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Ashley Lane - ANTI-VENOM Vipers MC

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Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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AVISO 
 
A presente tradução foi efetuada pelos grupos Warriors Angels of Sin (WAS), e 
Pegasus Lançamentos (PL) de modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, 
incentivando à posterior aquisição. O objetivo dos grupos é selecionar livros sem 
previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem 
qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto. 
Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a 
conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma original, 
impossibilitando o conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. 
A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, os 
grupo WAS e PL poderão, sem aviso prévio e quando entenderem necessário, 
suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos, daqueles 
que forem lançados por editoras brasileiras. 
Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download se 
destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o divulgar nas redes 
sociais bem como tornar público o trabalho de tradução dos grupos, sem que exista 
uma prévia autorização expressa dos mesmos. 
O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso 
incorreto e ilícito do mesmo, eximindo os grupos WAS e PL de qualquer parceria, 
coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por aquele que, por ato ou 
omissão, tentar ou concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de 
lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998. 
 
 
 
 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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LEAVE ME BREATHLESS 
THE IVY COLLECTION 
Uma série Multiautoras 
 
 
 
 
 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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ANTI-VENOM: VIPERS MC 
Copyright © 2019 Ashley Lane 
 
 
 
 
 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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SINOPSE 
 
Sozinhos somos perigosos. Juntos seremos mortais. Eles deveriam saber que 
não devem mexer com uma víbora1 em uma cama de hera venenosa2, mas é uma 
lição que alguns ainda precisam aprender. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Viper é o nome do MC no qual Theo é Presidente. 
2 Poison Ivy é o nome da mocinha. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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CAPÍTULO 1 
 
Ivy 
 
— Há algum problema aqui? 
Cinco palavras. Isso é o suficiente para que os sons enchendo o Blue Iguana 
desapareçam. O estalo da bola branca contra o taco enquanto ele bate. As vozes 
erguidas competindo com a televisão e o rápido tapa das garçonetes contra os 
dedos errantes na parte de trás de sua saia. Tudo desaparece ao som dessa 
voz. A voz dele. 
Theo-filho-da-puta-Bourne. 
Meu namorado do ensino médio e amor por toda a minha vida miserável e 
pateticamente chata. Jesus Cristo, Ivy, muito dramática? Ok, então minha vida não é 
miserável ou patética e, honestamente, você teria que estar fumando um pouco da 
merda do meu pai para pensar que era chata. Mas ser confrontada com ele 
novamente, aqui - neste momento? Digamos que eu prefiro rolar em esterco. Pelo 
amor de Deus, Ivy. 
Certo, Jesus, você está certa. Sou demasiado feminina para gostar de correr o 
risco de ter merda nas minhas botas, mas posso dizer com total confiança que, se 
alguma vez houvesse um Harry-fodido-Potter e ele pudesse me guiar para outra 
dimensão onde Theo Bourne não existisse - eu cavaria merda o dia inteiro, se fosse 
pagamento suficiente. 
Veja, a questão é o seguinte. Theo e eu éramos tudo. Eu era o sol dele e ele era 
a minha lua. Ele sempre disse que existia por minha causa. Mas palavras não 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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significam merda alguma quando você quebra o coração de uma garota de 
dezessete anos e destrói todos os sonhos que ela já teve sobre amor e besteiras de 
príncipe. Deixe-me ser a única a poupar algumas garotas problemáticas. 
O Príncipe Encantado é besteira. Ele é um mentiroso que mente e tudo o que ele diz 
ou faz é entrar em suas calças. Oh, mas Ivy, não meu homem. Meu homem passaria 
pelo fogo por mim. Por favor, desculpe-me enquanto vou vomitar, Tiffany3. Porque a 
verdade é que, a menos que você esteja do outro lado do fogo, com as pernas 
abertas como um banquete de Ação de Graças - ele não vai passar por aí. 
— Eu perguntei, há algum problema aqui? — O timbre áspero da voz de Theo 
me arrasta de volta ao presente. Seu calor perfura o couro do meu corte e eu 
amaldiçoo meu corpo por sua reação traidora. Porraporraporra. 
Olho por cima do ombro, tentando o meu melhor para controlar minhas 
feições. Falho miseravelmente. Jesus Cristo em um biscoito4! Os últimos dez anos 
têm sido duplamente bons para Theo Bourne e, por causa disso, não posso deixar de 
odiá-lo um pouco mais. Idiota. 
Abro a boca para responder, mas meus olhos decidem que precisam se 
familiarizar com o corpo do meu primeiro amor. Aparentemente, o filho da puta não 
tinha uma aparência boa o suficiente nas vinte ou mais vezes em que ele me tinha 
nas costas, dez anos atrás. É por isso que engasgo com saliva, impedindo 
qualquer Sou quente, porra, olhe o que você perdeu na fachada que eu planejava 
criar. 
Meus olhos pousam no corte de couro gasto que é moldado em seus ombros 
musculados parecendo o Hulk. Arrastando os olhos por ele, finalmente vejo o patch 
 
3 Forte, perfeita mas vulnerável, que acredita em príncipes encantados e facilmente sai magoada. 
4 Esta expressão, no inglês Holy Christ on a loaded cracker – revela toda sua indignação, raiva, é uma expressão que 
acentua mais o ‘Jesus Cristo’! 
 
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de Presidente com o nome Viper por baixo e balanço. Esse ato - que também será 
conhecido como ‘a coisa mais estúpida que já fiz na minha vida’… — leva Theo a dar 
um passo à frente e segurar minha cintura em uma mão enquanto a outra envolve 
meu cotovelo. 
Minha bunda ainda está apontada na direção dele, de modo que o passo 
apenas o leva a fluir com meu corpo. Eu poderia gritar com a forma como nossos 
corpos se alinham, minhas costas e ombros combinados com os dele. Naquela 
época, eu pensei que isso significava que eramos feitos um para o outro. Como duas 
pessoas que se encaixam tão perfeitamente juntas não podem ser feitas uma para a 
outra? Um calor abrasador e profundo atinge meu corpo, e para meu horror 
absoluto, paralisante, eu não cerro os lábios rápido o suficiente para pegar o gemido 
que se formou na minha pequena garganta vagabunda. Que porra é essa? 
Por favor, Deus, diga-me que, a qualquer momento, agora meu alarme 
disparará? E eu vou acordar do pior pesadelo da minha vida. Segundos passam sem 
alarmes e eu sei que gastei minhas promessas de colocar minha bunda de volta na 
igreja muitas vezes, porque desta vez, Jesus está sentado com uma tigela de pipoca 
prestes a me ver queimar. 
— Theo Bourne, — minha voz pinga com doçura de sarcasmo. — 
Minha nossa...que surpresa. Vejo que você aprendeu um novo truque. 
O canto de sua boca se eleva em um sorriso sexy. — Eu não sabia que tinha um 
truque original, Ives. 
Murmuro baixinho. — Oh sim, querido. Veja, seu primeiro truque é o que vim 
chamar de seu ato de desaparecer. Embora... agora pareça que não é um admirável 
acto único, já que posso adicionar re-aparecendo a essa lista. — Sorrio docemente 
quando sua mandíbula flexiona a partir da força de seus dentes cerrados, mas a 
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minha glória é de curta duração quando minha razão por estar neste bar 
abandonado por Deus muda de posição e se move para ficar de pé em seu 
banquinho. 
Meu coração cai e o suor pontilha minha testa quando o pânico toma conta do 
meu sistema. Não, ele não pode sair. Voltando ao meu alvo, me afasto das garras de 
Theo. Colocando meus cotovelos no bar, certifico de dar-lhes um aperto 
agradável. Como eu esperava, o pedaço de olhos de merda cai direto para o V da 
minha camiseta preta, mas um pigarro atrás de mim rouba sua atenção. 
Russell Granger é um homem bruto. Chegando a um metro e noventa e cem 
quilos, você pensaria que o homem não teria medo de um pouco de competição. Eu 
o observei o suficiente nas semanas anteriores para saber que recuar de uma luta 
não está em seu DNA. Mas uma boa olhada no homem maciço que se ergue sobre o 
meu ombro o deixa com o rosto pálido. Só assim eu sei que não importa o quão 
duro ou apertado eu faça, Darla e Dana simplesmente não vão selar o acordo para 
mim esta noite. 
— Desculpe, docinho. Tenho uma pequena dama esperando em casa por 
mim. Está na hora de ir. — A voz dele é suave como açúcar, mas o cheiro de cerveja 
velha e Marlboros que mancham a respiração me fazem estremecer. Apesar de seu 
melhor esforço para esconder, eu sei tudo sobre o lobo que se esconde sob sua 
pele. Eu vi o dano que suas garras podem causar. Também sei com todo o meu ser 
que sua mulher está usando sua última oração para rezar para que seu marido não 
volte para casa hoje à noite. Era meu trabalho fazer com que isso 
acontecesse. Agora falhei, e Theo Bourne vai pagar o preço. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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Mesmo de costas para ele, quase consigo ver o sorriso satisfeito que sei que 
está puxando sua boca. Se eu não estivesse me sentindo tão homicida com a 
situação, eu riria. Ele acha que ganhou. Ele vai ter uma surpresa. 
Não intimidada, eu faço beicinho e deslizo minha língua entre os 
dentes. Chegando de volta, pego minha caneta no bolso de trás e rabisco o meu 
número descartável no guardanapo amassado. Depois que eu o aliso e aponto meu 
número, pego o pedaço de papel infestado de germes e com os olhos fixos nos de 
Russ e pressiono meus lábios vermelhos para baixo. 
 Afastando-o da minha boca, sorrio com a deliciosa impressão deixada para 
trás. 
Minha mensagem é clara. Quando ele me quiser sem a ameaça de o Hulk5 
passar por seu rosto, ele sabe como me encontrar. Por hoje à noite, eu fiz o melhor 
que posso. Endireitando-me para sair, ignoro a maneira como a pele do meu braço 
puxa um pouco, provavelmente presa a um resíduo questionável. Minha cabeça se 
move e, com a força, meus longos e sedosos fios vermelhos navegam por cima do 
meu ombro. Certamente para colocar um balanço extra em meus quadris, vou em 
direção à porta quando a voz de Russ me para. 
— Você tem um nome para combinar com esses lábios, querida? 
Ah Anzol, linha e chumbo. E estes senhoras e senhores, é onde digo xeque -
 mate para Theo, filho-da-puta-Bourne. 
Parando completamente, eu aponto a metade superior do meu corpo em 
direção aos homens atrás de mim, certificando-me de deixar minha bunda para seu 
prazer visual. Eu me viro e espero o momento em que meus olhos se deparam com 
os de Theo, a sede de seu choque vibrando sob a minha pele. Levanto meu braço, 
 
