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Alterações da mastigação (1)

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CEFAC
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
 CLÍNICA
MASTIGAÇÃO: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DE
ALTERAÇÕES E ATRASOS
 
MONOGRAFIA DE
ESPECIALIZAÇÃO EM
 MOTRICIDADE ORAL
ORIENTADORA:
 MIRIAN GOLDENBERG
 RUTH LOPES DO NASCIMENTO
 RECIFE
 1998
Resumo
A mastigação é desenvolvida a partir da sucção, que é uma atividade
coordenada e inata. Inicialmente, é estimulada pela introdução da mão, de
objetos e alimentos de diferentes texturas na região oral. E a erupção dos
dentes é uma passagem de uma fase para outra.
É a fase inicial do processo digestivo, visa a degradação mecânica
do alimento. Os movimentos mastigatórios devem ser bilaterais alternados
para não prejudicar a morfologia e a maturação muscular e óssea.
A força mastigatória é maior em pré-molar, e menor nos incisivos.
A função mastigatória apresenta-se em três estágios: Incisão,
Trituração e Pulverização do alimento.
Qualquer alteraçào óssea ou muscular prejudica o desempenho
mastigatório. E a alteração ou atraso na aquisição desta, resulta, em
consequências para o sistema estomatognático como um todo.
Dedico este trabalho a meus pais, irmãos, a meu esposo e
ao meu filho que nascerá em dezembro.
 Agradecimentos
O meu agradecimento especial a
Miriam Goldenberg por ter orientado de
uma forma simples e eficaz sobre a
arte de pesquisar.
A meu tio por ter revisado este texto .
E a todos os meus pacientes que
compartilharam e compartilham suas
vidas comigo.
 “Honrar um pensador não é elogiá-lo,
nem mesmo interpretá-lo, mas discutir sua
obra, mantendo-o, dessa forma, vivo e
demonstrando em ato, que ele desafia o
tempo e mantém sua relevância.”
(Cornelius Castoriadis)
SUMÁRIO
Introdução ...................................................... 01.
Discussão Teórica ........................................ 02.
Considerações Finais ................................... 12.
Bibliografia .................................................... 13.
Introdução
O desenvolvimento de uma pesquisa sobre a função mastigatória e as
conseqüências no atraso do seu desenvolvimento faz-se importante para a
fonoaudiologia e áreas correlatas como a psicologia e odontologia, tendo em vista
o considerável número de crianças que, embora neurologicamente normais,
demoram a realizar ou não realizam a fase mastigatória durante a infância por
motivos como: rejeição ao alimento sólido, preferências alimentares, acomodação
materna, traumas psicológicos, ausências dentárias, entre outros. Observamos
que as crianças possuem todo um desenvolvimento normal: sugam, deglutem
líquidos e pastosos, falam e articulam adequadamente, tem força na mordida, mas
o ato mastigatório não é ou nunca foi realizado. Colocaram-se então algumas
questões sobre possíveis efeitos do atraso da mastigação:
Ocorrerá alteração no desenvolvimento crânio-facial?
A musculatura mastigatória, pelo desuso, se atrofiará?
Haverá diminuição do tônus muscular da região orofacial?
Acarreta atraso no desenvolvimento da fala?
A inexistência dos movimentos mastigatórios na infância pode ocasionar a longo
prazo, num déficit mental?
Esta última questão foi o elemento motivador desta pesquisa, devido ao relato da
mãe de uma criança que não mastigava. Ela a levou para dois profissionais de
áreas correlacionadas e ambos a informaram, de modo convincente, de que a falta
dos movimentos mastigatórios acarretaria uma deficiência mental à sua filha.
Preocupada, a mãe começou a obrigar sua filha a mastigar, algumas vezes de
forma agressiva, traumatizando-a . Após dois meses sem qualquer sucesso,
chegou a meu consultório e relatou o caso.
