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AULA 7 - MODOS DE AQUISIÇÃO E PERDA DOES BENS MÓVEIS

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AULA 7 - MODOS DE AQUISIÇÃO E PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL 
 
7.1. Usucapião de bens móveis 
7.2. Da ocupação 
7.3. Achado de tesouro 
7.4. Da tradição 
7.5. Da especificação 
7.6. Da confusão, da comistão e da adjunção 
7.7. Da perda da propriedade 
 
Modos de aquisição da propriedade móvel 
 
Entre os critérios de classificação dos modos de aquisição da propriedade, há exatamente aquele que leva em 
consideração o objeto da situação proprietária, notadamente na clássica distinção entre coisas imóveis e 
coisas móveis. Assim, costuma-se apontar os modos de aquisição da propriedade mobiliária. 
 
Noções gerais - Além dos modos peculiares de aquisição da propriedade de bens móveis a ocupação, a 
especificação, a comistão, a confusão, a adjunção e a tradição -, há ainda a usucapião e a sucessão 
hereditária, mas que envolvem também a aquisição de bens imóveis. O modo de aquisição de bem móvel 
mais freqüente é a tradição. 
 
7.1. Usucapião de bens móveis 
 
No que pertine aos bens móveis, a usucapião extraordinária se configura com a presença dos mesmos 
requisitos da usucapião de imóveis com a ressalva do prazo de posse contínua e pacífica, que deverá ser o de 
5 (cinco) anos (CC, art. 1.261). 
 
Na modalidade usucapião ordinária, com a presença do justo título e da boa fé, o prazo de posse é de 3 (três) 
anos. 
 
7.2. Ocupação - O primeiro modo peculiar de aquisição de coisa móvel é a ocupação que representa modo 
originário de aquisição de propriedade mobiliária no Direito brasileiro. 
 
Conceito - A ocupação é o assenhoreamento de coisa sem dono, seja porque nunca foi apropriada (nunca 
pertenceu a ninguém) - res nullius, seja porque foi abandonada pelo seu antigo proprietário - res derelicta. 
De acordo com o sistema jurídico em vigor, a pessoa que se assenhorear de coisa sem dono, torna-se sua 
proprietária desde que tal ocupação não seja proibida por lei (art. 1.263, CC). 
 
São requisitos para que ocorra a ocupação: 
 
a) a pessoa que apreenda a coisa tenha o ânimo de lhe adquirir a propriedade; 
b) o objeto da apreensão seja res nullius ou res derelicta; 
c) a ocupação não deve ser proibida por lei. Há, portanto, um elemento objetivo (ou externo) - a apropriação 
e um elemento subjetivo (ou interno) - o animus de se tornar dono para que haja a configuração da ocupação 
como modo de aquisição da propriedade da coisa móvel. 
 
Caça e pesca - A ocupação é modo originário de aquisição da propriedade móvel, sendo que relativamente à 
caça e à pesca houve significativa alteração legislativa em razão da constitucionalização do Direito Civil 
com a valorização da dimensão protetiva do meio ambiente, bastando observar o disposto no art. 1.228, § 1°, 
do CC, na dimensão da função social da propriedade, ao se referir à flora e à fauna. 
 
A ocupação propriamente dita (ou stricto sensu) tem por objeto animais (seres vivos) e coisas inanimadas, 
substâncias minerais, vegetais e animais. A caça, atualmente, é atividade que se sujeita à regulamentação e 
fiscalização por parte do Poder Público (Lei n° 5.197/67, art. 1°; Lei n° 9.605/98, arts. 29 e seguintes). 
 
Cuida-se de direito subjetivo público, objeto de regulamentação especial, sendo que seu interesse no Direito 
Civil diz respeito à sua consideração como atividade que permite a aquisição da propriedade móvel. A pesca 
também está sujeita à regulamentação e fiscalização pelo Poder Público (Decreto-Lei n° 221/67, art. 33), 
além de ser objeto de preocupação em Convenções e Tratados Internacionais quando a atividade é realizada 
em alto-mar ou nas plataformas submarinas, em águas territoriais e extraterritoriais. 
 
