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Contratos e mercados de opções Opções fundamentais Os contratos de opções são mais recentes do que os contratos futuros, mas também são utilizados com frequência pelas instituições financeiras, fundos em geral, e outros investidores. Existem dois tipos de opções: opções de compra (calls) e opções de venda (puts). Na opção de compra o detentor (titular ou comprador da opção) tem o direito de comprar um ativo em certa data, ou durante um período estabele- cido, por determinado preço. Na opção de venda, o detentor tem o direito de vender um ativo em certa data, ou durante um período estabelecido, por determinado preço. Opção de compra ( � call) – direito de compra. Opção de venda ( � put) – direito de venda. O preço no qual o ativo poderá ser comprado ou vendido é chamado de preço de exercício (strike price ou exercise price), e a data (o dia em que o con- trato pode ser exercido) é conhecida como data de vencimento (expiration date, exercise date ou maturity). Como as opções adquiridas oferecem um direito de exercício, elas são mais flexíveis do que os contratos futuros, e por esta flexibilidade deve-se pagar um prêmio ao vendedor de uma opção. Ou seja, para cada comprador, há um vendedor da opção, que é aquele que recebe o prêmio pelo risco as- sumido de ser exercido pelo detentor dos direitos, o comprador da opção. Preço de exercício – preço ao qual o direito pode ser exercido. � Data de vencimento – data a partir da qual expira o direito de compra � ou de venda. Prêmio – valor a pagar para se ter o direito de compra ou de venda. � 132 Derivativos Financeiros Opções europeias e americanas Uma opção europeia pode ser exercida somente na data de vencimen- to. Uma opção americana pode ser exercida a qualquer momento, até o vencimento. Opção europeia – pode ser exercida somente na data de vencimento. � Opção americana – pode ser exercida a qualquer momento até a data � de vencimento. A grande diferença entre os contratos de opções e os contratos futuros consiste no direito de exercício em um contrato de opção, e não a obrigação do exercício (compra ou venda de um ativo), o que não ocorre com um con- trato futuro. Por outro lado, um prêmio é pago para que se tenha este direito, prêmio que não existe nos contratos futuros. O prêmio pode se visto como a possibilidade do exercício da compra ou da venda do ativo. Nos contratos futuros, como visto em capítulos anteriores, fixa-se, a menos do risco de base, um preço de compra ou de venda de uma mercadoria, de uma moeda, de uma taxa de juros, ou de um índice etc., não existindo, por- tanto, a escolha da compra ou da venda. O titular de uma opção tem direito e paga prêmio por ele. � O detentor de um contrato futuro não tem este direito de exercício, � mas também não paga prêmio. Assim, se um investidor adquire uma opção de compra de dólares a X reais em uma data futura, quando, nesta data futura, a cotação do dólar es- tiver acima deste valor X, ele exercerá seu direito de comprar determinada quantia de dólares (valor contratado) ao preço X. Mas, se a cotação, na data futura, estiver abaixo de X R$/US$, o investidor não irá exercer seu direito de compra e simplesmente perderá seu prêmio pago no início do contrato. Mesmo que ele exercesse seu direito no caso do cenário anterior (preços acima de X R$/US$), o prêmio não lhe seria devolvido. Ou seja, o prêmio será pago e não devolvido em ambos os cenários.11 Há exceções com deter- minadas opções, nas quais parte do prêmio pode ser devolvido. Contratos e mercados de opções 133 Caso este investidor resolvesse utilizar contratos futuros de dólar em vez dos contratos de opções, ele estabeleceria um preço futuro, F1, negociado na bolsa de futuros, e estaria fixando a cotação em torno do valor F1 (devido ao risco de base), na data de encerramento de sua operação. Não haveria pagamento de prêmio como nos contratos de opções. Haveria, sim, depósi- tos de margens obrigatórios. Porém, depósitos de margens são de natureza diferente da dos prêmios das opções: os depósitos podem ser usados ou não, e se não forem, ou forem usados parcialmente, haverá devolução do saldo para o cliente da Bolsa; ao passo que os prêmios das opções, normalmente, são pagos e não retornam mais, funcionando como um prêmio de seguro. Existem quatro posições fundamentais nos contratos de opções: Comprador da opção