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Prévia do material em texto

Aspectos Reprodutivos 
Aplicados à Inseminação 
Artificial em Bovinos
2018
Santa Maria - RS
Neventon Ubirajara Moreira de Carvalho
Andressa Minussi Pereira Dau
Joabel Tonellotto dos Santos
Matheus Pedrotti de Cesaro
Paulo Roberto Antunes da Rosa
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Equipe de Elaboração
Colégio Politécnico da UFSM
Reitor
Paulo Afonso Burmann/UFSM
Diretor
Valmir Aita/Colégio Politécnico
Coordenação Geral da Rede e-Tec/UFSM
Paulo Roberto Colusso/CTISM
Professor-autor
Neventon Ubirajara Moreira de Carvalho/Colégio 
Politécnico
Andressa Minussi Pereira Dau/Colégio Politécnico
Joabel Tonellotto dos Santos/Colégio Politécnico
Matheus Pedrotti de Cesaro/Colégio Politécnico
Paulo Roberto Antunes da Rosa/Colégio Politécnico
Equipe de Acompanhamento e Validação
Colégio Técnico Industrial de Santa Maria – CTISM 
Coordenação Institucional
Paulo Roberto Colusso/CTISM
Coordenação de Design
Erika Goellner/CTISM
Revisão Pedagógica
Juliana Prestes de Oliveira/CTISM
Revisão Textual
Juliana Prestes de Oliveira/CTISM 
Revisão Técnica
Melânia Lazzari Rigo/Colégio Politécnico
Ilustração
Marcel Santos Jacques/CTISM
Morgana Confortin/CTISM
Ricardo Antunes Machado/CTISM
Diagramação
Carolina Morais Weber/CTISM
Emanuelle Shaiane da Rosa/CTISM
Tagiane Mai/CTISM
© Colégio Politécnico da UFSM
Este caderno foi elaborado pelo Colégio Politécnico da Universidade Federal de 
Santa Maria para a Rede e-Tec Brasil.
A838 Aspectos reprodutivos aplicados à inseminação artificial em 
bovinos / Neventon Ubirajara Moreira de Carvalho ... [et al.]. – 
Santa Maria, RS : Universidade Federal de Santa Maria, Colégio 
Politécnico da UFSM : Rede e-Tec Brasil, 2018.
88 p : il. ; 28 cm
ISBN 978-85-9450-044-1
1. Bovinocultura 2. Bovinos – Inseminação artificial 
3. Bovinos – Manejo reprodutivo 4. Bovinos – Reprodução – 
Anatomia e fisiologia I. Carvalho, Neventon Ubirajara Moreira 
de II. Título
 CDU 619:636.2.082.4 
 636.2.082.453.5
Ficha catalográfica elaborada por Alenir Inácio Goularte – CRB-10/990
Biblioteca Central da UFSM
e-Tec Brasil3
Apresentação e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo a Rede e-Tec Brasil!
Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma 
das ações do Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e 
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo 
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação 
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando caminho 
de o acesso mais rápido ao emprego.
É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre 
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias 
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de 
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos 
e o Sistema S.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande 
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao 
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da 
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou 
economicamente, dos grandes centros.
A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, 
incentivando os estudantes a concluir o ensino médio e realizar uma formação 
e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação 
profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das 
instituições quanto em suas unidades remotas, os polos. 
Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional 
qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz 
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com 
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, 
familiar, esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Abril de 2018
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
e-Tec Brasil5
Indicação de ícones
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de 
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.
Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o 
assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao 
tema estudado.
Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão 
utilizada no texto.
Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes 
desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, 
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes 
níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e 
conferir o seu domínio do tema estudado. 
e-Tec Brasil
Sumário
Palavra do professor-autor 9
Apresentação da disciplina 11
Projeto instrucional 13
Aula 1 – Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 15
1.1 Aspectos socioeconômicos da bovinocultura 15
1.2 Histórico e aspectos socioeconômicos da inseminação 
artificial 22
Aula 2 – Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 31
2.1 Anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor do touro 31
2.2 Anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor da vaca 38
Aula 3 – Manejo reprodutivo de bovinos 53
3.1 Seleção de touros para reprodução 53
3.2 Diagnóstico de gestação e descartes 54
3.3 Manejo de novilhas 55
3.4 Intervalo entre partos: aspectos econômicos e 
alternativas 56
3.5 Comportamento de cio 60
3.6 Inseminação artificial e controle do ciclo estral 62
Aula 4 – Manual prático de inseminação artificial bovina 65
4.1 Condições para realização da inseminação artificial 65
4.2 Manifestação de cio (estro) nos bovinos 72
4.3 Manejo da IA em bovinos 74
4.4 Inseminação artificial passo a passo 75
Gabarito 84
Referências 86
Currículo do professor-autor 87
e-Tec Brasil9
Palavra do professor-autor
Caro leitor,
Gostaríamos de compartilhar brevemente a origem deste livro. Em 2013, 
surgiu a oportunidade de realizarmos um curso sobre “Aspectos Reprodu-
tivos de Ovinos e Bovinos e Inseminação Artificial de Bovinos”, ainda como 
alunos do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da 
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com apoio do Laboratório de 
Biotecnologia e Reprodução Animal (BioRep) e em parceria com o Professor 
Neventon Ubirajara Moreira de Carvalho, no Colégio Politécnico da UFSM. A 
partir daí, escrevemos um projeto de ensino sobre inseminação artificial em 
bovinos, o qual nos proporcionou suporte para a realização de novos cursos 
de inseminação artificial em bovinos para os alunos do curso Técnico em 
Agropecuária do Colégio Politécnico da UFSM. 
Dessa forma, surgiu a necessidade de criarmos um caderno didático para 
dar suporte aos conteúdos abordados nos cursos. Ao escrevermos o caderno 
didático, percebemos que além de ser um material auxiliar no aprendizado de 
quem busca informações específicas sobre inseminação artificial em bovinos, 
poderia também ser utilizado como recurso didático complementar em cursos 
das áreas agrárias, tanto de nível técnico como superior. Assim, buscamos 
abordar conteúdos teóricos sobre a reprodução bovina de forma simples, 
ilustrada e aplicada à prática de campo, com ênfase na inseminação artificial 
de bovinos. 
Ainda foram realizados, pelos autores deste livro, cursos de inseminação 
artificial cervical em ovinos no Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Cam-
pus Sertão e, recentemente, curso de inseminação artificial em bovinos no 
Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Rolante. A realização desses 
cursos, nas diferentes regiões, auxiliou para a compreensão dos autores sobre 
as principais dificuldades encontradas pelos alunos para o entendimentodos 
aspectos reprodutivos, o que contribuiu para a confecção de um material 
capaz de proporcionar o desenvolvimento de habilidades e competências de 
produtores rurais e profissionais da área com diferentes níveis de conhecimento. 
Esperamos que este material didático elucide alguns pontos sobre os aspectos 
reprodutivos de bovinos.
Boa leitura! 
Neventon Ubirajara Moreira de Carvalho
Andressa Minussi Pereira Dau
Joabel Tonellotto dos Santos
Matheus Pedrotti de Cesaro
Paulo Roberto Antunes da Rosa
e-Tec Brasil 10
e-Tec Brasil11
Apresentação da disciplina
A Inseminação Artificial (IA) é uma das biotécnicas reprodutivas mais básicas e 
simples aplicadas a bovinos, de maneira que, quando utilizada corretamente, 
seus benefícios são incalculáveis. Este livro foi concebido com o objetivo de 
ser usado como fonte de consulta sobre a temática, no meio acadêmico e 
técnico das ciências agrárias, além de auxiliar como material didático durante 
cursos de IA. 
De forma didática, simples e atual buscamos proporcionar ao leitor o entendi-
mento da fisiologia reprodutiva da fêmea e do macho bovino, de modo que, 
aliado ao manejo reprodutivo, seja possível alicerçar o conhecimento para a 
realização, passo a passo, da prática da IA. Além disso, a partir do histórico 
desta biotécnica e do cenário da pecuária bovina do Brasil frente ao mundo, 
vislumbramos perspectivas para os próximos anos.
Esperamos que a leitura seja agradável e as figuras e ilustrações esclarecedoras.
e-Tec Brasil
Disciplina: Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinos 
(carga horária: 40h).
Ementa: Aspectos socioeconômicos da bovinocultura e da inseminação artificial e 
suas implicações na criação de bovinos. Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 
de machos e fêmeas, direcionada para a aplicação da inseminação artificial em 
bovinos. Manejo reprodutivo de bovinos, destacando o manejo de touros, novilhas 
e vacas, e os pontos críticos a serem considerados na reprodução bovina. Explicação 
prática sobre como, onde e quando realizar a inseminação artificial em bovinos. 
AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAIS
CARGA 
HORÁRIA
(horas)
1. Introdução: 
bovinocultura 
e inseminação 
artificial
Caracterizar a bovinocultura de corte e de 
leite no mercado brasileiro e mundial.
Determinar o que alavancou a aplicação da 
inseminação artificial em bovinos.
Identificar as vantagens socioeconômicas 
da técnica de inseminação artificial na 
bovinocultura.
Ambiente virtual: plataforma 
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links, 
exercícios.
04
2. Anatomia 
e fisiologia 
reprodutiva bovina
Identificar estruturas anatômicas do aparelho 
reprodutivo de touros e vacas.
Compreender a função de cada estrutura 
anatômica, para o perfeito funcionamento 
reprodutivo de bovinos.
Identificar o local de produção e ação dos 
hormônios reprodutivos em touros e vacas. 
Ambiente virtual: plataforma 
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links, 
exercícios.
08
3. Manejo 
reprodutivo de 
bovinos
Identificar os principais pontos que devem 
ser considerados no manejo reprodutivo de 
touros, novilhas e vacas.
Caracterizar os fatores determinantes para 
atingir um adequado intervalo entre partos, 
na bovinocultura de leite e de corte.
Compreender o comportamento de cio 
de vacas e as alternativas envolvidas na 
manipulação do ciclo estral.
