Buscar

Aula 01 - Introdução aos Mercados Contratos de Derivativos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Introdução aos mercados/ 
contratos de derivativos
O que são os derivativos
Os derivativos são ativos cujos valores dependem do preço de outros 
ativos, que são aqueles que originam o contrato de derivativos e que são 
chamados ativos-objetos ou ativos subjacentes. Por exemplo, os preços futu-
ros de mercadoria, como soja, petróleo, milho, minerais etc., ou de um ativo 
financeiro como uma moeda, ou um título de dívida, ou uma ação, depen-
dem, respectivamente, do valor destas mercadorias e destes ativos finan-
ceiros no mercado à vista; ou o preço de um contrato de opção de compra 
(direito de compra) de uma mercadoria ou de uma moeda também depende 
do valor da mercadoria ou da moeda que define o contrato de opção.
Aqui, os contratos futuros e de opções são conhecidos como derivativos, 
pois dependem do ativo que lhes dá origem.
Também é possível ter contratos de derivativos que dependem de outro 
derivativo como, por exemplo, o contrato de opção de compra ou de venda 
de contratos futuros de dólar; mas, mesmo neste caso, os contratos futuros 
irão depender do preço do ativo à vista que o originou e da taxa de câmbio 
real/dólar.
Importância e crescimento 
do uso dos contratos de derivativos
Os contratos de derivativos cresceram muito em importância nas últimas 
décadas, tornando-se instrumentos de uso comum no mundo das finanças. 
Nesta evolução, os instrumentos derivativos passaram a fazer parte do esto-
que de conhecimento necessário para os profissionais da área de finanças.
Os contratos de derivativos possuem uma função econômica de valor 
para os mercados financeiros, de bens e de serviços e até mesmo para o 
setor público, permitindo que situações de risco sejam transferidas de um 
14
Derivativos Financeiros
agente econômico menos apto a sustentá-la para outro agente mais habi-
litado a suportá-la. Por exemplo, um exportador pode transferir seu risco 
cambial para instituições financeiras mais capazes de lidar com este tipo de 
risco, já que elas, por executarem diversas operações com diversos agentes 
econômicos (clientes e outras instituições financeiras), conseguem absor-
ver e eliminar parte ou todo o risco cambial envolvido na operação com o 
exportador. É também possível que dois agentes econômicos compensem 
seus riscos entre si de modo concomitante, quando um deseja se proteger 
de uma situação de risco que é, por sua natureza, a situação que elimina o 
risco do outro agente econômico. Consideremos novamente o caso do ex-
portador que quer se proteger contra a valorização de sua moeda; ele, então, 
poderia acertar um contrato com um importador, que esteja querendo se 
proteger contra a desvalorização desta mesma moeda, no qual o exporta-
dor pagaria um valor ao importador, no caso da desvalorização futura da 
moeda, e o importador pagaria ao exportador um determinado valor, no 
caso de valorização futura da moeda. Poderia haver, ou não, uma instituição 
financeira mediando esta negociação; mas, o fato importante é que as duas 
partes envolvidas estariam controlando seus respectivos riscos através de 
uma operação financeira.
Participantes dos contratos 
e mercados de derivativos
Os agentes que participam dos mercados/contratos de derivativos são os 
hedgers, os especuladores, os arbitradores, e os market makers.
Estes agentes interagem entre si e com bolsas de futuros e instituições 
normativas.
Vejamos os papéis destes agentes básicos.
Hedger e especulador
Como veremos mais adiante, os instrumentos derivativos, por exigirem 
pequenos valores monetários em relação à posição financeira assumida com 
estes instrumentos, constituem operações alavancadas e, por isso, permitem 
criar situações de risco elevado. Assim sendo, se o objetivo é assumir riscos 
elevados, estar-se-ia na posição oposta a do exportador acima. O exportador, 
Introdução aos mercados/contratos de derivativos
15
ao procurar uma instituição financeira para cobrir seu risco cambial, estaria 
eliminando riscos, ou seja, buscando proteção contra oscilações da taxa de 
câmbio; estaria fazendo o que se chama de hedge.
