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Teoria Geral do Direito Digital

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Indaial – 2020
Teoria Geral do 
direiTo diGiTal
Prof.ª Clarice Klann
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Clarice Klann
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
K63t
Klann, Clarice
Teoria geral do direito digital. / Clarice Klann. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
167 p.; il.
ISBN 978-65-5663-309-1
ISBN Digital 978-65-5663-304-6
1. Direito digital. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 340
apresenTação
Prezado acadêmico! Tudo bem com você? Espero que sim. Meu nome 
é Clarice Klann. Eu sou professora universitária e fico feliz em fazer parte da 
sua história. O presente livro didático foi escrito para que você possa apro-
fundar e aprimorar seus conhecimentos com relação à disciplina de Teoria 
geral do direito digital.
Vivemos em uma era de excesso de informação e, muitas vezes, rode-
ados de uma sensação de desatualização a cada clique, pois a velocidade da 
informação está sempre mais célere.
É preciso estabelecer um equilíbrio entre o direito à informação e a se-
gurança da informação, respeitando a privacidade. Muito se fala em liberdade 
de expressão nas redes virtuais, todavia, o mundo cibernético não pode ser 
compreendido como “terra sem lei’. Assim, houve a necessidade de regula-
mentação por meio do direito digital, pois estamos envoltos em contratos ele-
trônicos, sistemas computacionais, comércio eletrônico e crimes cibernéticos.
Não há como afastar a regulação do direito, e o operador do direito deve 
estar preparado para as mudanças no campo digital. Quando a sociedade muda, 
o direito também deve acompanhar essa mudança, analisando e interpretando 
com base nos princípios fundamentais vigentes e acompanhando a chegada de 
novos institutos. O arquivo original não se encontra mais no papel.
Prezado acadêmico, nesta disciplina, trabalharemos as questões per-
tinentes à teoria geral do direito digital, em que, na Unidade 1, estudaremos 
o que é o direito digital, suas características e como são aplicados no Brasil, 
os sistemas computacionais e os direitos sobre os bens informáticos.
Na Unidade 2 serão apresentadas as questões dos tipos de contratos 
eletrônicos, a questão política da segurança de informação, a aplicação do 
direito civil, do direito do consumidor e demais ramos do direito no contrato 
eletrônico, bem como o comércio eletrônico e o marco civil da internet.
Na Unidade 3, nós estudaremos a responsabilidade e o direito digital. 
Estudaremos as questões jurídicas no ambiente eletrônico, como os direitos 
autorais e a questão dos conteúdos da internet, o e-mail como instrumento 
de comunicação e ferramenta de trabalho e a possibilidade de monitoramen-
to pela empresa, a questão do teletrabalho e os crimes cibernéticos. 
Você está pronto para começar a compreender Teoria Geral do Di-
reito Digital? Então vamos à luta! Desejo muito sucesso a você em sua vida 
profissional! Bons estudos!
Profª Clarice Klann
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL ............................................................. 1
TÓPICO 1 — O QUE É DIREITO DIGITAL? ................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 NOÇÕES ACERCA DO DIREITO DIGITAL ................................................................................. 3
2.1 CONCEITO DE DIREITO DIGITAL ............................................................................................ 3
3 CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DO DIREITO DIGITAL .................................................... 5
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 14
TÓPICO 2 — O DIREITO DIGITAL NO BRASIL ......................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 17
2 OS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO DIGITAL NO BRASIL .................................. 17
2.1 PRINCÍPIO DA EXISTÊNCIA CONCRETA ............................................................................. 18
2.2 PRINCÍPIO DA RACIONALIDADE ......................................................................................... 18
2.3 PRINCÍPIO DA LEALDADE ...................................................................................................... 19
2.4 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO ESTATAL ............................................................................ 19
2.5 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE........................................................................................ 19
3 O DIREITO DIGITAL NO BRASIL E SUAS TRANSFORMAÇÕES...................................... 21
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 30
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 31
TÓPICO 3 — SISTEMAS COMPUTACIONAIS E OS DIREITOS SOBRE 
 OS BENS INFORMÁTICOS ..................................................................................... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33
2 SISTEMAS COMPUTACIONAIS E OS BENS INFORMÁTICOS .......................................... 33
3 PROGRAMAS DE COMPUTADOR E SEUS REGISTROS ....................................................34
3.1 O SOFTWARE X O HARDWARE E OS DIREITOS DO TITULAR ........................................ 35
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 39
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 49
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 51
UNIDADE 2 — CONTRATOS ELETRÔNICOS ............................................................................ 53
TÓPICO 1 — CONTRATOS ELETRÔNICOS NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO 
 E A QUESTÃO DA POLÍTICA DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO – 
 PSI COM A MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.200-2/01 ............................................. 55
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 55
2 CONTRATOS ELETRÔNICOS....................................................................................................... 55
3 ASSINATURAS E VALIDAÇÕES DIGITAIS .............................................................................. 60
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 69
TÓPICO 2 — O DIREITO DO CONSUMIDOR NO CONTRATO E 
 COMÉRCIO ELETRÔNICO ...................................................................................... 71
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71
2 O COMERCIO ELETRÔNICO E O CDC ...................................................................................... 71
3 GARANTIA DE ATENDIMENTO FACILITADO AO CONSUMIDOR ................................ 74
4 DESISTÊNCIA DO NEGÓCIO: PRAZO DE SETE DIAS ......................................................... 75
5 DEVOLUÇÃO DO QUE FOI PAGO .............................................................................................. 76
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 82
TÓPICO 3 — O MARCO CIVIL DA INTERNET – LEI Nº 12.965, 
 DE 23 DE ABRIL DE 2014........................................................................................... 85
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85
2 MARCO CIVIL DA INTERNET ..................................................................................................... 85
3 O DIREITO À PRIVACIDADE ....................................................................................................... 87
4 PRIVACIDADE E O MARCO CIVIL DA INTERNET ............................................................... 89
5 A NEUTRALIDADE DA REDE E O MARCO CIVIL DA INTERNET ................................... 93
6 A IMPUNIDADE NA INTERNET E O MARCO CIVIL DA INTERNET............................... 95
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 98
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 103
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 105
UNIDADE 3 — A RESPONSABILIDADE E O DIREITO DIGITAL: 
 QUESTÕES JURÍDICAS NO AMBIENTE ELETRÔNICO ........................... 107
TÓPICO 1 — OS DIREITOS AUTORAIS E A QUESTÃO DOS CONTEÚDOS 
 DA INTERNET........................................................................................................... 109
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109
2 BREVE HISTÓRICO DA LEI DE DIREITOS AUTORAIS ..................................................... 109
3 O CONCEITO JURÍDICO DE DIREITOS AUTORAIS ........................................................... 111
4 A QUESTÃO DO CONTEÚDO NA INTERNET ...................................................................... 114
5 A LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO NA INTERNET ..................... 118
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 123
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 124
TÓPICO 2 — O E-MAIL COMO INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO 
 E FERRAMENTA DE TRABALHO E A POSSIBILIDADE DE 
 MONITORAMENTO PELA EMPRESA ............................................................... 125
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125
2 O E-MAIL COMO INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO E FERRAMENTA 
 DE TRABALHO ............................................................................................................................... 125
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 134
TÓPICO 3 — O TELETRABALHO COMO FERRAMENTA DE TRABALHO ...................... 135
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 135
2 O TELETRABALHO COMO FERRAMENTA ÚTIL NA RELAÇÃO DE TRABALHO .... 135
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 143
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 144
TÓPICO 4 — CRIMES CIBERNÉTICOS ....................................................................................... 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147
2 CONCEITO DE CRIME CIBERNÉTICO .................................................................................... 147
3 CRIMES CIBERNÉTICOS PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS ........................................................ 149
4 CRIMES CIBERNÉTICOS: QUAL É O LUGAR DO CRIME PARA FINS DE 
 APLICAÇÃO DA PENA E DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
 JURISDICIONAL? ........................................................................................................................... 150
5 LEGISLAÇÃO ATINENTE AOS CRIMES CIBERNÉTICOS.................................................. 153
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 160
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................163
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 165
1
UNIDADE 1 — 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o conceito de teoria geral do direito digital;
• identificar e reconhecer as características do direito digital; 
• reconhecer a atuação do direito digital no Brasil;
• conhecer os bens informáticos.
2
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – O QUE É DIREITO DIGITAL?
TÓPICO 2 – O DIREITO DIGITAL NO BRASIL
TÓPICO 3 – SISTEMAS COMPUTACIONAIS E OS DIREITOS 
 SOBRE OS BENS INFORMÁTICOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
O QUE É DIREITO DIGITAL?
1 INTRODUÇÃO
O tema do direito digital é algo atual e que merece a nossa atenção, uma 
vez que a virtualidade é uma realidade. Somos levados a refletir no campo jurídi-
co acerca das relações jurídicas que podem surgir no campo digital.