Ambiente virtual: plataforma 
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links, 
exercícios.
08
4. Manual prático 
de Inseminação 
artificial bovina 
Identificar as condições necessárias para 
a realização da inseminação artificial em 
bovinos.
Caracterizar a manifestação de cio em vacas, 
para a realização da inseminação artificial.
Compreender a técnica de inseminação 
artificial.
Ambiente virtual: plataforma 
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links, 
exercícios.
20
Projeto instrucional
e-Tec Brasil13
e-Tec Brasil
Aula 1 – Introdução: bovinocultura e 
 inseminação artificial 
Objetivos
Caracterizar a bovinocultura de corte e de leite no mercado brasi-
leiro e mundial.
Determinar o que alavancou a aplicação da inseminação artificial 
em bovinos.
Identificar as vantagens socioeconômicas da técnica de inseminação 
artificial na bovinocultura. 
1.1 Aspectos socioeconômicos da 
 bovinocultura
Com o propósito de demonstrar o panorama da bovinocultura, no Brasil e no 
mundo, apresentaremos, em um primeiro momento, alguns dados relevantes 
deste segmento do agronegócio. Da mesma forma, situaremos este setor no 
mercado nacional e mundial de carne e leite.
De maneira bastante ampla, o conjunto de atividades ligadas à produção e 
comercialização de produtos agrícolas e pecuários corresponde ao agrone-
gócio, e são de fundamental importância para o crescimento do país. Como 
forma de demonstrar a importância do agronegócio, destacamos que 21,3 % 
(R$ 1,178 trilhões) do Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 (R$ 5,5 trilhões) 
foi referente a esse setor da economia. Desses R$ 1,178 trilhões, referente 
ao agronegócio, R$ 800,6 bilhões (67,9 %) foram proveniente da agricultura 
e R$ 378,3 bilhões (32,1 %) da pecuária (Figura 1.1). Além disso, apesar do 
encolhimento da economia nacional de 3,8 % em 2015 em comparação com o 
ano anterior, segundo o PIB, somente a agropecuária, entre os setores utilizados 
para o cálculo do PIB, obteve alta (1,8 %) nesse período, principalmente pelo 
soja, milho e carne bovina.
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 15
Figura 1.1: Participação do agronegócio no PIB do Brasil em 2014
Fonte: CTISM, adaptado por Matheus Pedrotti de Cesaro de www.cnabrasil.org.br
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), de 2014, o Brasil possui 212,3 milhões de cabeças de gado, sendo 
considerado o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, atrás da Índia, 
e o maior rebanho comercial. Além disso, desde 2004 nosso país assumiu a 
liderança mundial nas exportações de carne bovina. Atualmente, o Brasil é o 
segundo maior produtor de carne e o quarto maior produtor de leite.
A pecuária bovina faz parte dos pilares do agronegócio brasileiro e, con-
sequentemente, da economia nacional. O Valor Bruto da Produção (VBP) 
para a agropecuária brasileira foi recorde em 2015, com um montante de 
R$ 498,5 bilhões. Quando levado em conta somente a pecuária brasileira, a 
cifra do VBP ficou em R$ 177,5 bilhões, de modo que, para a bovinocultura 
de carne, o valor ficou em R$ 73,8 bilhões e para o de leite R$ 27,8 bilhões. 
As cifras enormes para o agronegócio serão uma constante, visto que a 
população mundial crescerá em torno de 30 % até 2050 (de 7,3 bilhões 
de pessoas em 2015 para próximo de 10 bilhões em 2050). Entretanto, 
na contramão do crescimento populacional está a quantidade de pessoas 
produzindo alimentos, uma vez que, a partir de 2010, a população mundial 
urbana passou a ser maior que a população rural e, acredita-se que, até 2050 
para cada 70 habitantes nas cidades haverá somente 30 produzindo alimentos 
no meio rural. Dessa forma, as ferramentas que proporcionem a maximização 
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 16
da produtividade, por exemplo, na bovinocultura as biotécnicas reprodutivas 
como a inseminação artificial, serão cada vez mais indispensáveis para suprir 
as necessidades do planeta.
1.1.1 Bovinocultura de corte
No que diz respeito a produção mundial de carnes, dentre as proteínas de 
origem animal analisadas pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação (FAO), a carne bovina encontra-se na terceira posição (21,81 %), 
atrás da carne de suíno (37,93 %) e frango (35,79 %) (Figura 1.2). A tendência 
para os próximos anos é o aumento da produção de todos os tipos de carnes.
Figura 1.2: Produção mundial de carnes
Fonte: CTISM, adaptado de FAO, 2015
Segundo o Departamento de Agricultura dosEstados Unidos (United States 
Department of Agriculture – USDA), atualmente a produção de carne bovina 
mundial é pouco maior que 59 milhões de toneladas. Desse total, os Estados 
Unidos são os maiores produtores, com 19,2 % (11,6 milhões de toneladas), 
seguidos pelo Brasil (16,3 % – 9,6 milhões de toneladas) e União Europeia 
(13,0 % – 7,6 milhões de toneladas). De forma que, a somatória dos 3 maiores 
produtores de carne bovina concentra quase metade do total.
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 17
Entretanto, o consumo dessa proteína animal é bastante discrepante entre 
países. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-
nômico (OECD), a média de consumo per capita no mundo, em 2015, foi de 
6,4 kg, mostrando que fatores culturais e socioeconômicos alteram significa-
tivamente o consumo. Por exemplo, Uruguai (46,3 kg), Argentina (40,4 kg), 
Paraguai (25,6 kg), EUA (24,7 kg) e Brasil (24,1 kg) apresentaram o maior 
consumo per capita entre os países analisados. De modo contrário, a 
China (3,8 kg), Haiti (3,4 kg), Etiópia (2,5 kg) e Índia (0,5 kg) ficaram abaixo 
da média mundial para o consumo de carne bovina. Projeções mundiais, 
apontadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 
indicam um aumento do consumo e exportação de carne bovina até 2023, 
necessitando assim, aumentar a produção para possibilitar um equilíbrio entre 
oferta e demanda.
Diante desse cenário, a grande maioria (em torno de 80 %) da produção 
nacional de carne bovina é necessária para abastecer o mercado interno, 
porém, ainda é exportado uma quantidade considerável. Segundo a FAO, 
em 2014 as exportações brasileiras desta commodity foram próximas de 
1,7 milhões de toneladas, ao passo que os EUA importaram em torno de 
0,5 milhões de toneladas. Buscando-se manter como maior exportador de 
carne bovina, posto que sustenta desde 2008, segundo a Associação Brasileira 
das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), o Brasil exportou carne bovina 
in natura e industrializada para 151 e 103 países, respectivamente, em 2014. 
Um dos motivos que torna o Brasil competitivo no mercado da carne é a 
forma de criação de bovinos. Em geral, o gado brasileiro é criado de forma 
extensiva, ou seja, no pasto. Isso fica bastante claro, pois a maior concentração 
de animais se encontra na região centro-oeste do país (39 %), na qual existem 
grandes fazendas voltadas para este mercado. Outro fato importante para 
a competitividade desse segmento no mercado mundial é que, no Brasil, 
poucos animais são terminados em confinamento, assim é produzida carne 
bovina com um baixo preço. 
Nesse contexto, a variação na precipitação pluviométrica que interfere dire-
tamente nas pastagens pode influenciar a oferta de gado, entretanto, devido 
ao amplo território nacional essas perdas são diluídas. Também em função 
da distribuição de fazendas por todos os estados, o Brasil tem capacidade de 
atender diferentes nichos de mercado, desde carnes mais nobres até cortes 
com menor valor. Por outro lado, temos um grande problema de baixa pro-
dutividade por área, principalmente pela degradação das terras, que fazem 
com que a média nacional para criação de gado seja um pouco acima de 
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 18
1 animal/ha. Além disso, ainda é baixa a utilização das biotécnicas reprodutivas 
de maior alcance, tais como a inseminação artificial, visando o melhoramento 
dos rebanhos. Assim, observa-se que melhorias e manutenções de áreas, 
somadas a busca por excelentes condições sanitárias e melhoramento genético 
dos animais, proporcionariam vislumbrar maiores ganhos de produtividade.
1.1.2 Bovinocultura de leite
No Brasil, a pecuária leiteira é uma das atividades mais tradicionais no meio 
rural, sendo que, no último censo agropecuário (IBGE, 2006), existiam aproxi-
madamente 1,35 milhões de estabelecimentos que produziam leite. Esse valor 
era aproximadamente 25 % do total de propriedades rurais (5,2 milhões), e 
envolvia cinco milhões de pessoas. No entanto, o potencial desse segmento 
agropecuário ainda não é traduzido em alta produtividade, revelando que o 
Brasil ainda necessita de importação de leite para atender a demanda interna 
(diferente do que ocorre no mercado de carnes), mesmo sendo o quarto 
maior produtor de leite mundial em 2013 (34,3 milhões de litros), atrás dos 
EUA (91,3 milhões de litros), Índia (60,6 milhões de litros) e China 
(35,7 milhões de litros).
Um dado bastante alarmante para o nosso país é que precisamos de um 
grande número de animais ordenhados para obtermos a nossa produção 
atual. Por exemplo, em 2014, o Brasil só ordenhou menos vacas que a Índia. 
Segundo os dados do IBGE de 2014, durante um ano de lactação, a produ-
ção brasileira diária de leite, por animal, foi muito abaixo de outros países, 
próxima de 4 litros, enquanto a média mundial foi 15 litros, refletindo direta 
e negativamente a baixa produtividade. Dessa forma, a média do Brasil (2014) 
ficou em 1525 litros de leite/vaca/ano, mesmo com crescimento de 2,2 % em 
relação a ano anterior. 