Por outro lado, o agente econômico que busca os derivativos para assu-
mir posições de risco estaria fazendo o que chamamos especulação. O espe-
culador poderia ser, por exemplo, um agente que aposte em determinada 
ocorrência de mercado, através do uso de instrumentos derivativos, na va-
lorização ou desvalorização de uma moeda, por exemplo, ou na subida ou 
descida das taxas de juros, ou ainda da Bolsa de Valores. Se sua aposta estiver 
errada, ele perderá; e, caso contrário, ganhará. Em contraste o exportador 
anterior estará controlando os resultados possíveis de sua receita cambial 
futura, exatamente com o uso dos instrumentos derivativos.
O especulador no mercado de derivativos pode ser caracterizado como 
aquele (indivíduo ou instituição) que assume posições em derivativos cujos 
objetos de contratos não estão relacionados com a atividade principal do 
indivíduo ou instituição; mas também incluiria aqueles cujas atividades prin-
cipais estão relacionadas com o ativo-objeto do contrato derivativo, mas que 
assumem posições com derivativos que estariam aumentando seu risco total 
e não o eliminando, como faria um hedger.
Arbitrador
Outra atividade importante nos mercados financeiros em geral, e, em 
particular, no de derivativos, é a do arbitrador. Como será analisado em ca-
pítulo posterior o valor de um contrato futuro guarda determinada relação 
com o preço do ativo-objeto deste contrato. Assim sendo, alguns agentes 
atuam concomitantemente nos dois mercados, no à vista e no futuro, bus-
cando auferir ganhos com possíveis distorções nesta relação. Estes agentes 
são os arbitradores. E a atuação deles tende a estabelecer uma determinada 
relação entre preços à vista e futuros, como, por exemplo, entre a cotação do 
dólar no mercado à vista e no mercado futuro, ou entre o preço do petróleo 
à vista e futuro etc.
Normalmente, os arbitradores são grandes bancos que desfrutam de 
fontes de financiamento barato, ou grandes empresas que usam o ativo-ob-
jeto dos contratos de derivativos em suas atividades principais, e, portanto, 
tem facilidade de negociá-lo no mercado à vista.
16
Derivativos Financeiros
Market maker
Os market makers são agentes que cotam preços de compra e venda de 
derivativos negociados em Bolsas, procurando garantir, dessa maneira, li-
quidez aos contratos negociados, e, por isso, influenciam na formação de 
preços.
Estruturas fundamentais 
dos instrumentos derivativos
Os derivativos podem ser divididos em contratos futuros, contratos a 
termo, contratos de opções e contratos de swaps. Diversas variações podem 
ser feitas com base nestes contratos, como, por exemplo, através de swaptions, 
que caracterizam opções sobre swaps; ou de opções sobre contratos futuros, 
ou, ainda, de opções sobre opções.
Uma visão inicial destas estruturas fundamentais dos instrumentos deri-
vativos pode ser apresentada nas situações criadas a seguir:
Um produtor de café deseja garantir o preço de sua produção que será 
vendida seis meses à frente. Ele teme que os preços do café possam cair 
no mercado internacional; o suficiente para reduzir substancialmente ou 
mesmo eliminar sua margem de lucro.
Este objetivo do produtor poderia ser alcançado de diversas maneiras. 
Apresentaremos quatro alternativas. A alternativa de indexar o preço do 
produto ao custo da produção não será considerada, pois estaremos su-
pondo que os preços no mercado internacional são dados para o produ-
tor, ou seja, ele não consegue estabelecer os preços devido à concorrência 
internacional.
1.ª alternativa – o produtor de café pode tentar estabelecer a fixação 
dos preços do café, que será vendido, diretamente com os compradores 
do produto. Esta estratégia, para ser bem-sucedida, exigiria aceitação por 
parte dos compradores de café a ser vendido seis meses à frente, e quanto 
maior o número de compradores, mais difícil deve ser esta tarefa. No en-
tanto, se os compradores de café receiamque possa haver elevação do 
preço deste produto nos próximos meses, eles poderão antecipar o preço 
de compra do café.