O direito digital é um desafio e exige atualização constante do estudante, 
pois a tecnologia muda rapidamente, surgindo a cada dia novas ferramentas e 
novas situações que temos com que nos deparar.
Inicialmente, vamos percorrer o campo conceitual do direito digital, suas 
características, a atuação do direito digital no Brasil, os sistemas computacionais 
e os direitos sobre os bens informáticos.
Vamos lá!
2 NOÇÕES ACERCA DO DIREITO DIGITAL
O direito digital começou a se tornar indispensável no campo jurídico a partir 
do momento em que as relações passaram a utilizar o meio virtual. Hoje, não é mais 
possível pensar a atividade humana sem o uso da tecnologia digital e, para tanto, 
situações jurídicas no campo digital necessitam de reflexões e previsões legais.
2.1 CONCEITO DE DIREITO DIGITAL
Há quase meio século, a internet não passava de um projeto ousado. O ter-
mo conhecido como “globalização” não havia sido talhado e falar de fibra óptica, 
conexão e internet ainda não era algo a ser comentado ou até mesmo pensado.
A internet ganhou força desde o final da década de 1980. O seu uso esteve 
atrelado ao de outras tecnologias e vem transformando substancialmente as rela-
ções sociais e jurídicas.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
4
FIGURA 1 – O DIREITO DIGITAL
FONTE: <https://bit.ly/3jsAccE>. Acesso em: 1º set. 2020.
O direito digital é um campo de conhecimento multifacetado e multidisci-
plinar e diz respeito ao conjunto de regras e princípios que envolvem as relações 
sociais no campo digital. O direito digital busca estabelecer uma compreensão 
do direito tradicional dentro do campo relacional entre homem e a tecnologia, 
abarcando tanto aspectos da vida individual quanto coletiva. É multidisciplinar 
porque trabalha vários campos, como a esfera penal, civil, consumidora etc.
No entanto, é uma área de conhecimento que conta com poucas leis que 
regulamentam a questão digital. Se no passado, o dia a dia jurídico estava perme-
ado de papéis, livros e prazos, nos dando a impressão de que o mundo girava um 
pouco mais lento, com o passar do tempo, tem-se a impressão de que se vive na 
era da instantaneidade e do aglomerado de informações. 
Com isso, uma nova era de transformações chegou! Transformações que pas-
saram por diversos eixos da nossa sociedade, instalando mudanças, desde a comuni-
cação, os meios de prova, os métodos de trabalho. Enfim, nas mais variadas esferas, 
ocorreram significativas alterações, e isso requereu uma nova especialidade do ope-
rador do direito: conhecer o direito na computação, ou, ainda, o direito digital.
O direito, portanto, sofreu influência da nova realidade em que se vive 
atualmente. É preciso que o operador do Direito esteja conectado e ciente dessas 
transformações, pois é peça fundamental para auxiliar na compreensão de possí-
veis conflitos ou até mesmo auxiliar na prevenção destes.
O surgimento da internet é um dos grandes responsáveis pelo momento 
em que se vive atualmente. É importante compreender que a internet é muito 
mais que um meio de comunicação digital, ou até mesmo uma conexão de uma 
rede mundial de computadores.
A internet é encontrada e acessada de outros dispositivos como smartpho-
nes, tablets, ipads, notebooks etc. Ao falar de internet, pode-se falar de pessoas, 
sejam elas naturais, jurídicas ou de valores, sejam eles de pequeno ou grande 
valor. Com ela, há inúmeras possibilidades e, com isso, a informação tem sido 
considerada algo de valor inestimável. Além disso, quando um dado ingressa na 
rede, pode-se dizer como impossível a sua exclusão da rede. 
TÓPICO 1 — O QUE É DIREITO DIGITAL?
5
A internet nos traz o conceito multidimensional, em que é possível pensá-la em 
diversas vertentes e facetas e, isso, claro, indica a profunda mudança pela qual o direito 
digital passa a ser pensado, ou seja, como importante na relação entre os indivíduos.
O profissional, com o seu conhecimento, possui uma importância tremen-
da, como a de garantir a segurança nacional, mantendo dados sigilosos criptogra-
fados e com segurança, para que nenhum terceiro não autorizado tenha acesso e 
use indevidamente, seja para uso próprio ou para terceiros.
O constante estudo e dedicação de profissionais da era de tecnologia fez 
com que o avanço tecnológico tomasse proporções tremendas, pois, em questões 
de poucos segundos, é possível saber o que aconteceu do outro lado do mundo, 
ter acesso a museus virtuais, exames de saúde, prova eletrônica e até mesmo con-
ferências e audiências judiciais por meio da web.
A era digital é uma realidade e “segundo um relatório sobre economia di-
gital, divulgado em outubro de 2017 pela Conferência das Nações Unidas sobre 
Comércio e Desenvolvimento, o Brasil ocupa o 4º lugar de um ranking mundial de 
usuários de internet, com 120 milhões de pessoas conectadas” (IPOG, 2018, s.p.).
A era digital já é uma realidade. Recursos como a inteligência artificial, certifi-
cação digital e internet das coisas são apenas alguns exemplos de como a tecnologia vem 
transformando o dia a dia de pessoas e empresas. Vamos saber mais sobre o direito digital 
e áreas de atuação? Confira: https://www.aurum.com.br/blog/direito-digital/.
DICAS
3 CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DO DIREITO DIGITAL
Você sabe quais são as principais características e desafios do direito digital?
O direito digital possui como característica ser dinâmico, ou seja, ele 
muda constantemente e, busca adaptar-se à realidade; possui poucas leis e base 
em costumes; e é acelerado.
Podemos caracterizar o direito digital a partir de dois contextos: legisla-
tivo e interpretativo. O legislativo é utilizado em uma criação de lei, para regu-
lamentar as condutas no meio digital e estabelecer novos tipos penais no campo 
cibernético, ao passo que o interpretativo abarca a aplicação das leis atuais nas 
situações já previstas a cada caso concreto.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
6
A regulamentação de conduta no ramo tecnológico e digital encontra uma 
barreira de desafio, tanto para os nossos legisladores quanto para aqueles que re-
ceberão a legislação. Tanto os indivíduos quanto as empresas terão de se adaptar 
às mudanças e buscar orientações no sentido de aplicar o direito positivo.
Um dos desafios encontrados é justamente a adaptação das mais variadas 
normas, ou seja, de várias áreas do Direito, que devem se adequar às diferentes 
áreas do direito digital.
Um exemplo seria a questão do teletrabalho. Ora, quem poderia imaginar 
que poderíamos trabalhar em uma empresa e desempenhar o nosso horário de 
trabalho e atividades no aconchego do lar? Não somente a CLT (Consolidação 
das Leis do Trabalho) disciplinará as relações de trabalho, mas tambémé neces-
sário compreender as tecnologias como ferramentas de trabalho e, a partir daí, 
regular as relações trabalhistas na era digital do home office ou teletrabalho.
FIGURA 2 – TIPOS DE TELETRABALHO
FONTE: <https://bit.ly/2HJaZ0w>. Acesso em: 31 ago. 2020.
As características do contrato de teletrabalho foram reguladas no art. 75-
B, da CLT (BRASIL, 2017) que disciplina:
Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponde-
rantemente fora das dependências do empregador, com a utilização 
de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, 
não se constituam como trabalho externo.
Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador 
para a realização de atividades específicas que exijam a presença do 
empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletra-
balho (BRASIL, 2017, s.p.).
TÓPICO 1 — O QUE É DIREITO DIGITAL?
7
Assim, o teletrabalho pode ser exercido fora da empresa de forma integral 
ou não, mas o que prepondera é o trabalho a distância, utilizando-se da tecnologia 
da informação e de comunicação em atividades que não sejam tipicamente externas.
Para saber mais sobre o teletrabalho, acesse: https://bit.ly/35DF7CL.
DICAS
Outro exemplo é o das compras on-line, em que com apenas alguns cliques po-
demos adquirir produtos ou até mesmo solicitar a prestação de serviços. No entanto, os 
sites de compras on-line, além de receberem a regulamentação das lojas físicas, devem 
respeitar o direito de desistência, bem como ter todas as informações de contato no site 
acerca da loja que disponibiliza em plataforma on-line os produtos ou serviços.
O Decreto Federal nº 7962/13, junto ao Código de Defesa do Consumidor, 
Lei 8078/90, passaram a disciplinar as regras de compras feitas pela internet de 
forma um pouco mais específica.
Exemplo: é imprescindível que a loja virtual tenha o nome empresarial, 
número de inscrição – sendo o CNPJ ou CPF para os casos de venda por pessoa 
física – e, endereço de onde está localizada a loja ou escritório da empresa. No 
entanto, muitos ignoram essa regulamentação e a descumprem, tornando, poste-
riormente, difícil localizar o endereço da loja, caso haja alguma situação que exija 
o ingresso no Procon ou até mesmo na via judicial por algum motivo de descum-
primento de contrato, por exemplo.