A mastigação é um ato rítmico e usualmente automático que serve para degradar
mecanicamente o alimento. É através desta função que se inicia o processo
digestivo. Há muitas indagações a respeito entre os profissionais que lidam com o
problema. O que leva a uma criança a não aceitar a alimentação sólida, já
adequada para a sua faixa etária? Esse questionamento pode ser respondido
através do estudo de sua etiologia. Não encontramos, todavia, resposta para o
que pode acontecer futuramente a esta criança em decorrência da não-realização
da função mastigatória na infância, nem um possível prognóstico para o caso de
não se modificar dentro de um prazo determinado a consistência alimentar. O
objetivo deste estudo é, portanto, investigar quais os problemas que o atraso da
função mastigatória pode desencadear. Pretendemos também verificar as
alterações morfo-funcionais que a ausência de movimentos pode acarretar em
crianças neurologicamente normais.
Discussão Teórica
A mastigação constitui a primeira etapa do processo digestivo, que começa na
boca, logo após a introdução do alimento, ocorrendo a redução do mesmo em
partículas menores fáceis de serem engolidas na deglutição que segue a
mastigação. O conjunto de fenômenos estomatognáticos visa à degradação
mecânica dos alimentos em partículas menores que, posteriormente, misturam-se
a saliva formando o bolo alimentar pronto para ser deglutido. Douglas (1998),
afirma que durante a mastigação, contraem-se grupos musculares, sendo os
músculos mastigatórios os mais destacados, embora também o sejam os
músculos da língua e os faciais especialmente o bucinador e o orbicular dos
lábios. A aposição rítmica dos dentes são dadas pelas contrações musculares,
gerando uma pressão intercuspideana que se aplica nos alimentos, quebrando-os
em pedaços menores.
As funções estomatognáticas de sucção, deglutição e respiração são inatas. São
fenômenos de natureza reflexa não-condicionada. O estímulo apropriado acarreta
a resposta motora sem a necessidade de aprendizagem.
Segundo Bianchini (1997), a mastigação é uma função aprendida e depende de
inúmeros fatores, podendo ser conseguida apenas quando aumentar o espaço
intra-oral propiciado pelo crescimento crânio-facial, possibilitando assim, o
movimento das estruturas envolvidas. Este crescimento é estimulado inicialmente
pelo amamentar. Outros fatores importantes para o início da mastigação é a
erupção dos dentes e a maturação do Sistema Nervoso Central controlando os
movimentos e coordenando as outras funções interativas.
Felício (1994), não considera a erupção dos dentes um fator muito importante pois
observou movimentos mastigatórios em criança com ausência de dentes
congênita concluindo que a alimentação sensória pelos dentes não é exclusiva.
Os músculos da mandíbula são conhecidos como músculos mastigatórios e são
mais estudados durante a função estomatognática. Estes são os elementos
dinâmicos do sistema estomatognático, pois movimentam a mandíbula em
diferentes sentidos de acordo com a inserção dos músculos na mandíbula e a
orientação das fibras que se contraem num determinado momento. (Douglas,
1994). O início dos movimentos mandibulares são pobres e incoordenados, como
os primeiro estágios de qualquer ato motor aprendido (andar, falar ...). Segundo
Douglas é através do amadurecimento de todo o sistema estomagnático e do
desenvolvimento total da dentição que se estabelecem padrões de reflexo
adquiridos pelas informações predominantes, dos mecanorreceptores da
articulação têmporomandibular e dos receptores de tato e pressão da mucosa oral
em geral.
Posteriormente, há um aperfeiçoamento no processo da mastigação levando a
uma adaptação morfológica e funcional mais eficiente. Para Hanson (1988), a
mastigação é uma atividade complexa em si mesmo: é voluntária, embora nem
sempre consciente. O simples ato de colocar o alimento na boca não aciona o
reflexo, mas, uma vez iniciado, ele pode continuar em nível subcortical. O controle
do reflexo é centralizado numa área relativamente grande naporção médio inferior
do córtex motor.
Segundo Bradley ( 1981), os movimentos mastigatórios não são exclusivamente
mecânicos, que requer apenas ser iniciado e detido no momento preciso, eles se
encontram submetidos a um minucioso sistema de controle com seus
correspondentes sistemas de retroalimentação que possibilitam sua eficiência. E
no sistema nervoso central há um mecanismo que controla a mastigação,
integrando as informações provenientes de áreas diversas e ativando os músculos
apropriados no momento exato com o objetivo de produzir um grau adequado de
contração e relaxamento. Bradley refere ainda que não há dúvidas de que a
mastigação é coordenada por neurônios localizados no complexo sensoriomotor,
trigeminal, localizado no tronco encefálico.