Introdução aos mercados/contratos de derivativos
17
Esta alternativa, se realizada, caracterizaria o que chamamos contratos a 
termo. Haveria a venda futura do café, mas com preços estabelecidos hoje, e 
não na data de entrega do produto. Estamos diante de uma fixação de preços.
2.ª alternativa – o produtor de café poderia escolher uma outra manei-
ra de antecipar o preço de venda de sua produção, por exemplo, utilizando 
contatos futuros que são negociados em bolsas de futuros.
Essa alternativa produz o mesmo resultado que a anterior, pois estabe-
lece uma fixação de preços (a menos de algumas imperfeições) antecipada 
para o produto que será vendido em data futura.
Entretanto, os contratos futuros são oferecidos por bolsa de futuros como 
a BM&FBovespa no Brasil, a Chicago Mercantile Exchange nos EUA etc., 
tendo, por isso, os contratos padronizados, requerendo depósitos de mar-
gens como garantia, e apresentando regras próprias de entrega de produtos. 
Assim, as bolsas de futuro se diferenciam dos contratos a termo, que são 
contratos estabelecidos diretamente entre as partes interessadas.
3.ª alternativa – o produtor de café pode adquirir o direito de vender 
café a um determinado preço mínimo, acertado hoje, para a entrega do pro-
duto em seis meses. Este direito de venda é chamado de opção de venda.
Nesta operação, o produtor tem o direito de vender seu produto a um 
preço mínimo, ou preço de exercício, ficando a obrigação, portanto, com 
a contraparte deste contrato, o qual é obrigado a comprar café ao preço 
mínimo estabelecido se o produtor assim o desejar. Por este direito o produ-
tor de café pagará um prêmio, semelhante ao que ocorre em um contrato de 
seguro comum.
Esta alternativa permite que o produtor de café obtenha um preço mínimo 
por sua produção, não se tratando, portanto, de fixação de preços do produ-
to; o que ocorre é apenas uma limitação de preços. É uma alternativa supe-
rior às duas anteriores em termos de flexibilidade, mas exige, certamente, 
um preço por essa flexibilidade, que é o prêmio pago.
4.ª alternativa – outra possibilidade para o produtor de café seria realizar 
um contrato de swap (troca), no qual ele receberia um preço pelo café, que 
seria estabelecido no início desta operação, portanto, prefixado, e pagaria o 
preço do café que vigorasse no mercado internacional no dia da entrega do 
produto. Como o produtor estaria recebendo o preço do café em vigor no 
18
Derivativos Financeiros
mercado internacional no dia da entrega física do produto ao comprador do 
café, e, ao mesmo tempo, estaria pagando este mesmo preço na operação 
de swap, estes dois fluxos se anulariam, restando, então, para o produtor, 
em termos líquidos, o pagamento prefixado constante no contrato de swap. 
Então, o produtor estaria fixando seu preço de venda do café. Ver figura 1.
Figura 1 – Swap de preço de café.
Contrapartida
Preço do café 
no mercado
Preço fixo de café
Vende café ao preço de mercado
Empresa de café
Novamente, temos uma fixação de preços, como nas duas primeiras 
alternativas.
Entretanto, no contrato de swap haveria, no dia de seu vencimento, que 
coincidiria com o dia da entrega física do café, simplesmente a troca da di-
ferença financeira entre o preço prefixado do café e o preço do café no mer-
cado internacional, evitando, desse modo, pagamentos mais elevados, que 
ocorreriam se os valores fossem trocados integralmente.
As quatro alternativas são resumidas na tabela 1.
Tabela 1
Operação Fixação de preço
Limitação de 
preço
Em bolsas de 
futuro
Pagamento de 
prêmio
Contratos 
a termo SIM NÃO NÃO NÃO
Contratos 
futuros SIM NÃO SIM NÃO
Contratos 
de opções NÃO SIM SIM e NÃO SIM
Contratos 
de swaps SIM NÃO NÃO NÃO
A estratégia a ser escolhida dependerá da visão do produtor quanto ao 
preço a vigorar no mercado e dos custos envolvidos na operação.