Como podemos ver, é necessário articular os conceitos de tecnologia da 
informação com o conhecimento do conjunto de leis no campo digital.
No direito, em seus mais variados ramos, encontramos um grande volume 
de normas, todavia, no direito digital, existe o baixo número de regulamentações 
específicas. No Brasil, até agora, os exemplos são o Marco Civil da Internet, a Lei de 
Crimes Informáticos, a Lei da Transparência e a recente Lei de Proteção de Dados. 
Em muitos casos, a ausência de normas regulamentadoras faz com que as 
condutas passem a ser julgadas pelas decisões dos tribunais, a fim de adequar os 
comportamentos humanos nas atividades virtuais.
Encontra-se uma dificuldade na aplicação da lei digital, pois os crimes di-
gitais são cometidos por meio da internet. Um japonês pode invadir computadores 
estadunidenses utilizando a conexão com um servidor argentino, por exemplo. En-
tretanto, qual lei seria aplicada: a do Japão, dos Estados Unidos ou da Argentina? 
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
8
Outra dificuldade apontada no campo do direito digital é que muitas in-
frações são cometidas sem a possibilidade de apurar a identidade do infrator e de 
se tomarem as medidas cabíveis e efetivas para sua punição.
A burocracia pode ainda ser outro desafio a ser trabalhado na fronteira 
digital, em que o cumprimento da lei pode vir a necessitar de cooperação entre os 
órgãos de mais de um país do globo.
A tecnologia é uma realidade na nossa vida cotidiana, no entanto, preci-
samos estar atentos e buscar o conhecimento necessário para nos adequarmos às 
regras deste novo cenário global e virtual. É preciso entender que há a proteção 
intelectual e autoral de fotos, vídeos e da divulgação de produtos on-line, bem 
como pode haver responsabilização civil e criminal por ofensas na internet etc.
Nesse sentido, as preocupações podem ser resumidas em dois aspectos: a 
conformidade com a lei e a busca de instrumentos para assegurar os direitos dos 
indivíduos no meio digital. Somente com a preparação e a criação de uma base 
de conhecimento sobre o conjunto de regras no campo digital é que será possível 
combater os crimes digitais e resguardar os direitos dos cidadãos. 
Os crimes digitais são outro ponto de bastante preocupação para as empresas. 
Para se ter uma ideia, em 2017, em pesquisa da Norton Cyber Security, o Brasil passou 
a ocupar a segunda colocação no ranking dos países com mais delitos informáticos, 
tendo prejuízo estimado em 22 bilhões de dólares (SECURITY REPORT, 2018).
O Direito Digital é um desafio e ainda merece a nossa atenção devido à 
importância que possui no nosso dia a dia, portanto, ainda não foi integralmente 
explorado pelos profissionais jurídicos e merece a nossa atenção e estudo, pois a 
sociedade pede por profissionais habilitados na área. 
A tendência cada vez maior é que as pessoas e empresas pratiquem seus 
atos on-line, a própria advocacia se adaptará e migrará com mais força para esse 
meio. Um exemplo é a realização de audiência por meio de videoconferência.
Confira a entrevista com Fabrício Mota: “O presente e o futuro do direito digi-
tal”. Acesse: https://bit.ly/2TrEmqy.
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — O QUE É DIREITO DIGITAL?
9
DIREITO INFORMÁTICO
Benigno Núñez Novo
1 INTRODUÇÃO
O direito digital é o resultado da relação entre a ciência do direito e a ciência 
da computação sempre empregando novas tecnologias. Trata-se do conjunto de nor-
mas, aplicações, conhecimentos e relações jurídicas, oriundas do universo digital.
Essa nova ramificação jurídica corresponde ao conjunto de normas 
que visam tutelar as relações humanas e as violações comportamentais em 
ambientes digitais. Isto é, se com o uso da tecnologia, as pessoas enviam e 
recebem informações, realizam negócios, emitem opiniões etc., devem existir 
regras e princípios que orientem a conduta nesse meio.
Tais diretrizes, em grande parte, são adaptações de leis antigas a uma 
realidade que não foi pensada por seus idealizadores. Por exemplo, o Código 
Penal de 1940 prevê o crime de estelionato que, atualmente, pode ser praticado 
por uma pessoa que nem sequer está no território nacional, graças à internet.
Em um mundo cada vez mais conectado, problematizar o direito digi-
tal é uma necessidade não apenas para advogados, mas também para empre-
endedores e gestores, especialmente em grandes empresas.
Os Estados Unidos e a Europa estão alguns passos à frente do Brasil 
quando o assunto é direito digital, no sentido de que eles já discutiram ou dis-
cutem questões que aqui ainda não foram problematizadas pelo poder público.
Um exemplo é o regulamento GDPR, uma lei cibernética europeia sobre 
proteção de dados pessoais que certamente terá influência na legislação brasileira.
Com a crescente digitalização dos processos de gestão e comunicação tanto 
em empresas privadas e repartições públicas quanto em operações pessoais, novas 
questões legais envolvendo o mundo digital continuarão surgindo no Brasil.
2 DESENVOLVIMENTO
No Brasil, além da adaptação das leis do mundo analógico, as princi-
pais normas criadas pelo Congresso Nacional são as seguintes:
Lei dos crimes informáticos: estabelece que certas condutas surgidas 
com a tecnologia serão consideradas crimes, como invadir o dispositivo de in-
formática (PC, notebook, celular etc.) alheio e interromper fraudulentamente 
o serviço telefônico, telegráfico ou de internet.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
10
Marco civil da internet: fixa as diretrizes básicas do uso da internet no 
Brasil, bem como determina que esse ambiente é regulamentado pelas regras 
de direito civil, do consumidor, comercial, entre outros.
Códigode Processo Civil de 2015: em proporção menor, cria normas 
para o desenvolvimento do processo judicial eletrônico.
Lei de acesso à informação: define a disponibilização das prestações de 
contas dos entes públicos com o uso da tecnologia da informação.
Não há no Brasil, por exemplo, um tribunal específico destinado a jul-
gar delitos e outras questões que acontecem no ambiente virtual, por exemplo.
Na Polícia Civil, por outro lado, já há núcleos especializados no com-
bate ao cibercrime espalhados pelo Brasil. Um exemplo de aplicação do direito 
legal no viés legislativo é a criação da Lei nº 12.737/2012, que ficou conhecida 
como Lei Carolina Dieckmann.
A lei acrescenta o artigo 154-A ao Código Penal, criando um tipo penal que 
criminaliza a invasão de dispositivo informático alheio a fim de obter, adulterar 
ou destruir dados ou informações sem autorização do titular. O nome da famosa 
atriz se deve porque foi um drama pessoal seu que motivou a aprovação da lei.
Em 2012, ela teve fotos íntimas roubadas por hackers, que exigiram 
determinada quantia em dinheiro para não as divulgar na rede. A atriz não 
cedeu à tentativa de extorsão e as fotos se tornaram públicas.
Note que esse é um caso diferente de roubo ou furto convencional, 
em que o criminoso se faz presente para roubar um pertence físico da vítima. 
Imagens de um computador ou celular não podem ser pegas na mão, mas os 
dispositivos podem ser invadidos a distância.
Por conta dessas peculiaridades, os legisladores acharam por bem criar uma 
descrição específica de delito no qual condutas desse tipo pudessem ser enquadradas.
A pena para o crime de invasão de dispositivo informático é de três 
meses a um ano de detenção e multa (com agravantes) ou seis meses a dois 
anos de reclusão e multa em situações mais graves (também com possíveis 
agravantes que aumentam a pena). Outro exemplo ainda mais significativo 
de lei criada para uma maior adequação da legislação brasileira à realidade de 
um mundo cada vez mais conectado é o Marco Civil da Internet.
Não faltam exemplos também de aplicação do direito digital pelo ou-
tro viés, da aplicação de normas já consolidadas nas leis do país. Talvez os 
exemplos mais comuns sejam crimes de calúnia, difamação, injúria ou ameaça, 
praticados em e-mails, redes sociais e aplicativos como o WhatsApp.
11
Há também questões no direito do consumidor (compras feitas on-li-
ne), direito do trabalho (verificação de e-mails fora do horário de trabalho), 
direito de família (infidelidade via sites de aplicativos de relacionamento) e 
outros. E há também várias situações em que se fica no meio disso, quando a 
ausência de uma lei específica suscita dúvidas sobre qual o enquadramento 
legal adequado que motiva a discussão sobre a necessidade de regulamentar 
a questão.
O exemplo mais clássico é a briga dos taxistas, que precisam de licença 
especial e obedecem a uma série de regras municipais para operarem, contra o 
Uber. Em várias cidades do país, o impasse motivou a aprovação de leis para 
regulamentar o funcionamento do aplicativo, incluindo dispositivo federal, com 
a Lei 13.640/2018.
