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CPV – Aula 1		7
Direito da Criança e do Adolescente
1) Introdução:
Uma grande alteração conceitual do ECA foi a de, enquanto os códigos de menores tratavam as crianças como objetos de tutela/cuidados (voltava-se precipuamente ao menor em situação irregular), este Estatuto as trata como sujeitos de direitos (art. 100, § único, I, ECA), merecedores de proteção integral – toda criança e adolescente é sujeito de direitos fundamentais, e não só aquelas em situação de risco e abandono. Hoje, os artigos 4º e 69 do ECA, calcados no artigo 227 da CRFB, preveem esta proteção.
	Código de Menores
	ECA
	Tutelava apenas o menor em situação irregular
	Dá ampla proteção à criança e ao adolescente
	O menor era visto como objeto de tutela
	Criança e adolescente são sujeitos de direitos (art. 100, § único, I, ECA) – busca-se deixar claro que há direitos a respeitar e que toda a sociedade (pais, responsáveis e Poder Público) deve zelar por eles.
Também é direito da criança a convivência familiar, com sua família natural ou em família substituta. 
Os direitos fundamentais das crianças e adolescentes compreendem também os direitos da mãe, gestante ou nutriz, porque é dela que provem o primeiro contato da criança com a dignidade humana.
A participação solidária da família, na educação, por exemplo, se manifesta na obrigação de matricular suas crianças nas instituições de ensino. A sociedade, também solidária, se manifesta através dos conselhos tutelares, que fiscalizarão este ingresso das crianças nas instituições. E o Estado, lato sensu, se manifesta proporcionando estudo gratuito a todas as crianças.
Obs.: Alguns autores afirmam que o ECA, ao buscar proteger os direitos fundamentais da criança e do adolescente (especialmente a dignidade da pessoa humana), se calca em 4 pilares: 1) Condição Especial de Pessoa em Desenvolvimento; 2) Proteção Integral; 3) Atendimento com Prioridade Absoluta; 4) Melhor Interesse
Obs.2: O ECA adota a teoria da concepção, e não a teoria da natividade do Código Civil (ver dispositivo que fundamenta isso).
1.1) Conceito de Criança e Adolescente:
Criança é a pessoa com até 12 anos incompletos. Adolescente é aquele que conta 12 anos completos e 18 incompletos.
Ao completar 18 anos, deixa de ser considerada adolescente e alcança a maioridade civil (art. 5º, CC), a partir de um critério puramente cronológico (não se faz distinções biológicas ou psicológicas acerca da puberdade ou amadurecimento da pessoa).
A distinção entre criança e adolescente tem importância, por exemplo, no que tange às medidas aplicáveis à prática de ato infracional. À criança somente pode ser aplicada medida de proteção (art. 105, ECA), e não medida socioeducativa – estas aplicáveis aos adolescentes.
A emancipação do menor não altera a aplicação do ECA, seja no âmbito civil, seja no âmbito penal. Será considerado capaz civilmente, mas não irá afastar a aplicação do ECA. O critério adotado pelo ECA foi o biopsíquico, e não o instituto da capacidade. Não importa a capacidade para fins de aplicação do ECA, para fins de competência do Juizado ou de atribuição do Promotor de Justiça.
1.2) Competência Legislativa:
	Em relação à proteção à infância e juventude, a competência legislativa é concorrente, e recai sobre a União, os Estados e o Distrito Federal, conforme determina o art. 24, XV, da CRFB.
2) Princípios:
a) Princípio da Proteção Integral (art. 1º): 
Por proteção integral deve-se compreender o conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à tutela da criança e do adolescente (Direitos infanto-juvenis; formas de auxiliar sua família; tipificação de crimes praticados contra crianças e adolescentes; infrações administrativas; tutela coletiva; etc.), não se limitando, como fazia o antigo Código de Menores, a tratar de medidas repressivas contra seus atos infracionais. Assim, o art. 227 da CRFB e o art. 4º do ECA enumeram, exemplificativamente, alguns direitos que cabem à criança e ao adolescente.