Relativamente às coisas inanimadas como, por exemplo, substâncias minerais, vegetais e substâncias 
animais -, a ocupação realiza-se por simples apreensão, sendo apenas exigível que não apresentem algum 
sinal de domínio anterior. 
 
Invenção ou descoberta - Consiste no achado de coisas perdidas. Na realidade, não se trata de modo de 
aquisição de propriedade móvel, pois o inventor deverá restituir a coisa achada ao seu verdadeiro dono ou 
legítimo possuidor e, caso não o encontre ou não o conheça, deverá entregá-la à autoridade competente ( art. 
1.233, CC). Assim, não se trata de modo de aquisição da propriedade móvel. No Direito brasileiro a 
descoberta de coisa perdida não gera aquisição da propriedade em favor do inventor. 
 
Em assim procedendo, o inventor tem direito à recompensa ou gratificação que é denominada de achádego, 
além da indenização pelas despesas efetuadas para a conservação e transporte da coisa até o momento da 
restituição, caso o dono não prefira abandoná-la (art. 1.234, caput, CC). O valor da recompensa não pode ser 
inferior a 5% (cinco por cento) do valor da coisa. 
 
Na eventualidade de não aparecer o proprietário da coisa perdida no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da 
divulgação da notícia pela imprensa ou em edital, ela será alienada em hasta pública. 
 
7.3. Achado ou tesouro - A última modalidade de ocupação é o achado ou tesouro que se caracteriza pelo 
objeto da aquisição de propriedade, a saber, o tesouro (art. 1.264, CC). 
 
O tesouro corresponde ao depósito antigo de moedas ou coisas preciosas, enterrado ou oculto, de cujo 
proprietário não haja memória. A noção se associa à idéia de riqueza ou conjunto de bens econômicos 
formado por peças de ouro, prata ou jóias valiosas, conservado há muito tempo em arcas ou cofres ocultos 
ou escondidos. Se houver, porventura, a justificativa acerca da propriedade do tesouro, não há como ocorrer 
sua aquisição por outra pessoa (CC de 1916, art. 610). 
 
Na noção conceitual de tesouro encontram-se quatro elementos: 
a) coisa móvel e de significativo valor econômico; 
b) depósito oculto; 
c) coisa de antigo e desconhecido ou não comprovado o domínio; 
d) impossibilidade jurídica de sua reclamação. 
Relativamente à pessoa que pode encontrar tal depósito antigo o tesouro, costuma-se elencá-la da seguinte 
maneira: 
a) o proprietário do terreno ou da construção em que o tesouro estava enterrado ou escondido; 
b) outra pessoa incumbida de procurá-lo pelo proprietário do terreno ou da construção; 
c) alguém que não seja o proprietário, mas que o encontre casualmente, ou mesmo intencionalmente. 
 
7.4. Tradição - A tradição representa o meio mais freqüente de transferência da propriedade mobiliária, 
como efeito decorrente da alienação voluntária de coisa móvel. O regime jurídico da tradição, no Direito 
brasileiro, confirma a afirmação de que os negócios jurídicos inter vivos não têm efeito real. 
 
Requisitos: 
a) o tradens (quem realiza a tradição) deve ter a qualidade para transmitir a propriedade da coisa ao 
accipiens (quem recebe a coisa); 
b) o transmitente e o adquirente devem estar de acordo com a transferência da propriedade, e não a 
constituição de direito real sobre coisa alheia ou de um direito obrigacional; 
c) a posse da coisa alienada seja transferida. 
 