O potencial de crescimento do leite de vaca, no Brasil, é facilmente observado, 
pois, se dobrarmos a produção de litros de leite/vaca/ano, sem alterar a quan-
tidade de vacas ordenhadas (aproximadamente 23 milhões), passaríamos de 
35174 bilhões de litros de leite, em 2014, para mais de 70 bilhões, ficando 
como a segunda potência em produção absoluta e, assim, atenderíamos o 
mercado interno e exportaríamos o excedente. Essa perspectiva de melhora 
na produção (3050 litros de leite/vaca/ano) ainda seria 3,6, 3,2 e 2,8 vezes 
menor que a média de Israel (11038 litros de leite/vaca/ano), Estados Unidos 
(9902 litros de leite/vaca/ano) e Canadá (8739 litros de leite/vaca/ano) em 
2013, respectivamente.
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 19
Quando comparado a produção por estados brasileiros observa-se variações 
enormes, dentre as quais o Rio Grande do Sul apresentou a melhor média 
(3034 litros de leite/vaca/ano) e Roraima a média mais baixa (345 litros de 
leite/vaca/ano). De forma semelhante, a produtividade dos três estados da 
região Sul (média de 2785 litros de leite/vaca/ano) foi a principal responsável 
pela produção nacional, com 34,7 %, seguido pela região Sudeste (34,6 %), 
Centro-Oeste (14,1 %), Nordeste (11,1 %) e Norte (5,5 %) (Figura 1.3). 
Figura 1.3: Produção de leite por região do Brasil em 2014 (% do total)
Fonte: CTISM, adaptado de Indicadores IBGE – Estatística da Produção Pecuária
Interessante destacar que, entre os 100 maiores produtores de leite 
do Brasil em 2014, a grande maioria (55 locais) encontra-se no Sudeste 
(SP:44; MG:10; ES:1), sendo menos da metade (25 locais) encontrados 
no Sul (PR:18; RS:7) e, por fim, o Centro-Oeste (GO:10) e o Nordeste 
(CE:6; BA:2; AL:1; RN:1) (com 10 locais cada). 
Além disso, segundo dados do IBGE de 2011, foi observado que menos de 
10% dos estabelecimentos que produziram leite foram responsáveis por mais 
da metade da produção, sugerindo assim, que em um grande número de 
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 20
estabelecimentos rurais, destinados a produção de leite, são utilizados animais 
com baixa ou nenhuma aptidão para produção leiteira, manejo reprodutivo 
deficitário e baixa tecnificação da propriedade.
Mesmo com muitas dificuldades, a produção de leite vem crescendo no Brasil 
ano após ano. Um bom indicador disso é que no período de 2000 a 2014 
ocorreu um aumento de 77,5 % na produção de leite. Concomitantemente 
a isso, nesse mesmo período, houve crescimento de 29 % na quantidade 
de animais ordenhados (Figura 1.4). Além disso, segundo o Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a estimativa é que a produção 
brasileira de leite cresça de 2,4 a 3,3 % ao anoaté 2025. Outro aspecto 
importante foi que, no período entre 2006 e 2010, o Brasil foi o segundo país 
em aumento absoluto da produção de leite, ficando atrás apenas da Índia. 
Figura 1.4: Evolução da produção de leite e número de animais ordenhados no Brasil, 
1990/2014 
Fonte: CTISM, adaptado de IBGE
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 21
Apesar do aumento no consumo de leite e de produtos lácteos, no Brasil, e 
com estimativa de aumento de 26,7 % até 2025, a média de consumo da 
população se encontra abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde e 
pela Organização Mundial da Saúde. Para esses órgãos, uma pessoa deveria 
consumir cerca de 200 litros de leite por ano, porém, atualmente no Brasil a 
média está próxima de 175 litros de leite/habitante/ano, inferior aos valores, 
analisados em 2012, do Uruguai e da Argentina, que consumiram em média 
246 e 214 litros de leite/habitante/ano, respectivamente.
Com base nos dados do Brasil, em comparação aos outros países, podemos 
inferir que, apesar de estarmos longe de valores ideais, temos um grande 
potencial de crescimento. Esse crescimento está ocorrendo e o cenário que 
está sendo desenhado para a pecuária leiteira é promissor.
1.2 Histórico e aspectos socioeconômicos 
 da inseminação artificial
A compreensão do histórico da inseminação artificial nos permite observar 
a sua evolução, desde a origem da técnica até o seu uso em larga escala 
como ferramenta para ganhos econômicos na bovinocultura. Ainda, podemos 
identificar descobertas que alavancaram a aplicação da IA no melhoramento 
genético dos rebanhos. 
O conhecimento sobre os aspectos socioeconômicos envolvidos na IA, por sua 
vez, promovem o raciocínio crítico sobre os pontos que devem ser considerados 
para utilização da técnica e desenvolvem argumentos sobre as vantagens e 
desvantagens da IA. 
1.2.1 Histórico da IA
Os primeiros indícios da IA ocorreram em equinos, no ano de 1332, e foram 
realizados pelos árabes. Entretanto, dados realmente registrados da IA apenas 
apareceram no ano de 1784, na espécie canina, quando o monge italiano 
Lázaro Spallanzani coletou sêmen de um cachorro, por estímulo manual, e 
depositou na vagina de uma cadela no cio, resultando no nascimento de 
3 filhotes. A IA em bovinos foi realizada com sucesso, pelo russo Elias Yavanoff, 
somente no ano de 1922. Ainda por pesquisadores russos, foi desenvolvido o 
método para coleta de sêmen de touros, utilizando vagina artificial e mane-
quim, em 1932 e 1934. Em 1936, o método de fixação da cérvice via retal 
foi desenvolvido por veterinários dinamarqueses, na cooperativa para IA de 
bovinos, criada por Eduard Sorensen. 
Métodos de colheita 
do sêmen
O sêmen de touro pode ser 
obtido pelos seguintes métodos:
a) Vagina artificial – método 
de eleição para obter um 
ejaculado dentro dos parâmetros 
fisiológicos. Exige treinamento 
prévio do touro, uma fêmea 
contida adequadamente ou 
manequim. Esse método 
consiste na monta e ejaculação 
em uma vagina artificial 
específica para touros. 
b) Eletroejaculador – esse 
método é utilizado em touros 
incapazes de montar ou 
não adaptados ao método 
de colheita por vagina 
artificial. O sêmen é obtido 
por estimulação elétrica 
alternada da medula próximo 
à quarta vértebra lombar.
c) Massagem das 
glândulas vesiculares e 
das ampolas via retal – é 
um método alternativo, na 
ausência de eletroejaculador 
ou vagina artificial.
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 22
No Brasil, os veterinários Leovigildo P. Jordão, João Soares Veiga e José Gomes 
Vieira foram os pioneiros da técnica de IA em bovinos, na Estação Experimental 
de Pindamonhangaba – SP, no ano de 1938. O uso de IA nas espécies domésticas 
de interesse econômico começou a ser estudado na Estação Experimental do 
Instituto de Biologia Animal (IBA) em Deodoro - RJ, com apoio do Ministério 
da Agricultura, em 1941. A primeira IA registrada no Brasil ocorreu em 1940 
e, por consequência, começou a formação de cooperativas para aplicação 
de IA no país. 
Já o primeiro curso de IA foi realizado em 1943, por Barreto e Mies Filho, 
com o objetivo de qualificar mão de obra para disseminação da técnica. 
Muitos cursos técnicos sobre IA foram ministrados no IBA, que em 1947 foi 
transferido para o Instituto de Zootecnia (IZ) do Ministério da Agricultura. 
Neste instituto foi criado, em 1949, o Serviço de Fisiopatologia da Reprodução 
e Inseminação Artificial (SFRIA), para dar suporte à expansão contínua do 
uso de IA nos rebanhos brasileiros, o que perdurou até 1962. Em 1968, foi 
fundado a Divisão de Fisiopatologia da Reprodução e Inseminação Artificial 
(DFRIA) pelo Ministério da Agricultura para a fiscalização da técnica no país. 
Em 1974, foi fundado Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) 
pelas empresas brasileiras da área de reprodução animal. A ASBIA fomenta 
as empresas que trabalham com sêmen, IA, materiais, equipamentos e outros 
produtos voltados à reprodução animal. 
A expansão do uso da técnica de IA em bovinos, no Rio Grande do Sul, 
começou na região de Porto Alegre, após a fundação do Serviço de Insemi-
nação Artificial do Departamento de Produção Animal, pela Secretaria de 
Agricultura do Rio Grande do Sul, em 1946. Em 1956, a Cooperativa Sulina 
de Inseminação Artificial (Cosulia) foi criada em Pelotas (RS). Em 1959 foram 
fundadas a Cooperativa Pedritense de Inseminação Artificial (Copedia), em 
Dom Pedrito (RS), e a Cooperativa Santanense de Inseminação Artificial (Cosial), 
em Santana do Livramento (RS). 
As empresas brasileiras de IA surgiram apenas a partir de 1970. Podemos citar 
a Pecuária Planejada (Pecplan), fundada em 1970 e vendida para ABS em 1996, 
levando o nome de ABS Pecplan, com central em Uberaba, Minas Gerais. O 
Grupo Bradesco foi incorporado à Pecplan e contribuiu com a divulgação e 
qualificação da mão de obra para a técnica de IA em bovinos. No Rio Grande 
do Sul, atualmente, destaca-se a PROGEN Inseminação Artificial, voltada para 
o gado de corte, localizada em Dom Pedrito; Select Sires do Brasil Genética 
Ltda. que adquiriu a Semeia Genética, localizada em Porto Alegre e, na mesma 
cidade, encontra-se a CRI Genética e Alta Genetics. 
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 23
A ampliação dos benefícios socioeconômicos, adquiridos pela implantação 
da IA nas propriedades, somente foi possível após a descoberta da técnica de 
congelamento do sêmen. A conservação do sêmen em baixas temperaturas 
(-79ºC) por um maior tempo, através da suplementação do diluente de sêmen 
com glicerol, foi demonstrada pelos pesquisadores ingleses Polge, Smith e Parker 
apenas em 1949. Em 1953, o primeiro banco de sêmen da América Latina 
foi implementado com auxílio de Polge e apoio do Ministério da Agricultura, 
no Brasil; logo, o primeiro produto de sêmem congelado nasceu em 1954. 