de compra; � Vendedor da opção de compra; � Comprador da opção de venda; � Vendedor da opção de venda. � Sempre haverá um vendedor de uma opção para se fechar o contrato de opção. Este vendedor, chamado no Brasil de lançador da opção, recebe o prêmio pago pelo comprador da opção, e assume a obrigação de atender à decisão deste comprador, quando quer que ele exerça seu direito de compra ou de venda do ativo que originou o contrato. No exemplo anterior, do in- vestidor que adquire opções de compra de dólares ao preço de exercício X, quando a cotação ficasse acima de X, o vendedor (lançador) da opção de compra seria obrigado a entregar dólares à taxa de câmbio X, embora a co- tação de mercado estivesse acima deste valor. Mas, no cenário em que a taxa de câmbio ficasse abaixo de X, o lançador não seria exercido e ficaria com todo o prêmio recebido no início da operação financeira. As figuras 1a e 1d mostram os resultados das opções de compra e de venda ao longo de sua vigência, até a data de vencimento, inclusive. As curvas representam o valor das opções antes do vencimento, e as retas, os valores nas respectivas datas de vencimento. 134 Derivativos Financeiros Pe PaPrêmio Ganhos/Perdas O a ut or . (a) (b) Pe PaPrêmio Ganhos/Perdas O a ut or . Gráfico 1a e 1b: Resultados das opções de Compra e Venda Contratos e mercados de opções 135 (c) Pe PaPrêmio Ganhos/Perdas O a ut or . (d) Pe PaPrêmio Ganhos/Perdas O a ut or . Gráfico 1c e 1d: Resultados das opções de Compra e Venda 136 Derivativos Financeiros As curvas nas quatro figuras ilustram os valores das opções em função do preço do ativo, objeto da opção. Estas curvas se colocam por cima das retas, pois, antes do vencimento das opções, o prêmio compreende o valor tempo, além do valor intrínseco. E no vencimento, o valor de uma opção é dado somente pelo valor intrínseco. Observamos que o valor de uma opção de compra ou de venda, para seu respectivo comprador, varia de forma convexa em função do preço do ativo. Considerando, agora, somente os valores no vencimento das opções. Na figura 1a, temos os resultados (ganhos ou perdas) com a posição com- prada em uma opção de compra (call). Na figura 1b, temos os resultados (ganhos ou perdas) com a posição ven- dida (lançador) em uma opção de compra (call). Na figura 1c, temos os resultados (ganhos ou perdas) com a posição com- prada em uma opção de venda (put). Na figura 1d, temos os resultados (ganhos ou perdas) com a posição ven- dida (lançador) em uma opção de venda (put). Nas figuras 1a e 1c, observamos a região de resultados negativos devido ao pagamento dos prêmios; já nas figuras 1b e 1d, as regiões positivas decorrem do recebimento dos respectivos prêmios pelos lançadores das opções. Nas quatro figuras, os pontos de equilíbrio ocorrem no ponto em que a reta inclinada corta o eixo horizontal. A partir deste ponto, para cima se for a opção de compra, e para baixo se for a opção de venda, os compradores das respectivas opções obtêm ganhos líquidos e os vendedores passam a contabilizar perdas líquidas. Os compradores de opções são os que detêm posições compradas ou long; e os vendedores, os que possuem posições vendidas ou short. Classificação de acordo com a possibilidade de exercício As opções também são classificadas de acordo com sua possibilidade de exercício, ou seja: Contratos e mercados de opções 137 Opções que estão na posição de exercício, ou seja, opções de compra � com Pa > Pe, e opções de venda com Pe > Pa, são denominadas “in- the-money”. Opções que estão fora da posição de exercício,ou seja, opções de � compra com Pa < Pe, e opções de venda com Pe < Pa, são denomina- das “out-of-the-money”. Opções que estão em posição neutra com relação ao seu possível exer- � cício, ou seja, opções de compra com Pa = Pe, e opções de venda com Pe = Pa, são denominadas “at-the-money”. Assim, tem-se: Posição da opção Call Put In-the-money Pa > Pe Pe > Pa At-the-money Pa = Pe Pa = Pe Out-of-the-money Pa < Pe Pa > Pe Composição do prêmio de uma opção O preço de uma opção representa o valor da opção, e deve ser pago pelo comprador dos direitos (opção de comprar ou vender) ao vendedor dos direitos. O preço de uma opção depende de vários fatores, como veremos adiante. Mas ele pode ser decomposto em duas partes, que são o valor in- trínseco e o valor do tempo em uma opção. Prêmio da opção = valor Intrínseco + valor do tempo. Valor