Introdução aos mercados/contratos de derivativos
19
Substituamos, agora, o produtor de café por um investidor que deseja 
investir correndo o risco de oscilações do preço do café. Este investidor não 
produz nem compra café em termos físicos, ele apenas acredita em certa 
tendência dos preços no mercado internacional.
Este investidor poderia, por exemplo, vender contratos futuros de café 
se acreditasse em tendência de queda de preços no mercado. Como ele não 
dispõe do café para venda em data futura, por não ser um produtor, não 
estaria fixando um preço de venda para este produto. Estaria, sim, apenas 
obtendo ganhos financeiros se os preços na data futura fossem menores 
do que o preço determinado na venda dos contratos futuros. Se ocorresse 
a situação oposta, isto é, se o preço futuro do café no mercado internacio-
nal subisse acima do preço ao qual ele vendeu inicialmente os contratos 
futuros, o investidor sofreria uma perda financeira por ter vendido café, an-
tecipadamente, a preço que resultou menor do que o que passa a vigorar 
no mercado internacional.
Este investidor também poderia vender os contratos de opções de venda 
de café para o produtor do início do exemplo. Neste caso, o investidor rece-
beria o prêmio pago pelo produtor e se sujeitaria a perdas se o preço do café 
caísse abaixo do preço mínimo estabelecido no contrato de opções, quando, 
então, o produtor de café estaria exercendo seu direito de venda de café ao 
preço mínimo, ou preço de exercício.
E se o preço do café, no vencimento do contrato de opção estivesse acima 
ou fosse igual ao preço mínimo, o contrato não seria exercido e o investidor 
lucraria com o prêmio recebido no início do contrato.
Se o contrato é exercido pelo produtor de café, o valor da perda financei-
ra do investidor deverá ser transferido para o produtor, e se esta perda for 
maior do que o prêmio recebido pelo investidor no início da operação, este 
último terá que desembolsar recursos próprios neste investimento.
As situações do produtor de café e do investidor ressaltam o contraste das 
possíveis posições que poderiam ter assumido no exemplo em discussão. O 
produtor estaria buscando proteção contra queda de preços de seu produto, 
ao passo que o investidor estaria tentando obter ganhos financeiros explo-
rando possíveis tendências de preços no mercado internacional de café. O 
produtor estaria se protegendo, ou seja, fazendo um hedge, enquanto que o 
investidor estaria fazendo especulação.
20
Derivativos Financeiros
Não há necessidade de que as operações com derivativos compreendam 
um hedger e um especulador, elas podem ser feitas entre dois hedgers ou 
entre dois especuladores, ou ainda com arbitradores.
Complexidade dos instrumentos derivativos
Os derivativos podem apresentar graus de complexidade elevados em 
suas estruturas e nos seus apreçamentos. Uma situação em que isto normal-
mente ocorre é aquela que envolve contratos de opções chamados exóticos, 
tema do capítulo 10 deste livro. Estas opções, como o nome diz, são diferen-
tes, por isso não são classificadas como opções padrão, denominadas, em 
sua estrutura mais fundamental, de vanilla, nome decorrente da expressão 
“plain vanilla”, que significa o mais simples; em uma associação que pode-
ríamos fazer com o sorvete de baunilha puro, sem mais ingredientes como 
caldas de cobertura, castanha, ou creme chantili.
Embora a maioria dos contratos de derivativos celebrados comporte es-
truturas financeiras de complexidades moderadas, estas operações também 
podem apresentar sofisticações significativas, como foi o caso, por exemplo, 
da operação executada pela empresa Procter & Gamble na década de 1990; 
ela contratou uma operação de swap (tema do capítulo 11), cujos fluxos fi-
nanceiros dependiam do spread de juros na curva de rendimentos dos títu-
los do Tesouro norte-americano, operação na qual o banco Bankers Trust era 
a contraparte, e que acabou sendo processado judicialmente pela empresa 
por discordâncias quanto aos riscos da operação.Outros casos envolvendo contratos derivativos também terminaram 
na Justiça. Estes foram os casos da Gibson Greetings, novamente contra o 
Bankers Trust, e do Orange County, condado da Califórnia, nos EUA, que 
sofreu perdas pesadas com aplicações em títulos de dívida sofisticados, em 
parte, vendidos para o condado pelo banco de investimento Merryl Lynch. 