Ainda na década de 50, o armazenamento de sêmen em nitrogênio líquido 
(-196ºC) se tornou possível com os estudos e financiamento de John Rockefeller 
Prentice, o qual fundou a ABS – empresa de importância mundial na história 
da IA. A partir disso, surgiram muitos estudos e investimentos sobre os botijões 
de nitrogênio, como importante ferramenta da IA para transporte e banco 
de sêmen. Mundialmente, enquanto Canadá, EUA e Europa são conhecidos 
como os maiores exportadores de sêmen, o título de maior importador é 
dado à América Latina. O Brasil produz cerca de 55 % de doses de sêmen 
comercializadas, por isso, ainda é um país dependente da importação. Assim, 
países em desenvolvimento se beneficiam dos programas genéticos de países 
desenvolvidos. Por outro lado, há uma lacuna em potencial quanto a produção 
de sêmen na América Latina, em especial no Brasil, que ainda precisa ser 
preenchida. 
Pensando na conservação do sêmen, aplicabilidade e melhoramento na 
técnicade IA surgiram diferentes tipos de embalagens. Inicialmente foram 
produzidas as ampolas de vidro lacradas com fogo, contendo um volume de 
1,2 ml que, embora fossem de pouca praticidade, foram comercializadas até 
os anos 80. Em 1940, nos Estados Unidos, Rockfeller Prentice e Phil Higley 
desenvolveram a técnica de congelar o sêmen em palhetas, o que facilitou 
o armazenamento e a manipulação para aplicação do sêmen no corpo do 
útero de vacas. As palhetas são embalagens plásticas que podem ser dife-
renciadas quanto ao seu tamanho e espessura: palhetas médias (0,50 ml) e 
palhetas finas (0,25 ml). Ambas possuem o mesmo sistema de fechamento: 
uma extremidade é selada com algodão hidrófobo e álcool polivinílico em 
pó – a qual será utilizada como êmbolo para conduzir o sêmen ao interior 
do trato reprodutivo da fêmea – e a outra é lacrada por calor ou esferas de 
metal que será cortada para permitir a saída do sêmen. 
A concentração espermática não deve diferir com relação ao tipo de palheta, 
ou seja, o número de espermatozoides deve ser o mesmo, independente do 
volume armazenado em cada tipo de palheta. Dessa forma, os resultados 
ampolas
São embalagens de vidro 
utilizadas para armazenamento 
de 1,2 ml de sêmen.
palhetas médias
São embalagens de plástico 
utilizadas para armazenamento 
de 0,5 ml de sêmen.
palhetas finas
São embalagens de plástico 
utilizadas para armazenamento 
de 0,25 ml de sêmen.
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 24
quanto à fertilidade, obtidos pela IA realizada com palhetas finas ou médias, 
são similares, desde que as recomendações de uso de cada uma sejam res-
peitadas. No Brasil, as palhetas médias ainda são as mais utilizadas, embora 
as palhetas finas permitam a otimização do espaço para seu armazenamento 
no botijão do nitrogênio (botijão criogênico). 
A evolução na manipulação do sêmen não se resume apenas na técnica de 
armazenamento e conservação, mas também na possibilidade de sexagem 
do sêmen. Essa técnica foi patenteada em 1976 pelo Dr. Larry Johson, do 
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department 
of Agriculture – USDA). O uso do sêmen sexado permite produzir bezerros 
de acordo com o sexo desejado pelo proprietário. Dessa forma, essa técnica 
permite, por exemplo, reduzir o nascimento de machos em um rebanho de 
leite, em que apenas o nascimento de fêmeas é desejável.
A técnica é realizada por citometria de fluxo, que permite a separação dos 
espermatozoides em machos (Y) ou fêmeas (X), com base na maior quantidade 
de material genético contido no espermatozoide com cromossomo X em 
relação ao que carreia o cromossomo Y. O sêmen sexado se tornou viável 
comercialmente a partir de 2006 e, atualmente, é uma biotecnologia que está 
ao alcance de pequenos e grandes criadores de gado de corte, ou de leite, 
para ser empregada na IA. Entretanto, a técnica ainda não apresenta 100 % 
de garantias quanto ao sexo do produto, pode ocorrer uma pequena redução 
na fertilidade e o sêmen sexado apresenta um maior custo em relação ao 
convencional. Portanto, uma avaliação criteriosa do rebanho, estrutura física e 
finalidade da propriedade é necessária para que o emprego dessa ferramenta 
seja economicamente promissor para o proprietário. 
Outra técnica, que está cada vez mais frequente no campo, é o uso de protocolos 
de sincronização de cios e de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), a 
qual surgiu na década de 90. Enquanto a sincronização de cios possibilita a 
concentração de um maior número de animais para serem inseminados em um 
menor período de tempo, a IATF permite que os animais sejam inseminados 
sem a necessidade de observar cios. Assim, extingue-se um dos grandes 
problemas da IA: além de não necessitar mobilizar mão de obra para detecção 
de cio, elimina-se a possibilidade de vacas no cio não serem inseminadas, 
o que resulta na menor taxa de natalidade e, consequentemente, menor 
eficiência reprodutiva do rebanho. Ainda, entre as vantagens da IATF, destaca-se 
a possibilidade de inseminar vacas com cria ao pé, o qual é um dos grandes 
obstáculos para a redução do intervalo entre partos e, consequentemente, 
dos avanços econômicos nos rebanhos. 
O desempenho do inseminador 
determina a sua importância 
para o mercado de trabalho e 
para a sociedade. 
A preparação e atualização do 
inseminador para este trabalho 
é fundamental para se obter os 
ganhos econômicos. 
Os insucessos, quando 
observados na IA, são 
decorrentes do não cumprimento 
dos cuidados básicos que a 
técnica exige. Além disso, o 
êxito nos trabalhos dependerá 
do esforço e da dedicação 
de cada um na propriedade: 
médico veterinário, proprietário, 
administrador, inseminador 
e funcionários envolvidos no 
manejo do rebanho. 
A harmonia desse conjunto 
de pessoas quanto ao 
planejamento determinará o 
sucesso do programa de IA.
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 25
O melhoramento genético de bovinos de países desenvolvidos, como dos EUA 
e Canadá, foi possível devido ao uso da IA na grande maioria dos rebanhos. 
Entretanto, no Brasil apenas, aproximadamente, 12 % das fêmeas em idade 
reprodutiva são inseminadas. A ASBIA publica periodicamente o cenário da 
IA no país e, no período de 2000 para 2011, a evolução da IA dobrou no 
país e a perspectiva de uso desta técnica, hoje, ainda é crescente. Entre 2009 
e 2014, segundo a ASBIA, o uso da IA no gado de corte e no gado de leite 
aumentou 59 % e 34 %, respectivamente. Portanto, esses resultados indicam 
que, embora a IA seja uma técnica consolidada e acessível, no Brasil a aplicação 
dessa biotécnica ainda está em fase de implementação e aperfeiçoamento.
1.2.2 Aspectos socioeconômicos da inseminação 
 artificial
A IA além de ser comprovadamente o método de menor custo por concepção, 
com maior valor agregado nas crias nascidas, trata-se da forma mais prática 
e segura de promover o melhoramento genético e produtivo dos rebanhos, 
quando realizado dentro das recomendações básicas. 
As vantagens econômicas da IA dependem do conhecimento e preparo do 
inseminador; da infraestrutura, manejo e administração da propriedade; da 
genética, sanidade e nutrição do rebanho. Os ganhos com o uso da IA em 
bovinos podem ser observadas tanto a longo quanto a curto prazo, como 
podemos ver a partir dos tópicos listados abaixo:
•	 Enquanto um touro serve em torno de 120 a 200 vacas, em 4 anos de 
vida reprodutiva, pelo uso da IA um touro poderá ter mais de 100.000 
descendentes. A vantagem econômica do uso da IA, em relação à monta 
natural, vai variar de acordo com o sistema de produção de cada proprie-
dade. Um aplicativo eletrônico foi desenvolvido pela EMBRAPA Gado de 
Leite (Juiz de Fora/MG) com o objetivo de calcular e permitir a comparação 
do custo e benefício da IA em relação à monta natural, de acordo com 
os parâmetros que podem ser encontradas em cada propriedade. Essa 
informação é importante para a tomada de decisão, tanto do técnico, 
quanto do proprietário, sobre a implementação da técnica no rebanho. 
Esse aplicativo está disponível no site www.asbia.org.br, junto ao manual 
do usuário.
•	 A IA permite melhoramento genético e produtivo do rebanho em pouco 
tempo e a um baixo custo. O técnico e/ou veterinário tem a possibilidade 
de elaborar um programa individual para os animais, que refletirão em 
melhoras do rebanho. O aumento da produção em vacas leiteiras pode 
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 26
ser feito, por exemplo, pela correção de características importantes como 
úbere e aprumos, através do uso de sêmen de reprodutores ideais para 
cada fêmea do rebanho. Os ganhos na produção de carne podem ocorrer 
pela redução no período de terminação dos animais e, consequentemente, 
redução no intervalo entre partos, através do incremento de características 
de precocidadeno rebanho. Atualmente existe uma grande quantidade 
de material genético armazenado. Nesses bancos de sêmen de touros 
encontram-se informações sobre os reprodutores, incluindo dados da 
progênie. Assim, aumentam as possibilidades de incremento produtivo 
no rebanho, de acordo com as necessidades e condições financeiras de 
cada proprietário.
•	 Os lotes tornam-se mais homogêneos devido à escolha de sêmen de 
reprodutores adequados para cada vaca, o que facilita a comercialização 
dos mesmos.
•	 A IA pode reduzir distocias (dificuldades no parto), pois permite a utilização 
de touros apropriados para novilhas e/ou por incremento de característi-
cas referentes ao ângulo pélvico no rebanho. A redução de distocias na 
propriedade resulta em aumento da produção, menores despesas com 
medicamentos e/ou serviço médico veterinário.