Douglas (1994), afirma que a mastigação é uma atividade reflexa condicionada.
No início, trata-se de uma atividade instável, pois perde-se facilmente ou pode
desaparecer por um período; mas, na mastigação a associação de estímulos se
repete continuamente, pode-se estabelecer ligações firmes entre as vias nervosas
aferentes e motoras, de uma forma que a função nervosa se realize
automaticamente subconsciente sem uma maior participação do córtex cerebral.
"A mastigação é uma atividade tanto voluntária como involuntária. Ainda que
muitos estímulos periféricos, possam iniciá-la (visuais, gustativos, olfativos,
tácteis...), a mastigação pode iniciar-se sem a presença de alimentos na boca.
Pelo contrário, havendo alimento na boca, os movimentos mastigatórios rítmicos
continuam até que apareça a decisão inconsciente de deglutir o alimento."
O sistema estomatognático e constituído por músculos esqueléticos e é
controlado pelo sistema nervoso central através do programa pirâmide e
extrapiramidal, que controlam a atividade fásica e tônica dos músculos
estomatognáticos, de acordo com a função necessária. Com relação à
mastigação, o processo neural parece não ser de origem cortical, embora pode
iniciar-se, modificar-se ou até mesmo se finalizar dependendo da vontade.
Acredita-se que a via piramidal é responsável pelo início e controle dos
movimentos mandibulares voluntários . Alguns neurônios corticais controlam o
músculos mastigatórios e faciais, possibilitando os movimentos finos e precisos
que são os característicos do sistema estomatognático. O resultado da integração
dos impulsos cerebrais e sensoriais determina o padrão da atividade mandibular, e
portanto, as diferentes posições e movimentações mandibulares. (Douglas, 1994).
Em resumo, o ato mastigatório é um processo complexo, muito dinâmico, que
precisa das aferências nervosas que controlam simultaneamente a musculatura
mastigatória (elevadora e depressora reciprocamente controladas), a musculatura
facial e lingual (controladas); em três fases fundamentais: abertura, fechamento e
oclusão, a mandíbula realiza um ciclo regulado supostamente por um centro
mastigatório de atividade rítmica espontânea, mas poderosamente controlado por
estímulos de origem periférica: mucosa bucal, periodonto, proprioceptores
musculares e articulares, que agem alternadamente e sob o controle dos centros
superiores: Piramidal e Extrapiramidal. Dessa forma, pode-se considerar a
mastigação como um processo complexo e contínuo de interação entre influências
de retroalimentação sensorial e comandos a partir de sistemas de controle central
ou cerebral.
Segundo Marchesan (1993), a mastigação é realizada pela contração
muscular que leva a uma oposição rítmica dos dentes por meio de sua superfície
oclusal funcional, processando-se em três fases mecânicas ou estágios
consecutivos para destruir o alimento, que são:
* Incisão ou mordida: inicia-se com o abaixamento e a projeção da mandíbula de
modo a ativar o funcionamento conjunto dos dentes incisivos inferiores e
superiores. Durante a penetração incisal do alimento ocorre a elevação da
mandíbula em protrusão, apreende a comida entre as bordas incisais ficando em
posição vis-a-vis. Posteriormente, a mandíbula é retropulsada, deslizando-se as
bordas incisais dos incisivos inferiores contra a face palatina dos incisivos
superiores. A intensidade da contração muscular levantadora da mandíbula
determina pressão entre os incisivos. O fenômeno é rítmico até que o alimento
seja finalmente cortado, caindo após a mandíbula. A função da incisão é o corte
de traços grandes, facilitado pela reduzida superfície oclusal dos incisivos, quase
linear. Possuem ação de faca (Douglas, 1998). A língua recebe o alimento e leva-
o até a face oclusal dos dentes posteriores para iniciar-se a segunda fase
(Bianchini,1998).