Várias vezes, impasses envolvendo o direito digital chegaram a um dos ór-
gãos máximos do sistema judiciário brasileiro: o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
E-mails
O STJ já decidiu sobre a responsabilidade de um provedor de correio 
eletrônico que não revela dados de usuários que transmitem mensagens ofen-
sivas por e-mail, inocentando a empresa de tecnologia.
Em outro caso, decidiu que o conteúdo de e-mails pode ser usado como 
prova para fundamentar uma ação de cobrança de dívida.
Em fevereiro de 2018, o STJ decidiu também que a quebra de sigilo de 
informações da conta de um e-mail armazenadas em outro país passa por um 
acordo de cooperação internacional.
Segurança na internet
Em investigações que apuravam o envolvimento de organizações cri-
minosas voltadas ao tráfico de anabolizantes, a 5ª Vara Federal de Guarulhos 
ordenou o fornecimento de dados de usuários do Facebook.
Em decisão de fevereiro de 2018, o STJ determinou multa de R$ 3,96 
milhões à empresa por descumprir a ordem.
Liberdade de expressão vs. censura
Em 2010, o jornal Folha de São Paulo conseguiu uma liminar contra o site 
Falha de São Paulo, que faz uma paródia do periódico. O caso chegou à 4ª turma 
do STJ, que decidiu que se tratava de uma tentativa de censura do jornal paulista.
12
Monitoramento de informações
A 3ª turma do STJ decidiu contra determinação do Tribunal de Justiça 
de São Paulo, que obrigava o Facebook a monitorar previamente o conteúdo 
publicado por seus usuários.
Por ser um ramo novo, o direito digital ainda não foi integralmente 
explorado pelos profissionais jurídicos e tampouco seu conhecimento é difun-
dido na população. Logo, há um grande espaço a ser preenchido em futuro 
próximo.
Entretanto, como a tendência é que, cada vez mais, as pessoas e em-
presas pratiquem seus atos on-line, a própria advocacia se adaptará e migrará 
com mais força para esse meio.
É possível notar uma preocupação dos juristas em conhecer os recursos 
e conceitos da tecnologia da informação. Igualmente, aos poucos, as ativida-
des dos advogados passam por sua própria transformação digital, com o sur-
gimento da chamada lawtech. A advocacia gradualmente se transforma para 
atender às características do direito digital.
CONCLUSÃO
O direito digital é bastante complexo. São inúmeros os impasses legais 
que envolvem tecnologias on-line. Com a necessidade de digitalizar os proces-
sos e trabalhar em rede para ter mais eficiência e produtividade, as empresas 
não vão escapar desse tipo de questão.
Por isso, precisam se preparar para ter proteção jurídica contra possí-
veis casos de vazamento de informações, roubo de propriedade intelectual e 
outras situações. O Marco Civil da Internet veio para estabelecer algumas re-
gras, embora ainda não seja o ideal. De forma geral, o direito digital foi criado 
para adequar os fundamentos do direito à realidade da sociedade.
FONTE: <https://bit.ly/37MIrOk>. Acesso em: 10 ago. 2020.
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Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• O direito digital é um desafio e exige atualização constante do estudante, pois 
a tecnologia muda rapidamente, em que a cada dia surgem novas ferramen-
tas e novas situações na qual temos com que nos deparar.
• O direito digital é um campo de conhecimento multifacetado e multidiscipli-
nar e, diz respeito ao conjunto de regras e princípios que envolvem as rela-
ções sociais no campo digital.
• O direito digital é uma área de conhecimento que conta com poucas leis que 
regulamentam a questão digital.
• O direito digital é dinâmico, ou seja, ele muda constantemente e busca adap-
tar-se à realidade; possui poucas leis; base em costumes; e é célere.
• Um dos desafios encontrados é justamente a adaptação das mais variadas 
normas, ou seja, várias áreas do direito ainda devem adequar-se às diferentes 
áreas do direito digital. Um exemplo seria a questão do teletrabalho.
• O Decreto Federal nº 7962/13, com o Código de Defesa do Consumidor (Lei 
8078/90) passou a disciplinar as regras de compras feitas pela internet de for-
ma um pouco mais específica.
• É necessário articular os conceitos de tecnologia da informação com o conhe-
cimento do conjunto de leis no campo digital.
14
1 O direito digital é o ramo do direito que pretende regulamentar as relações 
entre o usuário que navega na internet, pois muitos crimes podem ser co-
metidos no campo virtual. Com relação ao “direito digital” e a definição de 
suas características, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) Estático, dinâmico e baseado tão somente na lei.
b) ( ) Dinâmico, célere e possui poucas leis.
c) ( ) Apenas baseado tão somente na lei.
d) ( ) Estático e célere.
2 O direito digital passa a ser visto no nosso cotidiano e, torna-se inevitável em 
uma sociedade voltada para a tecnologia. As relações sociais mudaram e as 
relações de trabalho também. A respeito disso, como se chama a atividadede 
trabalho por meio digital que não necessita da presença integral do trabalha-
dor na empresa, podendo o este realizar por meio da tecnologia de casa?
3 O Direito Digital contempla o campo cibernético e as relações de interação 
no meio virtual buscando equilibrar as mais variadas situações cotidianas, 
que repercutam no âmbito jurídico. A respeito da relação consumerista na 
internet, veio o Decreto 7.962/2013. Portanto, acerca dos aspectos que de-
vem ser considerados na contratação de comércio eletrônico, classifique V 
para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor.
( ) atendimento facilitado ao consumidor.
( ) respeito ao direito de arrependimento.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – V.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – F – V.
d) ( ) V – F – F.
4 O Código de Defesa do Consumidor estabelece o direito de arrependimento ao 
comprar algum produto em lojas físicas. Com a regulação do comércio eletrô-
nico, o direito de arrependimento também é possível para as compras feitas por 
meio da internet. Acerca do exposto, assinale a alternativa CORRETA quanto 
ao prazo, para que o consumidor exerça o seu direito ao arrependimento:
a) ( ) 5 dias.
b) ( ) 7 dias.
c) ( ) 10 dias.
d) ( ) 15 dias.
AUTOATIVIDADE
15
5 Não são raros os casos em que pessoas tem celulares ou redes sociais hacke-
ados vazando informações, vídeos ou fotos, que possam vir a comprometer 
a imagem e a honra subjetiva da pessoa. Quem invade esses dispositivos 
está cometendo um ilícito penal. Qual seria ele?
16
17
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
O DIREITO DIGITAL NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, trabalharemos a atuação do direito digital no Brasil, e como se 
dá a aplicação de leis e princípios aos casos concretos que envolvam a tecnologia. 
Para dirimir tais questões, vamos verificar os princípios e sua importân-
cia, bem como conhecer o Marco Civil na Internet – Lei nº 12.965/2014, que esta-
belece os princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.
Ainda abordaremos o Decreto Federal nº 7.963/2013 que regulamenta o 
Código de Defesa do Consumidor para o comércio eletrônico.
É certo que o direito positivado surgiu da necessidade de limitar o poder 
do Estado, criando normas impessoais. São normas voltadas para o equilíbrio 
e harmonia da sociedade. Cumpre ao Poder Legislativo perceber os anseios da 
sociedade e normatizar os comportamentos da sociedade para que o magistrado 
diante de um conflito judicial consiga dizer o direito.
E quando não houver legislação prevendo ou regulamentando determi-
nada situação atinente ao Direito Digital?
Ora, nesses casos vamos analisar a aplicabilidade dos princípios no di-
reito digital.
2 OS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO DIGITAL NO 
BRASIL
Os princípios são grandes aliados do direito digital, uma vez que não é 
possível uma legislação atual que contemple de forma integral e célere as relações 
sociais que permeiam o direito digital. 
Nesse sentido, a autora e advogada renomada em direito digital, Patrícia 
Peck Pinheiro, fala sobre a importância de norma e realidade:
18
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
A capacidade da norma de refletir a realidade social determina o grau de 
eficácia jurídica de um ordenamento. Eficaz é aquilo que é capaz de efeti-
vamente produzir efeitos, ou seja, o conceito de eficácia envolve aceitação 
e obediência. Norma eficaz é aquela que é observada e cumprida pelos 
diversos grupos sociais. Implica o chamado “hábito geral de obediência”, 
sendo a garantia de cumprimento da norma (PINHEIRO, 2013, p. 56).
Segundo Mario Antônio Lobato de Paiva, são “princípios somente aplicados 
ao direito eletrônico: o princípio da existência concreta, o princípio da racionalidade, 
o princípio da lealdade, o princípio da intervenção estatal, o princípio da subsidia-
riedade, o princípio da efetividade e o princípio da submissão” (PAIVA, 2002, p. 1).
Isso não quer dizer que não podemos usar outros princípios aplicáveis. 
