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AULA 09 – QUEIMADURAS DENISE CASTRO – 7° PERÍODO Este resumo foi desenvolvido por Denise Castro de Araújo. É expressamente proibida sua reprodução com intuito lucrativo sem devida autorização, seja de forma parcial ou total; conforme lei 9.610/98 (sobre Direitos Autorais). QUEIMADURAS As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. As queimaduras constituem um importante problema de saúde pública, representando a segunda causa de morte na infância não só nos Estados Unidos como também no Brasil. Estima-se que, no Brasil, ocorram em torno de 1.000.000 vítimas de acidentes com queimaduras por ano. Destes, 100.000 pacientes procurarão atendimento hospitalar e cerca de 2.500 irão falecer direta ou indiretamente de suas lesões. A maioria das queimaduras em crianças acontecem em ambientes domésticos e geralmente são provocadas por líquidos superaquecidos. Estudos demonstraram que a prevalência do trauma térmico foi maior em torno de 1 a 2 anos de idade, e que o principal agente causador é a água quente, com cerca de 37,1% de casos entre a faixa etária de 0 a 5 anos. Entre os adultos do sexo masculino, as queimaduras mais frequentes ocorrem em situações de trabalho. Os idosos também compreendem um grupo de risco alto para queimaduras devido à sua menor capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à idade avançada. Já para as mulheres adultas, os casos mais frequentes de queimaduras estão relacionados às várias situações domésticas (como cozimento de alimentos, acidentes com botijão de gás etc.) e, eventualmente, até as tentativas de autoextermínio (suicídio). As causas mais frequentes das queimaduras são a chama de fogo, o contato com água fervente ou outros líquidos quentes e o contato com objetos aquecidos. Menos comuns são as queimaduras provocadas pela corrente elétrica, transformada em calor ao contato com o corpo. Queimadura química é denominação imprópria dada às lesões cáusticas provocadas por agentes químicos, em que o dano tecidual nem sempre resulta da produção de calor. A queimadura compromete a integridade funcional da pele, responsável pela homeostase hidroeletrolítica, controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. A magnitude do comprometimento dessas funções depende da extensão e profundidade da queimadura. Alterações fisiológicas locais Perda da primeira linha de defesa, a pele íntegra – Desequilíbrio da microbiota permitindo a proliferação de bactérias patogênicas. Ocorre importante supressão da função imune. As lesões teciduais e alterações do queimado são consequências de modificações vasculares que ocorrem no local da lesão (aumento da permeabilidade capilar) O edema local pode aumentar a profundidade da queimadura. Outra alteração séria é a perda da capacidade de controlar a temperatura corporal. Alterações fisiológicas sistêmicas O aumento da permeabilidade capilar promove inundação dos tecidos queimados. Em queimaduras de grande extensão: o sistema cardiovascular apresentará choque hipovolêmico, seguido de atividade hiperdinâmica. Há diminuição do volume plasmático, com consequente aumento do hematócrito, da viscosidade sanguínea e da resistência vascular periférica. Sistema pulmonar – hiperventilação e aumento do consumo de O2 – Complicações: edema pulmonar, pneumonia ou embolia. Há aumento do metabolismo que só regride após o fechamento da lesão. Essa resposta sistêmica manifesta-se por febre, circulação sanguínea hiperdinâmica e ritmo metabólico acelerado, perda de calor (evaporação através da ferida levando à hipotermia) e da perda de fluidos (desequilíbrio hidroeletrolítico). Nas queimaduras extensas, superiores a 40% da área corporal, o sistema imune é incapaz de delimitar a infecção. AULA 09 – QUEIMADURAS DENISE CASTRO – 7° PERÍODO Este resumo foi desenvolvido por Denise Castro de Araújo. É expressamente proibida sua reprodução com intuito lucrativo sem devida autorização, seja de forma parcial ou total; conforme lei 9.610/98 (sobre Direitos Autorais). As queimaduras se classificam de acordo com seu agente causador, profundidade, extensão, localização e gravidade. 