* Trituração é a transformação mecânica das partes grandes do alimento em
menores. Ocorre principalmente nos pré-molares, uma vez que sua pressão
intercuspideana é elevada, maior que a dos molares, pois sua superfície oclusal é
razoavelmente grande, menor que a dos molares e maior que a dos incisivos.
Sendo assim, é mais fácil moer nos pré-molares as partículas maiores que
oferecem resistência. (Douglas,1998) . A salivação age facilitando na eficiência
desta fase.
* Pulverização: Douglas(1998) descreve como moenda final das partículas
pequenas, transformando-as em elementos minúsculos que não oferecem
resistência nenhuma para as superfícies oclusais ou mucosa oral. Ocorre
principalmente em molares. Estas duas últimas fases não podem ser separadas
rigorosamente, pois, freqüentemente o alimento que está sendo triturado nos pré-
molares passa aos molares, onde ocorre a pulverização, mas pode retornar aos
pré-molares para reiniciar a moenda, ocorrendo dessa forma, a utilização
alternada de molares e pré-molares. Durante a incisão e moenda, ocorre
reflexivamente secreção salivar que auxilia na mastigação ao reduzir o alimento e,
posteriormente contribui na formação do bolo alimentar. Para Douglas (1998), a
atividade muscular nestas duas últimas etapas é intensa especialmente a relativa
ao deslocamento mandibular, seguindo o plano vertical determinando basicamente
a abertura e o fechamento da boca. Na pulverização molar, além dos
movimentos verticais, acrescentam-se os horizontais, laterais, de retrusão e os de
protrusão. Bianchini(1998) concorda com a variedade de movimentos nesta fase,
mas afirma que são de menores dimensões em termos de amplitude e há
modificação da força empregada. Não podemos esquecer que durante as duas
últimas fases da mastigação, dependendo do tipo de alimento, ocorrem
deglutições reflexas, pois o alimento já pulverizado vai direcionando-se para a
parte posterior da boca e toca os pilares anteriores da faringe. O alimento
posterioriza-se pela ação da língua e do bucinador; ao tocar nos pilares ocorre o
reflexo de deglutição, enquanto a outra parte do alimento permanece sendo
pulverizado. A mastigação e a deglutição podem ocorrer quase concomitante e
continuamente. É importante salientar que todas estas fases dependem da
presença e conservação dos dentes, da possibilidade e liberdade dos movimentos
mandibulares. Estes movimentos ocorrem devido a existência das articulações
têmporomandibulares, da atuação neuromuscular e do comando neural. Em
Bianchini (1998) observamos que a terminologia varia quanto à utilização de
músculos mastigatórios ou músculos da mastigação. A distinção que costuma ser
feita é a que se segue:
Músculos Mastigatórios - são os que realizam apenas os movimentos
mandibulares. São eles: temporal, masseter, pterigóideo lateral, pterigóideo
medial e ventre anterior do digástrico (supra-hióideo)
Músculos da Mastigação - incluem-se também os músculos mastigatórios, os
supra-hióideos (genio-hióideo, mito-hióideo, estilo-hióideo e o digástrico) e os
infra-hióideos, estabilizando o osso hiódeo, músculos da língua, bucinador e
musculatura da mímica, enfim, todos que participam do processo mastigatório.
Estes músculos agem conjuntamente durante os contínuos e sincrônicos
movimentos mandibulares. Alguns músculoscontraem-se enquanto outros
relaxam para poder realizar diversos movimentos. Mas, não há definição precisa
de grupo muscular para determinado movimento mandibular. Faremos uma
descrição sucinta da junção dos músculos mastigatórios:
Músculos Elevadores possui como função básica a elevação da mandíbula, mas
esses músculos participam de outros movimentos mandibulares.
 * Temporal - além de elevar a mandíbula, contrai os feixes anteriores na abertura
máxima e os posteriores na retração da mandíbula, age no deslocamento
contralateral. Seus fascículos dorsais se contraem na translação com oclusão e
os ventrais na rotação com oclusão. Esse músculo é fundamental na
determinação do tônus muscular e da posição postural da mandíbula.
 * Masseter - além de ser elevador, contribui significativamente para a projeção
anterior da mandíbula, com boca fechada.