Modalidades: 
 
a) a tradição real - aquela em que o alienante faz a entrega material da coisa ao adquirente; 
b) a tradição jurídica - a que se verifica quando a transmissão ocorre sem a entrega material da coisa, por 
força de determinação da norma jurídica, como ocorre no caso da sucessão hereditária em razão da saisine; 
c) a tradição consensual (ou virtual) - aquela em que a entrega da coisa é realizada através de processos 
jurídicos que se fazem presumi-la como nos exemplos do constituto possessório e na tradição brevi manu. 
 
7.5.Especificação - É outro modo peculiar de aquisição de coisa móvel no Direito brasileiro, e envolve a 
transformação definitiva de matéria prima normalmente pertencente a outra pessoa em espécie nova através 
do trabalho ou indústria do especificador. A especificação normalmente decorre da capacidade artística, 
artesanal ou industrial da pessoa humana. 
 
Noção e requisitos - Verifica-se a especificação quando a coisa móvel pertencente a determinada pessoa é 
transformada em espécie nova pelo trabalho de outrem. Exige-se, para a aquisiçãoda propriedade, que haja 
ação humana correspondente ao trabalho ou à indústria realizados pelo especificador. A questão é definir a 
quem pertencerá a espécie nova que não se confunde com a coisa móvel anterior. 
 
Para tanto, são considerados os seguintes aspectos: 
a) se a matéria prima pertencia total ou parcialmente ao dono da coisa antiga; 
b) se é possível (ou não) a restituição da espécie nova ao estado anterior à transformação; 
c) se o especificador agiu (ou não) de boa fé. 
 
Normalmente valoriza-se o aspecto do trabalho ou indústria relacionado à atividade desenvolvida pelo 
especificador como princípio fundamental para definir a aquisição da propriedade. 
 
Critérios e soluções normativas - Levando em conta os três critérios acima referidos, há diferentes 
soluções normativas para se definir a propriedade da coisa móvel decorrente da especificação. 
 
Caso a matéria prima pertencesse em parte ao especificador, e a coisa nova não tem como ser restituída à 
forma anterior, a propriedade será do especificador (art. 1.269, CC). Na eventualidade da matéria prima 
pertencer totalmente a outrem e a espécie nova não puder ser restituída à forma anterior, bem como o 
especificador estiver de boa fé, a coisa móvel resultante da especificação lhe pertencerá (art. 1.270, caput, 
CC). Ao contrário, se o especificador agiu de má fé, a coisa pertencerá ao dono da matéria prima, bem como 
se a coisa puder ser restituída à forma anterior (art. 1.270, § 1°, CC). Finalmente, se a matéria prima 
pertencia totalmente a outrem e o preço da mão de obra exceder consideravelmente o valor da matéria 
prima, a coisa passará a pertencer ao especificador (art. 1.270, § 2°, CC). Tal hipótese independe da 
possibilidade de a coisa poder ser reduzida ao estado anterior, bem como da boa ou má fé do especificador. 
Saliente-se que a aquisição da propriedade mediante especificação não isenta o adquirente de ter que 
indenizar o prejudicado pela perda da matéria prima ou pelo trabalho realizado (art. 1.271, CC). 
 
7.6. Comistão, confusão e adjunção - Outros modos de aquisição de coisa móvel são a comistão 
(impropriamente denominada de comissão no CC de 2002), a confusão e a adjunção, reguladas nos arts. 
1.272 a 1.274, do CC. Costuma-se qualificar tais modos de aquisição da propriedade mobiliária como 
formas de acessão de móvel a móvel. 
 
A comistão é a mistura de coisas sólidas pertencentes a diferentes proprietários, sem que seja possível a 
separação delas e sem que haja a produção de coisa nova. O exemplo de barra de aço inoxidável que 
resultou da utilização de duas barras menores que foram reunidas. 
 
A confusão, por sua vez, é a mistura de coisas líquidas nas mesmas circunstâncias em que se verifica a 
comistão. Dá-se o exemplo da gasolina com aditivo misturado. 
 