•	 A IA oportuniza melhoramento genético para pequenos produtores, por 
um baixo custo, uma vez que um único botijão criogênico, contendo doses 
de sêmen de diferentes touros, pode ser utilizado em diversas pequenas 
propriedades, a partir dos núcleos de inseminação comunitária.
•	 A IA reduz perdas de animais aptos para reprodução, decorrentes de cober-
turas mal sucedidas (monta natural), o que pode ocorrer, principalmente, 
quando novilhas são cruzadas com touros muito pesados.
•	 Acidentes de touros com o ser humano, devido ao uso de touros agressi-
vos na monta natural, também podem ser reduzidos pelo uso da técnica 
de IA, pois essa permite a redução do número de touros na propriedade. 
Isso indica a biossegurança que a técnica proporciona para a propriedade, 
além da redução de gastos com medicamentos, médicos e perda de mão 
de obra.
•	 O controle sanitário, exigido pela técnica de IA, reduz a transmissão de 
doenças e as perdas econômicas, resultantes disso na propriedade.
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 27
•	 O controle zootécnico do rebanho, exigido pela IA, permite melhor plane-
jamento do manejo na propriedade, evitando, assim, perdas reprodutivas 
e econômicas.
Portanto, o uso de um sêmen de qualidade e apropriado torna-se fator 
determinante para os ganhos econômicos e produtivos, que são esperados 
pela implementação da técnica. O inseminador, o proprietário e/ou o téc-
nico responsável devem conhecer a empresa de onde o sêmem é adquirido. 
Empresas filiadas à ASBIA são registradas e fiscalizadas pelo Ministério da 
Agricultura, assegurando a qualidade do sêmen. Além disso, o conhecimento 
sobre transporte, armazenamento, descongelamento e manipulação do sêmen 
asseguram a qualidade do sêmen adquirido na empresa.
Resumo
Nesta aula você viu que o agronegócio movimenta a economia do Brasil de 
forma significativa. O país possui o segundo maior rebanho de bovinos do 
mundo e é considerado o segundo maior produtor de carne e o quarto maior 
produtor de leite do mundo. Entretanto, há uma baixa produtividade por área, 
tanto na bovinocultura leiteira como na de corte. Claramente, a aplicação 
da IA no rebanho bovino em maior escala proporcionaria um aumento da 
produtividade bovina brasileira.
Você também pôde observar que a IA foi introduzida no Brasil nos anos 1940 
e seus benefícios socioeconômicos foram potencializado na década de 1950, 
através da descoberta do armazenamento do sêmen congelado. Ademais, a 
IA permite maior número de descendentes de um único touro, melhoramento 
genético através de um baixo custo, lotes homogêneos, redução de partos 
distócicos e maior controle sanitário e zootécnico do rebanho.
Atividades de aprendizagem
1. O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo. Sabendo 
disso, responda se o Brasil é importador ou exportador e qual sua coloca-
ção no mercado mundial, em relação a pecuária de carne e de leite.
2. Assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas.
 )( No que diz respeito a produção mundial de carnes, a proteína animal de 
origem bovina está na terceira posição com 21,8 %, atrás da carne de 
suíno (37,8 %) e frango (35,7 %).
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 28
 )( No Brasil, a grande maioria dos bovinos destinados ao mercado de carne 
são terminados em confinamento.
 )( Com 80 propriedades entre as 100 maiores produtoras de leite do Brasil, 
as regiões Sudeste (55) e Sul (25) são responsáveis por praticamente 
70 % da produção nacional.
 )( Segundo o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde, a 
população brasileira consome quantidades de leite acima do preconizado 
(200 litros de leite/habitante/ano). 
3. A descoberta que permitiu a expansão do melhoramento genético e au-
mentou os benefícios socioeconômicos da IA foi:
a) Armazenamento de sêmen em ampolas. 
b) Armazenamento de sêmen em palhetas.
c) Congelamento de sêmen.
d) IATF.
e) Sexagem de sêmen.
4. Assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas, 
sobre o histórico da IA. 
 )( O método de fixação da cérvice via retal para IA em bovinos foi desen-
volvido no ano de 1936 por veterinários dinamarqueses.
 )( A primeira IA registrada no Brasil ocorreu em 1940. 
 )( O armazenamento de sêmen evoluiu na seguinte sequência: ampolas 
(1,20 ml), palhetas médias (0,50 ml) e palhetas finas (0,25 ml).
 )( O Brasil produz uma grande quantidade de sêmen para ser comercializado 
e por isso independe de importação.
 )( O sêmen sexado e a IATF são ferramentas de maior custo, entretanto, 
sempre trarão vantagens econômicas quando implementadas, indepen-
dente do rebanho ou propriedade.
e-Tec BrasilAula 1 - Introdução: bovinocultura e inseminação artificial 29
A sequência que corresponde aos espaços preenchidos é:
a) V – V – V – V – F 
b) V – V – V – F – F 
c) V – F – V – F – V 
d) F – V – F – V – F 
e) F – F – V – V – V
5. A porcentagem aproximada de vacas em idade reprodutiva, que são in-
seminadas no Brasil é:
a) 4 %.
b) 12 %.
c) 34 %.
d) 52 %.
e) 80 %.
6. Assinale quais as vantagens socioeconômicas que um proprietário deve 
saber para implementar a técnica de IA em sua propriedade:
a) Melhoramento genético do rebanho em menor tempo e baixo custo.
b) Instalações adequadas na propriedade são desnecessárias.
c) Lotes mais homogêneos para a comercialização. 
d) O controle sanitário do rebanho torna-se desnecessário.
e) Redução de distocias no rebanho.
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 30
e-Tec Brasil
Aula 2 – Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina
Objetivos
Identificar estruturas anatômicas do aparelho reprodutivo de tou-
ros e vacas.
Compreender a função de cada estrutura anatômica, para o per-
feito funcionamento reprodutivo de bovinos.
Identificar o local de produção e ação dos hormônios reprodutivos 
em touros e vacas.
2.1 Anatomia e fisiologia do aparelho 
 reprodutor do touro 
O aparelho reprodutor do touro é constituído de: testículo, epidídimo, ducto 
deferente, glândulas anexas (ampolas, glândulas vesiculares, próstata e glândula 
bulbo-uretral) e pênis (Figura 2.1). Os espermatozoides são formados nos 
túbulos seminíferos do testículo e o seu trajeto segue para os túbulos retos, em 
direção a rede testitular (rete testis), seguindo pelos ductos eferentes, conduto 
epididimário (epidídimo), ducto deferente, ampola do conduto deferente, 
uretra prostática e uretra peniana.
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 31
Figura 2.1: Aparelho reprodutor do touro: testículo, epidídimo, músculo cremaster, 
cordão espermático, ducto deferente, glândulas anexas (ampola; glândula vesicular; 
corpo da próstata) e pênis (músculo uretral; músculo isquiocavernoso; músculo re-
trator do pênis; flexura sigmoide; glande do pênis) e também está representada a 
vesícula (bexiga)
Fonte: CTISM, adaptado por Andressa Minussi Pereira Dau de Senger, 2003
2.1.1 Testículos
Os testículos bovinos estão suspensos nointerior da bolsa escrotal, pendu-
lares, e em posição vertical (Figura 2.2). Nessa espécie, a descida testicular 
do abdômen para o saco escrotal deve ocorrer antes do nascimento. Essa 
informação é importante para identificação de touros criptorquidas (animais 
que possuem um ou os dois testículos inclusos no abdômen) que não servem 
para a reprodução. A bolsa escrotal é revestida por túnicas, considerando que o 
cremaster e fibras musculares da túnica dartos desempenham função essencial 
na termorregulação testicular, aproximando ou afastando os testículos da 
parede abdominal. A manutenção da temperatura testicular, 4-5°C abaixo da 
temperatura corporal, é essencial para assegurar uma adequada produção dos 
espermatozoides e, consequentemente, um sêmen de qualidade em touros.
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 32
Figura 2.2: Desenho esquemático dos testículos suspensos no interior da bolsa escro-
tal, demonstrando o trajeto dos espermatozoides, desde sua formação nos túbulos 
seminíferos, túbulos retos, rede testicular, ductos eferentes, pelos quais os esperma-
tozoides são conduzidos do testículo ao epidídimo (cabeça, corpo e cauda) e seguem 
pelos ductos deferentes em direção à uretra
Fonte: CTISM, adaptado de Senger, 2003
Os testículos possuem duas funções principais: a produção de hormônios 
sexuais masculinos e de espermatozoides (espermatogênese). Um dos principais 
hormônios sexuais masculinos é a testosterona, a qual determina as caracte-
rísticas masculinas nos touros. A espermatogênese é um processo contínuo e 
dura cerca de 61 dias nos bovinos, ou seja, a cada ±61 dias começa uma nova 
produção de espermatozoides. Em função disso, recomenda-se realizar exame 
andrológico em intervalos mínimos de 60 a 70 dias em reprodutores doadores 
de sêmen, o que garante a comercialização de sêmen de alta qualidade. 
Touros adultos utilizados para monta natural, por sua vez, devem ser avaliados 
pelo menos uma vez ao ano, aproximadamente 60 dias antes do início da 
estação de monta. Um dos quesitos avaliados durante o exame andrológico 
é a circunferência escrotal, a qual deve ser superior a 30 cm em touros com 
mais de 18 meses de idade, pois a circunferência escrotal (tamanho testicular) 
está relacionada com a capacidade de produção espermática do reprodutor. 
Tanto a produção hormonal quanto a formação de espermatozoides ocorrem 
nos túbulos seminíferos, que estão localizados no interior dos testículos.