Com certeza podemos, basta correlacionar o princípio ao caso concreto e conectar. 
No entanto, não é possível acompanhar a velocidade da informação e edi-
tar leis que contemplem o direito digital e, assim, os princípios tornam-se impor-
tantes para resolver os conflitos e questões jurídicas que o operador do Direito 
encontrará diariamente.
2.1 PRINCÍPIO DA EXISTÊNCIA CONCRETA
Esse princípio é praticamente o mesmo aplicado no Direito do trabalho, 
qual seja, o princípio da primazia da realidade. Com relação ao direito digital, 
levam-se em conta as situações concretas que, de fato, ocorreram em relação a 
documentos digitais, por exemplo.
A primazia da realidade deve ser observada devido à facilidade de ma-
nipulação das informações no campo digital. Podemos trazer como exemplo a 
adulteração de uma foto digital ou até mesmo de um documento. Ora, qualquer 
pessoa com conhecimento em informática ou até mesmo acessando vídeos tuto-
riais no YouTube pode aprender a manipular uma foto digital.
Cabe assim, ao magistrado a tarefa de descobrir o que de fato aconteceu 
e, dependendo do caso, exigir perícia dos documentos digitais com base no prin-
cípio da existência concreta.
2.2 PRINCÍPIO DA RACIONALIDADE
Deve ser aplicado o critério da racionalidade no momento de se aplicar o 
Direito ao caso concreto. Assim, ao julgar, o magistrado deve evitar decisões de 
caráter puramente subjetivo, e sim utilizar o critério objetivo, isto é, ser racional.
TÓPICO 2 — O DIREITO DIGITAL NO BRASIL
19
As normas não podem ser rígidas, mas sim flexíveis para que tenham efi-
cácia, porém abre margem para várias interpretações.
Toda interpretação deve encontrar amparo na razão humana e ser pauta-
da em critérios objetivos e longe de emoções.
2.3 PRINCÍPIO DA LEALDADE
Exatamente pela carência de regras específicas, as partes interessadas po-
derão estabelecer as regras por meio de um contrato, tendo o dever de agir de 
boa-fé. O contrato fará regras entre os interessados, no entanto, havendo algum 
problema de interpretação e o conflito chegar ao Judiciário deve ser o contrato 
interpretado no princípio da boa-fé.
2.4 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO ESTATAL
Este princípio diz que o Estado deve atuar de forma ativa regulamentan-
do as relações sociais humanas sejam elas virtuais ou presenciais.
Quanto ao avanço da tecnologia na forma se comunicar e até mesmo de se 
relacionar das pessoas, percebe-se a necessidade de regulamentação, porém, em 
muitos casos, o Estado é ineficiente ou até mesmo inexistente, pois não há pre-
visão legal de todas as situações envolvendo o campo digital. Todavia, o Estado 
deve se fazer presente e atuante na vida das pessoas. Contudo, de que modo?
Como o próprio nome sugere, o Estado deve se fazer presente, ou seja, 
atuar dando amparo para as novas relações sociais que operam por meio do cam-
po tecnológico visando dar legalidade aos atos que são praticados no meio digital 
e ainda garantir a segurança jurídica das relações humanas.
Com isso, o Estado deve dar amparo para as novas relações humanas, que 
são feitas por meio do uso de tecnologias, visando à legalidade de certos atos ou, 
até mesmo, manifestar-se quanto à ilegalidade de determinadas condutas, além 
de garantir a segurança jurídica da interação humana no mundo digital.
2.5 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
Considerando que o Direito Digital não possui ainda, em muitos pontos, 
uma legislação específica plena e satisfatória, faz-se necessária a aplicação subsi-
diária do direito existente no que couber.
As relações humanas foram pautadas na tradição, ou seja, em outra realidade 
em modo presencial. No entanto, surgiu a internet, que criou um universo de possibi-
20
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
lidades, possibilitando não somente a interação em tempo real e a instantaneidade de 
informações, mas também audiências por web, o cometimento de crimes cibernéticos 
e fraudes eletrônicas etc. Um mundo de realidadesdiversas foram criadas com a in-
ternet, e o Direito não conseguiu acompanhar a velocidade do mundo global digital.
Como não é possível prever e regulamentar todas as condutas na sociedade, em 
tempos de informação digital, é preciso que se aplique o princípio da subsidiariedade. 
Aplica-se este princípio quando houver omissão, ou seja, as normas tradicionais 
somente poderão ser aplicadas nas relações digitais se elas não tiverem previsão legal. 
É preciso, ainda, que o princípio da subsidiariedade aplicado não seja in-
compatível com os outros princípios e leis vigentes sobre o tema. 
FIGURA 3 – DIREITO DIGITAL
FONTE: <https://bit.ly/31PncHX>. Acesso em: 10 ago. 2020.
É importante lembrar que pode haver a plena aplicabilidade de outros princí-
pios que podem ser relacionados ao direito digital, bastando adequar e interpretar o prin-
cípio ao caso concreto!
NOTA
TÓPICO 2 — O DIREITO DIGITAL NO BRASIL
21
Para saber mais vamos à leitura? Tudo o que você precisa saber sobre direito digital. 
Confira: https://blog.saraivaaprova.com.br/direito-digital/.
Como o direito digital está transformando a atuação dos advogados? Confira: https://bit.ly/3jzbBTx.
DICAS
3 O DIREITO DIGITAL NO BRASIL E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Quem ainda não ouviu falar do videocassete? Telefone fixo? Para ligações uti-
lizava-se no passado o telefone público ou telefone fixo residencial. Este último era 
considerado há alguns anos um artigo de luxo. Internet, então? Era necessário conectar 
ao computador um cabo que era ligado ao telefone e, então, discava-se para ter acesso 
à internet. No entanto, ao utilizar a internet não era possível ao mesmo tempo o uso 
do telefone fixo para efetuar ligações. Da década de 1990 para cá muita coisa mudou! 
A internet que era restrita às universidades passou a ser permitida para 
além dos campos de pesquisa, e todas as pessoas passaram a ter internet em seus 
ambientes domésticos e, atualmente, na ponta dos dedos no seu smartphone, ta-
blet, ipad ou computador.
Como a tecnologia mudou e, hoje temos a internet em um clique, bastan-
do um aparelho com acesso a ela, é possível realizar não somente ligações de som, 
mas mensagens de voz, ligações por vídeos, webconferências, contratos digitais, 
audiências virtuais etc.
Diante das mudanças, o Direito precisou acelerar e se adaptar às transfor-
mações para regular as relações sociais como um todo no meio eletrônico. 
E surge o Direito Digital que é “[...] o resultado da relação entre a ciência 
do Direito e a Ciência da Computação, sempre empregando novas tecnologias. 
Trata-se do conjunto de normas, aplicações, conhecimentos e relações jurídicas, 
oriundas do universo digital” (ALVES, 2009, p. 9-10).
Para saber mais, assista ao vídeo: Como era internet discada e como seria nos 
dias atuais. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=hMs_vw2Xboc.
NOTA
22
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
Como a tecnologia mudou e hoje temos a internet na ponta dos dedos, 
bastando um aparelho celular com internet para ter acesso a ligações, ligações 
por vídeos, contratos digitais etc., é que o Direito passou a lidar com diversas 
situações do cotidiano que tomaram o Poder Judiciário.
O direito digital consiste na evolução do próprio Direito e abrange todos 
os princípios fundamentais, utilizando e percorrendo muitos institutos e áreas 
do Direitos como Direito Civil, Direito Autoral, Direito Penal, Direito Tributário, 
Direito Internacional etc.
Agora, temos o Internet Banking, plataformas digitais e em alta definição, con-
tratos digitais, VOIP, WAP, e o que significam tudo isso para o mundo jurídico atual?
Significa que, em tempos de informações digitais instantâneas, aplicativos 
e redes sociais são os novos profissionais do Direito quem serão os responsáveis 
por garantir a defesa de direitos fundamentais e constitucionais como o direito à 
privacidade, a proteção do direito autoral, do direito de imagem, da propriedade 
intelectual, dos royalties, da segurança da informação, dos acordos e contratos 
virtuais. Diante de todas as transformações no terreno virtual, verifica-se que, no 
Brasil, ainda não se tem um tribunal específico a julgar delitos nesta seara.
Para Pinheiro (2013), o direito digital não é algo novo, mas um produto deri-
vado da legislação atual, uma alternativa às mudanças da sociedade, uma forma de 
a legislação não se tornar obsoleta: não devemos achar, portanto, que o direito digital 
é totalmente novo. Ao contrário, tem ele sua guarida, na maioria dos princípios do 
Direito atual, além de aproveitar a maior parte da legislação em vigor. Qualquer lei 
que se proponha a tratar de novos institutos ou situações jurídicas deve ser genérica 
o suficiente para sobreviver ao tempo, e flexível para atender às diversas situações 
que podem ser englobadas por um único assunto, de forma que a velocidade das 
transformações é a grande barreira à legislação sobre o direito digital. 
