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Fichamento de Filosofia da Educação - Para além da teoria da curvatura da vara

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Nome: Aline Neves de Melo
	Assunto: Para além da curvatura da vara. (p.69-89). Cap. 3
	Fonte: SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.
	FICHAMENTO
Nesse capítulo o autor tem como objetivo mostrar um outro lado dos ideais escolanovista e da escola tradicional, utilizando-se de três teses:
· O caráter reacionário da pedagogia da essência (pedagogia tradicional) e o caráter reacionário da pedagogia da existência (pedagogia nova).
O autor diz que ambas as pedagogias se equivalem, pois, são provenientes de uma concepção humanista, que se centra na vida, na existência e no intelecto, na essência, no conhecimento, ou seja, as expressões “pedagogia nova” e “pedagogia da existência” se equivalem sob a condição de inferiorizar a primeira à pedagogia escolanovista e a segunda, à pedagogia existencialista. Saviani demostra a primeira tese através da historicização da passagem de uma percepção igualitária para uma pedagogia de diferenças, que teve como consequência a justificação de privilégios, acrescentando que ambas são ingênuas e não críticas, pelo fato de lhes faltar a consciência dos condicionantes históricos-sociais da educação. A passagem de uma percepção a outra ocorre, pois, a burguesia denuncia através da Escola Nova o caráter mecânico da escola tradicional e ao reconhecer e ceder às pressões contra o cunho formalista e estático dos conhecimentos transmitidos pela escola, o movimento da Escola Nova funcionou como ferramenta para volta de uma hegemonia burguesa. Isso porque moldaram os anseios populares aos interesses burgueses, dando a essa futura classe dominante a imagem de principal interessada na reforma do ensino. O autor também levanta a ideia de uma pedagogia revolucionária, que não possui necessidade de negar a essência para admitir a natureza dinâmica da realidade como o faz a pedagogia da existência, nem negar o movimento para captar a essência do processo histórico como faz a pedagogia da essência, ou seja, a pedagogia revolucionaria situa-se além das pedagogias da essência e da existência.
· O caráter cientifico do método tradicional e do caráter pseudocientífico dos métodos novos.
O autor questiona a crítica escolanovista sobre o método tradicional de ensino, dizendo que esse método se solidificou na prática pedagógica em escolas como mecânico, repetitivo, desvinculado das razões que o justificavam. Essas críticas provenientes da Escola Nova tiveram o efeito de melhorar a educação das elites e frustrar ainda mais a educação das massas. E ao expandir sua influência nos ideais pedagógicos nas escolas da rede oficial, contribuiu para o afrouxamento da disciplina e pela secundarização da transmissão dos conhecimentos, desorganizando o ensino das referidas escolas. Daí surge a indagação de que se os métodos da Escola Nova aprimoraram o ensino das elites porque não obteve os mesmos resultados na educação das massas? Se os escolanovistas propõe uma escola mais bem equipada, menor número de alunos em sala de aula, se se trata de uma escola mais agradável capaz de interessar os alunos e estimulá-los à iniciativa, por que não implantar esse tipo de escola exatamente para as camadas populares que precisam desse modelo de escola? A partir disso o autor diz que surgiram novas tentativas de uma “Escola Nova Popular” e uma das tentativas que o autor destaca é a do Movimento Paulo Freire de Educação que difere da Escola Nova propriamente dita, no fato de que Paulo Freire se empenhou em colocar sua percepção em prol dos interesses da camada popular. Contudo, quando esse questionamento se tornou mais forte e começaram a visar na incorporação dos métodos da Escola Nova numa pedagogia popular, a elite ou os que não se beneficiariam com a população bem instruída, recorrem aos meios de comunicação em massa e as tecnologias de ensino para recompor a hegemonia burguesa. Então, passa-se a minimizar a importância da escola a se falar em educação informal, permanente e etc., pois, como o autor relata, quem defende a desescolarização são os já escolarizados.
Assim o autor propõe um método de ensino no qual o 1º passo para o ponto de partida do ensino seria a prática social na qual a iniciativa é comum ao professor e ao aluno; o 2º passo se refere a problematização, a identificação dos principais problemas postos pela prática social; o 3º passo a instrumentalização, trata-se de se apropriar dos instrumentos teóricos e práticos necessários para resolver os problemas detectados na prática social; 4º passo a catarse, sugere a efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados em elementos ativos de transformação social; e finalmente o 5º passo onde o ponto de chegada é a própria pratica social compreendida agora não mais de modo indiferenciado pelos alunos, ou seja, o aluno começa a se elevar ao nível do professor.
· Quando menos se falou em democracia no interior da escola mais ela esteve articulada com a construção de uma ordem democrática; e quando mais se falou em democracia no interior da escola menos ela foi democrática.
Nessa terceira tese o autor procura evidenciar como a Escola Nova, que considera a pedagogia tradicional como autoritária, e se proclama democrática, reforçou as desigualdades, obtendo um efeito socialmente antidemocrático. O autor discorre que o critério para avaliar o grau de democratização no interior das escolas deve ser buscado na pratica social, além de criticar que agir como se a igualdade já estivesse instaurada desde o princípio resulta numa atitude pseudodemocrática, porque se as condições de igualdade já estão dadas desde o início, então já não será necessário à sua realização no ponto de chegada, tornando o processo educativo sem sentido. Também mostra o paradoxo que existe na Escola Nova e a contradição interna que está presente do começo ao fim em sua proposta pedagógica: de tanto exaltar o processo e valorizá-lo por si só, acabou por transformá-lo em algo místico, uma imagem vazia de conteúdo e sentido. Chegando, portanto, a conclusão de que o processo educativo é a passagem da desigualdade à igualdade, sendo só possível considerá-lo democrático sob a condição de se distinguir a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade no ponto de chegada.

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