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 33
Mais de 20.000 espermatozoides são produzidos por segundo nos túbulos 
seminíferos. O número de espermatozoides produzidos nos testículos diaria-
mente não passa de 25 bilhões. As células de Sertoli, presentes nos testículos, 
participam da formação dos espermatozoides, liberando-os para o lúmen 
dos túbulos seminíferos e secretando um fluido que fornece um ambiente 
adequado para o desenvolvimento dos gametas masculino. As células de 
Leydig, também presentes no testículo, produzem a testosterona. A produção 
de espermatozoides e de testosterona ocorre em resposta à um “comando” 
vindo do cérebro (Figura 2.3). O hipotálamo, localizado no cérebro, libera 
o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), que sinaliza para adeno- 
hipófise (hipófise anterior), também localizado no cérebro. Em resposta ao 
GnRH a adeno-hipófise começa a produzir e liberar hormônio luteinizante (LH) 
e hormônio folículo estimulante (FSH). Basicamente, o FSH sinaliza para as 
células de Sertoli produzirem substâncias espermatogênicas, importante para 
formação dos espermatozoides e, o LH, por sua vez, “comanda” as células de 
Leydig para produzirem androgênios (diidrotestosterona, androstenediona e 
principalmente testosterona). O eixo hipotalâmico-hipofisário-gonodal, ou seja, 
essa comunicação entre cérebro e testículos (gônada masculina) é um sistema 
auto-regulável, em que a própria testosterona produzida nos testículos, em 
resposta ao LH, diminui a liberação dos hormônios produzidos no cérebro, 
tanto no hipotálamo (GnRH), quanto na adeno-hipófise (LH e FSH).
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 34
Figura 2.3: Desenho esquemático da produção de hormônios sexuais masculinos con-
trolado pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal. As células de Sertoli e de Leydig 
estão presentes nos testículos
Fonte: CTISM, adaptado por Andressa Minussi Pereira Dau de Gonçalves; Figueiredo; Freitas, 2008; Senger, 2003; Hafez, 1995
2.1.1.1 Espermatogênese (formação dos espermatozoides)
A formação dos espermatozoides ou espermatogênese pode ser melhor 
compreendida se visualizarmos a Figura 2.4, acompanhando a leitura da 
descrição abaixo.
A espermatogênese ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos e ocorre 
nas seguintes etapas: (a) espermatogoniogênese, (b) espermatocitogênese e 
(c) espermiogênese.
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 35
a) Na espermatogoniogênese, as células germinativas primor-
diais [diplóides(2n)] – “células dos primórdios dos espermatozoides” 
– começam a se multiplicar por sucessivas mitoses, até dar origem às 
espermatogônias. As espermatogônias também se multiplicam por di-
visão mitótica, de forma que, de uma espermatogônia (2n) surgem mais 
duas espermatogônias, igualmente diplóides (2n). Portanto, essa fase é 
caracterizada por multiplicação celular.
b) Em seguida, começa a fase de crescimento e maturação celular, cha-
mada de espermatocitogênese, em que espermatogônias originam 
espermatócitos primários, ou de primeira ordem, ainda por divisão 
mitótica. A meiose somente ocorre na puberdade, que em touros deve 
ocorrer em 12 a 24 meses de idade, dando origem aos espermatóci-
tos secundários, ou de segunda ordem (n), a partir dos espermató-
citos primários, nesse momento ocorre a primeira divisão meiótica 
(reducional), em que duas células haploides (n) formam-se a partir de 
uma célula diplóide (2n). Os espermatócitos secundários (n) progridem 
na meiose II, formando quatro espermátides (n) por divisão equitativa.
c) Durante a espermiogênese as espermátides diferenciam-se em esper-
matozoides e, por consequência, caracteriza-se por diferenciação ce-
lular. Nessa fase, as espermátides haplóides sofrem apenas modificações 
morfológicas. Por exemplo, o núcleo (material genético) da espermátide 
forma a cabeça do espermatozoide, e o aparelho de Golgi origina a vesí-
cula acrossômica, a qual contém enzimas (como a hialuronidase) que au-
xiliam no momento da penetração do espermatozoide na zona pelúcida, 
que circunda o óvulo durante a fecundação que, nos bovinos, ocorre na 
ampola do oviduto. O espermatozoide, portanto, pode ser dividido em 
quatro partes principais: acrossoma, cabeça, peça intermediária e cauda. 
A peça intermediária contém elementos responsáveis pela produção de 
energia e a cauda auxilia na movimentação do espermatozoide.
Alterações morfológicas 
espermáticas
Uma inadequada formação 
dos espermatozoides nos 
túbulos seminíferos do 
testículo reflete no aumento 
de alterações morfológicas no 
sêmen, consideradas defeitos 
primários ou maiores, que 
estão geralmente associados a 
subfertilidade ou esterilidade, 
possivelmente de origem 
hereditária. Os defeitos 
menores ou secundários 
são adquiridos durante a 
permanência e a passagem 
dos espermatozoides pelos 
epidídimos e vias espermáticas. 
Os defeitos menores não 
estão associados a problemas 
patológicos dos testículos e, 
consequentemente, possuem 
menor importância na avaliação 
da fertilidade do reprodutor. 
A porcentagem de defeitos 
espermáticos maiores não 
devem exceder 20 % (de um 
total de 200 espermatozoides 
contados), para dose com 
o mínimo de 10 milhões 
de espermatozoides com 
motilidade progressiva, pois 
tornam o sêmen inadequado 
para a reprodução.
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 36Figura 2.4: Desenho esquemático da espermatogênese nos túbulos seminíferos dos 
testículos
Fonte: CTISM, adaptado de Senger, 2003
2.1.2 Epidídimo
O epidídimo é constituído por cabeça, corpo e cauda e localiza-se, longitudi-
nalmente, na porção caudal dos testículos, com a cabeça na porção superior e 
a cauda na porção inferior dos testículos. O epidídimo contém um tubo longo 
e enovelado entre si, em que na cabeça ocorre a maturação espermática e no 
corpo e cauda ocorre a aquisição de motilidade espermática. No epidídimo os 
espermatozoides adquirem a capacidade fecundante, adquirindo motilidade 
progressiva, mudanças morfológicas e metabólicas. Dessa forma, no testí-
culo, o espermatozoide é funcionalmente imaturo, infértil e imóvel, somente 
adquirindo capacidade de fecundar no epidídimo. Além disso, a cauda do 
epidídimo possui capacidade de estocar de 25 a 70 % dos espermatozoides 
produzidos diariamente, até que a ejaculação aconteça. Na cabeça e corpo 
do epidídimo há em torno de 8 a 25 bilhões de espermatozoides, enquanto 
que na cauda do epidídimo há cerca de 10 a 50 bilhões de espermatozoides. 
Essa concentração varia de acordo com o número de ejaculados. Em animais 
que ejaculam diariamente, o tempo de permanência dos espermatozoides 
na cauda do epidídimo é menor e a quantidade que fica em reserva chega 
a 25 % da produção diária. A passagem dos espermatozoides no epidídimo 
dura em torno de 10 dias nos bovinos. E os espermatozoides que não forem 
ejaculados serão reabsorvidos e excretados periodicamente através da urina. 
Concentração espermática
O número total de 
espermatozoides presentes 
em um ejaculado de touro é 
de aproximadamente 6 a 7 
bilhões (6-7⋅109), podendo atingir 
um número de 20 bilhões de 
espermatozoides. A concentração 
depende da estação do ano, 
da raça, da condição corporal 
e da frequência de colheitas 
do sêmen/ejaculados, bem 
como do método de colheita. 
A dose inseminante deve 
conter 20 a 40 milhões de 
espermatozoides, apresentando 
no mínimo 30 % de motilidade 
progressiva e 3 % de vigor. 
A motilidade progressiva é a 
porcentagem correspondente 
ao número de espermatozoides 
com movimento progressivo 
retilíneo, em uma gota de 
sêmen, diferentemente 
da motilidade total, que 
corresponde a porcentagem 
de espermatozoides móveis 
independente da direção do 
movimento. O vigor corresponde 
a velocidade em que os 
espermatozoides com motilidade 
progressiva se movimentam 
e é dado a partir de uma 
pontuação, que pode variar de 
0 a 5, sendo que 0 corresponde 
a ausência de movimento 
e 5 movimento vigoroso. 
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 37
2.1.3 Glândulas vesiculares, ampolas, próstata e 
 glândula bulbo-uretral – glândulas anexas
Os condutos deferentes apresentam dilatações que caracterizam as glândulas 
vesiculares lobuladas e variam de 8 a 10 cm de diâmetro, no touro jovem, a 
até 15 cm, no adulto. As ampolas dos condutos deferentes possuem entre 
0,5 e 2 cm de diâmetro, as quais também variam de acordo com a idade do 
reprodutor. Ambas são facilmente identificadas por palpação retal. A prós-
tata é, diferentemente das demais, uma glândula ímpar, com 3 ou 4 cm de 
comprimento e 1 a 1,5 cm de diâmetro, localizada acima da uretra pélvica. 
Na palpação retal é possível identificar o corpo da próstata. As glândulas 
bulbo-uretrais, entretanto, estão localizadas na porção dorsal da uretra pélvica 
e não são detectadas por palpação retal, uma vez que são revestidas por 
músculo bulbo esponjoso. A função dessas estruturas é produzir o plasma 
seminal, o qual compõe a maior parte do volume do ejaculado e atua como 
veículo para conduzir os espermatozoides do trato reprodutivo masculino para 
o feminino. Os espermatozoides quando entram em contato com o plasma 
seminal sofrem uma descapacitação e somente serão recapacitados no trato 
reprodutivo da fêmea.
2.1.4 Pênis e prepúcio
O pênis é o órgão copulador, formado pelo corpo, músculo retrator do pênis, 
uretra e glande. O pênis nos bovinos é fibroelástico, com tamanho entre 75 
e 100 cm, de acordo com a maturidade sexual do animal. Quando o pênis 
encontrar-se no interior do prepúcio, apresenta-se na forma de “S”, devido 
a contração do músculo retrator do pênis. 
O prepúcio constitui-se de parte externa e interna ligadas ao pênis e contém 
glândulas que auxiliam na lubrificação. No recém-nascido o prepúcio e a 
parte interna permanecem aderidos até que os touros atinjam a puberdade. 