Essa legislativa, no entanto, não é novidade, uma vez que a obsolescência 
das leis sempre foi um dos fatores de discussão no meio jurídico. O Direito Digital 
no Brasil acaba se caracterizando por duas vertentes legislativa e interpretativa. 
A legislativa diz respeito à criação de leis para regulamentar as condutas on-line 
e ter novos tipos penais no ambiente virtual. Já a linha interpretativa, refere-se à 
aplicação de leis atuais no ambiente on-line, como a manifestação de pensamento 
com base na Constituição Federal nas redes sociais, podendo-se aplicar ou não o 
instituto da responsabilidade civil no campo on-line.
Assim, há determinadas ramificações que encontram e necessitam de certa 
precedência nos estudos do direito digital, seja pela importância teórica, seja por 
sua maior presença na sociedade, o que desencadeia urgência em sua aplicação. 
É o caso dos direitos constitucionais fundamentais que são protegidos ou 
ameaçados pela tecnologia, de onde se extrai um pretenso ‘direito constitucional 
TÓPICO 2 — O DIREITO DIGITAL NO BRASIL
23
digital’, o qual está inteiramente ligado à discussão sobre o direito ao esqueci-
mento, entretanto, a territorialidade muitas vezes dificulta a aplicação do direito.
Este problema não é restrito à internet, mas está presente em toda a so-
ciedade globalizada, em que inúmeras vezes não é possível determinar de qual 
território aconteceram as relações jurídicas, os fatos e seus efeitos, sendo difícil 
determinar que norma aplicar utilizando os parâmetros tradicionais e, até mes-
mo, assegurando a soberania de cada nação.
Para melhor elucidação, pode-se, então, traçar um paralelo tomando como 
referência o direito internacional. Por ele, quem se propôs a estabelecer e identifi-
car a norma a ser aplicada, quando ocorrer a extrapolação dos limites territoriais 
dos ordenamentos, deve sempre averiguar a origem do ato e onde ocorreram 
seus efeitos danosos, para que possa ser aplicado o direito do país em que teve 
origem ou no qual ocorreram os efeitos do ato.
Existem fundamentos e normas jurídicas que asseguram ao direito digital 
suporte teórico e científico, além de ser um constante objeto de estudo e diálogo. 
Entretanto, a evolução legislativa deste assunto tem se mostrado lenta e, em mui-
tas situações sociais, até mesmo insuficiente.
Ainda assim, o direito existe e insiste em se impor, através de interpre-
tações criativas, uso de analogias e releitura de doutrinas e, em pautar os fatos 
sociais sobre a realidade digital, de forma que a assimilação da Ciência Jurídica 
tende a despontar no seio acadêmico e a ser cada vez mais utilizado na formação 
jurisprudencial e doutrinária dos operadores de direito.
Necessário destacar que, por mais tenro que o direito digital seja, ele não 
se unifica em uma codificação singular, ou seja, está e caso não esteja ainda, 
provavelmente estará presente em praticamente todos os outros ramos do 
Direito, ou seja, onde houver o uso de tecnologia eletrônica e digital como 
instrumentos de ação ou de propagaçãodos pensamentos humanos, lá estará 
o direito digital, mesmo que tardiamente – daí a razão pela qual não se lhe 
considera um ‘ramo’ jurídico propriamente dito.
Qualquer lei que se proponha a tratar de novos institutos ou situações jurídi-
cas deve ser genérica o suficiente para sobreviver ao tempo, e flexível para atender às 
diversas situações que podem ser englobadas por um único assunto, de forma que a 
velocidade das transformações é a grande barreira à legislação sobre o direito digital. 
Essa problemática legislativa, no entanto, não é novidade, uma vez que a 
obsolescência das leis sempre foi um dos fatores de discussão no meio jurídico.
Com o desenvolvimento das sociedades, cada vez mais se discutem as li-
nhas limítrofes do estado de atuação do “Direito” (assim entendido como Ciência 
Social e Jurídica).
24
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
Isso porque, gradativamente, as regras pré-estabelecidas pelos textos nor-
mativos, indicam sua compatibilidade com a realidade social, em vista das cons-
tantes mudanças impulsionadas pelas novas tecnologias. E, neste âmbito, não há 
que se questionar o papel revolucionário da Internet, não apenas na órbita das 
ciências jurídicas, mas também sociais, econômicas, políticas etc.
A principal lei que temos no Brasil na questão do âmbito civil é o Marco 
Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), que passou a disciplinar sobre a regulamen-
tação do uso da web no Brasil. 
O Marco Civil da Internet ainda disciplina sobre princípios e garantias 
para as pessoas que se relacionam também no universo on-line, seja usuário, em-
presas, governo e setor privado, portanto, é errôneo pensar que o mundo digital 
é terra sem lei, porque não é!
É certo ainda que o Marco Civil da Internet trouxe garantias aos inter-
nautas e, ainda regulamentou a responsabilidade civil de usuários e provedores, 
promovendo uma nova realidade especialmente no que diz respeito aos negócios 
digitais, como veremos de forma detalhada mais à frente.
Ainda temos a Lei dos Crimes Informáticos (nº 12.737/2012), que estabele-
ceu que condutas de ordem criminal surgidas com a tecnologia sejam considera-
das crimes, como invadir o dispositivo de informática alheio e interromper frau-
dulentamente o serviço telefônico ou de internet. Outro exemplo é a divulgação 
de fotos sensuais sem o consentimento da pessoa.
A Lei nº 12737/2012 é conhecida como Lei Carolina Dieckmann e prevê 
crimes cibernéticos como a invasão de dispositivos informáticos, roubos de dados 
etc. O próprio Código de Processo Civil de 2015 faz menção ao processo judicial 
eletrônico estabelecendo normas para seu funcionamento.
Merece também a nossa atenção a lei de acesso à informação: Lei nº 
12.527/2011, que regulamentou a disponibilização das prestações de contas dos 
entes públicos com o uso da tecnologia da informação.
Diante das inseguranças e aumento do número de fraudes no mundo da 
internet, foi editada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei nº 13.709/18, 
que fala do tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pes-
soa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo 
de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre de-
senvolvimento da personalidade da pessoa natural.
Portanto, o acesso a dados pessoais deve ter sua proteção respeitada e os 
dados devem ser utilizados de forma ética e segura. A LGPD é uma lei inovadora, 
que busca dar mais respaldo aos dados pessoais. 
25
Aliás, não soa negativo o fato de não acompanharmos essa velocidade, 
é importante termos lei de interpretação aberta em alguns momentos, pois não 
é possível prever todas as hipóteses ocorridas no campo cibernético, mas, certa-
mente, o número de leis nesta área no Brasil aumentará.
As ferramentas de trabalho mudaram e hoje é possível falar em cloud com-
puting, ou seja, computação em nuvem, em que ao invés do indivíduo ter tudo 
armazenado em um pendrive ou até mesmo em um CD passa a ser armazenado 
em uma plataforma virtual. Assim, vídeos, fotos, livros virtuais, documentos de 
qualquer tipo podem ser armazenados em um espaço virtual e não mais físico.
Hoje, as ligações ao telefone ainda acontecem, mas as pessoas se adapta-
ram tanto aos smartphones que utilizam este como ferramenta para o envio de 
arquivos a outra pessoa, por exemplo. Tanto que é incomum o uso de SMS, e é 
comum o uso de mensagens de voz ou de texto, pelo aplicativo WhatsApp ou Te-
legram. Parecem ser estes, na atualidade, o nosso meio de comunicação em tem-
po real, onde tudo fica registrado, desde áudios, vídeos, ligações de voz ou vídeo.
Com isso, percebemos que o operador do Direito deve estar preparado 
e aceitar que a tecnologia e o mundo cibernético já é uma realidade e deve estar 
atento a estas ferramentas que podem ser utilizados no âmbito pessoal, mas que 
chega ao Judiciário, exigindo um estudo constante dos fatos e o amparo jurídico 
que envolvem a tecnologia como um todo.
O Código de Processo Civil e o acesso à Justiça por meio de videoconferência. 
Confira: https://bit.ly/3jsGNUs.
DICAS
É possível intimação por WhatsApp? Vamos Saber?
https://alkasoft.com.br/blog/intimacao-judicial-como-funciona-intimacao-por-whatsapp/.
