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Luísa Bombassaro – MED UFR – T4 Urgência e emergência em otorrinolaringologia Anatomia do nariz Epistaxe Definição: ✓ Sangramento proveniente da mucosa nasal. ✓ Urgência mais frequente; ✓ Incidência maior em épocas frias e secas. Fisiopatologia: ✓ Maioria ocorre anteriormente e surgem da área de Little. ✓ As posteriores são mais raras e o sangramento é mais intenso – surgem geralmente da artéria esfenopalatina. Etiologias ✓ Trauma digital; ✓ Trauma de face; ✓ Sondas nasogástricas e nasoenterais; ✓ Desvios septais; ✓ Rinites; ✓ Sinusites; ✓ Corpo estranho; ✓ Drogas; ✓ HAS; ✓ Telangiectasia hereditária; ✓ Coagulopatias; Anamnese ✓ Questionar: frequência do quadro; volume e tempo de sangramento; lateralidade. ✓ Localizar fator causal: traumas, HAS, uso de drogas/medicamentos – anticoagulantes, HPP, processos inflamatórios locais. Marcadores de gravidade ✓ Sinais de instabilidade hemodinâmica – pensar em choque hemorrágico. Exame físico: ✓ Estado geral; ✓ Permeabilidade da via aérea; ✓ Estabilidade hemodinâmica; ✓ Localizar o ponto de sangramento – rinoscopia anterior. ✓ Pode-se fazer: lavagem nasal com soro fisiológico, aspiração dos coágulos das fossas nasais e aplicação de vasconstritores tópicos. Diagnóstico ✓ Clínico; ✓ Quadros graves e recorrentes: coagulograma completo, função hepática, função renal, tipagem sanguínea. ✓ Endoscopia nasal pode auxiliar na visualização; Luísa Bombassaro – MED UFR – T4 ✓ Se suspeita de tumores: TC de seios da face e RNM. Terapêutica ✓ ABC sempre; ✓ Compressão digital do terço inferior do nariz por 5 minutos; ✓ Lavagem nasal com soro fisiológico, aspirar coágulos e aplicar vasoconstritor tópico; ✓ Sangramentos anteriores: cauterização com ácido tricloracético; tamponamento nas duas narinas por 24 a 48 hrs – manter em observação. ✓ Sangramentos posteriores: tamponamento posterior; sonda de Foley com insuflação de balonete e tração para que o balonete comprima a rinofaringe – isso é temporário, deve deixar o menos tempo possível até que consiga fazer cirurgia. ✓ Epistaxe não controlada: ligadura arterial ou embolização arterial. Corpo estranho no nariz Fisiopatologia ✓ Corpos estranhos orgânicos – alimentos, borracha, madeira, esponja – e inorgânicos – plástico, metal. ✓ Locais mais comuns: anterior ao corneto médio ou abaixo do corneto inferior perto do assoalho nasal. ✓ Baterias/pilhas: evolução com perfurações septais, sinéquias, estenose de cavidade nasal. ✓ Pode haver miíase. Anamnese ✓ Secreção nasal mucopurulenta unilateral + mau odor; ✓ Vestibulite unilateral em pctes pediátricos; Exame físico ✓ Rinoscopia anterior – espéculos nasais ou otoscópio; ✓ Buscar por sinais de complicação – perfuração septal; Diagnóstico ✓ É baseado na clínica + ex. físico; ✓ Endoscopia naso – sinusal; ✓ TC de face. Terapêutica ✓ Remoção do corpo estranho + lavagem com soro fisiológico. Anatomia do ouvido ✓ LEMBRAR: nervo vestibulococlear e nervo facial. Corpo estranho no ouvido Anamnese ✓ Presença de corpo estranho no ouvido + ansiedade + desconforto; ✓ Hipoacusia; ✓ Otalgia – inseto; ✓ Otorragia – inseto; ✓ Otorreia (presença de pus); Exame físico ✓ Otoscopia: presença do corpo estranho que deve ser caracterizado quanto à natureza (animado/inanimado – orgânico/inorgânico) e quanto à proximidade do tímpano; ✓ Procurar trauma; ✓ Afastar infecção secundária associada; Diagnóstico: ✓ Otoscopia; Terapêutica: ✓ Lavagem com água morna – NÃO fazer se tiver perfuração timpânica; ✓ Baterias e corpos vegetais não devem ser removidos com irrigação; ✓ Insetos: imobilizar o inseto com vaselina/lidocaína gel antes de retirar; ✓ Miíase: ivermectina tópica + 1 cp/dia por 2 dias OU iodofósmio em pó no curativo. Luísa Bombassaro – MED UFR – T4 Mastoidite aguda Definição ✓ Processo inflamatório nas células da mastoide – osso temporal; ✓ Complicação mais comum da otite média aguda; ✓ Leva a osteíte dos septos intercelulares com a propagação subperiosteal do processo inflamatório. Fisiopatologia ✓ Geralmente por S. pneumoniae, H. influenzae, S. pyogenes; ✓ O bloqueio do antro mastoideo pela mucosa inflamada atrapalha a correta areação da mastoide, impedindo drenagem e secreções. Anamnese ✓ Quadro de otite média aguda -> dor retroauricular + febre + abaulamento da região mastoidea ✓ Marcadores de gravidade: sinais de sepse; cefaleia intensa; alteração do estado de consciência; massa cervical; crise convulsiva; paralisia de pares cranianos, osteomielite; labirintite; sd de