* Pterigóideo medial - além da depressão, determina a projeção da mandíbula
para a frente e movimentos de lateralidade, com contração unilateral (do lado
ativo) e relaxamento contralateral (do lado passivo)
* Digástico - faz parte dos músculos supra-hióideos. É basicamente depressor,
como todos os músculos supra-hióideos, produzindo, também, retropulsão da
mandíbula. Deve-se salientar que, na abertura bucal, o iniciador é o pterigóideo
lateral e o digástrico segue-o.
* Geni-hióideo - é também supra-hióideo e depressor da mandíbula. Quando a
boca está fechada, puxa o hióideo para cima, diminuindo o soalho da boca e
facilitando a deglutição. É ainda retropulsor da mandíbula.
* Milo-hióideo - favorece a deglutição, puxando o hióideo para cima como faz o
geni-hióideo; deprime também a mandíbula quando o hióide está fixo.
Músculos auxiliares não são considerados como músculos mastigatórios, mas
participam ativamente das funções estomatognáticas. São auxiliares da
mastigação, embora possam ser básicos para outras funções bucais.
* Bucinador - puxa a comissura labial, comprime os lábios e bochechas, tornando-
se fundamental na sucção. É importante na mastigação, já que, estando a boca
aberta, empurra o bolo alimentar para a superfície oclusal, que, nesta fase,
permite a colocação do bolo; com a boca fechada, também fornece a maior
resistência vestibular.
* Orbicular dos lábios - produz fechamento e projeção dos lábios para a frente.
Importante na sucção.
* Zingomático maior - junto com o zigomático menor leva a comissura labial para
cima e para fora.
* Zingomático menor - puxa a comissura labial e o lábio superior, em particular,
para cima e para fora.
Santos Jr. (1987) observa que o sistema mastigatório tem características
anatômicas e funcionais atuando oral e mecanicamente em uma ação combinada
dos músculos elevadores da mandíbula em ambos os lados da cabeça.
 Ocorrem variações com relação ao ciclo mastigatório, quanto a sua duração
e freqüência, pois dependem da consistência, tipo e resistência do alimento. Não
podemos estabelecer um referencial como ideal relacionado a um número de
ciclos mastigatórios. Dessa forma, seria mera ilusão, pois, além da dependência
do alimento existe ainda uma qualidade neuromuscular e o tipo muscular que
altera o desempenho de cada indivíduo.
Observamos maior vigor, potência e força mastigatória em indivíduos com
face curta; já nos indivíduos com face longa, uma mastigação menos potente e
menor força na mordida. (Bianchini, 1998).
Existem vários parâmetros que constituem a mecânica da mastigação:
A variação da intensidade da força mastigatória - determinada pela força de
contração dos músculos levantadores da mandíbula, sendo maior nos indivíduos
que utilizam alimentos duros durante as refeições. (esquimós)
Variação da pressão mastigatória - a pressão oclusal é dada pela força
mastigatória diferenciando de acordo com a área aonde age, apresenta-se maior
em áreas limitadas.
Variação do número de golpes mastigatórios - o número de contatos interdentários
produzidos durante a mastigação habitual depende da qualidade física do
alimento.
O equilíbrio mastigatório produz estímulos alternados nas diversas estruturas que
compõem o sistema estomatognático. É no padrão da mastigação bilateral
alternada que ocorre distribuição da força mastigatória, intercalando períodos de
trabalho e repouso musculares e articulares, favorecendo a sincronia e o equilíbrio
funcional e muscular. Este padrão depende de:
presença de dentes e boa saúde dental,
crescimento e desenvolvimento crânio – facial,
equilíbrio oclusal,
ausência de interferências dentais ou contatos prematuros,
estabilidade e saúde da articulação têmporo mandibular,
maturação neuromuscular.
 Outra forma de mastigação bilateral é a simultânea, aonde o alimento é
distribuído homogeneamente nas superfícies oclusais dos dentes, tanto do lado
direito como do esquerdo, existindo uma harmonia funcional dos diversos
componentes do sistema estomatognático.