5 Ela refere-se ao Theo. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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apreciando a maneira como seus olhos dançam ao longo da manga colorida de 
tatuagens que eu não tinha antes. Seus olhos assumem um brilho apreciativo. 
Com dedos habilidosos, levanto a massa pesada de cabelos de onde estão 
cobrindo o remendo no bolso direito do peito do meu corte. Olhos nunca se 
afastando dos dele, eu dedico cada segundo desse momento à memória. 
O momento em que ele percebe quem eu sou. 
— Você pode me chamar de Poison Ivy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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CAPÍTULO 2 
 
Ivy 
 
— Eu preciso que mantenham os olhos na casa de Russ Granger num futuro 
próximo. 
— Acho que sua noite não foi como o planejado? 
Coloco todo o ódio e malícia que tenho por Theo em meu olhar e quase 
consigo ver as bolas de Ranger murcharem dentro de seus jeans surrados. — Vou 
aceitar isso como um não, — ele murmura e puxa o telefone do bolso. Ele se vira 
para sair da sala, mas não antes de ouvi-lo ordenando dois de nossos melhores 
prospectos, Blip e Tiny, para colocar suas bundas em patrulha ou enfrentar o 
veneno6. 
Pode não ser típico em nosso mundo temer a ameaça de uma mulher, mas 
trabalhei duro nos últimos dez anos para garantir que meu nome seja conhecido em 
toda a parte. Essa é uma das razões pelas quais tive um imenso prazer em ver o 
rosto de Theo quando me apresentei esta noite. A satisfação de ver o momento em 
que ele juntou as peças vai durar uma vida inteira. 
Ele me conhecia como Ivy Scott. Ex-namorada e filha / Princesa do MC de 
Oliver ‘Timber’ Scott, Presidente dos Iron Reapers. Eu sempre tive um 
temperamento quente e flamejante que combinava com meu cabelo, mas dez anos 
atrás demorava muito para fazer minhas chamas queimar. Agora, sou Poison Ivy, e 
essas chamas? Bem, digamos... elas nunca desaparecem. Elas são um zumbido 
 
6 Referência ao nome dela… Veneno (Poison Ivy). 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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constante debaixo da minha pele. Um espinho que nunca se foi. Quando não estão 
brilhando, estão como carvão em brasa à espera de ar fresco para alimentá-
las. Minha raiva agora é uma coisa viva, respirando. E é tudo graças a ele. 
Ando pela sede do clube acenando com a cabeça para os meus homens quando 
passo. É uma noite de Sábado e a maioria deles tem seus cortes, mas aqueles a 
quem não foi atribuída alguma diligência. Chegando à porta do meu pai, bato 
levemente no mogno depois de aprender minha lição de não entrar sem permissão. 
Meu pai é um homem incrível e ele nunca me tocou. Mas ver uma garota 
quatro anos mais nova que eu pulando no colo dele - prefiro arrancar os olhos do 
que ver novamente. 
— Entre. — Sua voz envelhecida vem do outro lado e, mesmo com permissão, 
ainda mantenho meus olhos no chão quando entro. Como sempre, a visão o faz rir, 
o som me aquecendo por dentro. 
— Um homem é pego fazendo sexo uma vez... — ele zomba e eu levanto minha 
cabeça incapaz de conter o meu sorriso. 
— Um pai é pego fazendo sexo, com a filha vendo uma vez. Grande diferença 
lá, papai. Grande. 
Ele ri de novo e me acena mais para dentro da sala. — Então, como posso 
ajudar minha Vice-Presidente? 
Ah, sim, esse pouco do meu nome ser temido em nosso mundo - também pode 
ter algo a ver com o título que vem depois dele. ' Veneno' Ivy Scott, Vice-
Presidente do Iron Reapers MC. Embora ser Vice-Presidente do MC do meu pai não 
fosse algo que estava na minha longa lista de sonhos e realizações, não mudaria de 
lugar aqui por nada. Bem, talvez uma coisa.Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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Eu tinha dezoito anos quando nosso ex-Vice-Presidente foi morto durante uma 
corrida, por uma pequena gangue local. Apesar de acordos feitos com seu líder 
durante uma sessão, alguns membros da gangue não ficaram felizes quando 
descobriram que estaríamos assumindo seus territórios mais lucrativos onde eles 
vendiam seus suprimentos. O que eles não sabiam era que o líder deles estava 
metido em confusão. Apesar do nome que criara para si mesmo, o fascínio pelo 
dinheiro era muito forte e ele se viu com dívidas de jogo no valor de milhares de 
dólares. 
A quantidade de pessoas a quem ele devia dinheiro era espantosa. Embora eu 
o tenha aplaudido e a sua tentativa de corrigir seus erros, no final, simplesmente 
não foi suficiente. Ele precisava de uma saída. E já que, como a maioria das pessoas, 
ele valorizava o ar que respirava e queria manter o coração batendo mais quarenta 
ou cinquenta anos, engoliu seu orgulho e procurou um aliado improvável. Ficamos 
mais do que felizes em tomar o território das mãos dele. Já tínhamos procurado 
expandir e a área que eles administravam fazia muito dinheiro. 
Para poupar a cara do líder e manter as aparências, oferecemos a ele uma 
quantia fixa para a área que estaríamos ocupando. A quantia era grande, mas era 
justa e, honestamente, uma quantia que ganharíamos três vezes em apenas alguns 
meses. Saímos da mesa nos sentindo otimistas e, em comemoração, tivemos uma 
festa no clube na noite seguinte. O que não percebemos foi que, depois de ajudá-lo, 
o líder da gangue iria nos foder de verdade. Em vez de ser honesto com seus 
homens, ele teceu uma história de decepção e roubo e os membros da gangue 
revidaram. 
Como nosso clube é praticamente impenetrável graças à cerca de chapa 
metálica que circunda o perímetro, eles nos atingiram quando éramos 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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vulneráveis. Sendo o homem que ele era, nosso Vice-Presidente se ofereceu para 
pegar bebidas quando o bar começou a secar cedo na noite da festa. Todos os 
outros membros estavam na lixeira ou estavam a caminho, então ele ofereceu. 
Eu estava com Theo na noite em que recebemos a ligação de que Mack ‘The 
Ripper’ Bourne havia sido assassinado apenas a alguns passos do lado de fora do 
Pete's Liquor. Vi como diante dos meus olhos, um pedaço do garoto que eu amava 
morreu com o pai. Aquela noite foi o começo do fim, e eu nunca tive uma pista. 
Com nada mais do que uma nota no meu travesseiro, Theo desapareceu dois 
dias após o funeral de Mack. Na época, eu pensei que ele só precisava de 
espaço. Hora de afastar a cabeça de todos os intrometidos que só queriam estar lá 
para ele. Mas como os dias se transformaram em semanas e semanas em meses, eu 
tive que enfrentar a dura verdade fria. 
Theo tinha sumido. 
Durante anos, o cargo de Vice-Presidente no Iron Reapers MC ficou por 
preencher. Não era o jeito normal das coisas, mas para mim ele falava milhões sobre 
o homem que havia anteriormente ocupado o papel. Eu pensei que nunca seria 
preenchido novamente. Na época, eu não sabia que meu pai estava guardando para 
mim. 
Minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha quase dois anos, 
então eu sempre fui uma figura permanente no clube. Ser criada por um pai solteiro 
que também era Presidente de um MC pode não parecer a situação ideal para 
alguns. Mas para mim, era o suficiente. 
Eu tinha seis anos quando Mack Bourne foi iniciado no clube. Aparentemente, 
ele e meu pai cresceram juntos. Eles perderam o contato por um tempo quando os 
pais de Mack se divorciaram e ele foi colocado com a avó em um estado diferente, 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
17 
 
mas ele estava em casa agora para continuar suas raízes onde começaram 
originalmente. Também fiquei feliz ao descobrir que ele tinha um menininho a 
reboque. 
Levaria anos até eu ver Theo como algo mais que um amigo. Eu estava 
apavorada que meu pai o matasse quando descobrisse. Pensamos que estávamos 
fazendo um bom trabalho em mantê-lo oculto. Mas nunca esquecerei de sentar no 
escritório do meu pai, Theo ao meu lado, conversando sobre os pássaros e as 
abelhas7. Mesmo agora, anos depois - está logo abaixo de encontrar uma prostituta 
cavalgando meu pai. 
Depois que me formei no ensino médio, assumi um papel mais proativo dentro 
do clube. Sendo criada aqui, eu conhecia tudo. Não havia segredos para mim e, 
quando eu tinha vinte e um anos, estava correndo os livros e gerenciando as vadias 
do clube. A maioria delas tinha a minha idade ou um pouco mais velhas, mas mesmo 
assim, eu agia como uma espécie de mãe. Certificando-me de que todos elas 
tivessem prescrições atuais de controle de natalidade e agendando consultas 
mensais na clínica para testá-las. 
Não era o trabalho mais fascinante, mas eu tinha um propósito e isso era o 
suficiente para mim. Ou pelo menos foi até à noite em que minha melhor amiga do 
ensino médio, Katie, me ligou da sala de emergência. O namorado dela, com quem 
também estudamos no colegial, a espancou quase tirando sua vida. Mesmo que nós 
duas ficássemos na cidade depois do ensino médio, ficamos distantes. Ela estava 
começando sua vida com Brock, e eu estava procurando meu lugar no MC. Chegar 
ao hospital naquela noite para descobrir que minha melhor amiga havia passado os 
 