Obs.: Com base na doutrina da proteção integral, o ECA elenca de forma minuciosa os direitos fundamentais entre os arts.7º e 69.+
Tal princípio é adotado em observância de que crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento, a quem deve ser dado tratamento especial (art. 6º).
	Absoluta Prioridade
O art. 227 da CRFB e o art. 4º do ECA enumeram, exemplificativamente, alguns direitos que cabem à criança e ao adolescente. Também falam sobre a “absoluta prioridade” que deve ser dada à criança e ao adolescente.
Trata-se de dever que recai sobre a família e o Poder Público de priorizar o atendimento dos direitos de crianças e adolescentes.
Neste sentido, o art. 4º, § único, ECA, destrincha o conceito de prioridade no âmbito do Estatuto, de modo que a garantia de prioridade compreende:
· Primazia de receber socorro;
· Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
· Preferência na formulação e execução de políticas públicas;
· Destinação privilegiada de recursos públicos.
Assim, a decisão do administrador público entre a construção de uma creche e a de um abrigo para idosos, ambos necessários, deverá recair sobre a primeira, conforme determina o art. 4º, § único, ECA.
b) Princípio do Melhor Interesse: 
Trata-se de princípio derivado da doutrina da proteção integral. Este postulado traduz a ideia de que, na análise do caso concreto, os aplicadores do direito (advogado, defensor público, promotor de justiça e juiz) devem buscar a solução que proporcione o maior benefício possível para a criança ou adolescente (Ex.: No estudo da colocação em família substituta, o princípio do melhor interesse se faz presente de forma marcante).
Assim, o princípio do melhor interesse da criança, enfatizado pelo ECA, significa que estas pessoas em desenvolvimento precisam de atenção especial às suas necessidades peculiares. Para tanto, há a previsão da interdisciplinariedade no ECA, como se vê especialmente nos artigos 150 e 151.
	O melhor interesse da criança e do adolescente passa pelo suprimento material, moral, emocional e psicológico, todos com o mesmo peso axiológico, e avaliados de acordo com a fase de desenvolvimento que a criança ou adolescente esteja. É claro que as necessidades de uma criança de um ano são muito diferentes da de uma de dez. 
 
c) Princípio da Municipalização
Direito à Convivência Familiar
1) Princípios que norteiam a família Brasileira:
· Igualdade entre os Filhos (art. 227, §6º, CRFB): A
· Igualdade entre Cônjuges e Companheiros (art. 226, §5º, CRFB): A
· Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CRFB):
· Princípio da Prioridade Absoluta para a Criança e o Adolescente (art. 227, caput, CRFB):
· Princípio da Paternidade Responsável (art. 227, §7º):
· Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente:
O art. 100 do ECA prevê também alguns princípios aplicáveis à família.
Direito à convivência familiar – art. 19, ECA.
2) Família Biológica e Família Substituta:
· Família Biológica / Natural (art. 25 do ECA): A
· Família Extensa (art. 25, § único, ECA):
· Família Sócio-Afetiva: Pode ser considerada família extensa, com base na parte final do art. 25, § único (convivência, afinidade e afeto).
· Família Substituta: A colocação em família substituta, dentre as medidas de proteção, é medida excepcional, que somente será aplicado quando ficar comprovado que a Família Natural e a Família Extensa não podem ou não querem cuidar do filho (art. 101, X, ECA).
O art. 19 do ECA estabelece que a prioridade legal é da família natural. Assim, antes de se optar por uma família substituta, é preciso esgotar as possibilidades de manutenção da criança em sua família natural.
*Programa de Acolhimento Familiar: A família será trabalhada como um todo.
*Família Acolhedora: Colocação da criança em família substituta – Retira do lar e, ao invés de colocar em instituição de acolhimento, são entregue a famílias acolhedoras.
	Não sendo reestruturada a família, passa-se da família acolhedora para a família substituta.