Enquanto na mastigação unilateral estimula inadequadamente o crescimento e
apenas as estruturas estomatognáticas do lado do trabalho, impedindo o desgaste
fisiológico das cúspides dentárias do lado contrário, favorecendo o aparecimento
de placas bacterianas e interferências oclusais. A causa mais freqüente de
mastigação unilateral é a limitação da mobilidade articular ocasionada pela dor,
outras possíveis causas são doenças periodontais, ausências de peças dentárias,
interferências oclusais, cárie em um dos lados, assimetria esquelética e mordida
cruzada posterior unilateral é um mecanismo de adaptação para evitar traumas
para o periodonto, dentes e articulações. Neste caso, a mastigação ocorre
geralmente do lado da articulação afetada pelo fato do movimento condilar ser
menor e menos traumático deste lado.
O grau de trituração ou moagem a que é submetido o alimento, por um número
determinado de golpes mastigatórios é o que se entende por rendimento ou
eficiência mastigatória. Ele é dado pela relação entre trabalho mecânico útil
realizado e a energia consumida, ao final não devemos encontrar partículas
grandes, apenas predominantemente partículas minúsculas para serem
deglutidas.
Sabemos que alguns indivíduos cuja a eficiência mastigatória não é boa,
não mastigam adequadamente e por um tempo maior, dessa forma, deglutem
partículas de tamanho significativo dificultando o processo digestivo.
Bradley (1981) afirma que é necessário apenas numa pequena capacidade
mastigatória para que se realize a digestão dos alimentos. A mastigação auxilia a
digestão quando é bem realizado, não influenciando demasiadamente no
processo digestivo se ocorrer o inverso.
Mas, Douglas (1998) refere que nos portadores e prótese ou patologias bucais
ocorre uso de alimentos de menos consistência evitando alimentos mais duros. E
nos indivíduos desdentados (total ou parciais), ocorre a diminuição da ingestão
alimentar, que em anciãos ou fracos, pode conduzir a estado de subnutrição
facilitando assim, alterações funcionais, como perturbações imunitárias e quadros
infecciosos, além dos correspondentes transtornos digestivos.
A força mastigatória depende da contração da musculatura elevadora da
mandíbula, podendo ser modificado por vários fatores:
Sexo e Idade – o sexo é de importância irrelevante, pois a força mastigatória é um
pouco maior no sexo masculino. Na idade observa-se em indivíduos jovens (15 a
20 anos) valores superiores de força mastigatória. Enquanto os valores das
crianças (2 a 3 anos) e dos adultos são bastantes similares.
Tipos de alimentação as pessoas que normalmente mastigam alimentos duros e
fibrosos possuem maior força mastigatória do que as que alimentam-se de
comidas preparadas.
Classe dentárias - os valores de força mastigatórias mais elevados encontram-se
no primeiro molar e os mais baixos nos incisivos. Isto é decorrência da favorável
posição de inserção dos músculos levantadores, e obviamente, características de
maior área de suporte dentário.
Os hábitos parafuncionais prejudicama estabilidade neuromuscular do sistema
estomatognático. Além dos hábitos de sucção digital, chupeta, língua e lábios;
existem os que estão relacionados com os músculos mastigatórios que são:
bruxismo ou ranger os dentes, onicofagia, apertamento dental, morder bochecha
ou lábios.
Estes hábitos sobrecarregam de forma anormal anormal os músculos masseteres,
temporais e pterigóideos medial e lateral. Tais músculos podem futuramente
apresentar dor e diminuição de sua coordenação.
Os hábitos prejudiciais contribuem para alterações neuromusculares e da
articulação temporomandibular. (Bianchini, 1998)
Mútiplas são as causas que limitam e alteram a mastigação: dor durante a
realização do ato mastigatório, periodontopatia (especialmente com a atrofia
alveolar severa), cáries, uso de prótese removível e miopatias de origem
neurológica. (Douglas, 1998)
Algumas causas de origem psicológicas onde as crianças tem uma relação forte
com a sucção (mamadeira) e não aceitam alimentos sólidos. Outras, de origem
neurológica onde a informação chega aos centros, mas o ato motor encontra-se
prejudicado como são os casos de paralisia cerebral. O distúrbio da articulação
temporomandibular é outra causa de alterações na mastigação.