7 Expressão que usam para querer dizer que falam de sexo, ou de onde vêm os bebés. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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últimos três anos sendo abusada mental e fisicamente pelo homem que ela amava, 
me destruiu. 
O que diabos eu estava fazendo para estar ocupada demais para vê-la? Aquela 
noite foi uma realidade para mim. Também desencadeou uma mudança que eu não 
entendia completamente na época, mas que viria a adotar. 
Quando perguntei a Katie por que ela não havia pedido ajuda antes, percebi o 
quão terrível era a situação dela. Como Theo, Brock tinha sido um atleta americano 
em não apenas um, mas dois esportes. O beisebol ou o futebol deveriam ser sua 
passagem para fora desta cidade. Mas um joelho machucado no primeiro jogo da 
temporada de futebol de calouros no estado mudou tudo. 
Segundo Katie, Brock ignorou todas as instruções de seus médicos e 
treinadores. Ele estava decidido a voltar ao campo o mais rápido possível e começou 
a treinar antes de ter aprovação. No final, ele causou danos irreparáveis que 
cortaram seu futuro brilhante. Sem muito a que recorrer, Brock saiu do estado e 
conseguiu um emprego na fábrica de papel onde seu pai trabalhava. 
Não demorou muito tempo para a depressão se manifestar. Quando Katie 
percebeu o que estava acontecendo, era tarde demais. Brock não era mais o garoto 
por quem se apaixonou. Mas, apesar de suas falhas, ela se dedicou a ele e ao 
relacionamento deles. Estava convencida de que poderia ajudá-lo a melhorar. O 
problema era que Brock não queria melhorar. A fuga que ele conseguiu de se afogar 
em uma garrafa era melhor do que qualquer vida sóbria com Katie. Ao final de tudo, 
o espírito de Katie estava tão quebrado quanto o corpo de Brock. 
Fiquei sentada ao lado dela por horas ouvindo sua história. Minha alma 
sangrou pela minha melhor amiga e um incêndio queimou por dentro quando a 
motociclista no meu sangue começou a ferver. Enquanto eu ansiava por distribuir 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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minha própria dose de vingança, fiquei satisfeita sabendo que ele seria 
responsabilizado quando Katie fizesse acusações. 
Muitas vezes me perguntei onde estaria agora se as coisas acontecessem 
diferentemente apartir daquele momento. Eu gosto de pensar que de alguma 
forma ainda terminaria onde estou agora, fazendo o que faço agora, mas não sei. A 
verdade é que, se Katie tivesse apresentado queixa, provavelmente eu ainda estaria 
no mesmo lugar em que estava na época. Passando receitas e fazendo verificação 
de clamídia8. 
Eu nunca saberei a resposta para aqueles 'e se', porque não foi assim que 
aconteceu. De modo nenhum. Jamais esquecerei a maneira como fiquei sentada de 
queixo caído quando Katie disse aos oficiais que ela caiu pelas escadas da casa 
deles. Contou-lhes uma história de escadas íngremes e um cesto cheio de 
roupa. Honestamente, acho que, no fundo, Katie realmente acreditava nessa 
história. Mas ela era a única. Porque a última vez que verifiquei, os cestos de roupas 
não tinham dedos e eles com certeza não deixavam hematomas na garganta. 
Eles perguntaram a ela três vezes se ela tinha certeza de sua história. Uma vez 
o policial do sexo masculino saiu da sala esperando que Katie se abrisse mais para 
sua parceira. Isso não aconteceu. Com graus variados de piedade e raiva, os policiais 
foram embora, deixando-me encarar minha melhor amiga. Os anos separados a 
transformaram em alguém que eu mal reconhecia. E não estou falando apenas dos 
hematomas que cobriam quase todos os centímetros do corpo dela. 
Quando recebeu alta, eu a carreguei no meu carro, preparada para levá-la de 
volta à sede do clube. Ela precisava de um lugar seguro para se recuperar de toda 
 
8 Clamídia é uma bactéria que causa uma infecção sexualmente transmissível (IST), que na maioria das vezes atinge os 
órgãos genitais, mas pode afetar também a garganta e os olhos. Essa doença muitas vezes é silenciosa e acometer 
homens e mulheres com vida sexual ativa. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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essa provação. Em algum lugar em que ela pudesse levar o tempo necessário para 
colocar a cabeça em ordem novamente. Aparentemente, Katie e eu não tínhamos a 
mesma ideia, porque me surpreendeu muito quando ela me pediu para a deixar na 
delegacia de Polícia. Meu pensamento imediato foi que ela mudou de ideia. Ou 
finalmente encontrou sua mente, uma das duas - eu não me importei. Ela 
finalmente viu a luz e iria apresentar queixa contra aquele filho da puta odioso. 
Tenho certeza que você já sabe onde isso está indo, não é? Aposto meu último 
dólar que nem preciso contar o resto dessa história, porque você já sabe como ela 
termina. Pelo menos parte disso. Você sabe que Katie não estava indo para aquela 
estação para mudar sua declaração. Você sabia que ela pagaria a fiança por aquele 
filho da puta. Você sabe que fazer isso teria sido o maior erro de sua vida. Bem, não 
se preocupe - eu também sabia disso. 
— Ivy... IVY. 
Dando uma pequena sacudida na minha cabeça, concentro-me novamente no 
meu pai. — Desculpe, papai. Você disse alguma coisa? 
Meu pai olha para mim como se eu tivesse perdido a cabeça. — Acho que é 
hora de você ir para casa, menina. 
Apenas o pensamento da minha cama me faz bocejar e lutar contra um puxão 
invisível para o céu almofadado. — Eu vou quando sair daqui — digo, a exaustão 
penetrando profundamente em meus ossos. 
Meu pai me observa atentamente, seus olhos observando todos os detalhes. — 
Eu entendo pelo seu olhar derrotado em seu rosto que você não pegou sua 
borboleta esta noite. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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Como eu disse, meu pai nunca perde nada. Isso também me leva ao resto da 
minha história sobre Katie. 
Quando percebi que Katie estava indo para a delegacia com a intenção de 
pagar a fiança de Brock, tomei uma decisão por meio segundo. Eu admito agora que 
posso ver como esse tiro poderia ter saído pela culatra, mas na época minha única 
preocupação era proteger Katie. Isso significava afastá-la de Brock, fosse Brock atrás 
das grades ou a um metro e oitenta abaixo de chão. 
Ignorando o pedido dela, trouxe Katie de volta à sede do clube. Quando ela me 
perguntou o que eu estava fazendo, tive que pensar rápido. De alguma forma, eu 
sabia que 'eu estou sequestrando você até que você possa ver a razão' não 
terminaria bem. Então improvisei a porra da situação. Disse a ela que imaginei que 
ela gostaria de tomar banho e se limpar antes de ir buscar Brock. Felizmente, ela 
mordeu a isca e, enquanto estava no chuveiro, eu me encontrei com meu pai, Blade 
e Ranger, e coloquei meu plano em movimento. Foi assim que Katie, agora 
conhecida como Meadow Wilson, se tornou minha primeira borboleta. 
Olhando para o meu pai, balanço minha cabeça enquanto a raiva se instala na 
minha barriga. — Não, eu não a peguei hoje à noite. 
O rosto do pai está sombrio. Ele sabe tão bem quanto eu como era difícil tirar 
Rachel Granger de lá esta noite. Russell está piorando a cada dia e o tempo está se 
esgotando para sua esposa. 
— Temos de tirá-la em breve, Ivy, — diz meu pai, seus pensamentos refletindo 
os meus. 
Eu me levanto da cadeira e passo pela sala. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
22 
 
— Porra, você não acha que eu sei disso? Eu não queria jogar minha raiva 
sobre ele e eu sei que se fosse outra pessoa, eu estaria encontrando meu criador 
agora. Mas a pressão está chegando até mim. E na minha linha de trabalho, o 
fracasso tem um preço alto. Olho para o meu pai, minhas desculpas nos meus 
olhos; ele concorda com a cabeça. 
— Qualquer coisa que eu possa fazer para ajudar? 
Deus, se eu não estivesse tão fodida, sorria. Eu amo o meu pai. Desde o dia em 
que entrei no escritório dele e lhe disse que queria salvar mulheres em situações de 
abuso doméstico, ele ficou atrás de mim 112%. Katie era minha cobaia. Ela também 
era minha metamorfose mais difícil. 
Assim como as mudanças drásticas pelas quais uma lagarta passa em sua 
jornada para se tornar uma borboleta, minhas meninas também passam por uma 
série de mudanças. A maioria delas é semelhante a Katie. Elas foram destruídas e 
condicionadas a acreditarem que seus homens realmente as amam. Que elas 
merecem o que está acontecendo com elas. É uma realidade comovente que eu 
nunca vou entender de verdade, mas tudo bem. Não é meu trabalho entender todos 
os meandros do porquê elas se sentem dessa maneira. Meu trabalho é pegar os 
pedaços quebrados e juntá-los novamente. E como com qualquer coisa quebrada, 
elas nunca são as mesmas de antes. Mas tudo bem também, porque quando eu as 
liberto, elas são exatamente isso. Livres. 
Voltando ao meu pai, penso na pergunta dele. — Não tenho certeza. Tudo terá 
que ser reavaliado e ajustado para uma nova estratégia de saída. Só espero que ela 
não mude de ideia enquanto temos um novo plano em prática. 
— Você acha que ela vai desistir? — Ele se recosta na cadeira. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
23 
 