	A colocação em família substituta (guarda, tutela e adoção) apenas poderá ser dadapor autorização judicial.
3) Poder Familiar (art. 1.630, CC – Ler um livro de Direito de Família):
	O Poder familiar é um complexo de direitos e deveres, pessoais e patrimoniais, dos pais com relação aos filhos, em que deve ser exercido sempre em benefício destes.
	Ademais, trata-se de um direito/função, do qual os pais não podem renunciar.
	Os deveres dos pais, no exercício do poder familiar, estão previstos no art. 1.634, CC (Ler em Livro de Direito de Família – Fazer remição no ECA).
	É possível a suspensão (art. 1.637, CC) e a destituição (art. 1.635, V, c/c art. 1.638, CC) do poder familiar. A regra prevalente na doutrina e jurisprudência é de que a destituição do poder familiar é irreversível. Porém, uma doutrina minoritária começa a entender que a destituição pode ser revertida, desde que seja em benefício da criança e do adolescente.
Obs.: A alienação parental é causa de suspensão do poder familiar (art. 6º da Lei 12.318 – fazer remição no CC).
4) Família Substituta:
	O ECA, no art. 28, indica 3 formas de colocação em família substituta: a guarda, tutela e adoção. O princípio que deve nortear a colocação do menor em família substituta é o princípio do melhor interesse.
De acordo com o art. 28, §1º, ECA, sempre que possível, a criança será previamente ouvidos por equipe interprofissional. Em se tratando de adolescente, este será obrigatoriamente ouvido em audiência, sendo determinante seu consentimento, conforme art. 28, §2º.
	O art. 28, §3º, estabelece a preferência a famílias substitutas que tenham alguma relação de parentesco ou afinidade ou afetividade com a criança ou adolescente, em busca de aumentar as chances de sua adaptação à nova família.
	O art. 28, §4º, prevê que, em regra, os grupos de irmãos devem ser mantidos juntos, na mesma família substituta. Apenas se admitirá sua separação excepcionalmente, em atenção ao melhor interesse. Porém, ainda assim, deve-se estimular algum tipo de contato para evitar a perda do vínculo fraternal.
	O art. 29, ECA, impede a colocação em família substituta nos casos de incompatibilidade com a natureza da medida, que nada mais é do que a impossibilidade jurídica do pleito (Ex.: caso do avô que pretender adotar neto – proibição do art. 42, §1º), e nos casos de ambiente familiar inadequado, que é o lar em que seus habitantes façam uso de entorpecentes, pratiquem crimes, prostituição, etc.
	Segundo o art. 30, ECA, o múnus assumido pela pessoa que recebe a criança ou adolescente é de enorme relevância e traz consigo um grande dever de responsabilidade. Por isso, não pode ser transferido a terceiros sem autorização judicial.
	Por fim, de acordo com o art. 31, em regra, não se concede guarda nem tutela a estrangeiro. Para estrangeiro apenas se confere a adoção.
	Ler do art. 28, §5º, ao art. 32, ECA.
4.1) Guarda:
	A guarda é prevista no ECA como uma modalidade de colocação da criança e do adolescente em família substituta (≠ da guarda tratada no Código Civil). 
Aquele que tem a criança ou adolescente sob sua guarda tem o dever de lhe prestar assistência material, moral e educacional. Em decorrência de seu dever de atender ao melhor interesse da criança e do adolescente, o guardião pode opor a terceiros, inclusive, aos pais (art. 33, ECA).
	A guarda possibilita a regularização jurídica de uma situação já consolidada, que é a posse de fato da criança ou adolescente (art. 33, §1º). Passa-se, assim, a qualificar juridicamente esse vínculo de responsabilidade.
	Importante destacar que o deferimento da guarda não faz cessar o poder familiar. Portanto, a guarda é coexistente ao poder familiar. A guarda não altera mudanças substanciais na autoridade exercida pelos genitores, mas apenas se destaca o encargo da guarda e responsabilidade ao detentor de fato da criança ou do adolescente. Assim, como o deferimento da guarda não é definitivo, e não faz cessar o poder familiar, é possível que os pais revertam a situação de guarda, se assim entenderem, conforme art. 35.