Esses títulos tinham como características a possibilidade de ganhos acentua-
dos com a queda das taxas de juros libor1 em dólares, constituindo, portanto, 
veículos para posições alavancadas e, por isso, sujeitos a ganhos ou perdas 
elevadas. Os títulos em si não se enquadrariam, a princípio, na classificação 
de instrumentos derivativos, mas como são gerados a partir de operações 
com derivativos seriam enquadrados nestes instrumentos.
1 Libor significa: London 
Interbank Offer Rate e re-
presenta a taxa de oferta 
interbancária cotada em 
dólares (mas também 
negociada em outras 
moedas) negociada no 
mercado Eurodólar (dóla-
res “fora” dos EUA).
Introdução aos mercados/contratos de derivativos
21
O episódio ocorrido recentemente no Brasil, que, aparentemente, 
depõe contra o uso de derivativos, consiste nas operações com opções 
sobre a taxa de câmbio real/dólar, realizadas pelas empresas brasileiras: 
Aracruz, Votorantim e Sadia; todas elas, em suas operações financeiras, su-
postamente, venderam opções de compra de dólar para os bancos com os 
quais estabeleceram estes contratos de opções. Essa estratégia possui risco 
elevado, e, por isso, essas empresas acabaram sofrendo perdas financeiras 
significativas. As empresas estariam na posição do investidor, no exemplo 
mencionado com a opção de venda de café. Duas diferenças, no entanto, 
podem ser apontadas:
1.ª diferença – o investidor supostamente poderia vender opções de 
venda de café para o produtor de café. Assim, como vimos, ele perderia 
quando o preço do café no mercado internacional caísse abaixo do preço 
mínimo, ou preço de exercício. No caso das empresas, elas perderam quando 
a taxa de câmbio ultrapassou a cotação em R$/US$ determinada pelo preço 
de exercício da opção de compra. A crise externa levou à desvalorização 
do real frente ao dólar norte-americano, e, por isso, a cotação de mercado 
ultrapassou o preço de exercício das opções de compra vendidas pelas em-
presas. Supondo que o preço de exercício de algumas opções de compra 
tenha sido 1,70R$/US$, se a cotação no mercado alcançou 2,40R$/US$, as 
empresas teriam perdido a diferença entre 2,40R$/US$ e 1,70R$/US$, já que 
os bancos, que eram a contraparte das operações, teriam exercido o direito 
deles de comprar dólares a 1,70R$/US$, quando a cotação no mercado de 
câmbio era 2,40R$/US$.
2.ª diferença – as empresas Aracruz, Votorantim e Sadia recebem recur-
sos em dólares decorrentes de suas exportações, e isto poderia compensar 
as perdas acima mencionadas quando a taxa de câmbio R$/US$ ultrapassou 
o suposto preço de exercício, 1,70R$/US$. A desvalorização do real eleva-
ria a receita das exportações e compensaria as perdas financeiras com os 
contratos de opções de compra. Esta peculiaridade não existia no exemplo 
mencionado, do investidor que vende opções de venda de café.
Mas, então, como as empresas perderam tantos recursos financeiros com 
a venda das opções? Isso leva a seguinte conclusão: as empresas venderam 
contratos de opções em volume superior ao que receberiam com o efeito 
positivo do câmbio sobre suas exportações.
22
Derivativos Financeiros
As possíveis perdas financeiras ocorridas podem ser visualizadas no 
Quadro 1 abaixo.