— Honestamente, eu não tenho ideia. Ela me ligou três dias em números 
diferentes e desligava toda vez que eu respondia antes que ela se esforçasse para 
falar comigo. 
A boca de papai se contorce. — Porra, isso é ruim? 
— Ela é realmente um novo território para mim, — admito. 
— Ah? Como assim? 
— Porque ela está grávida. 
Um silêncio pesado invade o ar após a minha admissão. A urgência de tirar 
Rachel imediatamente é aumentada mil vezes. Estou cem por cento investida em 
todos os resgates que orquestro. Mas é certo que este é apenas um pouco mais que 
os outros. Porque não estou apenas salvando uma vida, estou salvando duas. 
— Tenho certeza de que não preciso lhe explicar como isso complica as coisas. 
Ele está certo sobre isso. Quando minhas garotas finalmente me deixam para 
serem colocadas em uma nova localização,elas recebem um novo começo. Certidão 
de nascimento, carteira de motorista, cartões de seguridade social - todos são novos 
e retratam uma vida que nunca foi tocada pela violência doméstica. 
Sua nova localização é completa, com condições de vida e emprego estável 
esperando por elas. Elas recebem instruções sobre como se integrar lentamente em 
seu novo mundo. E graças aos outros capítulos9 dos Iron Reapers espalhados pelo 
sul dos Estados Unidos, elas nunca estão sozinhas e sempre têm alguém para cuidar 
delas, caso precisem. 
Elas também são instruídas a permanecer fora do radar por pelo menos um 
ano. Isso significa não se casar, não ser presa, não votar, não pedir para voltar à 
 
9 Seções do clube MC. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
24 
 
escola e, definitivamente, não ter filhos. Por mais que eu odeie dar a elas regras tão 
estritas em sua nova vida ‘livre’, tenho que garantir sua segurança em primeiro 
lugar. Isso significa que, embora eu tenha total confiança em meus recursos para 
obter suas novas identidades, tomo todas as precauções para garantir que não 
sejam detetadas por nenhum sistema governamental. 
Por mais que eu adorasse que fosse um trabalho legítimo do Better Business 
Bureau, não é. Eu não tenho uma página no Facebook ou site. Em parte nenhuma eu 
tenho minhas horas ou taxas listadas - não há. O que você encontrará ao redor de 
nossa cidade são cartões de visita. Frente acabada em preto fosco, a parte traseira 
com o mesmo, exceto por um fio verde metálico de Ivy e um número de 
telefone. Elas não estão onde você sempre as espera. Em vez disso, você as 
encontrará no banheiro feminino em todas as igrejas da cidade. Debaixo da boca do 
registro no supermercado e na farmácia, pronto em um momento em que o caixa 
sente um arrepio na espinha de que você pode ser alguém que precisa ser 
salvo. Escondidos sob a última página da papelada quando você sai do consultório, 
eles passam despercebidos aos olhos do público. Mas para aqueles que realmente 
precisam deles - apesar de parecer negros, eles brilham - um farol de esperança em 
seu mundo sombrio. 
— Eu conheço o risco potencial, mas isso não muda nada. — Empurro a parede 
com a minha bota e caminho em direção à porta. Mas antes de sair, lembro por que 
essa noite não foi como o planejado e a razão da merda monumental. Volto para o 
meu pai. — Você sabia? — Eu pergunto, observando seu rosto por algum sinal de 
que ele possa saber do que estou falando. 
Posso ser a Vice-Presidente do clube e perfeitamente capaz de me cuidar, mas 
nunca estou sozinha quando deixo essas paredes e nunca sei o que meus guarda-
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
25 
 
costas lhe relataram. Vice-Presidente ou não, ainda sou uma mulher, mas mais do 
que isso, sou filha do Presidente e sou protegida como tal, independentemente da 
minha posição no clube. 
— Que ela estava grávida? — As sobrancelhas erguidas do meu pai se juntam 
em completa confusão e eu não posso deixar de rir. 
— Não, papai, não... — Suspiro e abaixo a cabeça, beliscando a ponta do nariz 
com os dedos. — Você sabia sobre Theo? — Eu forço, me preparando para a 
resposta dele, mas um silêncio atordoado segue. 
— Theo? Bourne? 
Concordo. — Esse mesmo. 
— Sabia o quê? 
Procuro em seu rosto qualquer indício de desonestidade, mas não o vejo. — Ele 
estava no Blue Iguana hoje à noite e foi a razão pela qual minha extração foi uma 
merda. 
Pops solta um assobio baixo e se recosta na cadeira. — Você tem certeza que 
era ele? 
Eu solto uma risada. — É quase impossível esquecer o garoto que explodiu seu 
coração em pedacinhos, pai. 
— Acho que não foi uma reunião feliz, — ele murmura. Há muitas palavras que 
eu usaria para descrever a visão de Theo hoje à noite e elas estão a cerca de mil 
milhas da palavra ‘feliz’. 
— Ele é o Presidente de um MC, — afirmo, minha voz baixa. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
26 
 
Meu pai se empurra um pouco com as notícias. Claramente, ele também não 
fazia ideia. — Ele viu o seu patch10? 
O olhar no rosto de Theo brilha em minha mente e não consigo conter meu 
sorriso. — Oh sim. Ele viu meu patch. 
Meu pai balança a cabeça, uma risada caindo de seus lábios. — Espero que 
você saiba o que está fazendo, menina. 
Oh, eu sei exatamente o que estou fazendo. Vou pegar um Viper. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 Emblema que identifica um MC e o cargo que um membro ocupa dentro dele. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
27 
 
CAPÍTULO 3 
 
Ivy 
 
Conseguir um encontro com Rachel era quase impossível. Na semana passada, 
todas as tentativas de encontro foram esmagadas quando Russell apareceu sem 
aviso prévio. Se não fosse pelo medo natural no rosto de Rachel, eu teria me 
perguntado se era ela quem estava dando as informações. Não seria a primeira vez 
que eu seria alvo de uma tentativa de armadilha. Algumas das mulheres que salvei 
pertencem a homens tão possessivos que se recusaram a deixar ir embora depois 
que as mulheres se foram. Esses são os que causam problemas para mim, embora 
isso não tenha acontecido com frequência, aconteceu. E por causa disso, eu tenho 
que tomar todos os cuidados ao assumir um novo resgate. 
Mas algo maior estava acontecendo aqui e meu sexto sentido estava ficando 
fodido. Isso era maior que eu. Eu podia sentir isso. 
— Tem certeza de que ele não vai nos encontrar? 
Meus ouvidos se esforçam para ouvir o sussurro silencioso de Rachel através da 
porta do box. Sim, estamos em um imundo banheiro público feminino. Sim, é anti-
higiênico como o inferno. Eu dou a mínima? Não. — Tenho certeza, Holly. — Usar o 
novo nome dela é arriscado, mas eu também sei que a promessa de uma nova vida 
a acalma mais do que qualquer outra palavra que eu possa lhe dar. Então, se eu 
tiver que correr o risco, que assim seja. Não posso tê-la voltando atrás agora. Eu 
preciso continuar lembrando a ela que dias melhores estão chegando. Em breve. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
28 
 
— Tudo daqui em diante vai acontecer rápido e silenciosamente, — continuo 
enquanto reajo no assento do vaso sanitário fechado que cobri com dez mil 
camadas de papel higiênico. Tampa ou não, esses jeans estão no lixo assim que eu 
chegar em casa. 
— O que está acontecendo? Por que ele continua nos encontrando? — A voz 
de Rachel se eleva em pânico - preciso que ela se acalme. Dizer-lhe a verdade, que 
eu acho que tenho um rato no meu clube, só servirá para fazer o oposto, então eu 
minto. 
Com voz gentil, digo o que ela precisa ouvir. — Tudo está bem. Percalços 
acontecem em quase todas as evacuações e estamos preparados para eles. Só não 
quero que Russell faça algo precipitado antes que tenhamos a chance de tirá-la de 
lá. OK? 
Sua respiração é instável e posso dizer que ela está fazendo o possível para 
mantê-la firme. — OK. 
— Até a gente sair, eu não quero que você converse com ninguém além de 
mim. Se algum dos meus rapazes tentar falar com você, quero que diga que não 
ouviu nada de mim. 
— Ivy... — Eu odeio o medo na voz dela e odeio ainda mais fazer parte do 
motivo de estar lá, mas não posso ignorar esse sentimento no meu estômago de 
que algo está acontecendo ao meu redor que eu não conheço, então tenho que 
tomar todas as precauções. 
— Rach… vai ficar tudo bem. Hoje é Quarta-feira. Russell tem algo planejado 
para os próximos dias? 
— Hum, ele vai pescar domingo de manhã com um cara do trabalho.Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
29 
 
Aceno, mesmo que ela não possa me ver. — Ok, isso é bom. Que horas eles 
costumam sair? — Por favor, deixe que ainda esteja escuro, por favor, deixe ainda 
estar escuro. 
— Cedo, por volta das seis. 
Bingo. — Perfeito. Você ainda está com sua mala como falamos? Todas as 
minhas garotas têm uma pequena bolsa que elas podem carregar consigo. Como 
nem tudo pode ser comprado, isso permite que eles tragam algo insubstituível da 
vida passada para a nova. Memórias não estão apenas em nossos corações e 
mentes. Às vezes, elas estão presas a um objeto, e eu nunca pediria que minhas 
meninas desistissem disso. 
— Sim, e está escondido muito bem também, então não preciso me preocupar 
com ele encontrá-lo. 
— Tudo bem, eu vou sair primeiro. Quando eu vir que a costa está limpa, 
mandarei uma mensagem para você. Haverá um carrinho de compras esperando do 
lado de fora da porta, quero que você faça algumas compras leves, o suficiente para 
tornar o tempo crível, e assim você tem um recibo para mostrar a Russell. 
Depois de me despedir, dou uma volta pela loja, mantendo os olhos abertos 
para Russell ou qualquer um de seus conhecidos. Depois de verificar o 
estacionamento, mando uma mensagem para Rachel e espero na minha moto no 
estacionamento do outro lado da rua, mantendo-me atenta até que ela saia. Assim 
que o carro dela sai do estacionamento, trinta minutos depois, ligo a moto, coloco o 
capacete e começo na direção oposta. Tenho algumas ligações para fazer. 
 