Gradenigo; acometimento intracraniano; trombose de seio sigmoide; abscessos; meningite. Exame físico ✓ Edema; ✓ Protrusão de orelha; ✓ Hiperemia; ✓ Dor à palpação; ✓ Hiperemia e abaulamento timpânico; ✓ Otorreia; ✓ Testar pares cranianos; Diagnóstico ✓ Anamnese + exame físico; ✓ TC de mastoides – visualiza o rompimento das trabéculas ósseas. ✓ RNM se suspeita de complicações intracranianas; ✓ Hemograma, VHS, PCR e miringotomia – cultura e antibiograma. Tratamento ✓ Internação; ✓ Antibiótico intravenoso – ceftriaxona por 48 horas. Se evoluir sem febre e com redução do edema retroauricular: ATB oral. ✓ Mastoidectomia – se a terapia antimicrobiana não for suficiente. Meningite otogênica ✓ Acometimento intracraniano da OMA; ✓ Em adultos – pseudomonas; Clínica ✓ Febre; ✓ Cefaleia; ✓ Fotofobia; ✓ Letargia; ✓ Toxemia; ✓ Rigidez de nuca; Exames ✓ Otoscopia – sinais de OMA ou OMC; ✓ Punção liquórica e exame do líquor. Tratamento ✓ Ceftriaxona ✓ Se OMC: mastoidectomia. Abscessos cervicais ✓ Em adultos geralmente por via odontogênica e/ou amidalite; ✓ Em criança é por infecção de via aérea superior Diagnóstico ✓ Anamnese + exame físico: desidratação, disfonia, odinofagia, sialorreia, trismo, dispneia, febre, dor, edema local. ✓ USG; ✓ TC com contraste. Luísa Bombassaro – MED UFR – T4 Tratamento ✓ Todos (exceto periamigdaleano) tratam com ATB + pulso de corticoide (hidrocortisona EV 500mg de 8/8 hrs). Abscesso periamigdaleano ✓ Coleção de secreção purulenta nos tecidos periamigdalianos, geralmente entre cápsula da tonsila palatina e músculos faríngeos. ✓ Fisiopatologia está relacionada com as glândulas de Weber – inflamam e desenvolvem celulite. ✓ S. pyogenes; S. anginosus; S. aureus. ✓ Anamnese: odinofagia unilateral; febre alta; sialorreia; voz abafada; trismo. ✓ Exame físico: amígdalas hiperemiadas, edemaciadas e com exsudato purulento; úvula desviada contralateralmente; abaulamento no pilar amigdaliano anterior do lado acometido + hiperemia local. Fadiga, irritabilidade e diminuição da ingestão oral. ✓ Diagnóstico: anamnese + exame físico. Pode fazer TC de pescoço se suspeita de extensão para outros espaços. ✓ Tratamento: clavulanato + drenagem com anestesia local. Abscesso submandibular ✓ Por infecção odontogênica; ✓ Ocorre abaulamento da região submandibular; ✓ Clínica: trismo, sialorreia, dificuldade na fala, sudorese, taquicardia, obstrução da via aérea. ✓ Tratamento: internação; ceftriaxona + clindamicina; drenagem cirúrgica; considerar IOT ou traqueostomia. ✓ Infecções de origem anterior ao segundo molar drenam para o espaço sublingual , enquanto as posteriores ao segundo molar drenam para o espaço submandibular -> ANGINA DE LUDWIG: envolve tanto o espaço sublingual quanto o submandibular; infecção de 2º ou 3º molar inferior; endurecimento da região submandibular; deslocamento da língua em direção posterior e superior – obstrução respiratória. Abscesso parafaríngeo ✓ É secundário ao abscesso submandibular ou periamigadaleano potencialmente muito grave. ✓ Clínica: dor, disfagia, trismo, voz abafada. ✓ Exame físico: abaulamento do ângulo da mandíbula; cabeça imóvel, fletida e rodada contralateralmente; abaulamentolateral da faringe. ✓ Tratamento: drenagem cirúrgica; IOT ou traqueostomia; ceftriaxona + clindamicina Abscesso retrofaríngeo ✓ Acesso mais fácil para o tórax; ✓ Adultos: corpo estranho; ✓ Crianças: IVAS. ✓ Clínica: dor, odinofagia, toxemia, disfagia, limitação da mobilidade cervical; ✓ Exame físico: abaulamento da parede posterior da faringe; ✓ Tratamento: drenagem cirúrgica; IOT ou traqueostomia, ceftriaxona + clindamicina IV. Complicação intraorbitária de sinusite ✓ A principal comorbidade associada é a Diabetes; ✓ Paciente com história de IVAS; Exame físico: ✓ Edema peri-orbitário; ✓ Cefaleia; ✓ Rinorreia; ✓ Dor em face. Luísa Bombassaro – MED UFR – T4 Classificação de Mortimore: ✓ 1: infecção pré-septal -> edema e dor palpebral sem proptose significativa e sem limitação de movimento ocular. ✓ 2: infecção pós-septal subperiosteal -> proptose, quemose, hiperemia conjuntival, leve limitação da movimentação ocular. ✓ 3: infecção pós-septal intraconal -> proptose acentuada, quemose, oftalmoplegia, redução da acuidade visual. Nervo óptico comprimido. Exames ✓ Oftalmológico; ✓ Hemograma; ✓ TC de seios da face com contraste. Tratamento ✓ Ceftriaxona + clindamicina IV; ✓ Corticoide EV; ✓ Cirurgia se: evidência de abscesso; alteração da acuidade visual; ausência de melhora clínica em 48 hrs; envolvimento do olho contralateral.