Intrínseco: diferença entre o preço do ativo e o preço de exer- cício. a) Para opção de compra: representa a diferença, se positiva, entre o preço do ativo e o preço de exercício; caso contrário será zero. b) Para opção de venda: representa a diferença, se positiva, entre o preço de exercício e o preço do ativo; caso contrário será zero. 138 Derivativos Financeiros Matematicamente, temos: Valor intrínseco da call = max { A - E ; 0 } Valor intrínseco da put = max { E - A ; 0 } Valor do tempo: sensível ao tempo e à volatilidade. Vale zero no venci- mento da opção. Exemplo de uso de opção de compra Considere o mesmo exemplo anterior do investidor ou empresa que deseja adquirir uma opção europeia de compra (call) de dólar para venci- mento em 30 dias. Suponha que a opção tenha preço de exercício de 2,40 R$/US$ e que o prêmio pago seja de R$110.000,00 ou 0,11R$/US$, sabendo que a opção foi estabelecida para US$1.000.000,00, que ao câmbio atual de 2,37R$/US$, equivaleria a R$2,37 milhões de reais. O lançador desta opção receberia os R$110.000,00 e aguardaria 30 dias para saber a decisão do comprador. No trigésimo dia após a compra, a opção chega ao seu vencimento e será exercida se a cotação estiver acima de 2,40R$/US$; e, em caso contrário, não será exercida. Tracemos dois cenários para a data de vencimento da opção: Cenário 1: a taxa de câmbio atinge 2,50R$/US$. Cenário 2: a taxa de câmbio cai para 2,35R$/US$. No primeiro cenário, haverá exercício da opção e o investidor irá adquirir 1 milhão de dólares à cotação 2,40R$/US$; e o vendedor da opção terá que entregar este milhão de dólares ao comprador recebendo por isto 2,4 milhões de reais. O lançador estaria perdendo R$100.000,00, pois o dólar no mercado estaria sendo negociado a 2,50R$/US$. Mas ele recebeu R$110.000,00 no início da operação. Desse modo, ele ainda conseguiu ficar, em termos líquidos, com R$10.000,00. Contratos e mercados de opções 139 Se a taxa de câmbio subisse para 3,00R$/US$, a perda dele seria elevada para R$600.000,00 menos o prêmio recebido (R$110.000,00), é assim por diante. Qual a vantagem, então, para o lançador da opção? O prêmio rece- bido. Certamente que o prêmio recebido deve estar dentro de um contexto de avaliação das perdas possíveis. No entanto, é possível que o lançador da opção esteja em uma situação que aufira ganhos com a desvalorização do real frente ao dólar, e, se este for o caso, as possíveis perdas com a venda da call estariam sendo compensadas com os ganhos que teria com a desvalori- zação do real em sua outra posição. No segundo cenário, não haveria exercício da compra de dólares, já que o investidor poderá comprá-los no mercado de câmbio a 2,35R$/US$. Quanto ao lançador, este ficaria com os R$110.000,00 recebidos como prêmio no início da operação. Pode-se traçar um gráfico, que ilustre os possíveis resultados no dia do vencimento do contrato, tanto para o comprador, quanto para o vendedor da opção de compra (call). 2,40 Pa (R$/US$) – 0,11 Ganhos / Perdas O a ut or . Gráfico 2 – Resultados de uma Opção de Compra. Observa-se que para taxas de câmbio abaixo de 2,40R$/US$ o preço de exercício, a opção de compra não é exercida, e o comprador perde R$110.000,00 de prêmio, que obviamente, ficaria para o vendedor da call. Se a cotação estiver, no dia do vencimento, acima de 2,40R$/US$, o com- prador irá exercer seu direito de adquirir 1 milhão de dólares a 2,40R$/US$; e quanto mais a cotação exceder o preço de exercício, mais o comprador ganhará, não havendo limites para estes ganhos, exceto pela capacidade de pagamento do lançador. Sob a ótica deste último, já verificamos que suas perdas são ilimitadas. 140 Derivativos Financeiros Há um ponto de equilíbrio, no qual não há ganhos nem perdas para nenhum dos dois participantes; neste ponto o lançador perde exatamente o que recebeu como prêmio. Como o prêmio é recebido no início da operação, estes R$110.000,00 deveriam ser corrigidos pelos juros para os 30 dias de operação. No gráfico 2, não foi feita esta correção do prêmio. Então, o ponto de equilíbrio seria o preço de exercício somado ao prêmio pago, isto é, 2,40R$/US$ + 0,11R$/US$ = 2,51R$/US$. A tabela 1 mostra os resultados possíveis da opção de compra europeia no dia do seu vencimento, considerando que o prêmio não é corrigido pela taxa de juros do período de 30 dias. Tabela 1 - Resultados para o comprador da opção de