 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
30 
 
 
— Wicked Wrench, onde seu equipamento tem a garantia de ser 
lubrificado. Aqui é Angel, como posso atendê-lo hoje? 
Não posso evitar a risada que sai do meu peito com a saudação de Angel. — 
Seu chefe sabe que você está atendendo o telefone assim? 
Angel reconhece minha voz e retorna minha risada. — Meu chefe não sabe 
muito desde que perdeu suas bolas para sua… oof11. 
Angel foi interrompido? E cubro minha boca quando ouço Priest12 rosnar para 
ele voltar ao trabalho. 
— Wicked Wrench, aqui é Priest, — sua voz retumba através da linha. 
— Priest, é Ivy. 
Um sopro de ar passa pela linha. — Obrigada, porra é você. Não havia como 
dizer com quem diabos ele estava falando. Eu só estava rezando para que não fosse 
algum de cabelos grisalhos que viesse me pegar pelas bolas pelo seu comentário. — 
Ele ri antes de suavizar sua voz. — Como está indo, Ives? 
O uso do meu apelido me leva a algumas noites atrás, quando o ouvi cair da 
boca de Theo. Theo foi realmente quem me apresentou a Priest em primeiro 
lugar. Aparentemente, ele era amigo de um homem chamado Bullet, que faz parte 
do MC de Priest, Heaven's Guardians. O nome deles se encaixa perfeitamente no 
propósito do MC, porque é exatamente o que eles fazem. É também a razão pela 
qual comecei a procurar Priest quando uma situação é grave o suficiente para 
precisar da ajuda deles. 
 
11 Exclamação para disfarçar o que ia dizer. 
12 Lembram-se dele? Da série Heaven’s Guardians MC. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
31 
 
— Consegui uma borboleta que precisa ser realojada. 
— Imaginei. Vai sere uma situação complicada? 
Faço uma pausa imaginando o quanto devo dizer a ele, mas sei que, para fazer 
o trabalho dele, ele precisa de tudo. Então eu dou a ele. — Ela está grávida. 
Priest fica em silêncio alguns segundos antes de finalmente falar. — Você é 
uma mulher competente, Ivy. Você faz isso com sucesso há anos sem 
repercussões. Embora perceba que ela é sua primeira evacuação grávida, não acho 
que seja algo com o qual você não possa lidar. — Ele faz uma pausa novamente. — 
O que me faz acreditar que algo mais está acontecendo aqui. 
Fecho os olhos, não querendo dizer as palavras em voz alta. Mesmo que eles os 
sinos estejam tocando alto na minha cabeça, dizer em voz alta de alguma forma os 
torna mais reais. Ainda não conversei com meu pai porque preciso estar cem por 
cento certa antes de fazer uma acusação como essa. Priest ainda está esperando, 
anos de obter confissões de seus pecadores fez maravilhas pela paciência do 
homem. Eu limpo minha garganta. — Eu acho que tenho um vazamento. Somos um 
grupo muito unido, então ainda não tenho ideia de quem possa ser. Membro, 
prospecto, poderia ser qualquer um neste momento. Tudo o que sei é que muitas 
coisas deram errado com essa evacuação para eu descrever como uma merda de 
sorte. 
— Apenas mais uma razão pela qual estou feliz por não termos prospectos de 
merda, — murmura Priest baixinho, fazendo-me sorrir. Existem vários clubes que 
não reconhecem o Heaven’s Guardians MC como um clube oficial. O jeito deles 
fazerem as coisas é diferente do caminho habitual que os clubes seguem. Sem 
prospectos ou prostitutas de clube. Apenas cinco homens que se encarregaram de 
corrigir alguns erros no mundo. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
32 
 
O silêncio é pesado, enquanto perguntas permanecem na minha língua, mas 
não tenho certeza se vale a pena abrir a caixa de Pandora. 
— O que mais, Ivy? — Seu tom suavizou e me faz pensar se ele é um maldito 
leitor de mentes ou se ele já sabe a verdade. 
Priest e eu nos tornamos amigos íntimos estes anos desde que fui apresentada 
a ele pela primeira vez. Durante anos fui chamada de garota de Theo. Até eu não ser 
mais. Quando iniciei meu trabalho, sabia que ele era o mentor perfeito para me 
guiar pelas águas desconhecidas. Ele foi paciente, pois me ajudou a elaborar planos 
para todos os meandros do que faço. Ao fazer isso, formamos um vínculo forjado 
pelo nosso desejo de salvar aqueles que precisavam. E fazer seus transgressores 
pagarem. Priest e todos os Heaven’s Guardian se tornaram os irmãos mais velhos 
que eu nunca tive. 
— Você sabia? — Eu faço a mesma pergunta que fiz ao meu pai e 
silenciosamente xingo as lágrimas que caem dos meus olhos enquanto espero por 
sua resposta. 
Ao contrário do meu pai, ele não precisa que lhe explique minha pergunta, o 
que responde a ela antes que ele precise. 
— Sim, — sua voz sólida é tingida de arrependimento, mas não facilita o corte 
no meu coração. 
— Por que você não disse nada? 
Priest solta um suspiro duro e ouço uma porta fechar no momento em que o 
barulho da garagem desaparece. — Você quer ouvir a dura verdade, ou a fácil? 
Meu estômago cai. Porra! Fodafodafoda. Meu coração machucado está 
gritando comigo para pegar a verdade fácil e deixar estar. Mas minha cabeça está 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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dizendo não. Dizendo que preciso da dura verdade. O que eu já conheço no fundo, 
mas preciso ouvir da boca dele. Eu preciso dessas palavras para me cortar e me 
fazer sangrar. Eu preciso do lembrete da dor que Theo causa na minha vida. 
— King… 
— Não faça isso consigo mesma, Ivy. Sei o que você está fazendo e por quê, 
mas estou lhe dizendo que não é a resposta. Aquele garoto tinha seus próprios 
demônios naquela época. Não deixe que a escuridão toque você. 
Eu solto uma risada áspera. — Ele não instruiu você para não me contar? 
— Ivy. 
— Ele instruiu ou não? 
— Sim. 
Eu tomo essa palavra como um golpe na alma. Como um veneno, eu o deixo 
infiltrar-se em todas as fendas até me consumir. Antes de desligar, eu deixo minha 
despedida. 
— Você acha que a escuridão dele ainda não me tocou, Priest? Sou a filha da 
puta Poison Ivy. A escuridão dele me criou. 
 
 
 
 
 
 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
34 
 
CAPÍTULO 4 
 
Viper 
 
Conforme estou chegandoao clube dos Iron Reaper’s, estou bem ciente que 
esta pode ser a coisa mais estúpida que eu já fiz. Este lugar já foi minha casa. Eu vivi 
e respirei cada segundo desta vida com meu pai. Isso me consumiu a ponto de o 
ferro correr pelas minhas veias. Pelo menos até que meu pai foi morto por causa 
dos negócios do Iron Reaper Club. Meu peito se abriu quando meu coração se partiu 
e cada grama de ferro dentro de mim sangrava com meu velho. Tudo mudou depois 
disso. Porra, eu tentei tanto esquecer… empurrar de volta a sede de vingança contra 
aqueles que o mataram e a culpa equivocada contra minha própria família - 
meus irmãos. Mas fervia embaixo da minha pele. Quanto mais eu tentava, mais 
forte a fera se tornava, até que era uma coisa respirando viva e que deslizava dentro 
de mim, enrolada em meu interior. 
Eu era uma bomba-relógio. No dia em que olhei no espelho e não reconheci o 
homem olhando para mim, eu sabia que tinha que ir embora. O ódio que me 
percorreu já estava vazando. Eu estava assistindo Ivy morrer diante dos meus olhos, 
envenenada pelo meu próprio veneno. Ivy era pura luz. Ela era a estrela mais 
brilhante nas minhas noites mais escuras, mas com o passar dos dias sua luz estava 
ficando mais fraca. 
Eu sabia que ia doer como o inferno deixá-la. E doeu, porra. Se a morte do meu 
pai me machucou, deixar Ivy destruiu quaisquer pedaços restantes do garoto por 
quem ela se apaixonou. Mas partir era algo que eu tinha que fazer. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
35 
 