O prepúcio pode ser curto (normal) ou longo (penduloso). Os zebuínos geral-
mente apresentam prepúcio penduloso, o que predispõe a traumatismos 
prepuciais. O óstio prepucial é a abertura pela qual ocorre a exteriorização do 
pênis e, portanto, não deve existir qualquer fibrose que dificulte a exposição 
ou provoque a retenção do pênis.
2.2 Anatomia e fisiologia do aparelho 
 reprodutor da vaca
As fêmeas bovinas são consideradas poliéstricas anuais, ou seja, apresentam 
estro (cio) durante todos os períodos do ano, independente da incidência de luz.
O volume total do ejaculado 
de um touro pode variar de 
0,5 a 25 mL e também varia 
de acordo com a raça, estado 
nutricional, estação do ano, 
frequência e método de colheita 
do sêmen. 
A aparência do ejaculado, por 
sua vez, pode variar de cremosa 
a aquosa, de acordo com a 
concentração espermática.
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 38
O aparelho reprodutor da vaca é constituído caudo-cranialmente de: vulva, 
vestíbulo, vagina, cérvix ou colo uterino, útero, ovidutos e ovários (Figura 2.5). 
A vulva e o vestíbulo também fazem parte do sistema urinário.
Figura 2.5: Aparelho reprodutor da fêmea bovina. Na parte superior da figura a loca-
lização anatômica do aparelho reprodutor no animal. Na parte inferior da figura um 
esquema do aparelho reprodutor da vaca com a descrição das principais estruturas
Fonte: CTISM, adaptado de http://babcock.wisc.edu e ASBIA
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 39
2.2.1 Estruturas anatômicas do trato reprodutor 
 da fêmea bovina
O aparelho reprodutor da vaca, conforme já descrito, é constituído de: vulva, 
vestíbulo, vagina, cérvix ou colo uterino, útero, ovidutos e ovários. Cada uma 
dessas estruturas anatômicas, do trato reprodutivo da fêmea, possui pelo menos 
uma função importante para a reprodução. Compreendê-las proporciona o 
entendimento de ferramentas utilizadas na reprodução bovina como, por 
exemplo, a técnica de IA.
2.2.1.1 Vulva
Normalmente a vulva tem uma situação vertical em relação ao corpo do animal. 
É a abertura externa do aparelho urogenital feminino, formada pelos lábios 
maiores que fecham a entrada dos tratos reprodutivo e urinário. Externamente 
está recoberta por pelos com mucosa e pele de pigmentação própria da raça. 
Em algumas situações, como por exemplo em resposta a hormônios, a vulva 
pode estar avermelhada e inchada, podendo indicar que este animal está nas 
proximidades do estro. Na parte inferior da vulva é possível observar o clitóris 
(local que o inseminador deve massagear logo após o ato de inseminação). A 
vulva e o clitóris são considerados porções genitais externas.
2.2.1.2 Vestíbulo ou vestíbulo da vagina
É a região onde os tratos reprodutivo e urinário se encontram. O vestíbulo 
possui um comprimento de aproximadamente 10 cm, estendendo-se da vulva 
até a abertura da uretra (óstio uretral externo ou meato urinário), no assoalho 
do vestíbulo. No qual, existe uma depressão ventral denominada de divertículo 
suburetral. Ao realizar a inseminação artificial deve-se tomar cuidado para que 
o aplicador de sêmen não seja colocado no óstio uretral externo.
2.2.1.3 Vagina
É a porção do trato reprodutivo localizada entre o vestíbulo e a cérvix (colo 
do útero), apresentando um comprimento médio de 15 cm. É nessa porção 
do trato reprodutivo em que o touro deposita o sêmen, através da monta 
natural.Sua porção cranial tem formato de fundo de saco e é denominado 
de fórnice vaginal ou fundo de saco vaginal. Nesse local existe uma pequena 
porção da cérvix, projetada para o interior da vagina (porção vaginal da cérvix), 
na qual existe a abertura da cérvix. 
2.2.1.4 Cérvix ou colo do útero
É a região de estreitamento do canal genital, em formato tubular, que separa 
a vagina do útero. Apresenta uma consistência mais densa, diferente dos 
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 40
tecidos próximos, possuindo de 3 a 5 anéis cartilaginosos. A extremidade 
caudal da cérvix comunica-se com a vagina através do óstio externo do útero, 
que localiza-se na porção vaginal da cérvix. Já a extremidade cranial da cérvix 
comunica-se com o útero através do óstio interno do útero. 
A cérvix apresenta-se com variações de tamanho, de espessura e de forma, 
de animal para animal. De maneira que, nas novilhas, é normalmente menor 
e mais delgada do que em multíparas, ou seja, na maioria dos animais pode 
ocorrer mudanças na cérvix de acordo com a quantidade de partos. Fisiolo-
gicamente a cérvix somente estará aberta por ocasião do parto ou do estro. 
No momento da IA, devido aos hormônios relacionados com o estro, a cérvix 
estará aberta e lubrificada, facilitando a passagem do aplicador de sêmen. Uma 
outra característica dessa porção do trato reprodutivo ocorre quando a fêmea 
bovina estiver gestando, na qual, a cérvix manter-se-á fechada e produzirá um 
tampão mucoso para impedir que possíveis contaminantes cheguem ao útero.
Sempre que possível, vacas com a cérvix muito sinuosa e com impossibilidade 
de passagem do aplicador de sêmen devem ser eliminadas do programa de 
IA, pois a deposição do sêmen no colo do útero reduz as taxas de prenhez.
2.2.1.5 Útero
Está imediatamente a frente da cérvix. Este órgão tem grande capacidade para 
se expandir e abrigar o bezerro durante a gestação. Possui um corpo uterino 
que se bifurca em dois cornos uterinos. O corpo uterino tem um comprimento 
de 3 a 5 cm, em média, e é o local de deposição do sêmen durante a IA. 
Assim, o inseminador deve passar o último anel cervical e depois de certificar- 
se que está no corpo do útero, depositar o sêmen. Além de tomar cuidado 
para não avançar o aplicador além do corpo do útero, causando lesões 
e/ou depositando o sêmen em um dos cornos uterinos, pois pode diminuir 
as chances de prenhez. Além disso, o útero é o responsável pela produção e 
liberação do hormônio prostaglandina F2α (PGF2α).
2.2.1.6 Ovidutos (tubas uterinas)
São estruturas que em condições normais são finas e conectam cada corno 
uterino com um ovário. Na porção do oviduto próxima ao ovário existe uma 
região denominada de fímbrias, que tem por função facilitar a captação do 
oócito ovulado do ovário. Além disso, os ovidutos proporcionam um ambiente 
para que ocorra a fecundação deste oócito (nas ampolas do oviduto) e o início 
do desenvolvimento embrionário. Ao mesmo tempo, possibilitam o transporte 
do embrião para que, no estágio de mórula ou blastocisto, chegue ao útero.
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 41
2.2.1.7 Ovários
São órgãos pares (ovário direto e esquerdo), encontrados ao final de cada 
oviduto, apresentando forma arredondada e tamanhos variados. Cada ová-
rio é formado por uma região denominada medular (central) e uma região 
denominada cortical (periférica). Na região medular do ovário encontra-se 
tecido conjuntivo, nervos, vasos sanguíneos e linfáticos. Na região cortical do 
ovário encontra-se os folículos, em diferentes estágios de desenvolvimento, o 
corpo hemorrágico, o corpo lúteo e o corpo albicans. Os ovários apresentam 
funções endócrina (produção e liberação de hormônios) e exócrina (produção 
e liberação de oócitos maturos e aptos a serem fecundados).
2.2.2 Fisiologia do ciclo estral da fêmea bovina
Em condições normais, uma fêmea bovina entra no estro (cio) e ovula a cada 
18 a 24 dias, tendo como média 21 dias (Figura 2.6). O intervalo entre dois 
cios consecutivos (média de 21 dias), na qual ocorre uma grande variedade de 
eventos, é denominado de ciclo estral. A regulação dos eventos que ocorrem 
durante o ciclo estral depende do orquestrado e do sensível eixo hipotalâmico- 
hipofisário-gonadal. Tanto o hipotálamo, que produz e libera o hormônio 
liberador de gonadotrofinas (GnRH), como a hipófise, que produz e libera o 
hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), situam-se 
no sistema nervoso central e tanto influenciam, como são influenciados pelos 
hormônios produzidos nas gônadas femininas (ovários). 
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 42
Figura 2.6: Principais alterações nas estruturas ovarianas e nas concentrações hor-
monais durante diferentes dias do ciclo estral bovinos. Porção superior da figura: 
visualização esquemática do ovário esquerdo e direito. Porção intermediária da fi-
gura: representação de duas ondas foliculares e as alterações do corpo lúteo. Porção 
inferior da figura: alteração dos principais hormônios reprodutivos
Fonte: CTISM, adaptado de O´Connor, 1993
Apesar do GnRH ser liberado em pequenas quantidades e rapidamente meta-
bolizado na circulação sistêmica (meia vida menor que 5 minutos), devido 
a proximidade anatômica e uma rede capilar especializada (sistema porta 
hipotalâmico hipofisário), ele chega até a hipófise anterior (adeno-hipófise) 
e estimula a produção e liberação de FSH e LH. O GnRH tem um padrão de 
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 43
liberação pulsátil, ou seja, dependendo do estágio do ciclo estral pode-se 
ter um pulso de GnRH a cada 15 minutos ou em intervalos mais espaçados, 
podendo chegar a um pulso a cada 6 horas. Na hipófise anterior encontra- 
se as células gonadotróficas, responsáveis por produzir as gonadotrofinas 
(FSH e LH) por estímulo do GnRH. Entretanto, uma característica bastante 
importante é que, após o GnRH estimular a célula gonadotrófica, tem-se a 
produção e liberação do FSH na circulação sistêmica de forma constante. Já o 
LH é produzido e uma parte dessa produção é liberada na circulação sistêmica 
no mesmo padrão pulsátil do GnRH, e a outra parte é armazenada na célula 
gonadotrófica (para ser liberada no próximo pulso de GnRH). 