Obs.: Como a guarda não gera a perda da autoridade parental / poder familiar, mesmo o genitor que não possua a guarda, continuará legitimado a dar consentimento a este para casar, viajar, entre outras questões, afinal persistirá o poder familiar (E o guardião, pode dar tais consentimentos?).
	Dentre os atributos inerentes à guarda, não está a representação, que deve ser conferida expressamente pelo juiz, em situações especiais, para determinados atos (art. 33, §2º, parte final) (≠ da tutela pois a prerrogativa de representação legal já é inerente a tal medida). Assim, por exemplo, em um processo de adoção, poderá o juiz conceder liminarmente ao adotante, como guardião provisório, a representação para a prática de determinados atos, no interesse da criança ou adolescente.
Obs.: A guarda pode ser objeto de um processo autônomo ou pode surgir em decorrência de uma demanda com pedido de adoção ou de tutela (art. 33, §1º e §2º).
	O art. 33, §4º, ECA, trata do direito de visitação dos pais à criança ou ao adolescente que foi colocado em família substituta. Assim, segundo o dispositivo, a regra é o direito de visitação, e a exceção é que os pais não possam visitar seus filhos, nos casos de guarda voltada à adoção ou de vedação expressa da autoridade judiciária. Ademais, a guarda não retira o dever de prestar alimentos.
Cumpre destacar que o princípio que norteia as decisões em matéria de colocação em família substituta é o do melhor interesse. Assim, a dependência econômica dos pais, como único fundamento, não enseja a concessão de guarda a um terceiro (STJ), mas apenas quando atrelada ao princípio do melhor interesse.
	A guarda, por ser vínculo tênue e transitório, pode ser revogada a qualquer tempo, conforme art. 35.
Obs.: Sobre guardas e benefícios previdenciários – Ver aula 2 de previdenciário – conflito entre o art. 33, §3º, ECA e art. 16, §2º, Lei 8.213.
	Modalidades de Guarda
	Guarda de Fato
	Posse sem vínculo jurídico estabelecido pelo Judiciário, sem amparo jurídico, o que enseja a concessão da guarda estatutária, concedida à luz do ECA, como forma de regularizar essa situação
	Guarda Provisória
	Concedida no início do procedimento de tutela ou adoção (art. 33, §1º e art. 167), por prazo determinado. Esta é concedida no início da marcha processual, exceto na adoção por estrangeiro.
	Guarda Definitiva
	Concedida ao final do processo de guarda, por prazo indeterminado.
	Guarda Excepcional
	Visa atender a situações excepcionais de ausência dos pais (art. 33, §2º), para a representação para a prática de atos determinados.
	Guarda Subsidiada
	Concedida a pessoas que recebem algum tipo de incentivo do Poder Público, ligada ao acolhimento familiar (art. 34).
	Guarda Derivada
	Deferida por ocasião da concessão de tutela (art. 36, § único), já que a concessão da tutela implica necessariamente o dever de guarda.
	Guarda Institucional (do dirigente de entidade de acolhimento institucional)
	Trata-se da guarda do dirigente (diretor) da entidade de acolhimento institucional, que decorre da inserção da criança ou adolescente em programa de acolhimento (art. 92, §1º).
	Guarda para Serviços Domésticos
	Hipótese em que há adolescente em prestando serviço doméstico na casa, mesmo que autorizado pelos pais ou responsáveis (art. 248, ECA).
	Guarda concedido a terceiro na Vara de Família
	Decorre da verificação de que nem o pai nem a mão estão em condições de exercer a guarda (art. 1.584, §5º, CC).
	Guarda de Estrangeiro Refugiado
	Situação em que os pais da criança ou do adolescente estão mortos ou não conseguiram fugir do país de origem; não há amparo legal expresso. Situação jurídica disciplinada pela Lei 9.474/97.