Por mim. Por ela. Por nós. Nunca pretendi que durasse tanto tempo. Eu nunca 
pretendi muitas coisas, e sabia que tinha muita luta contra mim se a quisesse de 
volta. 
Pelo menos eu pensei que sabia. 
Encontrá-la no Blue Iguana foi pura sorte. Eu a observei enquanto ela jogava 
um homem na palma da sua mão. Eu não tinha certeza de qual era o jogo dela, mas 
quando o filho da puta a agarrou uma vez demais, eu não conseguia mais sentar e 
assistir. Na última década, tive tempo de sobra para pensar no dia em que voltasse 
para ela. Minhas fantasias variavam de um encontro proclamando amor, a um tapa 
na cara e até mesmo onde Ivy me atropelava com seu caminhão. Mas mesmo anos 
de fantasias não poderiam ter me preparado para como as coisas realmente iriam 
acontecer. Dizer que não era o amor que proclamava o encontro que eu esperava 
seria dizer pouco. 
Ter uma reunião como a que eu queria teria implicado voltar para casa para a 
garota que eu deixei. Mas aquela garota não estava mais aqui. Em seu lugar havia 
uma mulher nascida de amargura e frio. O nome que ela fez para si mesma em 
nosso mundo a precedia. Não sei como nunca liguei os pontos até agora. Poison 
Ivy. A mulher com um toque mortal. Acontece que minha partida foi tudo por 
nada. Meu veneno já havia tomado conta de Ivy também. 
Olhando para os portões de ferro que protegiam o clube, não pela primeira 
vez, imaginei se era tarde demais. Se muitos anos se passaram. O tempo separado 
nos moldando em pessoas que nossas almas não são mais reconhecidas como sua 
outra metade. Eu sempre tive fé que nosso amor era mais forte que o tempo. Em 
tempos de fraqueza, quando o desejo de vir aqui era forte, eu tinha medo 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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de quebrar - lembrei a mim mesmo que o que Ivy e eu compartilhamos era de outro 
mundo. 
Nunca em todos os meus anos eu tinha visto duas pessoas que se encaixam tão 
perfeitamente. Eu tinha certeza de que quando Deus me moldou do barro, ele 
também tinha Ivy lá. Me segurando em uma mão e Ivy na outra. Era como se Ele 
colocasse nossos limites para que eu começasse onde ela terminava, duas metades 
de um todo perfeito. 
Sem pressionar o interfone, os portões se abriram, me permitindo entrar em 
um lugar que eu não conhecia mais. Inclinei meu queixo para as câmeras que eu 
sabia que estavam me observando. A pele do meu pescoço ficou tensa quando me 
aproximei da sede do clube. Alguns homens que eu conhecia e outros que não, 
esperavam do lado de fora. Um comitê de boas-vindas destinado a intimidar, eu 
tinha certeza. 
Eu sabia que os homens que sabiam quem eu era provavelmente estavam 
ansiosos para colocar as mãos em mim. Primeiro a bater no meu rosto por quebrar 
o coração de Ivy, depois a me abraçar e me perguntar como diabos eu tenho 
passado; a maioria desses homens com quem cresci costumava me referir a eles 
como meus tios. Os novatos pareceram ler suas posturas superiores e decidiram que 
eu era uma merda de cachorro. Parece que é hora do homem pagar pelos pecados 
do garoto. 
Desmontando minha moto, tirei meu capacete e segurei o olhar de Ranger. Ele 
era o membro mais alto do ranking por aqui e eu o respeitava mais do que não dar o 
que ele merecia. Seus olhos continham mil perguntas, perguntas que eu responderia 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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no devido tempo, mas precisava conversar com Pops13 primeiro. O que significava 
que eu precisava colocar esse pequeno show de reunião de família na estrada. 
Quando Ranger se virou, meus olhos se moveram para Blade. Seus olhos 
cinzentos e tempestuosos não tinham nada além de desdém frio por mim, e ele era 
apenas um ano mais novo que eu quando eu saí, meu amigo mais próximo do MC, 
eu sabia que, segundo Ivy, ele seria o mais difícil de obter perdão. Seus olhos me 
observaram e, por uma fração de segundo, pensei ter visto um lampejo de alívio em 
seu rosto. Mas esse pensamento foi esmagado quando seu rosto endureceu 
segundos antes de cuspir no chão perto dos meus pés. 
Minha mandíbula apertou. Podemos ter a mesma idade, mas como Presidente 
do Vipers MC eu esperava um certo nível de respeito. E Blade cagou em tudo. 
— Dê tempo a ele, garoto. Ivy não é a única que você machucou quando saiu. 
— As palavras de Ranger são mais profundas do que eu esperava. Nunca pensei 
muito nos outros que estavam sentindo minha falta, e perceber que causei dano a 
mais do que apenas Ivy só aumenta a penitência que tenho que pagar. 
— Vamos. Timber está esperando. — Meu estômago aperta quando o sigo para 
dentro, ignorando os olhares contundentes dos membros e prospectos 
desconhecidos. Conversar com Timber é mais importante do que mostrar a esses 
filhos da mãe desrespeitosos o seu lugar. Dentro do clube, mais uma vez sou 
atingido com a sensação de voltar para casa. Nada mudou e eu sou pego de 
surpresa, pelo corte profundo que causa em meu coração. Se eu olhar duro o 
suficiente, quase posso ver meu pai sentado no sofá com uma cerveja na mão. Seu 
rosto envelhecido pesando com risadas enquanto ele grita com a TV. 
 
13 Presidente. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
38 
 
Esfrego um pouco o peito tentando aliviar a dor para a qual não estava 
preparado, mas não diminui. Eu não deveria estar surpreso. Meu pai era o tipo de 
homem que você teve a honra de conhecer, muito parecido com o homem parado 
na minha frente agora. Oliver ‘Timber’ Scott, pai de Ivy, foi um pseudo segundo pai 
na maior parte da minha vida. O que torna o sorriso radiante em seu rosto muito 
mais difícil de suportar. 
Porra. Raiva, desdém, animosidade - essas eram todas as coisas que eu 
esperava enfrentar quando me encontrasse com ele. Mas isso? Esse sorriso 
brilhante apontou na minha direção, enrugando aquelas mesmas rugas de riso que 
meu pai tinha, me fazendo lutar para respirar. 
Ranger nos deixa quando Timber se levanta e contorna sua mesa. Apesar do 
sorriso em seu rosto, não posso deixar de ficar tenso enquanto meu corpo se 
prepara para o golpe de seu braço. Não seria menos do que eu merecia, ainda sabia 
que ia doer. 
Mas o golpenunca veio. Em vez disso, eu estava tão envolvido em braços como 
o meu velho que cambaleiei. — Já era hora de você chegar em casa, garoto, — sua 
voz é sussurrada no meu ouvido quando a palma da mão aberta bate nas minhas 
costas. Minhas narinas estão ardendo e sei que tenho que me controlar antes de 
fazer algo como chorar na frente de outro MC. Mas essas preocupações são 
esmagadas quando nos afastamos e vejo as mesmas lágrimas queimando nos olhos 
de Timber. 
As mãos seguram meu rosto. — Olhei para cima e pensei que seu pai estava 
passando pela minha porta. 
Fecho meus olhos embebendo em suas palavras. Eu sou a porra da imagem do 
meu velho, às vezes é uma bênção e uma maldição olhando no espelho todas as 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
39 
 
manhãs. Nós nos separamos e Timber se senta em seu assento atrás de sua mesa 
enorme e eu pego o que está em frente a ele. 
— Você está aqui para finalmente explicar por que quebrou minha filhinha? — 
Ele ri da minha careta visível. 
— Porra, Timber. 
Ele levanta uma sobrancelha espessa. — Você acha que eu ia facilitar as coisas 
para você? 
Balanço a cabeça. — Eu ficaria decepcionado se você o fizesse. 
— Se acomode, garoto. Você tem muito o que explicar. 
 
 
 
DUAS horas depois, nós dois estamos tontos, depois de ter aberto a garrafa de 
Wild Turkey que está sempre escondida no fundo da gaveta de sua mesa. Nas 
últimas duas horas, não fiz nada além de conversar, fazendo o possível para explicar 
por que fiz o que fiz e esperando que seja suficiente para obter o perdão dele. Não 
ouvi a história completa do que aconteceu depois que saí, mas pelo comitê de boas-
vindas mais cedo e pelas mudanças que vi em Ivy com meus próprios olhos, acho 
que foi pior do que se poderia imaginar. 
— Não posso dizer que não culpo você por sair, Theo. Mas acho que 
merecemos mais do que uma nota deixada no meio da noite. — Ele faz uma pausa, 
estreitando os olhos. — Ela merecia mais. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
40 
 