A adjunção é a justaposição de uma coisa a outra de tal maneira que não possam ser separadas sem 
deterioração, como no exemplo de um anel de brilhantes. 
Para solucionar a questão referente ao proprietário da coisa resultante da mistura ou justaposição, adota-se o 
critério referente à coisa principal, assim considerada aquela que apresente maior valor ou maior 
importância (art. 1.272, § 2°, CC). Segue-se o brocardo consoante o qual o acessório segue o principal. 
 
7.7. Da perda da propriedade 
 
Introdução - Devido à perpetuidade como característica do direito de propriedade, é certo que em geral a 
situação proprietária permanecerá indefinidamente no tempo na pessoa do seu titular (ou de seus sucessores 
em razão de herança ou legado), salvo se por sua vontade ou em razão de causa legal possa a coisa ser 
retirada de seu patrimônio. Perda da propriedade é fato jurídico extintivo de direito subjetivo que tem por 
objeto coisa corpórea de conteúdo econômico. 
 
O art. 1.275, do CC de 2002, arrola como modos de perda da propriedade a alienação, a renúncia, o 
abandono, o perecimento da coisa e a desapropriação. Tal rol não pode ser considerado exaustivo, como será 
observado em seguida, como nos exemplos da arrematação e da adjudicação. Outros modos de extinção ou 
causas de perda da propriedade podem ser consideradas além das previstas expressamente no CC. 
 
Modalidades - A doutrina costuma adotar a seguinte classificação quanto aos modos de perda da 
propriedade. Perde-se a propriedade: 
a) por fato relativo à própria pessoa do titular (ex.: morte natural); 
b) por fato relativo ao seu objeto (ex.: perecimento da coisa, acessão); 
c) por fato relativo ao próprio direito (ex.: alienação, renúncia). 
 
A perda pode ser: 
a) absoluta; 
b) relativa. 
 
Na primeira, o fato jurídico não gera a aquisição da propriedade em favor de outra pessoa que não o ex 
proprietário, ao passo que a perda relativa da propriedade ocasiona a aquisição da propriedade em favor de 
outro indivíduo. A perda absoluta gera a supressão do direito do mundo jurídico, enquanto a perda relativa 
ocorre quando a amputação da esfera jurídica dum sujeito tem como contrapartida uma aquisição por outros. 
 
Alienação - É o ato pelo qual o proprietário, por sua vontade própria, transmite a outrem seu direito de 
propriedade sobre a coisa. É modo voluntário de perda da propriedade, eis que o transmitente transfere 
propriedade ao adquirente. Os atos de alienação devem ser compreendidos no segmento das transmissões 
voluntárias da situação proprietária. É modo de extinção subjetiva da propriedade. Pode dar-se a título 
oneroso ou gratuito. 
Renúncia - É o ato pelo qual o proprietário declara o propósito de abdicar, de despojar-se do seu direito, não 
sendo necessário que haja o abandono material da coisa. Não há necessidade de aceitação da renúncia por 
parte de qualquer pessoa, tratando-se de ato unilateral. A renúncia é identificada pela manifestação formal e 
expressa quanto à abdicação do direito. É negócio jurídico unilateral não receptício. 
 
Abandono - É o ato voluntário manifestado pelo proprietário no sentido de desfazer da coisa que lhe 
pertence, por não mais pretender continuar como dono. O abandono se concretiza com a derelicção. Deve 
ser identificada a intenção de abandonar, como no exemplo da pessoa que lança seu relógio na lata de lixo, 
do contrário haveria hipótese de perda da coisa. A intenção de abandono deve ser deduzida a partir de 
elementos objetivos como no exemplo da falta de utilização do imóvel associada a outro elemento. Não há 
qualquer formalidade exigida para que se dê o abandono. 
 
O CC, no referido art. 1.276, somente permite a arrecadação do imóvel se não houver posse de outrem, 
tutelando, assim, a situação possessória ainda que sem a configuração da aquisição da propriedade. 
 