Obs.: A Guarda para Fins Previdenciários é vedada, pois é fraude.
4.2) Tutela:
	Através da tutela, uma pessoa maior assume o dever de prestar assistência material, moral e educacional a criança ou adolescente que não esteja sob o poder familiar de seus pais, bem como lhe administrar os bens (art. 36, caput e § único). O CC, em seu art. 1.728 ao art. 1.766, disciplina longamente o instituto.Obs.: Note-se que na tutela, além dos deveres decorrentes da guarda (assistência material, moral e educacional), conforme art. 36, § único, há também o dever de administrar os bens do tutelado (art. 1.741, CC).
	A tutela é um encargo ou múnus conferido a alguém para que dirija a pessoa e administre os bens de menores de idade que não incide no poder familiar do pai e da mãe. 
Obs.: O tutor é fiscalizado pelo poder público (diferentemente dos pais). Por este motivo é que o art. 44, ECA, afirma que o tutor não pode adotar enquanto não for dada conta de sua administração. Tal impedimento temporário visa evitar que aquele, que tem por dever zela pelo patrimônio do menor colocado sob sua tutela, dilapide o patrimônio e, por via da adoção, tente legitimar seus atos ilícitos, mesmo porque irá adquirir a condição de pai e terá o direito da administração dos bens do filho, conforme art. 1.689, inciso II, CC.
	É cabível quando ambos os pais falecem ou são declarados ausentes ou, ainda, se forem destituídos do poder familiar.
	A tutela transfere ao tutor todos os atributos do poder familiar. Assim, por se tratar de um substitutivo do poder familiar, a tutela contém os poderes de assistência e representação da criança ou do adolescente para os atos da vida civil.
	Portanto, diferentemente da guarda, é pressuposto para a concessão da tutela que seja decretada a perda ou suspensão do poder familiar (art. 36, § único).
Obs.: Não reconhecido o pai, o filho ficará sob a autoridade exclusiva da mãe. Se a genitora não for conhecida ou capaz de exercer o poder familiar, dar-se-á tutor. Assim, a tutela é o instituto jurídico que se presta ao preenchimento da falta do poder familiar.
	A indicação do tutor pode decorrer de declaração de vontade manifestada pelos pais, através de testamento ou outro documento idôneo (art. 37). Contudo, tal nomeação será apreciada pela autoridade judiciária, à luz do princípio do melhor interesse (art. 37, § único).
	Cessa a tutela quando o adolescente alcança a maioridade (art. 36), ou se é concedido o poder familiar, seja através da adoção ou do reconhecimento da filiação, ou, ainda, com o fim da suspensão do poder familiar (restabelecimento do poder familiar suspenso).
4.3) Adoção (art. 39, ECA):
	Segundo o art. 43, a adoção apenas será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando, e fundar-se em motivos legítimos dos adotantes.
Com a adoção, rompem-se os vínculos biológicos, criando-se vínculos com a família adotiva (cancela o registro original pelo registro de adoção – sai uma nova certidão de nascimento, sem nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro – art. 47, §4º, ECA). Conforme o art. 49, ainda que os pais adotivos faleçam e estejam vivos os biológicos, o vínculo da adoção não se desfaz, nem se restabelece o anterior.
Obs.: O ECA trata da adoção de menores de 18 anos, ou quando, ultrapassada essa idade, já estivesse anteriormente sob a tutela ou guarda dos adotantes (art. 39 e art. 40). A adoção de maiores é regida pelo Código Civil, e será processada perante o juízo de família. Contudo, o CC, em seu art. 1.619, determina a aplicação subsidiária do ECA.
	A adoção desvincula totalmente o adotado de sua família de origem, a não ser a fim de respeitar os impedimentos matrimoniais (art. 41, ECA), por razoes eugênicas. Ademais, o direito sucessório tornou-se recíproco entre o adotado, seus descendentes e o adotante e seus parentes sucessíveis (art. 41, §2º).