As afcções bucais freqüentes, como estomatite, amigdalite, gengivite e outras são
importantes indicativos de interferência na mastigação e preferências alimentares
levando a restringir os ciclos mastigatórios e modificar a deglutição.
Segundo Molina (1991), a mastigação tem como objetivo principal fragmentar os
diversos alimentos em partículas cada vez menores preparando-as para a
deglutição e digestão. Uma segunda função do ato mastigatório é fornecer uma
certa ação bactericida sobre os alimentos colocados na boca quando são
fragmentados para formar o bolo.
Uma terceira função da mastigação é proporcionar a força e função indispensável
para o desenvolvimento normal dos ossos maxilares. A quarta e última função
está relacionada com a manutenção dos arcos dentais, com a estabilidade da
oclusão e com o estímulo funcional principalmente sobre o periodonto, músculos e
articulação.
A função mastigatória é importante para o crescimento e desenvolvimento dento-
facial porque atua como estímulo de erupção dentária e aumento das dimensões
dos arcos osteodentários. O equilíbrio mastigatório deve produzir estímulos
alternados nas diversas estruturas que compõem o sistema estomotognático.
A mastigação é saudável e essencial para manter a vitalidade da boca,
fortalecendo a musculatura antigravitacional, estimulando o posicionamento
correto dos dentes num arco simétrico e incentivando a formação de um osso
alveolar firme e de textura densa. (Hanson, 1988)
É também uma função importante no desenvolvimento dos maxilares, nas
dimensões dos ossos, tanto em espessura como em largura e altura. Foi
sugerido que falta de espaço para os caninos, especialmente os superiores,
podem ser resultados de dietas moles e falta de estímulo para os ossos de
complexo craniofacial.
Observa-se que o processo de mastigar e falar tem uma íntima relação, pois o
bebê movimenta a musculatura orofacial durante a mastigação favorecendo a
aquisição sonora (articulação fonêmica).
A força dos músculos, especialmente os da mastigação e deglutição tem uma
participação importante no desenvolvimento da dentição no período de trocas
dentárias (mista).
Alimentação pobre em consistência poderá levar pouco estímulo de crescimento e
desenvolvimento. Pode ser também característica do tipo facial com menor
potência muscular, como é o caso dos “faces longas”.
Desde o início do trabalho, descrevemos sobre a funcionalidade de ato
mastigatório e causas que prejudicam a realização e desempenho da mesma.
Demonstraremos agora o que poderá acarretar, no futuro, o atraso da referida
função no indivíduo como um todo.
As anormalidades que todos dizem à respeito da mastigação podem ser
resultados de fatores diversos, não apenas ligados ao sistema estomatognático
mas até mesmo a fatores culturais ou deseducação mastigatória, variável de
indivíduo para indivíduo. (hábitos pessoais).
A não-realização da função mastigatória pode ocasionar algumas alterações em
nível funcional e anatômico do sistema orofacial. A inatividade impede o
desgaste fisiológico das cúspides dentárias, possibilitando interferências oclusais
e favorecendo a instalação de placas bacterianas (distúrbio do periodonto); reduz
forças oclusais e mastigatórias.
O padrão mastigatório em atraso pode induzir uma disfunção muscular
(hipotenicidade e diminuição da força muscular na região orofacial). Pode ocorrer
também atraso no crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático e
crâniofacial.
O hábito de não mastigar (utilizar apenas alimentos líquidos e pastosos), prejudica
também a força de mobilidade da língua (Marchesan, 1997), impedindo dessa
forma a adequação da funcionalidade e da postura de língua. Afeta inclusive os
músculos do ombro e região superior da coluna vertebral porque ao mastigarmos
alimentos duros exige-se a participação desta musculatura.
Algumas vezes pode acarretar a hipotrofia dos músculos mastigatórios, atrofia dos
ossos maxilares e o retardo no desenvolvimento da dentição. Pode prejudicar
também o desenvolvimento da linguagem oral e a articulacão fonêmica.
A função mastigatória é estímulo para continuidade deste sistema e para a
manutenção da saúde dos músculos, articulações e periodonto na fase adulta.