DICAS
26
As leis mais importantes envolvendo a teoria geral do direito digital no Brasil
• Lei nº 12.737/2012 (conhecida como Lei Carolina Dieckmann) – contém tipos pe-
nais específicos envolvendo crimes informáticos: i) invasão de dispositivo informá-
tico alheio (artigo 154-A do Código Penal); ii) interrupção ou perturbação de serviço 
telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública 
(artigo 266, §§ 1º e 2º do Código Penal); e iii) falsificação de cartão de crédito ou débito 
(artigo 298 do Código Penal);
• Decreto nº 7.962/2013 – Regulamentou o Código de Defesa do Consumidor, dispondo 
sobre a contratação no comércio eletrônico, como por exemplo compras pela inter-
net, direito de arrependimento em comércio eletrônico, compras coletivas;
• Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) – Estabeleceu princípios, garantias, direitos 
e deveres para o uso da internet no Brasil, tanto para provedores de conexão, provedo-
res de aplicação e usuários da Internet. Trata ainda de outros temas como a neutrali-
dade de rede, o que ocorrerá, após as consultas públicas do Comitê Gestor da Internet 
e da Agência Nacional de Telecomunicações; e
• Lei para a Proteção de Dados Pessoais – que complementará as disposições constan-
tes do Marco Civil da Internet sobre a questão de coleta, uso, armazenamento, trata-
mento, compartilhamento e exclusão de dados pessoais e dados pessoais sensíveis.
IMPORTANT
E
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DO DIREITO DIGITAL
[...]
Como hoje em dia praticamente tudo tem algum envolvimento com a 
tecnologia, a relação dela com o Direito já é – e será ainda mais – foco de cons-
tantes conflitos entre estudiosos e aplicadores da lei em todas as instâncias e 
tribunais até porque, além dos aspectos técnicos e jurídicos, por vezes encon-
traremos debates repletos de choques ideológicos e paixões.
Gostaríamos, assim, de mencionar nesta coluna inaugural alguns temas 
de amplo destaque e que serão tratados com mais detalhamento nas próximas.
Marco civil da internet e sua regulamentação
A lei 12.965/14 que ficou conhecida como o “marco civil da internet” al-
çou o país a um rol de poucos que regulamentaram a neutralidade da rede, tema 
tormentoso e que envolve questões ideológicas e técnicas bastante interessantes.
Devido à grande dificuldade de entendimentos sobre a neutralidade, 
o art. 9º – principal norma que trata do assunto – foi aprovado dependendo 
de regulamentação do Poder Executivo por meio de Decreto, ouvidas as reco-
mendações da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL e do Comitê 
Gestor da Internet no Brasil – CGI.br (§1º do art. 9º).
27
No âmbito do CGI.br, a consulta foi encerrada no último dia 20 de feve-
reiro e, segundo informações do órgão,recebeu 139 contribuições. No âmbito 
do Ministério da Justiça a consulta permanecerá aberta até o dia 31 de março.
As consultas públicas, embora entendamos que não tenham sido divulga-
das junto à comunidade técnica e acadêmica de forma adequada, são fundamentais 
para discutir, por exemplo o alcance do art. 9º quanto ao conceito de isonomia dos 
pacotes de dados que trafegam na internet. Isso abarca, por exemplo, a discussão 
sobre a (im)possibilidade das operadoras de telefonia aplicarem o "zero-rating" para 
determinados aplicativos, isto é, se podem conceder a gratuidade do tráfego de da-
dos para a utilização de rede social como o Facebook, e, ainda, casos em que a neu-
tralidade poderá ser excepcionada já que o próprio §1º do art. 9º estabelece que só 
haverá exceções decorrentes apenas requisitos técnicos indispensáveis à prestação 
adequada dos serviços e aplicações e da priorização de serviços de emergência.
A regulamentação é fundamental, portanto, para facilitar a fiel execu-
ção da lei afastando dúvidas quanto a sua interpretação especialmente promo-
vendo a aplicação da lei 12.965/14 com o baixo custo regulatório e segurança 
jurídica, o que se fará indicando os casos em que a lei não tratou e, ainda, pre-
parando a Administração Pública para fiscalizar e aplicar a lei.
Veja-se que o debate acima mencionado reflete em casos práticos como 
o recentemente noticiado "Whats na mira" (Migalhas nº 3564), caso em que um 
juiz do Piauí, sob o argumento de que o WhatsApp descumpriu reiteradas deci-
sões judiciais para fornecimento de dados de usuários em investigações, deter-
minou, num inquérito policial a "suspensão do tráfego de informações de cole-
ta, armazenamento, guarda e tratamento de registros de dados pessoais ou de 
comunicações entre usuários do serviço e servidores do aplicativo". Tal decisão 
– por absurda que era – foi logo derrubada pelo Tribunal de Justiça. Todavia, 
como os autos encontram-se protegidos pelo segredo de Justiça, não se tem ain-
da maiores informações, mas fica clara a insegurança jurídica para todos, usu-
ários do aplicativo e operadoras para as quais a decisão inicial foi direcionada.
Também temos que considerar que com a recente aprovação da neu-
tralidade da rede nos EUA, pelo "Federal Communications Commission", os 
debates tendem a ficar ainda mais inflamados. Este tormentoso assunto será 
tema de um artigo específico.
Crimes digitais 
Muito se falou que o país não possuía legislação específica para os cri-
mes digitais. Embora a afirmação não fosse correta e já tenha sido alvo de 
críticas neste sentido, o cenário parece não ter mudado muito, ao menos con-
siderando-se a percepção da sociedade quanto ao tema. É que apesar do sur-
gimento das leis 12.735/12, 12.737/12 (ficou equivocadamente conhecida como 
"Lei Carolina Dieckmann") e 12.965/14 ("Marco civil da internet"), ainda muito 
28
se percebe nas pessoas na mídia a insegurança sobre o tema. Possivelmente, 
isso ocorre em razão da péssima redação dos tipos penais constantes da lei 
12.737/12 e pela falta de regulamentação do Marco Civil.
Fato é que muito ainda se questiona sobre os crimes digitais no país (crimes 
de ódio, fenômenos como compartilhamento e replicação de notícias, fotos, vídeos 
e imagens de terceiros, pornografia da vingança, entre outros), de modo que trata-
remos deste assunto – como inclusive já o fizemos antes neste informativo – apon-
tando questões terminológicas e de definição, além de análise de situações práticas.
Drones
Acreditamos que teremos um ano de grandes discussões sobre os dro-
nes, que já são realidade no Brasil. Tratam-se de veículos aéreos não tripulados, 
geralmente de tamanhos parecidos com os aeromodelos, mas que podem ser 
maiores ou menores e que geralmente são controlados por controles remotos 
ou atividades pré-programadas em seus sistemas. Podem voar a centenas de 
metros de altura e, praticamente todos, são dotados de câmeras fotográficas. A 
exemplo da internet, nasceu para o uso militar, mas está se tornando cada vez 
mais comum, inclusive para recreação.
São muitas as preocupações com a utilização dos drones porque teme-se 
que sejam utilizados em atividades criminosas, que violem a privacidade das pes-
soas, além do perigo ínsito quanto a acidentes que podem causar. Todo o imbrólio 
sobre a regulamentação e uso dos drones será igualmente discutido nesta coluna.
Internet das coisas – Internet Of Things (IOT)
A internet das coisas significa a conexão à internet, de itens de uso diá-
rio, tais como os televisores, geladeiras, carros etc. É cada vez mais comum ob-
servar eletrodomésticos e roupas capazes de se conectar à internet numa ten-
tativa de que mundo físico e digital se tornem um só. Isso poderá servir para 
evitar que carros sejam furtados, caso não sejam reconhecidos os verdadeiros 
donos, como os condutores e que elevadores possam receber manutenção a 
distância, por exemplo. No entanto, problemas que já vemos acontecer com 
outros equipamentos (tablets, celulares etc.) tenderão a ocorrer com as demais 
coisas, podendo expor pessoas a perigo ou a situações vexatórias, por exem-
plo, caso sejam surpreendidas por um acesso não autorizado por um hacker 
a uma câmera embutida em um televisor conectado à internet. Certamente 
cabem muitas questões a serem tratadas quanto a Internet das coisas...
Direito ao esquecimento
Um dos mais importantes assuntos do direito digital e certamente de 
enorme relevância, é o direito ao esquecimento, isto é, as discussões sobre o 
29
passado das pessoas e o direito de cada um desejar que seu histórico seja apa-
gado dos meios digitais. Há questões técnicas e jurídicas muito interessantes 
sobre sua aplicação, o que demandará artigo específico.
FONTE: <https://bit.ly/35C8Z2c>. Acesso em: 17 ago. 2020.
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• São princípios somente aplicados ao direito eletrônico: o princípio da 
existência concreta, o princípio da racionalidade, o princípio da lealdade, o 
princípio da intervenção estatal, o princípio da subsidiariedade, o princípio 
da efetividade e o princípio da submissão.
• Os princípios tornam-se importantes para resolver os conflitos e questões 
jurídicas que o operador do direito encontrará diariamente
• O direito digital que é “[...] o resultado da relação entre a ciência do direito e 
a ciência da computação sempre empregando novas tecnologias. Trata-se do 
conjunto de normas, aplicações, conhecimentos e relações jurídicas, oriundas 
do universo digital (ALVES, 2009, p. 9-10).