A partir de 1990, com o advento do ECA, toda adoção deverá ser feita por processo judicial (maior e menor), conforme art. 47, ECA, sendo precedida de um estágio de convivência pelo prazo fixado judicialmente (art. 46, ECA). Ademais, de acordo com o art. 45, ECA, a adoção depende do consentimento dos pais ou representante legal do adotando (já que o vínculo entre eles será extinto), salvo se desconhecidos ou destituídos do poder familiar (art. 45, §1º).
Obs.: O regramento no CC/2002 judicializou todos os processos de adoção, ou seja, todos os processos de adoção devem passar pelo crivo do judiciário, mesmo de maiores de 18 anos, conforme art. 1.619, CC.
(Colocar o art. 47, §9º, no ECA – Lei nova)
	A adoção, por ser um ato personalíssimo, não pode ser feita por procuração (art. 39,§2º, ECA).
	A adoção é irrevogável (art. 39, §1º, ECA), já que extingue o vínculo do adotando com sua família biológica e forma-se um novo com a família do adotante. O mesmo dispositivo afirma que a adoção é medida excepcional, ou seja, primeiro devem ser envidados esforços para que a família natural ou extensa permaneça unida, para somente depois cogitar da colocação em família substituta.
	Natureza Jurídica
(Pegar a divergência sobre a matéria)
Prevalece o entendimento de que a adoção constitui um ato jurídico em sentido estrito, pois, tal como o reconhecimento de filho, tal ato não pode ter seus efeitos modulados, não constituindo, portanto, um negócio jurídico. Assim, os efeitos jurídicos da adoção estão expressamente previstos (art. 227, §6º, CRFB).
4.3.a) Modalidades de Adoção:
Inicialmente, vale destacar que toda adoção gera os mesmos efeitos, pois, de acordo com a doutrina majoritária, trata-se de um ato jurídico em sentido estrito (ver questão da divergência sobre a natureza jurídica), cujas consequências estão previstas legalmente. A presente classificação leva apenas em consideração as características dos adotantes:
· Adoção Póstuma (art. 42, §6º, ECA): É a adoção levada a efeito ainda que o adotante venha a falecer no curso do procedimento, ou antes dele (O STJ admite adoção póstuma mesmo quando o adotante falece antes de ingressar com a demanda de adoção, embora já tivesse tomado providências para sua propositura). É necessário que tenha havido manifestação inequívoca da vontade de adotar, e a comprovação dos requisitos da filiação socioafetiva: tratamento como se filho fosse e conhecimento público dessa condição.
Esta, excepcionalmente, terá efeito ex tunc, retroagindo à data do óbito do adotando, em razão do princípio da saisine (em regra, a adoção produz efeitos ex nunc – a exceção é a adoção póstuma).
· Adoção Conjunta / Bilateral (art. 42, §2º): Casal se apresenta como postulante à adoção, sendo que ambos não possuíam vínculos com o adotando. É necessário que ambos estejam casados ou mantenham união estável, com comprovação da estabilidade da família. Porém, excepcionalmente, conforme art. 42, § 4º, admite-se a adoção conjunta por casal já divorciado ou que já não viva em união estável, desde que atenda ao melhor interesse do adotando.
· Adoção Unilateral (art. 41, § 1º): Adoção do filho do cônjuge ou companheiro (Ex.: Homem, após casar-se com mulher que já tinha filha, adota a criança). Só será alterada uma das linhas de parentesco (materna ou paterna), subsistindo os vínculos de filiação entre a adotada e a cônjuge ou companheira do adotante.
· Adoção Intuito Personae: Trata-se de hipótese trazida por parte da doutrina, na qual os pais biológicos influenciam diretamente na escolha da família substituta. Parte da doutrina não admite esta modalidade, pois gera a possibilidade de que a família substituta remunere os genitores pela adoção. Neste sentido, o CNJ editou a Recomendação nº 8/2012, na qual recomenda aos juízes que se defira a guarda provisória apenas a pessoas e casais habilitados nos cadastros a que se refere o art. 50 do ECA, evitando a comum incidência do art. 50, § 13, III. 