compra de dólares Taxa de câmbio (R$/US$) Exerce opção Valor ganho (mil reais) 2,20 Não Nenhum 2,30 Não Nenhum 2,40 Não Nenhum 2,50 Sim 100 2,60 Sim 200 2,70 Sim 300 2,80 Sim 400 2,90 Sim 500 3,00 Sim 600 Para o lançador, os valores seriam iguais aos ganhos do comprador com o sinal trocado, ou seja, as perdas do lançador seriam iguais aos ganhos do comprador da opção, a menos do prêmio recebido no início da operação. Portanto, no cenário de taxa de câmbio a 3,00R$/US$, o lançador perderia R$600.000,00 menos R$110.000,00 recebidos como prêmio. Exemplo de uso de opção de venda Considere, agora, uma empresa que deseja adquirir uma opção de venda (put) de dólar. Ao conversar com seu banco, resolve comprar uma opção europeia de venda de dólar com preço de exercício de 2,30R$/US$ e venci- Contratos e mercados de opções 141 mento em 60 dias. A opção cobre 1 milhão de dólares e o prêmio monta a R$90.000,00, para taxa de câmbio atual de 2,37R$/US$. O lançador desta opção receberá R$90.000,00 e aguardará 30 dias para saber a decisão do comprador, a empresa. No trigésimo dia após a compra, a opção chega ao seu vencimento e será exercida se a cotação estiver abaixo de 2,30R$/US$; e, em caso contrário, não será exercida. Tracemos dois cenários para a data de vencimento da opção. Cenário 1: a taxa de câmbio atinge 2,40R$/US$. Cenário 2: a taxa de câmbio cai para 2,25R$/US$. No primeiro cenário, não haveria exercício da opção e a empresa, se dese- jasse, poderia vender seu milhão de dólares à cotação 2,40R$/US$ no merca- do de câmbio, e o vendedor da opção ficaria com os R$90.000,00 recebidos como prêmio no início da operação financeira. Observa-se que o risco do lançador da opção de venda também é muito elevado, visto que, a princípio, seu limite de perdas estaria quando a taxa de câmbio se dirigisse a zero. Se a taxa de câmbio caísse para 2,00R$/US$, a perda dele seria de R$400.000,00 menos o prêmio recebido (R$90.000,00), e assim por diante. Qual a vantagem, então, para o lançador da opção? No- vamente, o prêmio recebido. E, novamente, certamente que o prêmio rece- bido deve estar dentro de um contexto de avaliação das perdas possíveis. No entanto, é possível que o lançador da opção esteja em uma situação que aufira ganhos com a valorização do real frente ao dólar, e se este for o caso, as possíveis perdas com a venda da put estariam sendo compensadas com os ganhos que teria com a valorização do real em sua outra posição. No segundo cenário, haveria exercício da venda de dólarespela empresa, já que ela poderia vendê-los a 2,30R$/US$ para o lançador da opção, e no mercado de câmbio somente conseguiria 2,25R$/US$ pelos dólares ven- didos. Quanto ao lançador, este estaria perdendo 50 mil reais, pois o dólar no mercado estaria sendo negociado a 2,25R$/US$, e ele seria obrigado a comprá-los a 2,30R$/US$, preço de exercício da put. Mas, o lançador recebeu 90 mil reais no início da operação. Desse modo, ele ainda conseguiu ficar, em termos líquidos, com R$40.000,00. 142 Derivativos Financeiros Pode-se traçar um gráfico, que ilustre os possíveis resultados no dia do vencimento do contrato, tanto para o comprador, quanto para o vendedor da opção de venda (put). 2,30 Pa – 0,09 Ganhos / Perdas O a ut or . Gráfico 3 – Resultados no vencimento de uma opção de venda. Observa-se que para taxas de câmbio abaixo de 2,30R$/US$ o preço de exercício, a opção de venda será exercida, pois o comprador irá exercer seu direito de vender 1 milhão de dólares a 2,30R$/US$, taxa de câmbio acima da do mercado de câmbio; e quanto mais a cotação ficar abaixo do preço de exercício, mais o comprador da opção de venda ganhará, quase não ha- vendo limites para estes ganhos, exceto pela capacidade de pagamento do lançador. O comprador perderia os 90 mil reais de prêmio (que seriam per- didos mesmo sem haver exercício), que obviamente, ficaria para o vendedor da put. Sob a ótica deste último, já verificamos que suas perdas são limita- das pela taxa de câmbio com cotação nula. Se a cotação estiver, no dia do vencimento, acima de 2,30R$/US$, não haverá exercício da opção de venda, pois o comprador dela poderia vender os dólares a cotações maiores do que 2,30R$/US$ diretamente no mercado de câmbio. Nesta situação, o lança- dor da opção de venda ficaria com o prêmio de 90 mil reais e não perderia nada. Há um ponto de equilíbrio, no qual não há ganhos nem perdas