De maneira bastante ampla, os hormônios produzidos pelos folículos e pelo 
corpo lúteo são os principais responsáveis por determinar, ou não, as mani-
festações de estro. Os folículos saudáveis são responsáveis por produzir o 
hormônio estradiol (E2), que está em alta concentração no cio, e também 
pela liberação de um oócito apto a ser fecundado no processo de ovulação. 
No local que ocorreu a ovulação, pela ruptura de pequenos vasos sanguíneos 
e coagulação do sangue extravasado, forma-se o corpo hemorrágico. Con-
comitante a isso, ocorrem alterações morfofuncionais das células do folículo 
ovulado, de maneira que essas passam a produzir progesterona (P4). Além 
disso, essas células se organizam com o corpo hemorrágico para formar o 
corpo lúteo (coloração amarelo alaranjado) e produzir maiores quantidades 
de P4, possibilitando assim, se for o caso, a manutenção de uma gestação. 
O corpo lúteo é uma glândula endócrina temporária, de modo que, ao final 
do seu período ativo (ao término da gestação ou induzido pela PGF2α pro-
duzida pelo útero, próximo ao final do ciclo estral, quando não há presença 
de embrião) as suas células param de produzir progesterona muito mais 
rápido que a regressão da sua estrutura morfológica. Assim, o corpo lúteo 
inativo vai regredindo de tamanho, ao mesmo tempo que as suas células 
são fagocitadas e substituídas por tecido conjuntivo, dando origem ao corpo 
albicans (semelhante a uma cicatriz, de coloração branca). O corpo albicans 
não apresenta função fisiológica, mas permanece visível na cortical do ovário 
até ser totalmente fagocitado.A produção e liberação de PGF2α é realizada pelo útero, na ausência de embrião 
no seu interior, e tem como função a lise do corpo lúteo e, consequentemente, 
o encerramento da produção de progesterona. Esse hormônio, quando na 
circulação sistêmica, sofre rápida metabolização, principalmente no pulmão. 
Para evitar essa metabolização, a PGF2α é liberada do útero e vai diretamente 
ao corpo lúteo, através de um mecanismo denominado de contracorrente.
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 44
O controle da liberação em maior ou menor quantidade dos diferentes 
hormônios é realizada por retroalimentação negativa (feedback negativo) e 
retroalimentação positiva (feedback positivo). Por exemplo, o FSH estimula a 
produção de E2 pelo folículo saudável, porém, através de feedback negativo 
o E2 inibe a produção de FSH nas células gonadotróficas. Ou seja, quanto 
maior a concentração de E2, menor é a concentração de FSH circulante, e 
vice-versa. Todavia, para o feedback positivo isso ocorre de maneira contrária. 
Por exemplo, o E2 estimula a liberação de pulsos de GnRH em intervalos cada 
vez menores, de maneira que, quanto mais E2 circulante, através de feedback 
positivo, maior será a frequência dos pulsos de GnRH. Cabe destacar que 
o aumento da frequência dos pulsos de GnRH condizem com aumento da 
frequência de liberação do LH (GnRH/LH). Além disso, a ocorrência desse 
feedback positivo, entre o E2 e o GnRH, só ocorre na ausência de P4, ou seja, 
a P4 inibe o aumento da frequência dos pulsos de GnRH, mesmo em altas 
concentrações de E2. De forma semelhante, apesar do E2 ser o responsável 
pelo animal demonstrar as características de cio (aceitar ser montado), é 
indispensável que a concentração de P4 circulante seja praticamente nula.
Acredita-se que uma fêmea bovina já nasça com todos os oócitos no ovário, 
de maneira que, apesar de ocorrer crescimento folicular, mesmo antes do 
nascimento, essa fêmea somente será capaz de demonstrar os sinais de estro 
e ovular, fisiologicamente, após a puberdade. Assim, em condições normais, 
uma fêmea bovina púbere deve apresentar ciclos estrais, ou seja, dois cios 
consecutivos com intervalo médio de 21 dias. O ciclo estral em bovinos é 
caracterizado por ondas foliculares (normalmente 2 a 3), na qual, os eventos 
biológicos sequenciais são:
a) Recrutamento/emergência folicular – crescimento de um pequeno 
grupo de folículos presentes nos ovários. É válido destacar que cada folí-
culo contém um óvulo em seu interior.
b) Dominância folicular ou atresia folicular – destaque de um folículo 
quanto ao seu crescimento/desenvolvimento em relação aos demais, os 
quais deverão regredir (involuir/morrer).
c) Ovulação ou atresia folicular – ruptura do folículo dominante para 
liberar o óvulo que está em seu interior (ovulação). Quando não ocorre 
a ovulação do folículo dominante, o mesmo deverá regredir. Fisiologica-
mente, o folículo dominante regride quando há presença de corpo lúteo 
ativo (secretando progesterona).
e-Tec BrasilAula 2 - Anatomia e fisiologia reprodutiva bovina 45
Didaticamente o ciclo estral pode ser subdivido em 4 fases (Figura 2.6):
a) Estro – duração média de 10 a 18 horas, variando principalmente em 
função da raça. Nessa fase a fêmea bovina aceita a monta (pelo macho 
e/ou por outra fêmea) e no sangue tem-se a máxima concentração de E2 
e praticamente nula a concentração de P4.
b) Metaestro – duração em torno de 4 a 5 dias. Fase em que ocorre a ovu-
lação (24 a 30 horas após o início do estro), tem-se a presença do corpo 
hemorrágico e as concentrações de P4 estão se elevando gradativamen-
te. Nessa fase também pode-se observar um sangramento fisiológico no 
trato reprodutivo (hemorragia de metaestro), independente da realização 
de cópula ou inseminação artificial.
c) Diestro – duração em torno de 14 dias e predominância de P4. Fisiologi-
camente, a variação do ciclo estral (18 a 24 dias) é dependente do tempo 
de diestro.
d) Proestro – período que antecede o estro e que tem duração em torno 
de 3 dias. É a transição entre a predominância de P4 para E2 no sangue. 
Inicia-se com a regressão do corpo lúteo. Apesar de a fêmea bovina não 
aceitar a monta (pelo macho e/ou por outra fêmea), pode-se observar al-
guns comportamentos como inquietação, vulva avermelhada e inchada, 
diminuição de apetite, entre outras características.
2.2.2.1 Controle do ciclo estral
Para melhor compreendermos o controle fisiológico do ciclo estral em bovinos 
e juntarmos as partes descritas acima, hipotetizamos que uma vaca bos taurus, 
com 2 ondas foliculares, esteja no início do estro (aceitando ser montada 
pelo macho e/ou por outra fêmea; Figura 4.5). A duração média do estro em 
bovinos é de 10 a 18 horas. A partir disso, podemos inferir que esta fêmea 
bovina está no dia zero (D0) do ciclo estral. Nesse momento, um folículo pré- 
ovulatório está presente no ovário e produzindo grande quantidade de E2, na 
ausência de P4 (corpo lúteo regredindo e inativo). Também podemos inferir que 
a concentração sérica de FSH é baixa (pois está ocorrendo feedback negativo 
entre E2 e FSH) e que os pulsos de GnRH/LH estão com uma frequência alta 
(podengo chegar a um pulso a cada 15 minutos). Este feedback positivo entre 
o E2 e GnRH/LH, na ausência de P4, é o estímulo que desencadeia a ovulação, 
denominado pico pré-ovulatório de LH. Apesar do pico pré-ovulatório de LH 
ocorrer no estro, a liberação de um oócito apto a ser fecundado (ovulação) é 
observada 24 a 30 horas após o início do estro, já no metaestro. A partir desse 
Aspectos Reprodutivos Aplicados à Inseminação Artificial em Bovinose-Tec Brasil 46
momento, os níveis de E2 diminuem e os níveis de P4 começam a aumentar 
progressivamente, devido a alterações morfofuncionais das células do folículo 
ovulado, ao passo que, ocorre a formação do corpo hemorrágico. Em geral, 
no dia 5 do ciclo estral o corpo lúteo está formado e funcionando plenamente 
(platô da produção de P4 – início do diestro). 
Ao mesmo tempo que isso está ocorrendo, pela baixa concentração de E2, é 
observado altas concentrações séricas de FSH. Dessa forma, por ação do FSH, 
um grupo de folículos (em média com 4 mm de diâmetro), de ambos os ovários, 
começam a crescer (recrutamento/emergência folicular). Com o crescimento 
desses folículos, também ocorre um aumento da produção e liberação de E2 
e, consequentemente, diminuição de FSH (feedback negativo). Quanto mais é 
estimulado o crescimento dos folículos pelo FSH, menos desta gonadotrofina 
é encontrado na circulação sistêmica, visto que tem alta concentração de E2. 
Em geral (bos taurus), quando esse grupo de folículos atinge de 7 a 8 mm de 
diâmetro a concentração de FSH já está bastante baixa para que continuem a 
crescer. Nesse período, fatores autócrinos e parácrinos produzidos no folículo 
(o fator mais conhecido/estudado é o fator de crescimento semelhante à 
insulina tipo I – IGF-I) permitem que, de maneira geral, somente um folículo 
continue crescendo (folículo dominante) e produzindo altas concentrações de 
E2, mesmo em baixos níveis de FSH. De maneira contrária, os outros folículos 
que não apresentavam os fatores autócrinos e parácrinos no seu interior 
(folículos subordinados) entram em atresia (degeneração), não produzindo 
mais E2 e diminuem de tamanho até não serem mais visíveis no ovário. Após 
esse evento (dominância folicular e atresia folicular), o folículo dominante 
adquire gradativamente a capacidade para ovular, de modo que, continua a 
crescer e a produzir E2. Ao atingir em torno de 12 mm de diâmetro (bos taurus), 
por volta do dia 10 do ciclo estral, esse folículo dominante é considerado 
pré-ovulatório e está produzindo E2, para que seja desencadeado o estímulo para 
a ovulação. Entretanto, devido a presença do corpo lúteo, que está produzindo 
altas concentrações de P4, não ocorre o pico pré-ovulatório de LH (feedback 
positivo entre o

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