Perecimento da coisa - Outro modo de perda da propriedade é o perecimento da coisa, eis que não há 
direito sem objeto. Dessa maneira, caso um evento da natureza como um terremoto, um maremoto, venha a 
destruir a coisa, fazendo com que ela desapareça, não haverá mais direito de propriedade eis que sem objeto. 
O perecimento da coisa pode ser estrutural perda da estrutura física ou do suporte material do bem ou 
funcional - perda do papel necessário que o bem exerce. 
 
Desapropriação - Entre os modos involuntários de perda da propriedade, encontram-se as hipóteses de 
desapropriação, arrematação, adjudicação e implemento da condição resolutiva. 
 
A desapropriação é modo de perda (ou extinção) da propriedade privada, baseada em ato do Poder Público 
fundado na lei, em razão do qual é transferida a titularidade total ou parcial de determinado bem particular 
ao domínio público, com motivação inerente à noção de interesse público. O instituto da desapropriação tem 
previsão constitucional genérica (art. 5°, XXIV) e referências específicas (arts. 182, § 4° e 184). 
 
A desapropriação é expressamente prevista como modo de perda da propriedade (art. 1.275, V e art. 1.228, § 
3°, CC). 
 
Retrocessão - É o dever do expropriante de oferecer ao ex-proprietário o imóvel desapropriado, pelo valor 
do preço da indenização, na hipótese de não se dar o destinopara o qual o bem havia sido desapropriado. 
Caso não haja observância voluntária de tal dever, poderá o expropriado ajuizar ação de retrocessão para o 
fim de exigir o cumprimento forçado de tal dever jurídico. 
 
Arrematação e adjudicação - Além dos modos voluntários de perda da propriedade, há ainda a 
arrematação e a adjudicação como exemplos de modos involuntários. Nestes casos, haverá a transmissão 
forçada da propriedade em razão de atos executivos praticados durante o processo respectivo. 
 
Há, ainda, o confisco como modo de perda da propriedade, tal como previsto nas leis penais, como no caso 
de produtos falsificados e contrabandeados -, e no art. 243, da CF, relativamente ao imóvel onde se cultivava 
e plantava produtos psicotrópicos, ou aonde se explorava mão de obra escrava. 
 
Desapropriação privada - O CC de 2002, de maneira inovadora, instituiu nova figura que permite a perda 
da propriedade particular, consistente na desapropriação privada, prevista no art. 1.228, §§ 4° e 5°. Na 
hipótese de o proprietário ingressar com ação de reivindicação do imóvel, ele poderá não ter reconhecido 
concretamente o poder de reivindicar na hipótese do imóvel reinvidicado consistir em extensa área, possuída 
ininterruptamente e de boa fé, por mais de 5 (cinco) anos, por considerável número de pessoas que nele 
realizaram, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados de interesse social e econômico 
relevante pelo juiz da causa. Neste caso, o juiz deverá fixar o valor da justa indenização devida ao 
proprietário e, com seu pagamento, a sentença deverá ser levada a registro para transferência da propriedade 
em favor dos possuidores. 
 
A doutrina tem considerado que o instituto acima referido é de relevante interesse social, em especial para as 
grandes cidades e em áreas de notória ocupação informal por parte de população, e vem a prestigiar e tutelar 
as situações jurídicas em que haja o cumprimento da função social da posse e, ao contrário, o não 
cumprimento da função social da propriedade. 
 
Podem ser consideradas obras e serviços considerados de interesse social e econômico relevante a 
construção de moradias, pequenos comércios e centros de lazer (e prestação de serviços), associado à noção 
do mínimo existencial relacionado ao direito fundamental de habitação digna. 
 
Não há como confundir a desapropriação privada com a usucapião, eis que naquela não se exige o animus 
domini, além de não existir qualquer tipo de indenização quando se verifica a usucapião como modo 
originário de aquisição da propriedade imóvel. 
 
O valor da indenização deverá ser pago pelos possuidores, e não pelo Poder Público, daí a hipótese envolver 
a idéia de desapropriação privada, a requerimento dos réus da ação de reivindicação.

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