para nenhum dos dois participantes; neste ponto o lançador perde exatamente o que rece- beu como prêmio. Como o prêmio é recebido no início da operação, estes 90 mil reais deveriam ser corrigidos pelos juros para os 30 dias de operação. No gráfico 1, não foi feita esta correção do prêmio. Na figura, então, o ponto de equilíbrio seria o preço de exercício diminuído do prêmio pago. A tabela 2 mostra os resultados possíveis da opção de venda europeia no dia do seu vencimento. Contratos e mercados de opções 143 Tabela 2 - Resultados para o comprador da opção de venda de dólares Taxa de câmbio (R$/US$) Exerce opção Valor ganho (mil reais) 2,00 Sim 300 2,10 Sim 200 2,20 Sim 100 2,30 Não Nenhum 2,40 Não Nenhum 2,50 Não Nenhum 2,60 Não Nenhum 2,70 Não Nenhum 2,80 Não Nenhum Para o lançador, os valores seriam iguais aos ganhos do comprador com o sinal trocado, ou seja, as perdas do lançador seriam iguais aos ganhos do comprador da opção, a menos do prêmio recebido no início da operação. Portanto, no cenário de taxa de câmbio a 2,00R$/US$, o lançador perderia 300 mil reais menos 90 mil reais recebidos como prêmio. Fica claro, então, que a única perda possível para o comprador de uma opção de compra ou de venda é o prêmio pago. Enquanto que para o vende- dor de uma opção de compra ou de venda, as perdas são praticamente ilimitadas. Neste exemplo, que acaba de ser apresentado, nada dissemos sobre a es- tratégia do comprador das opções; ele pode estar simplesmente seguindo suas expectativas quanto aos movimentos do mercado de câmbio, e montan- do posições especulativas. Mas, também poderia estar procurando proteção de suas posições físicas. Por exemplo, no caso do comprador da call, poderia ser um investidor (ou empresa) com obrigações em dólar, e, por isso, adquirin- do opções de compra de dólares para compensar as perdas que teria no caso de ocorrer desvalorizações do real frente ao dólar. Se ocorrerem valorizações do real, ele já está sendo beneficiado quanto ao pagamento de suas dívidas em dólar. Haverá, neste cenário de valorização do real, é verdade, perda do prêmio pago, pois a opção não será exercida. Mas, deve-se considerar que o prêmio pago será sempre perdido, tanto no caso de haver exercício ou não. Os resultados apresentados nos gráficos 2 e 3 podem ser apresentados por meio de equações matemáticas. 144 Derivativos Financeiros Em uma opção de compra europeia, o resultado no vencimento seria dado por: Máx [ Pa – Pe; 0] – c Onde: Pa = o preço do ativo que da origem à opção; Pe = o preço de exercício da opção; c = o prêmio da call. Vê-se que o resultado é sempre positivo ou nulo para o comprador da call, a menos do prêmio pago, pois se Pa > Pe, esta diferença será o ganho, e se a opção não for exercida, o valor a ser recebido é nulo, já que Pa ≤ Pe. Mas, c representa o prêmio pago e perdido, em ambos os caos, o que tornaria o resultado negativo no caso de não exercício da opção, e também no caso de exercício da opção, em que o ganho obtido seja infe- rior ao valor do prêmio pago. Já o lançador da opção de compra obterá seus resultados conforme a equação: Máx [Pa – Pe; 0] + c = mim . [Pe – Pa; 0] + c O sinal negativo reflete a posição inversa em relação ao comprador da call, ou seja, quando este último aufere ganhos, eles representam as perdas do lançador da opção; a este resultado somou-se o prêmio recebido pelo vendedor da call. A equação com a função máximo pode ser convertida na função mínimo, conforme apresentado. Se Pe > Pa, o valor da função mínimo será zero, e se Pe < Pa, o valor da função será o valor negativo Pe – Pa, que são os mesmo obtidos com a função máximo. Considerando, agora, uma opção de venda, tem-se o seguinte resultado para o comprador da put: Máx [Pe – Pa; 0] – c Para o vendedor da put, chega-se a: Máx [Pe – Pa; 0] + c = mim [Pa – Pe; 0] + c Contratos e mercados de opções 145 Estas quatro equações equivalem aos gráficos (a, b, c, d). Vejamos alguns exemplos de usos de opções de compra e de venda. Exemplo de Proteção de Carteira de Ações Considere um administrador de um fundo de ações que receia que o valor de sua carteira de ações caia sensivelmente. Para sua proteção, ele pode comprar opções de venda de índice Bovespa. Se ocorrer a queda de preços das ações de sua carteira, ele estará protegido com a put, pois irá exercê- -la se o índice de mercado cair abaixo do preço de exercício dela. O