— Você sabe por que eu não pude, — digo porque sei que ele sabe. A mãe de 
Ivy morreu quando ela tinha dois anos em um acidente de carro horrível, então eu 
nunca tive a honra de ver o amor deles com meus próprios olhos. Mas vi a 
destruição que ele deixou mesmo anos depois que ela se foi. Claro, muitas mulheres 
aqueceram sua cama ao longo dos anos, mas seu coração ficou com sua esposa 
mesmo depois de todo esse tempo. Ele sabe tão bem quanto eu que se eu tentasse 
falar com Ivy, explicar por que estava saindo, nunca teria saído. Ao ver a primeira 
lágrima rastejando em seu rosto, eu teria cedido e sido condenado ao veneno que 
tomava conta de minha alma. Eu pensei que a estava salvando, mas parece que eu a 
matei de qualquer maneira. 
Antes que Timber possa responder, a porta do escritório se abre e ela está de 
pé. Seus olhos normalmente brilhantes - ainda que um pouco furiosos - ficam 
vermelhos e angustiados pintando seus traços quando ela olha para o pai para 
resolver o que está errado em seu mundo. O momento me dá a mínima visão da 
garota que eu já amei. Ela dá meio passo antes que seu olhar se vire para mim e sou 
mais uma vez lembrado do fato de que a garota agora está morta. E eu a matei. 
— Que porra ele está fazendo aqui? 
Eu levanto minhas mãos em um movimento ‘eu venho em paz’ enquanto me 
levanto da cadeira. O couro range sob minhas mãos, mas para com meu 
movimento. Congelo, confuso como Ivy pega sua Beretta, um presente de seu pai, 
pelas costas e aponta para mim. 
— Ivy. — Pelo canto do olho, vejo Timber ficar de pé. — Abaixe a arma, Ivy. — 
Ela não está ouvindo. Na verdade, não tenho certeza de que ela esteja ciente de que 
ele ainda está na sala. 
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— Você sabe o que fez? — Ela sussurra, sua voz uma calma assustadora, 
um forte contraste com a tempestade que assola seus olhos. Não digo nada porque, 
no momento, Ivy é uma bomba relógio, e tenho certeza de que admito que não 
tenho a menor ideia do que ela está falando. 
Quando não falo, Ivy dá um passo à frente, apertando os dedos ao redor da 
arma enquanto ela grita comigo. — VOCÊ SABE O QUE FEZ?! 
Atrás dela, Ranger, Blade e um cara novo que eu não conheço vêm correndo 
pelo corredor, lutando para entrar na porta estreita do escritório de Timber. Blade 
se aproxima, sempre o salvador. — Ives, — sua voz é calma e fria e ela vira os olhos 
para olhá-lo, deixando sua arma apontada para mim. 
— A bebê está morta, — sua voz é oca - assustadoramente, e isso causa um 
calafrio na minha espinha. De quem diabos ela está falando? Ela... teve um 
filho? Sob minha pele, minha cobra desliza e enrola, pronta para atacar qualquer um 
que ouse tocá-la. 
À minha direita, vejo a cabeça de Timber cair. — Foda-se. — Ele olha de volta 
para Ivy. — E Rachel? 
— Ela está viva, — diz ela, voltando-se para mim e seguindo o trem de sua 
arma. — Mas ela deseja que estivesse morta. — Ivy está olhando para mim como se 
tudo isso fosse culpa minha. Os homens ao redor têm vários graus de raiva e 
remorso em seus rostos... e eu? Estou me perguntando em que universo entrei 
porque não tenho a menor ideia do que está acontecendo, ou por que estou a dez 
segundos de comer a bala de Ivy. 
Arriscando-me, dou um passo à frente e ataco como uma cobra. Pego a mão de 
Ivy e lhe tiro sua arma. Como memória muscular, meus braços se movem ao redor 
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dela, puxando-a para o santuário do meu abraço, enquanto ela se debate, seus 
punhos batendo no meu peito. 
— Solte-me! Vá se foder! Seu pedaço de merda, isso é tudo culpa sua. — 
Enquanto ela continua a gritar, a luta escoa lentamente até ela ficar mole contra o 
meu peito. 
O movimento à direita faz minha cabeça girar para encontrar o olhar de 
Timber. Ele me olha por alguns segundos com uma pergunta silenciosa em seu 
olhar, e eu sei o que ele está perguntando. Com um firme aceno de minha cabeça, 
seus olhos se fecham, com o coração partido refletido em suas feições antes de se 
estabelecer com aceitação e depois com paz. Suspeito que um dia quando uma filha 
minha e de Ivy encontrar um homem que vai amá-la e honrá-la, mas acabe tirando-a 
de mim, eu também terei essa mesma expressão. 
Silencioso, Timber deixa seu escritório e os outros homens seguem sua 
sugestão, deixando-nos em paz. Ivy, tão perdida em sua dor, não percebe que eles 
foram embora até eu sussurrar o nome dela. — Ives. — Aqueles profundos olhos 
cinzentos de tempestade vêm até mim e eu caio. Primeiro, eu caio na tempestade, 
consumida por seu poder. — Baby, por favor, fale comigo. 
Ela respira fundo no baby, mas seu corpo relaxa ainda mais em mim. 
— Eu não pude salvá-la. 
— Quem? Quem você não pôde salvar? 
— A bebê de Rachel. Ele a matou antes que eu pudesse tirá-la e agora Rachel 
também pode morrer. Eu finalmente falhei, ele me venceu e agora não sei o que 
fazer. 
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Porra! Eu não tenho ideia de quem ou o que ela está falando, mas a derrota em 
sua voz oca está destruindo o que resta do meu interior. Sei que temos nosso 
próprio negócio para resolver, mas agora, isso que ela está passando vem em 
primeiro lugar. E pelo que parece, não é uma conversa para se ter durante o café, e 
definitivamente, não uma que eu queira ter com uma plateia que pratica tiro ao alvo 
com meu corpo em suas mentes, então pego o telefone e faço uma ligação. 
— Prez. 
— Roma, preciso que você me traga minha caminhonete. Sede do Iron Reapers 
MC. — Mesmo sendo uma motociclista experiente, não corro orisco de colocar Ivy 
na traseira da minha moto em seu estado, o que é quase catatônico. Tenho certeza 
de que não estou pedindo emprestado uma carona, então pegar meu caminhão 
aqui é a única opção. 
— Dê-me uma hora. — Nenhuma pergunta. Meu melhor amigo e Vice-
Presidente Romeo Steele é a pessoa mais leal que eu conheço e essa é apenas uma 
das razões pelas quais ele é o melhor Vice-Presidente que alguém poderia ter. 
— Espere, querida, — murmuro no ouvido de Ivy antes de cair, meu braço 
esquerdo se movendo atrás de seus joelhos para puxá-la contra o meu 
peito. Quando fico ereto, Ivy envolve os braços em volta do meu pescoço e enterra 
o rosto nele como se isso fosse algo que praticamos mil vezes. Seus cabelos roçam 
no meu rosto enquanto meus sentidos são agredidos por toda ela. A tensão no meu 
peito libera. Estou em casa… Ivy é minha casa. Eu sei disso, o pai dela sabe disso… 
é hora de informar Ivy também. 
 