Já para outra corrente, tal modalidade é possível, pois os pais biológicos têm o direito-dever de influir sobre o que lhes parece ser melhor para os eu filho, ainda que isso signifique a transferência do poder familiar (pode se aplicar, por analogia, o art. 45, ECA).
· Adoção Internacional (art. 51): A adoção é considerada internacional com base no local de residência de quem está adotando, independentemente da nacionalidade. 
A adoção é a única forma de colocação de criança ou adolescente em família substituta domiciliada no exterior. Nestes casos, mesmo no curso do processo de adoção, nãoserá concedida guarda aos adotantes (art. 33, §1º).
· Adoção à Brasileira: Hipótese em que uma pessoa registro filho alheiro como próprio. Apesar de não ser modalidade legítima de adoção, e constituir crime do art. 242, CP, e, embora tal registro seja teoricamente nulo, por decorrer declaração falsa, a doutrina e jurisprudência mais modernas consideram este vínculo irrevogável, com base na paternidade/filiação socioafetiva, considerando o afeto envolvido entre as partes. Soluciona-se o caso com base na socioafetividade (art. 227, § 6º, CRFB – envolve não apenas a adoção, mas também parentescos de outra origem – art. 1.593, CC), e não com base na existência de vício/nulidade. 
Isso, porque, para o STJ, a filiação socioafetiva constitui uma relação de fato que deve ser reconhecida e amparada juridicamente.
Segundo o STJ, nestes casos, descabe imposição de sanção estatal, em consideração ao princípio do melhor interesse da criança. Contudo, tal nulidade somente pode ser vindicada por aquele que teve sua filiação falsamente atribuída. 
4.3.b) Outras Questões:
· Adoção do Nascituro: Trata-se de tema que gera divergência doutrinária. Parcela da doutrina admite tal hipótese, por considerar que o nascituro é um ser humano, incluído no conceito de criança, pelo que pode ser sujeito de direitos. 
Já para outra corrente, entende-se ser temerário conceder adoção em tal hipótese. Primeiro, porque o ECA exige que haja estágio de convivência entre adotante e adotado, o que é biologicamente impossível em se tratando do nascituro. Segundo, porque deve-se considerar criança a pessoa com zero a 12 anos de idade incompletos, e o nascituro não se encaixa nesse conceito. Terceiro, porque o ECA busca a preservação da família natural, de modo que, se a mãe, durante a gestação, manifesta interesse em entregar seu filho à adoção, o art. 8º, §5º, determina seu encaminhamento à assistência psicológica.
· Adoção fora ou sem seguir o Cadastro de Postulantes: Além das hipóteses de adoção fora do cadastro previstas no art. 50, § 13 (cuja condição é ser domiciliado no Brasil), admite-se, também, excepcionalmente, modificações na ordem cronológica de adoção, em atenção ao melhor interesse do adotando.
· Efeitos da Adoção: A sentença que julga a adoção tem natureza constitutiva, pois opera uma modificação no estado jurídico das pessoas envolvidas, cirando para as partes um vínculo antes inexistente.
Obs.: Diz-se que a sentença de adoção é formalmente una, e materialmente diversa, pois também será desfeito o poder familiar dos pais biológicos.
	Seus efeitos, em regra, serão ex nunc, e, excepcionalmente, no caso da adoção póstuma, os efeitos são também ex tunc, pois alcançam a data do óbito, conforme art. 47, §7º (isso transforma em sentença declaratória?). Vale destacar que, para parte da doutrina, o art. 199-A, revogou a primeira parte do art. 47, §7º, no que diz respeito à exigência do trânsito em julgado para que a sentença de adoção passe a produzir efeitos. Assim, a regra seria a produção de efeitos desde a prolação da sentença, e não a partir do trânsito em julgado.