preço de exercício da put pode ser escolhido em função de seu custo, o prêmio, e do nível de proteção desejado. Assim, se o índice atual de mercado é de 40 000 pontos, ele poderia escolher um preço de exercício de 38 000 pontos ou ainda 36 000 pontos. A escolha dependeria do custo destas opções de venda, supondo que poderia suportar entre 5% a 10% de perdas, isto é, de 40 000 a 38 000 pontos, ou de 40 000 a 36 000 pontos. O administrador, então, resolve comprar uma opção de venda para pro- teção de sua carteira. Suponha, dadas as seguintes condições em relação à carteira do admi- nistrador: (a) O beta da carteira é 1,10. (b) O valor inicial da carteira é R$1 milhão de reais. (c) O Ibovespa à vista é 40 000 pontos. (d) O preço de exercício da put, a ser utilizado, é 38 000 pontos de Ibovespa. (e) A opção é americana e vencerá em 45 dias. (f ) Considere prêmio de R$20.000,00. No vencimento da put, as condições observadas são: O índice Bovespa se situa em 35 000 pontos. O beta da carteira continua em 1,10. 146 Derivativos Financeiros Resultados: (1) Mudança de valor da carteira de ações: [(35.000/40.000) – 1] . 1,10 . R$1.000.000,00 = – R$137.500,00. (2) Novo valor da carteira: {1 + [(35.000/40.000) – 1] . 1,10} . R$1.000.000,00 = R$862.500,00. (3) Ganho com exercício da opção de venda: (38.000 – 35.000) . R$1.000.000,00 . 1,10/40.000 = R$82.500,00. (4) Resultado total: R$862.500,00 + R$82.500,00 = R$945.000,00. Observações: (a) Seriamusados 27,5 (= R$1.000.000,00 . 1,10/40.000) contratos de op- ções para ajustar a posição com puts ao tamanho da carteira de ações. De acordo com a BM&F, a opção de venda é sobre o contrato futuro de Ibovespa, por isso, o cálculo do número de contratos, 27,5, como se fossem contratos futuros. (b) Ocorreu uma perda de R$55.000,00 em relação ao valor inicial da carteira. Esta perda decorre da franquia utilizada no contrato de opção, isto é, o preço de exercício escolhido foi 38.000,00, deixando, portanto, o intervalo 40 000 – 38 000 pontos descobertos. Ao considerarmos o prêmio, o resultado final seria R$925.000,00. Além das opções de índices, pode-se também utilizar opções sobre ações. Por exemplo, considere um investidor que deseja adquirir ações da Petrobras daqui a 60 dias, mas está preocupado com possível subida do preço da ação; os recursos não estão disponíveis agora para a compra, e, assim, ele terá que aguardar estes dois meses. Então, ele resolve comprar opções de ações da Petrobras ao preço de exercício R$30,00/ação. Suponha que o preço atual seja R$27,00/ação e que o prêmio pago seja igual a 1,5R$/ação. Obtenha os resultados para o investidor da compra das ações somada ao exercício ou não das opções. No dia do vencimento das opções, o preço à vista da ação da Petro- bras é R$32,00. Assim sendo, o investidor exercerá seu direito de compra Contratos e mercados de opções 147 e receberá como ganho decorrente desta opção o valor de R$2,00/ação. A compra das ações somará R$32,00 por ação. Então, o valor final pago pelo investidor será R$30,00/ação. O gráfico 4 mostra os resultados possíveis para o investidor. Gráfico 4 – Preço final da ação. Pa Preço final da ação R$31,50 (R$/ação)R$30,00 R$1,50 O a ut or . Observa-se que do preço de exercício, R$30,00/ação, para cima, o investi- dor aufere ganhos que sobem linearmente e proporcionalmente à ascensão dos preços da ação da Petrobras. O prêmio pago, R$1,50/ação, representa a reta horizontal até o preço de exercício, e também o deslocamento para baixo da reta vertical em relação ao eixo das abscissas. Pode-se também considerar o resultado geral na forma gráfica, ao se somar a compra das ações com os resultados obtidos com a opção de compra. O gráfico 5 ilustra este resultado geral. Observe que no eixo vertical, tem-se o preço final da ação, e não ganhos e perdas como aparece nas figuras que ilustram somente o resultado com a opção. Já, no eixo horizontal, a variável é a usual, ou seja, o preço do ativo no mercado. 