 Quadro 1 – Perdas financeiras com a venda de contratos de opções de 
compra
Cotação da taxa de 
câmbio
Preço de exercício da 
opção de compra 
Resultado financeiro 
para as empresas
(R$/US$) (R$/US$) (R$/US$)
1,50 1,70 ganham o prêmio
1,60 1,70 ganham o prêmio
1,70 1,70 ganham o prêmio
1,80 1,70 ganham o prêmio e per-
dem 0,10R$/US$
1,90 1,70 ganham o prêmio e per-
dem 0,20R$/US$
2,00 1,70 ganham o prêmio e per-
dem 0,30R$/US$
2,10 1,70 ganham o prêmio e per-
dem 0,40R$/US$
2,20 1,70 ganham o prêmio e per-
dem 0,50R$/US$
2,30 1,70 ganham o prêmio e per-
dem 0,60R$/US$
2,40 1,70 ganham o prêmio e per-
dem 0,70R$/US$
Observa-se que as perdas são ilimitadas, e aumentam com o aumento da 
cotação da taxa de câmbio R$/US$.
Os derivativos são hoje execrados por alguns policy makers que ainda des-
conhecem a gama de aplicações, boas e ruins, que eles permitem implemen-
tar, respondendo somente nos casos de perdas acentuadas vindas a público. 
No entanto, regulações mais adequadas do que as atuais permitiriam mais 
controle sobre operações bancárias (bancos comerciais e de investimento) 
e de outras instituições financeiras com estes instrumentos financeiros, em 
vez de tentar eliminar ou proibir o uso dos contratos de derivativos que apre-
sentam funções econômicas importantes nas economias contemporâneas.
Os contratos futuros e de opções são muito antigos, não na forma atual 
em que são negociados em bolsas de futuros ou em mercados de balcão, 
mas sim em sua forma mais essencial. Um produtor que desejasse eliminar 
Introdução aos mercados/contratos de derivativos
23
ou reduzir seu risco com os preços de seus produtos, que ainda se encontra-
vam em fase de produção, podia negociar antecipadamente os preços de 
venda desses produtos. Do mesmo modo, um comerciante poderia negociar 
os preços futuros de mercadorias que irá adquirir em datas futuras, eliminan-
do, desse modo, os riscos de ascensões de preços que poderiam ser prejudi-
ciais à sua atividade profissional.
Contratos de opções também, em sua essência, são instrumentos de 
enorme utilidade para as atividades econômicas e financeiras de qualquer 
economia, completando mercados e transferindo riscos. Eles funcionam como 
apólices de seguro para diversas situações em que são utilizados; situações 
para as quais muitas vezes um contrato de seguro comum não existiria.
De fato, é necessária uma boa dose de expertise para dominar o uso destes 
instrumentos sem ser levado a situações de risco que poderiam atingir e pre-
judicar os objetivos principais dos agentes usuários destes instrumentos fi-
nanceiros. Portanto, cuidados devem ser tomados pelos que utilizam estes 
contratos de derivativos. E o ambiente, no qual este uso ocorreria, deveria 
ser regulado, não em excesso para não inibir processos criativos, nem com 
escassez de controles que o tornaria um ambiente permissivo, como o am-
biente internacional recente que favoreceu a gestação de uma crise de crédi-
to profunda e extensa cujo início esteve nos contratos de hipotecas subprime 
nos EUA.
Porém, a detração destes instrumentos estaria eliminando ou escassean-
do possibilidades de operações produtivas ou financeiras com funções eco-
nômicas estimuladoras para o crescimento econômico e aumento do bem- 
-estar em nações ao redor do mundo.
Tornar mercados mais incompletos não parece vantajoso para qualquer 
economia que busque desenvolvimento socioeconômico.
Origem dos mercados futuros, 
de opções e de swaps
A história de transações com contratos a termo tem início, provavelmen-
te, há alguns milhares de anos com acertos envolvendo gados, ovinos, suínos 
etc. Nesses acertos, esses animais davam origem a “contratos” de entrega em 
datas futuras específicas a preços preestabelecidos.
24
Derivativos Financeiros
No entanto, o mercado futuro organizado na forma que hoje conhece-
mos teve início somente em 1848, com a criação da Chicago Board of Trade, 
ou (CBOT) hoje integrada à Chicago Mercantile Exchange (CME). Os primei-
ros contratos negociados foram os de milho.
Observa-se que na origem, e durante a maior parte do tempo, os con-
tratos futuros negociaram mercadorias. O interesse pelos contratos futuros 
surgiu com a necessidade de proteção contra flutuações dos preços das 
mercadorias.