	Guarda
	Tutela
	Adoção
	Obriga a prestar assistência material, moral e educacional (art. 33)
	Engloba o dever de guarda (art. 36, § único, ECA e art. 1.740, CC) e o de administração de bens do tutelado (art. 1.741, CC)
	Forma vínculo de poder familiar (art. 41)
	Não implica perda ou suspensão do poder familiar, mas o guardião pode-se opor aos pais (art. 33)
	Demanda necessariamente a perda ou suspensão do poder familiar (art. 36, § único)
	É necessária a perda do poder familiar dos pais biológicos, cujo pedido deve ser expresso na ação de adoção
	Destinada a regularizar posse de fato do menor
	Destinada ao amparo e à administração dos bens do menor em caso de falecimento dos pais, ausência ou perda do poder familiar (art. 1.728)
	Objetiva a criação do vínculo de paternidade/maternidade
	Em regra, é deferida no curso dos processos de tutela e adoção, exceto adoção internacional (art. 33, §1º). Cabível também como pedido autônomo em caso de falta eventual de pais ou responsável (art. 33, §2º)
	É possível a concessão de guarda no curso do processo de tutela (art. 33, §1º)
	É possível a concessão de guarda no curso do processo de adoção (art. 33, §1º). Em processo de adoção internacional, não se defere pedido de guarda (art. 33, §1º, e art. 52, §8º)
	É revogável (art. 35)
	É revogável (art. 1.764, III, CC)
	É irrevogável (art. 39, §1º)
	Não há mudança de nome da criança ou do adolescente
	Não há mudança de nome
	O adotado recebe o sobrenome do adotante e pode haver modificação do prenome (art. 47, §5º e §6º)
(Imprimir art. 70-A e 70-B)
Medidas Protetivas e Medidas Socioeducativas
	As medidas protetivas não pressupõem a prática de um ato infracional, e podem ser aplicadas a crianças e adolescentes.
A aplicação de medidas protetivas é dada ao juízo, ao MP e até mesmo ao conselho tutelar, mas a aplicação de medidas socioeducativas é privativa do juízo. Veja a súmula 108 do STJ:
“Súmula 108, STJ: A aplicação de medidas sócio-educativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.”
O adolescente flagrado em prática de ato infracional que não perturbe a ordem pública com sua gravidade ou repercussão será entregue a seus responsáveis, na forma do artigo 174 do ECA:
“Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e respo, nsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.”
Não sendo caso de liberação, o adolescente será remetido imediatamente à oitiva pelo MP. Se o parquet entender que há a materialidade e indícios de autoria, oferecerá a representação ao juízo, ato que é absolutamente similar a uma denúncia criminal.
	A internação antes da representação é questão controvertida, mas a redação do artigo 171 do ECA ajuda a solucionar:
“Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.”
	Interpretado literalmente este dispositivo, entende-se – o que é majoritário – que é possível a internação provisória, nas mesmas bases cautelares da prisão preventiva do adulto. Há que se ter em mente, porém, que a internação é medida excepcional, sempre, e por isso esta natureza ultima ratio deve sempre ser observada.
	Já a possibilidade de internação provisória, após a representação mas antes da sentença, é admitida de forma incontroversa, diante da leitura do artigo 108 do ECA, mas também com a atenção à cautelaridade e excepcionalidade. Veja:
“Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.”
	Um instituto próprio do ECA, trazido no artigo 126, é a remissão:
“Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.”
	Quanto à remissão concedida pelo MP, questiona-se se seria constitucional, quando o MP impõe em conjunto uma medida socioeducativa qualquer. Isto porque se equipara, para parte da doutrina, a uma verdadeira transação penal, e por isso a aceitação pelo adolescente deveria ser fundamental, e como não há defesa técnica acompanhandoo adolescente na oitiva informal, não teria valor sua manifestação desassistida. Esta corrente não prevalece, pois a maioria entende que a aceitação da remissão é dispensada, eis que o ECA assim não exige.

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