148 Derivativos Financeiros Gráfico 5 – Opção de compra sobre a ação da Petrobrás. Pa Ganhos / Perdas (R$/ação)R$30,00 R$1,50 O a ut or . Pode-se verificar que: Para qualquer preço de mercado da ação acima de R$30,00/ação o inves- tidor pagará R$31,50/ação pelas ações, que é a soma do preço de exercício com o prêmio pago. Para qualquer preço de mercado da ação abaixo de R$30,00 não haverá exercício da call e o preço final pago pelas ações será o preço de mercado somado ao prêmio pago. A tabela 3 também mostra os resultados da estratégia do investidor. Tabela 3 – Resultados da estratégia Preço da ação (R$/ação) Exercício da call Ganho com a opção (R$/ação) Resultado final (R$/ação) 24,00 Não – R$1,50/ação R$25,50/ação 26,00 Não – R$1,50/ação R$27,50/ação 28,00 Não – R$1,50/ação R$29,50/ação 30,00 Não – R$1,50/ação R$31,50/ação 32,00 Sim +R$0,50/ação R$31,50/ação 34,00 Sim +R$2,50/ação R$31,50/ação Contratos e mercados de opções 149 O teto máximo de dispêndio do investidor é R$31,50/ação; e o valor mínimo pago é o preço de mercado mais R$1,50/ação. Exemplo de proteção de preço de café Um produtor de café prevê colher sua produção em 45 dias, a partir de hoje, dia 16 de março 2009; e sua colheita estimada é de 20 mil sacas de café arábica. Esta produção será exportada em 23 de maio de 2009. Preocupado com possível queda do preço do café arábica, em geral, ele decide proteger o preço de sua produção usando contratos de opções, estabelecendo um preço mínimo por saca de US$130,00 (ver, com cotações na BM&F como ilus- tração). E também deseja se proteger de possíveis valorizações do real frente ao dólar, usando, igualmente, contratos de opções. A taxa de câmbio mínima determinada é 2,35R$/US$. O produtor dispõe das seguintes informações: O prêmio de uma opção de venda de café, com vencimento em 23 de � maio (data da exportação), e com preço de exercício US$130,00 por saca, é US$3,00 por saca. O prêmio de uma opção de compra de café, com vencimento em 23 � de maio (data da exportação), e com preço de exercício US$140,00 por saca, é US$4,00 por saca. O prêmio de uma opção de venda de dólar, com vencimento em 23 de � maio de 2009, e com preço de exercício 2,35R$/US$, é 0,08R$/US$. O prêmio de uma opção de compra de dólar, com vencimento em 23 � de maio de 2009, e com preço de exercício 2,35R$/US$, é 0,10R$/US$. A cotação atual do dólar é 2,38R$/US$. � O custo da produção em dólares é estimado em US$110,00/saca. � Sabendo que o preço da saca de café em 23 de maio era US$128,50/saca, e que a taxa de câmbio real/dólar era 2,38R$/US$, obtenha: a) A estratégia elaborada pelo produtor de café. b) Os resultados das duas opções negociadas. 150 Derivativos Financeiros c) O resultado total da exportação. d) A margem de lucro da operação. Respostas: A estratégia consiste na compra de 200 opções de venda de café (cada (a) opção refere-se a 100 sacas na BM&FBovespa) ao preço de exercício US$130,00/saca, e, simultaneamente, na compra de opções de venda de dólar ao preço de exercício 2,35R$/US$. Estas opções terão venci- mento em 23 de maio de 2009. Como o volume financeiro mínimo na venda do café é de US$2.600.000,00 (= 20 000 sacas . US$130/saca), usaremos este volume mínimo para dimensionar o hedging cambial. A opção de venda de café, com preço de exercício US$130,00/saca, (b) será exercida, pois o preço de mercado em 23 de maio é US$128,50/ saca. O ganho obtido com o exercício desta opção é de US$1,50/ saca. A opção de venda de dólar com preço de exercício 2,35R$/US$ não será exercida porque a cotação de mercado no dia 23 de maio é 2,38R$/US$. Assim, os ganhos com as opções se resumem aos da opção de venda de café, US$1,50/saca, mas, foram pagos dois prêmios pelas duas opções: Opção de café: US$3,00/saca, ou US$60.000,00 para vinte mil sacas, ou � ainda, com a cotação atual do dólar, 2,38R$/US$, R$142.800,00; Opção de dólar: 0,08R$/US$, ou R$208.000,00 (= 0,08R$/US$. � US$2.600.000,00); Totalizando, portanto, R$350.800,00. � Então, os resultados com as duas opções de venda seriam: Ganhos com as opções = R$71.400,00 (= US$1,50/saca . 20.000 sacas . � 2,38R$/US$). Perda com os prêmios = R$350.800,00. � Resultado total com as opções = R$279.400,00. � Resultado das exportações = 20 000 sacas . US$128,50/saca . 