• Diante de todas as transformações no terreno virtual, verifica-se que no Brasil 
ainda não se tem um tribunal específico a julgar delitos nesta seara.
• O direito digital, no Brasil, acaba se caracterizando por duas vertentes 
legislativa e interpretativa.
• A principal lei que temos no Brasil na questão do âmbito civil é o Marco Civil 
da Internet (Lei nº 12.965/2014), que passou a disciplinar a regulamentação do 
uso da web no Brasil. 
• A Lei nº 12737/2012 é conhecida como Lei Carolina Dieckmann e prevê crimes 
cibernéticos como a invasão de dispositivos informáticos, roubos de dados etc.
• Diante das inseguranças e aumento do número de fraudes no mundo da 
internet, foi editada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei nº 13.709/18, 
que fala sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, 
por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com 
o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade 
e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
31
1 Este princípio, quando houver omissão, ou seja, as normas tradicionais somente 
poderão ser aplicadas nas relações digitais se não tiverem previsão legal. Diante 
disso, estamos falando de qual princípio? Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Princípio da lealdade.
b) ( ) Princípio da subsidiariedade.
c) ( ) Princípio da intervenção estatal.
d) ( ) Princípio da existência concreta.
2 Ao julgar, o magistradodeve evitar decisões de caráter puramente subjeti-
vo, e sim utilizar o critério objetivo. Quando falamos dessa hipótese, esta-
mos falando de qual princípio? Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Princípio da lealdade.
b) ( ) Princípio da racionalidade.
c) ( ) Princípio da intervenção estatal.
d) ( ) Princípio da existência concreta.
3 A partir de agosto de 2020, tem-se, no Brasil, mudanças para as organiza-
ções públicas e privadas que coletam, tratam, guardam, processam, comer-
cializam, dentre outras operações, os dados pessoais de milhões de brasilei-
ros. Estamos falando de qual lei? Assinale a CORRETA:
a) ( ) LGPD.
b) ( ) Marco Civil.
c) ( ) CDC. 
d) ( ) Lei Carolina Dieckmann.
4 O mundo mudou e passamos a ficar cada vez mais conectados. Com relação 
às redes sociais, é comum nos expressarmos no Facebook ou até mesmo no 
Instagram, por meio de postagens. No entanto, referida postagem pode atin-
gir outra pessoa. Comente a respeite: sou responsável pelo que compartilho?
5 Um dos mais importantes assuntos do direito digital e certamente de enor-
me relevância, é o direito ao esquecimento, isto é, as discussões sobre o 
passado das pessoas e o direito de cada um desejar que seu histórico seja 
apagado dos meios digitais. A respeito do direito ao esquecimento, per-
gunta-se: é possível o ingresso de uma ação judicial para retirada de uma 
notícia vexatória, que prejudique minha imagem? Justifique.
AUTOATIVIDADE
32
33
TÓPICO 3 — 
UNIDADE 1
SISTEMAS COMPUTACIONAIS E OS 
DIREITOS SOBRE OS BENS INFORMÁTICOS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico trabalharemos os sistemas computacionais e os direitos que 
são exercidos sobre os bens informáticos. Para dirimir tais questões, precisamos 
conhecer o que é programa de computador e onde se encontra a sua proteção 
como bem de propriedade intelectual e fruto do pensar humano. É importante 
que saibamos que o programa de computador como objeto que pertence ao direi-
to informático é bem juridicamente tutelável e que tem amparo jurídico na Lei nº 
9609/98 e no Decreto nº 2556/98.
E o que se define como programa de computador? É o conjunto de ele-
mentos software, hardware e firmware. Somente aprender este conceito não nos 
leva a um entendimento, correto? Tudo isso porque o sistema informático possui 
uma configuração complexa composta por computadores, periféricos, software 
de base, aplicativos, memórias e suportes.
E por essa razão merece o nosso estudo e atenção!
2 SISTEMAS COMPUTACIONAIS E OS BENS INFORMÁTICOS
Na área da computação, o desenvolvimento de sistemas computacionais, pos-
sui o abrigo da Lei nº 9.609/98 e do o Decreto nº 2.556/98, que abordam a proteção da 
propriedade intelectual de programa de computado e sua comercialização no país.
De acordo com o art. 1º da Lei n° 9609/98, entende-se como programa de 
computador:
Art. 1º Programa de computador é a expressão de um conjunto organi-
zado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em su-
porte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas 
automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou 
equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para 
fazê-los funcionar de modo e para fins determinados (BRASIL, 1998, s.p.).
A proteção à propriedade intelectual de programa de computador com-
preende as obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes 
no país. Não há obrigatoriedade do registro de computador, mas caso queira o 
34
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO DIGITAL
autor do programa de computador registrar, poderá fazê-lo em órgão ou enti-
dade a ser designado por ato do Poder Executivo, por iniciativa do Ministério 
responsável pela política de ciência e tecnologia (BRASIL, 1998).
No Brasil, o órgão responsável é o INPI (Instituto Nacional de Proprie-
dade Industrial), da esfera federal e que tem a atribuição de executar e garantir 
as leis referentes à regulamentação de qualquer Propriedade Industrial. Possui 
como competência o registro de software, bem como de desenho industrial, mar-
ca, patentes, contratos de licenciamento, franquia, e transferência de tecnologia.
O titular dos direitos do programa de computador deve apresentar todas 
as informações sobre o referido software por meio de um formulário específico e 
realizando o pagamento de taxas federais e caso, pertença a um empregador, deve 
comprovar o vínculo empregatício e anexar a documentação técnica do programa.
O pedido será analisado após a entrega dos documentos exigidos e pode 
levar até alguns meses e, quando aprovado, o INPI expedirá o Certificado de 
Registro, que atestará que o titular pode explorar o programa, tanto em nível 
nacional quanto internacional.
Também será o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) que 
fará o registro dos respectivos contratos nos casos de transferência de tecnologia 
de programa de computador. 
3 PROGRAMAS DE COMPUTADOR E SEUS REGISTROS 
O Decreto 2556/98 prevê o registro do programa de computador perante o INPI 
e especifica quais as informações que o pedido de registro de conter em seu art. 1º, § 1º:
Art. 1º Os programas de computador poderão, a critério do titular dos 
respectivos direitos, ser registrados no Instituto Nacional da Proprie-
dade Industrial – INPI. 
§ 1º O pedido de registro de que trata este artigo deverá conter, pelo 
menos, as seguintes informações: 
I - os dados referentes ao autor do programa de computador e ao titu-
lar, se distinto do autor, sejam pessoas físicas ou jurídicas; 
II - a identificação e descrição funcional do programa de computador; 
III - os trechos do programa e outros dados que se considerar suficientes 
para identificá-lo e caracterizar sua originalidade (BRASIL, 1998 s.p.).
Os programas de computador que possuem por finalidade a pesquisa e o 
desenvolvimento ou a criação de programas que sejam inerentes a própria ativi-
dade o que vínculo empregatício possua, pertencerão os direitos exclusivamente 
ao empregador, salvo se houver outra estipulação em contrário.
TÓPICO 3 — SISTEMAS COMPUTACIONAIS E OS DIREITOS SOBRE OS BENS INFORMÁTICOS
35
3.1 O SOFTWARE X O HARDWARE E OS DIREITOS DO 
TITULAR
O Software é considerado um bem jurídico incorpóreo, e é aquele que 
é desprendido de todo e qualquer meio físico (hardware) que possa lhe servir 
de suporte. Assim, podemos classificá-lo enquanto linguagem de programação 
como um bem jurídico incorpóreo, ou seja, imaterial, pois, não possui existência 
física, é abstrata. Exemplo: o programa do Windows, do Word, do Excel etc.
 
Desta forma, o software é classificado pela doutrina majoritária como afe-
to e tutelado pelo Direito Autoral e não pelo Direito Industrial. Assim, o pro-
grama de computador somente pode ter a cessão de direitos e não é passível de 
compra e venda, conforme estatui a Lei do Software.
Para os efeitos da Lei nº 9.610/98, o artigo 3º indica que os direitos autorais 
reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis. Portanto, o software é considera-
do um bem móvel.
Outra preocupação com relação aos direitos autorais seria o que não po-
deria configurar plágio ou até mesmo pirataria. Assim, o art. 6º da Lei nº 9.609/98 
estipula o que não é considerado ofensa aos direitos daquele que é titular de pro-
grama de computador.
Dessa forma, o art. 6º afirma que: 
Art. 6º Não constituem ofensa aos direitos do titular de programa de 
computador: 
I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adqui-
rida, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento 
eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda;
 II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que iden-
tificados o programa e o titular dos direitos respectivos; 
III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, 
quando se der por força das características funcionais de sua aplica-
ção, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limita-
ção de forma alternativa para a sua expressão; 
IV - a integração de

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