Proporciona a estabilidade da oclusão e mantém os arcos dentais. (Felício, 1994)
Não encontramos nas fontes consultadas, nenhum relato de que o atraso da
função mastigatória ocasionasse um déficit mental. Geralmente observamos que
indivíduos com comprometimento neurológico ou mental (paralisia cerebral,
síndrome de down, autismo), apresentam alterações na realização de funções
estomatognáticas (sucção, deglutição e mastigação). Mas nenhum estudo refere
a ausência de movimentos mastigatórios como causa de um retardo mental.
Referências Bibliográficas
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Enelivros -São Paulo, 1989. 70 p.
BIANCHINI, E.M. Mastigação e ATM, Avaliação e Terapia, In: MARCHESAN ,
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Editora Guanabara Koogan – Rio de Janeiro, 1998. 37-49.
BRADLEY, R. M. Fisiologia Oral Básica – Editora Panamericana – São Paulo,
1981. 195 p.
DOUGLAS, C.R. Tratado de Fisiologia Aplicada às Ciências da Saúde. Editora
Robe – São Paulo, 1994. 1422p.
DOUGLAS, C.R. Patofisologia Oral: Fisiologia Normal e Aplicada a Odontologia e
Fonoaudiologia – Editora Pancast – São Paulo, 1994. 179 p.
FELÍCIO, C.M. Fonoaudiologia nas Desordens Temporomandibulares: Uma Ação
Educativa – Terapêutica – Editora Pancast – São Paulo, 1998. 657p.
HANSON, M.L. Fundamentos da Miologia Oral – Editora Enelivros – Rio de
Janeiro, 1988. 399p.
MARCHESAN, I.Q.Motricidade Oral – Editora Pancast – São Paulo, 1993. 70p.
MARCHESAN, I.Q Avaliando e Tratando o Sistema Estomatognático In Lopes O .
C. Tratado de Fonoaudiologia – Editora Roco – São Paulo, 1997. 763-80p.
MOLINA, O. F.; C. D.; M.D.; Fisiopatologia Craniomandíbular – Oclusão e ATM -
Editora Pancast – São Paulo 2ª Edição 1991, 677p.
SANTOS, J.R. J. Oclusão, Princípios e Conceitos – Editora Santos – São Paulo,
1987.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciamos este trabalho com a proposta de realizar um estudo complexo da
função mastigatória; causas e consequências de uma alteração ou atraso na
realização desta função, para retirarmos algumas dúvidas relacionadas ao quadro
clínico de uma criança que não mastigava e a cuja genitora informaram que a não-
realização da função mastigatória poderia implicar um deficit mental. Com relação
a esta afirmativa não encontramos qualquer dado ou sugestão que pudéssemos
considerá-la como realidade. A bibliografia pesquisada informa a fisiologia da
mastigação,a anatomia e morfologia dos músculos mastigatórios e dos ossos
crâniofaciais (é através deles que realiza-se o movimento), as causas para uma
mastigação alterada e unilateral, suas consequências e importância. Mas entre
todas as consequências não existe nada que determine que a criança que não
mastigue favoreça o surgimento de uma deficiência mental.
Descobrimos que a mastigação é estímulo para o crescimento e desenvolvimento
do sistema estomatognático, para manutenção da saúde dos músculos,
articulações, periodonto e dentes na fase adulta.
Salientamos a importância do consumo de alimentos duros e secos para auxiliar
no desgaste natural da dentição e evitar interferências oclusais.
Aprendemos que a mastigação depende de várias estruturas orofaciais para ser
realizada adequadamente, como por exemplo, a oclusão e tipologia facial
determinam a força e o modo de mastigar.
O hábito alimentar não é só o que se come, mas sim como, quando, o tempo
disponível, valores que a família dá para a alimentação, pois as descritas acima
comprometem o desempenho de uma função mastigatória adequada.
Durante o desenvolver da pesquiza houve controvérsias com relação aos
processos digestivos, pois um autor acredita na necessidade de uma excelente
qualidade mastigatória para não acarretar transtornos digestivos e o outro afirma
que a força mastigatória não influencia este processo.
Devemos nos lembrar que muito do que aprendemos em relação a alimentos,
como causa de problemas ligados a motricidade oral, são mudanças de toda uma
sociedade em relação aos seus hábitos alimentares.

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