, 50% da glicina vai ser encontrada na forma protonada (NH3+) e 50% na forma desprotonada (NH2). - Conclui-se que o aminoácido, nas regiões tamponantes, consegue se opor a uma variação brusca de pH. Porém, fora dessas regiões, temos a variação brusca do pH. - Ligação peptídica (reação de condensação) - É a união entre os aminoácidos. - Ligação covalente de condensação. - O hidrogênio do grupo amino e a hidroxila do grupo carboxi. - É feita pelo grupo carboxila ligada ao carbono alfa de determinado aminoácido (representado por R1) e o grupo amina – ligado ao carbono alfa de outro aminoácido (representado por R2). - Na formação da ligação peptídica, libera-se uma molécula de H2O. - Ligação peptídica → amarelo. (carboxi de um aa + amino de outro aa) Toda proteína tem uma extremidade aminoterminal e outra carboxiterminal. - Extremidade aminoterminal: grupo amino livre. - Extremidade carboxiterminal: grupo carboxi livre. - Dipeptídeos funcionais Quando formamos ligações peptídicas entre os aminoácidos, podemos ter dipeptídeos funcionais – como exemplo, o aspartame (adoçante), formado pela união de dois aminoácidos. - Peso molecular e número de cadeias Quando os aminoácidos vão se ligando por meio das ligações peptídicas, formam as proteínas. Essas proteínas podem ter peso molecular e número de cadeias diferentes. - Peso molecular é proporcional ao número de aminoácidos pelo qual essa proteína é formada. - Quando esses aminoácidos estão ligados através de ligações peptídicas, os chamamos de resíduos de aminoácidos. - Número de cadeias: analogia ao códon de iniciação e de parada. - Composição de aminoácidos nas proteínas - A composição de aminoácidos nas proteínas é extremamente variável (não se tem uma regra de qual aminoácido a proteína tem que ter). - Quando vê-se a comparação do citocromo c e da quimiotripsina: ▪ Por exemplo, alanina (Ala): - Citocromo: 6 - Quimiotripsina: 22 - Então, tudo depende da informação gênica fornecida pelo DNA para ver qual aminoácido vai compor a proteína. - Proteínas conjugadas a grupos prostéticos - As nossas biomoléculas (inclusive, as proteínas) podem ser conjugadas. Nessa tabela, são demonstradas as proteínas conjugadas a (ao): • Lipídios: lipoproteínas. • Carboidratos: glicoproteínas (anticorpo). • Grupos fosfato: fosfoproteínas (caseína presente no leite). • Grupos prostéticos heme: hemoproteínas. • Nucleotídeos da riboflavina: flavoproteínas. • Metais: metaloproteínas.
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