2,38R$/(c) US$= R$6.116.600,00 Contratos e mercados de opções 151 Resultado total da operação = R$6.116.600,00 – R$279.400,00 = (d) R$5.837.200,00, ou R$291,86/saca, ou ainda US$122,63/saca. Margem de lucro = US$122,63/saca – US$110,00/saca = US$12,63/ (e) saca. Ampliando seus conhecimentos A companhia Vale executou diversas operações com opções durante o ano 2008, conforme podemos verificar em seu balanço. Do balanço da Vale, temos o trecho a seguir: Instrumentos Financeiros – Derivativos Política de gestão de risco A Vale entende que o gerenciamento de risco é fundamental para apoiar sua estratégia de crescimento e flexibilidade financeira. Em decorrência desse objetivo, o Conselho de Administração estabeleceu uma política de gestão de risco corporativo e um comitê de gerenciamento de risco. A política de gestão de risco determina que a Vale irá avaliar o risco de fluxo de caixa regularmente e todas as propostas de mitigação de risco, quando necessárias, serão feitas com o objetivo de reduzir a volatilidade do fluxo de caixa. Esta política proíbe operações especulativas e requer diversificaçãode operações e contrapartes. Monitoramos e avaliamos regularmente nossa posição consolidada de forma a acompanhar os resultados financeiros e o impacto em nosso fluxo de caixa, bem como, para garantir que os objetivos inicialmente traçados sejam atingidos. Reconhecemos todas as operações de derivativos em nosso balanço de acordo com o valor de mercado; e os ganhos, ou perdas, são devidamente contabilizados no resultado do período. Considerando a natureza dos negócios e operações da Vale, os principais fatores de risco de mercado aos quais estamos expostos são: 152 Derivativos Financeiros Taxas de juros; � Taxas de câmbio; � Preços de produtos. � As operações de derivativos são realizadas com instituições financeiras de primeira linha e a Vale avalia os limites e as exposições ao risco de crédito de suas contrapartes regularmente. Destacamos, aqui, operações com alumínio, cobre e ouro. Com estes três produtos, a Vale contratou operações com opções de compra (call) e com opções de venda (put), conforme informações a seguir, extraídas também do seu balanço. Alumínio - com o objetivo de reduzir a volatilidade do fluxo de caixa no momento da aquisição da Inco, em função do endividamento adicional in- corrido, a Vale realizou operações de hedge de alumínio e cobre. No caso do alumínio, as operações são apresentadas abaixo: Nominal Nominal Valor justo Valor justo Recebimentos (Pagamentos) Acumulados até Valor justo por vencimento 30/09/2008 30/06/2008 30/09/2008 30/06/2008 30/09/2008 30/06/2008 2008 2009 Alumínio Ton Ton (Não revisado) Forward 12.000 177.000 (2.113) 283 (2.113) Put 88.500 177.000 1.266 (141.119) (239.458) (146.222) 1.266 Call 88.500 24.000 (8.079) (27.720) (8.079) Outros instrumentos 16.500 33.000 (30.443) (79.379) (30.444) (39.369) (247.935) Níquel - a empresa tem negociados alguns contratos futuros de compra na Bolsa de Metais de Londres (LME), com o objetivo de manter sua exposição às flutuações dos preços do níquel, tendo em vista que, em alguns casos, o produto é vendido a preço fixo. A fixação do preço nestes contratos é conta- bilizada como um derivativo embutido e seu valor de mercado em 30 de setembro era de R$132,6 milhões. A Vale também participa de contratos fu- Contratos e mercados de opções 153 turos de venda na LME para minimizar o risco de descasamento entre o custo de produtos intermediários e o preço de produtos acabados. Nominal Nominal Valor justo Valor justo Recebimentos (Pagamentos) Acumulados até Valor justo por vencimento 30/09/2008 30/06/2008 30/09/2008 30/06/2008 2008 2008 2009 2010 2011 Níquel Ton Ton (Não revisado) Futuros 6.900 6.702 (118.503) (57.364) (13.724) (43.264) (67.199) (8.040) - Cobre - como já mencionado, em 2006 a Vale realizou operações de hedge de cobre de forma a reduzir a volatilidade do fluxo de caixa no momento da aquisição da Inco. Por outro lado, uma parte da posição total foi feita original- mente pela então Inco, antes de sua aquisição pela Vale. Nominal Nominal Valor justo Valor justo Recebimentos (Pagamentos) Acumulados até Valor justo por vencimento 30/09/2008 30/06/2008 30/09/2008 30/06/2008 30/09/2008 30/06/2008 2008 2009 Cobre Ton Ton Put 19.500 39.000 6.591 465 - - 6.591 Call 19.500 39.000 (1.179) (42.989) (18.075) (12.984) (1.179) 5.412 (42.524) Vale INCO Nominal Nominal Valor justo Valor justo Recebimentos (Pagamentos) Acumulados até Valor justo por vencimento 30/09/2008 30/06/2008 30/09/2008 30/06/2008 2008 2008 2009 2010 2011 Cobre Ton Ton (Não revisado) Termo (170) (159) 294 (24) (96) 294 - - Opções Compra de put 2.499 4.996 - - - - - Collar 6.048 24.192 (83.125) (219.423) (321.514) (83.125) - - (82.831) (219.447) 321.610 (Disponível em: <www.vale.com/vale/media/irt_vsgaap_2t09.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2009.)
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