Porém, a partir da década de 1970, especificamente em 1973, quando 
o International Monetary Market, criado como parte integrante da Chicago 
MercantileExchange, iniciou negociações com contratos futuros e também 
com contratos de opções de ativos financeiros, estes contratos passaram a 
ganhar importância no mundo dos derivativos.
Um fato importante marcou essa transição. Este fato foi o fim do Siste-
ma Monetário criado em Bretton Woods, estabelecido em 1944, e através 
do qual as taxas de câmbio eram mantidas sob o regime de taxas fixas. Com 
a passagem para o sistema de flutuação no início dos anos 1970, oscilações 
expressivas das principais moedas dos países desenvolvidos exigiam ins-
trumentos de controle de riscos cambiais. A publicação do artigo semanal 
de Black & Scholes em 1973, que apresentava um modelo para cálculo do 
prêmio de opções, permitiu a negociação de contratos de opções financeiras 
na Bolsa de Chicago.
No início da década de 1980, com o choque das taxas de juros em dólares 
que alcançaram mais de 20% ao ano, cujo objetivo de combater a inflação 
elevada que assolava a economia dos EUA, a demanda por proteção contra 
oscilações das taxas de juros surgiu com intensidade; e a partir de então, 
contratos de swaps de juros passaram a crescer e a ter destaque nas opera-
ções com derivativos.
As principais bolsas de futuros no mundo
A principal bolsa de futuros do mundo moderno é a Chicago Mercantile 
Exchange, ou CME. A CME é uma bolsa de mercadorias que foi fundada em 
1898 com a Chicago Butter and Eggs Board nos EUA, e que em 1973 criou o 
International Monetary Market, ou IMM, que então começou a oferecer deri-
vativos sobre ativos financeiros.
Introdução aos mercados/contratos de derivativos
25
A Chicago Mercantile Exchange fundiu-se com a Chicago Board of Trade, 
ou CBOT, em julho de 2007. A CBOT, antes da fusão, era a 2.ª ou 3.ª bolsa de 
futuros do mundo.
Com a fusão a CME cresceu em importância e, em 2008, absorveu a New 
York Mercantile Exchange, Bolsa que negocia diversos contratos de derivati-
vos, entre os quais derivativos de petróleo.
No Brasil, a negociação de contratos futuros teve início com a Bolsa de 
Mercadorias de São Paulo, ou BMSP, em 1917, com negociação inicial de con-
tratos agropecuários, de café, Boi Gordo e algodão.
A Bolsa Mercantil e de Futuros, ou BM&F, fundada em 1985, e iniciando 
operações em janeiro de 1986, passou a concentrar as operações com deri-
vativos, oferecendo contratos de futuros e de opções para ativos financeiros 
e mercadorias, incluindo ações, ouro, taxas de juros DI, taxa de câmbio R$/
US$. Em 1991, a BM&F se funde à BMSP, criando a Bolsa de Mercadorias e de 
Futuros, com objetivo de desenvolver mercados de derivativos financeiros, 
agropecuários e outros.
Em 2007, a BM&F iniciou seu processo de desmutualização, e se tornou, 
a partir de 1 de outubro de 2007, uma sociedade por ações com fins lucrati-
vos. No processo de desmutualização, os direitos patrimoniais dos antigos 
associados foram convertidos em participações acionárias. Então, na aber-
tura de seu capital, a BM&F colocou R$5,9 bilhões em títulos atraindo 260 
mil acionistas.
A Bovespa também seguiu o mesmo caminho com colocação de ações 
no valor de R$6,6 bilhões em outubro de 2007.
Em maio de 2008, a BM&F e a Bovespa se fundem, formando a BM& 
FBovespa S/A.
Volumes de negócios 
nas bolsas de futuros do mundo
O quadro 2 apresenta a posição das principais bolsas de futuros no 
mundo nos anos 2004 e 2005, e a taxa de crescimento anual. A listagem é da 
FIA <www.futuresindustry.org>.