 
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CAPÍTULO 5 
 
Ivy 
 
Tenho certeza de que estou sonhando, ou talvez tendo uma experiência fora 
do corpo. Inferno, talvez eu esteja morta porque não consigo encontrar outra 
explicação lógica para o motivo de estar no banco do passageiro do caminhão de 
Theo. O couro macio amarelado embaixo da minha bochecha e uma grande bolsa de 
couro cheia de coisas com a minha merda no banco de trás. Sim. Eu fui sequestrada 
por alienígenas e agora estou em um universo alternativo. 
Um de onde Theo nunca saiu, e o bebê de Rachel nunca morreu. Mas como 
esse mundo não existe, significa que isso é real. 
— Onde estamos indo? — Eu resmungo, minha voz saindo rouca e fraca. 
Theo olha para mim do banco do motorista, seus olhos arrastando meu corpo 
em uma inspeção silenciosa. — Casa. 
Uma vez que acabou de deixar a minha casa, eu estou supondo que ele está se 
referindo ao seu clube. Nem penso em brigar com ele. Cada grama de luta que eu 
possuía já foi drenada de mim. 
Não presto atenção ao nosso redor enquanto ele dirige. Há muito que o sol 
desceu e eu me pergunto há quanto tempo estamos na estrada. Ou onde estamos 
se é que isso importa agora. Quando me sento, meus músculos gritam com o 
movimento depois de ficar na mesma posição por muito tempo. A caminhonete de 
Theo diminui cerca de uma hora depois, virando para uma estrada lateral. Por fim, 
levanto a cabeça e olho em volta. 
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Estamos literalmente no meio do nada, cercados em cada lado do caminhão 
por uma vasta extensão de árvores espalhadas. Sem placas de rua ou pontos de 
referência à vista, poderíamos estar em qualquer lugar neste momento. Luzes à 
distância chamam minha atenção e olho de soslaio para a forma que aparece. Uma 
enorme cerca de arame de quase quatro metros de altura, encimada por arame 
farpado, circunda o perímetro da sede do clube. Quando nos aproximamos do 
portão, Theo levanta o braço e pressiona um botão preso ao visor solar, e o portão 
se abre. Uma vez lá dentro, sento-me mais reta para ver melhor. 
Este não é apenas um clube, este lugar é um complexo. No centro, existem dois 
prédios do tamanho da sede do nosso clube. Mas o que realmente chamou minha 
atenção foram as pequenas entradas de automóveis que levam a uma pequena 
cabana. 
Que porra é essa? Eles estão executando algum tipo de MC Experience Cama e 
Comida? 
Contornando os prédios, Theo dirige sua caminhonete para o caminho mais 
distante dos outros antes de dar a volta. Ele para em frente a uma casa de madeira 
que parece ser um pouco maior que as vizinhas. Uma vez estacionado, ele vem ao 
meu lado e abre a porta para mim. Eu me viro, pronta para pular, mas Theo me 
para. 
Sua mão segura meu rosto enquanto ele se posiciona entre minhas coxas. Sua 
mão livre se move para o meu quadril e ele me puxa para que eu esteja 
descansando na beira do assento. O calor do seu meio atinge meu núcleo e eu não 
posso deixar de apertar minhas coxas em torno dele mais apertado. Em seus braços 
assim, é como se não o tempo não tivesse passado. Os anos entre nós não existem e 
somos apenas nós, Theo e Ivy. 
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O polegar de Theo está dançando ao longo da pele debaixo da minha orelha e 
eu derreto em seu toque. Meu coração está gritando, dançando e chorando ao 
mesmo tempo por estar em seus braços novamente. Meus pulmões aumentam sua 
capacidade como se fosse a primeira respiração completa que eles tomaram nos 
anos desde que Theo saiu. Essa é a devastação que ele deixou em mim, do tipo que 
não deixa você quebrado, mas destruído. Theo não apenas deixou um buraco, ele 
deixou um vazio. Mas agora, com ele aqui me segurando como se eu fosse a coisa 
mais preciosa do mundo dele, é como se ele nunca tivesse ido embora. 
— Vem cá, baby. Vamos levá-la para dentro. 
Meu estômago revira quando me chama de baby. Por mais que eu queira ser 
uma cadela durona, nomes carinhosos, mesmo nomes comuns sempre foram um 
ponto fraco meu. 
Eu não tenho certeza do que eu esperava exatamente dentro de sua casa, mas 
o que quer que fosse, o que eu encontrei com certeza não era isto. Nua, fria, 
minimalista. Todas as palavras que eu esperava usar ao descrever a casa de Theo. 
Sou recebida com o completo oposto. 
O interior de sua casa é acolhedor e convidativo. Fotos alinhadas nas paredes 
de sua casa. A maioria delas contém uma vida da qual eu não fazia parte, mas há 
outras da vida dele antes... sua vida comigo. 
Theo desaparece com minha bolsa, deixando-me em sua sala de estar, livre 
para explorar. Quando ele volta, minha bolsa se foi. — Você quer algo para comer? 
Meu estômago se revolta com o pensamento de comida. — Eu estou bem, 
embora eu não me importe com um pouco de café, se você tiver algum. 
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Theo assente e vai para a cozinha. Poucos minutos depois, o cheiro assalta 
minhas narinas quando o café começa a ferver. Eu sei que há coisas que precisam 
ser ditas, perguntas que ambos temos, mas não tenho certeza se estou pronta. Serei 
capaz de pegar a verdade de por que Theo foi embora? Durante anos depois que ele 
partiu, não fiz nada além de imaginá-lo voltando para mim. 
O que ele diria? 
O que eu faria? 
E agora que finalmente estou sendo confrontada com isso, não tenho a menor 
ideia do que está prestes a acontecer ou de como vou seguir adiante. 
Theo me traz meu café e, caramba, se meu coração não parte um pouco mais 
quando percebo que ele fez do jeito que eu gosto. Parece que não sou a única que 
não esqueceu as coisas. 
Theo se senta no sofá à minha frente, ele não perde tempo. — Diga-me o que 
aconteceu hoje à noite, Ivy. 
O café no meu estômago fica azedo. Deus. O que aconteceu esta noite...? O 
que aconteceu foi uma confusão de proporções épicas. Foi o meu pior pesadelo 
ganhando vida, exceto que não havia como acordar. 
— Você me quebrou quando saiu. — Foda-se. Não era exatamente assim que 
eu queria começar as coisas. Theo visivelmente pula. 
— Ives... 
— Não. — Eu levanto minha mão. — Deixe-me tirar isso daqui, por favor. — 
Sua mandíbula aperta, mas ele concorda e senta-se em seu assento, dedos ficando 
brancos ao agarrar forte na almofada. 
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— Eu não sabia quem eu era sem você, Theo. Cada faceta de quem eu era 
estava tão firmemente envolvida em você. Quando você foi embora, não ficou 
muito de mim para trás. Ficou escuro por um tempo. Nada fazia sentido sem você, 
mas eu não me importei. Houve dias em que rezei para morrer e outros em que 
rezei para ter força para viver.Theo deixa a cabeça cair nas mãos, os ombros caem e ele solta um ruído que 
soa como um pedido de desculpas. Quando ele não levanta a cabeça, eu continuo. 
— Foi assim por mais tempo do que eu gostaria de admitir. Eu precisava de 
algo para me dar uma razão de viver novamente, então comecei a cuidar das 
novatas no clube. Eu me tornei a guardiã delas, a mãe delas, acho que você poderia 
dizer. Dizer isso em voz alta é engraçado, porque a maioria delas é mais velha que 
eu, mas isso me deu um propósito. Testes de gravidez, corridas por absorventes 
internos e verificações mensais de DST se tornaram minha vida, e eu estava bem 
com isso. Então recebi uma ligação de Katie. 
Com a menção do nome dela, Theo levanta a cabeça e depois de esfregar as 
mãos sobre o rosto, pergunta: — Katie? Você quer dizer Katie do ensino médio? 
Eu confirmo. — A primeira e única. Ela e eu perdemos o contato por alguns 
anos, então fiquei surpresa ao ouvi-la, mas não foi exatamente uma reunião feliz. 
As sobrancelhas de Theo se juntam em questão. 
— Brock estava batendo nela. Mentalmente e fisicamente. Ele abusou dela por 
anos, mas um dia ela teve o suficiente. Ela foi minha primeira borboleta. 
— Você está brincando comigo? 
Brock e Theo costumavam ser amigos, então eu sabia que seria difícil para ele 
ouvir o quanto seu amigo havia mudado. 
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— Muita coisa aconteceu depois que você saiu, Theo. A vida acontece e isso 
muda você, eu sei que você de todas as pessoas pode entender isso. 
Theo se acalma e me dá um aceno de encorajamento para continuar. — De 
qualquer forma, conseguir uma vida nova para Katie também me deu uma. Sim, eu 
tinha responsabilidades com as meninas do clube, mas era o suficiente para 
sobreviver. Tirá-la dali finalmente me deu vida novamente, então eu a agarrei. 
Entrei em contato com Priest e ele me ajudou a formar minha operação. 
— Qual é exatamente? 
— Eu salvo mulheres que precisam ser salvas. Todas elas estão em situações 
perigosas e abusivas e, por um motivo ou outro, não têm saída. Então elas me 
ligam... e eu as tiro de onde estão. Eu lhes dou uma nova vida em algum lugar longe 
daqui, uma página limpa. 
— Você mencionou borboletas. O que você quer dizer com isso? 
— Todas as mulheres que eu salvo ganham uma nova identidade. Decidi dar-
lhes todos os nomes com algum tipo de variação de um tipo de borboleta. A 
transição para a nova vida é quase como uma metamorfose. 
Os olhos de Theo permanecem nos meus por um longo minuto, seu olhar 
mudou de curiosidade para outra coisa... admiração, adoração... talvez até 
amor. Seja o que for, está me fazendo sentir todas aquelas coisas quentes e 
confusas em que eu acreditava antes de Theo sair da minha vida. 
Ele se inclina para a frente, os cotovelos apoiados nos joelhos. — Agora você 
pode me dizer o que aconteceu hoje? 
Depois de outro gole de café, explico: — Passei anos aperfeiçoando meu 
trabalho. Embora cada uma seja diferente, o jogo final é sempre o mesmo. Salve a 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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garota. Rachel, minha atual borboleta foi a primeira para mim porque estava 
grávida. Eu sabia que precisava tirá-la rapidamente, o que estava tentando fazer na 
noite em que encontrei você no Blue Iguana. 
A confusão seguida pela compreensão cruza seus traços. — Porra. 
Eu concordo, sim, porra está certo. — Ele era o marido dela e eu precisava 
distraí-lo por tempo suficiente para que meus homens pudessem tirar Rachel para 
fora. Mas quando você interrompeu, ele fugiu e eu tive que ajustar nossa agenda 
e re-planejar. Infelizmente, ele chegou antes que eu pudesse tirá-la. Agora seu bebê 
se foi e Rachel ficou com cicatrizes muito visíveis que serão um lembrete diário de 
sua vida anterior. 
— Deus, Ivy... então foi isso que você quis dizer quando disse que foi tudo 
culpa minha. Se eu não tivesse interrompido você no Blue Iguana, você já teria 
tirado Rachel. — O olhar de devastação em seus olhos é como uma faca no meu 
coração. Embora eu tenha culpado Theo, ele não era realmente culpado. Se ele 
soubesse alguma coisa sobre o que eu estava planejando, sei que sem dúvida ele 
teria me protegido. 
Eu dou um sorriso triste para ele. — Me desculpe por ter dito essas coisas para 
você. Eu sei que não é realmente sua culpa. Você estava lá e foi conveniente colocar 
a culpa em você. 
— Ivy… 
— Por que você foi embora? — o que com certeza seria outro pedido de 
desculpas. Estou me sentindo aberta e exposta... tão sensível. Eu só preciso dos 
holofotes sobre ele por alguns minutos. Eu também preciso saber por que ele foi 
embora mais do que eu preciso da minha próxima respiração. 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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Theo se levanta devagar e meu primeiro instinto é pular de pé e implorar para 
que ele não saia, mas, em vez disso, o vejo andar pela sala enquanto puxa os 
cabelos. Depois de algumas respirações profundas, ele vem em minha direção e 
depois se senta ao meu lado. 
— Eu estava tentando salvar você. — Sua voz é fraca, quase questionando se 
ele acredita nas palavras que acabou de falar. 
Minha cabeça recua. — Você estava tentando me salvar? Você me destruiu 
quando saiu. Em que mundo você achou que partir era igual a me salvar, Theo? — 
Eu tento me levantar para poder colocar alguma distância entre nós, mas ele agarra 
meu pulso e me segura no lugar. Quando soltei um gemido frustrado, ele suspira. 
— Você não entende, Ives. Eu estava me afogando. Perder meu pai me fodeu 
tanto. Eu tinha todo esse ódio e culpa que estavam apodrecendo dentro de mim, 
estava me comendo de dentro para fora. Não sabia mais o que fazer. — As 
sobrancelhas dele se franziram em frustração. 
Com um suspiro, cruzo os braços e faço uma careta para ele. — Bem, você com 
certeza não foge no meio da maldita noite! 
— Eu já estava te matando! Cada dia que eu ficava, você morria um pouco mais 
diante dos meus olhos - eu não conseguia. Eu tive que sair de lá antes que fosse 
tarde demais. Eu era um navio afundando, Ivy e você era minha prisioneira. 
Balanço a cabeça, incapaz de compreender o que ele está dizendo para mim. — 
Você pensou que eu era sua prisioneira? Jesus Cristo, Theo, eu teria feito qualquer 
coisa por você, tudo o que você precisava fazer era falar comigo! 
Fico andando pela sala e desta vez ele não me para. Todos os anos foram 
perdidos porque ele não conseguia abrir a boca e me dizer o que estava 
 Anti-Venom: Vipers MC by Ashley Lane 
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acontecendo. Cada ligação, cada encontro, toda vez que eu tentava me aproximar 
de alguém e não podia porque estava presa em Theo. Idiota! Não há mais nada que 
eu queira do que ir até ele e dar um soco no seu maldito rosto bonito, mas não 
posso fazer isso... Porque você o ama, Ivy. Ugh! 
— Por que você não me levou com você? — Lágrimas caem dos meus olhos e 
eu as afasto antes que ele perceba o quanto está me afetando. Não posso deixá-lo 
ver como estou derrotada neste momento. É como acenar com uma grande 
bandeira branca dizendo que me rendi. 
Quando seus olhos encontram os meus, vejo as mesmas emoções lá. — Eu 
nunca iria demorar muito. Eu sabia que não podia me livrar da escuridão dentro de 
mim, era tão profunda. Eu sabia que nunca ia sair, mas também me mudou, Ivy. Eu 
tive que aprender como aproveitá-lo da maneira certa, sem tocar em você... nós. Eu 
não poderia fazer isso se você estivesse comigo, baby. — Ele se levanta e me 
alcança, mas rapidamente abaixa a mão. — Eu saí para me tornar um homem 
melhor, baby. Eu tive que me consertar para você. 
— Mas você me quebrou. — Dou um passo em frente. 
Ele dá um passo em minha direção antes de

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