26
Derivativos Financeiros
Quadro 2
A BM&F e as bolsas do mundo
Posição 
2004
Posição 
2005 Exchange 2004 US$ 2005 US$
Taxa de cresci-
mento anual
1 2
Chicago 
Mercantile 
Exchange
883,118,526 664,884,607 32,8%
2 1 Eurex 784,896,954 684,630,502 14,6%
3 3
Chicago 
Board of 
trade
561,145,938 489,230,144 14,7%
4 4 Euronext.liffe 343,829,658 311,053,230 10,5%
5 6
Bolsa de 
Mercadorias 
& Futuros
187,850,634 173,533,508 8,3%
6 7
New York 
Mercantile 
Exchange
166,608,642 133,284,248 25,0%
7 10
National 
Stock 
Exchange 
of India
116,286,968 67,406,562 72,5%
8 5
Mexican 
Derivatives 
Exchange
107,989,126 210,355,031 – 48,7%
9 8
Dilian 
Commodity 
Exchange
99,174,714 88,034,153 12,7%
10 11
London 
Metal 
Exchange
70,444,665 67,171,973 4,9%
D
is
p
on
ív
el
 e
m
: <
w
w
w
. f
ut
ur
es
in
du
st
ry
.o
rg
>
.
O site abaixo apresenta dados detalhados das operações das bolsas de 
futuros no mundo em 2006 e 2007.
Ampliando seus conhecimentos
EUA têm novas regras para os derivativos1
Sarah N. Lynch – Dow Jones, de Washington, 2009
As autoridades reguladoras dos EUA anunciaram na quarta-feira um 
plano que esboça o novo modelo regulador que irá forçar alguns derivativos 
1 Esse texto foi extraído do jornal Valor do dia 15 de maio de 2009.
Introdução aos mercados/contratos de derivativos
27
negociados no mercado de balcão a serem negociados em bolsas de valores, 
e sujeitar alguns contratos a limites de posições especulativas. O plano, que 
foi anunciado em conjunto pelo secretário do Tesouro Timothy Geithner, pela 
presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Mary Shapiro e 
pelo presidente em exercício da Futures Trading Commission, Michael Dunn, 
visa dar mais transparência aos negócios feitos fora das bolsas de valores (e de 
futuros), que hoje estão sujeitos à pouquíssima regulamentação federal.
“Na elaboração desse modelo amplo, nossos staffs trabalharam juntos, 
com muito cuidado, para ter certeza de que vamos apresentar ao Congres-
so um conjunto comum de recomendações”, disse Geithner, observando que 
brechas na fiscalização federal sobre os negócios com derivativos contribuí-
ram, em parte, para a crise financeira.
Pelo plano, as autoridades federais que regulam o mercado de commodi-
ties receberão autoridade para limitar as posições especulativas sobre contra-
tos negociados em bolsa de valores (e de futuros) e no mercado de balcão, se 
esses contratos tiverem um impacto significativo sobre os preços do mercado. 
O objetivo, por trás do plano, é impedir a manipulação ou a especulação ex-
cessiva que, segundo acreditam alguns especialistas, pode acelerar os movi-
mentos de preços.
O plano também forçará todos os contratos padronizados do mercado de 
balcão a serem negociados em bolsas regulamentadas e serem compensa-
dos de maneira regulamentada – um processo que envolve a mediação entre 
compradores e vendedores para garantir que o dinheiro vai mudar de mãos. 
Enquanto isso, os contratos altamente personalizados, que ainda são nego-
ciados no mercado de balcão, estarão sujeitos às exigências de registro de 
informações e prestação de contas.
Além disso, os negociadores de derivativos, com grandes exposições de 
contrapartida, estarão sujeitos a uma supervisão prudente e à vigilância regu-
latória para garantir que eles não representem riscos sistêmicos ao mercado. 
Isso vai requerer exigências de adequação de capital mais conservadoras, pa-
drões de conduta nos negócios, exigência de margens iniciais e prestação de 
contas sobre os contratos padronizados e os de mercado de balcão.
Comentários: o texto mostra a preocupação das autoridades dos EUA com re-
lação às operações com derivativos. O Secretário do Tesouro ressalta que bre-

Outros materiais