1º grau: a lesão atinge a epiderme, há vermelhidão na área e o ferimento causa dor. 2º grau: a lesão atinge a epiderme e a derme. Há vermelhidão na área e aparecimento de bolhas. O ferimento causa dor. 3º grau: a lesão atinge todas as camadas da pele, chegando ao tecido subcutâneo. É a forma mais grave. As lesões se apresentam esbranquiçadas, secas, e têm aspecto carbonizado. Leva em conta o tamanho da superfície corporal queimada, com valores atribuídos em porcentagem. Trata-se da própria extensão da queimadura, que determina a gravidade da lesão e a conduta a ser tomada. Regra dos nove - Wallace Avaliação das queimaduras Críticas Queimaduras de 1° grau maiores que 75% da superfície corpórea; Queimaduras de 2° grau maiores que 25% da superfície corpórea; Queimaduras de 3° grau maiores que 10% da superfície corpórea; Queimaduras de 3° grau envolvendo face, mãos, pés e genitália; Queimaduras acompanhadas de fraturas ou lesões de partes moles; Queimaduras em idosos com patologias de base já existentes. Leves Queimadura de 1o grau menor que 50% da superfície corpórea; Queimadura de 2o grau menor que 15% da superfície corpórea; Queimadura de 2o grau cobrindo menos de 3% da superfície corpórea. AULA 09 – QUEIMADURAS DENISE CASTRO – 7° PERÍODO Este resumo foi desenvolvido por Denise Castro de Araújo. É expressamente proibida sua reprodução com intuito lucrativo sem devida autorização, seja de forma parcial ou total; conforme lei 9.610/98 (sobre Direitos Autorais). Queimadura térmica: causada por líquido (água é o mais comum) em temperatura extremamente alta, fogo ou vapor. Queimadura solar ou por radiação: causada por radiação solar em excesso. Queimadura elétrica: causada por fonte de energia elétrica, tanto de baixa como alta tensão. Queimadura radioativa: causada por agente radioativo. Queimadura química: causada por ácidos e materiais do gênero. Área crítica: face, mãos, vias aéreas e região genital. Áreas semicríticas: as demais áreas corpóreas. A gravidade da queimadura está diretamente ligada a todos os fatores estudados anteriormente: a) Profundidade. b) Extensão. c) Envolvimento das áreas críticas. d) Idade da vítima. e) Presença de lesão pulmonar. f) Presença de outras lesões associadas, como fraturas ou outros traumas. g) Doenças de base preexistentes. Extinguir a fonte de calor; Lavar o local atingido com água corrente em temperatura ambiente até que a área queimada seja resfriada. Buscar auxílio de um profissional de saúde no posto de atendimento mais próximo. Se não houver posto de Saúde nas proximidades, deve-se acionar os serviços de socorro do SAMU e do Corpo de Bombeiros ou procurar uma Emergência hospitalar. Os contatos pra ligação gratuita são: Samu 192 e Bombeiros 193 O objetivo é controlar o crescimento bacteriano, remover o tecido desvitalizado e estimular a epitelização, ou prepararo leito receptor para realizar a autoenxertia com sucesso. Medicamentos tópicos; Curativos Indicada nas queimaduras de 3º ou 2º grau profundo em áreas circulares dos membros superiores ou inferiores ou torácica porque produzem compressão com diminuição do fluxo sanguíneo e retorno venoso. São incisões de descompressão para liberar artérias e veias da pressão causada pela constrição e edema. Escarectomia Cobertura cutânea Não passe no local atingido nenhum produto ou receita caseira - Alto risco de infecção por bactérias, fungos e vírus presentes nesses produtos. Não passe nenhuma pomada no local atingido. Não tente estourar as bolhas provocadas pela queimadura. Elas devem ser manuseadas apenas por um profissional especializado. Se houver necessidade de cobrir o ferimento a caminho do serviço de Saúde, o indicado é envolvê- lo num pedaço de pano limpo Evitar tecidos ou materiais que grudam no ferimento. O paciente queimado não deve retirar tecidos aderidos a pele. Para evitar que a pele seja arrancada. Retirar acessórios, como pulseiras e anéis. AULA 09 – QUEIMADURAS DENISE CASTRO – 7° PERÍODO Este resumo foi desenvolvido por Denise Castro de Araújo. É expressamente proibida sua reprodução com intuito lucrativo sem devida autorização, seja de forma parcial ou total; conforme lei 9.610/98 (sobre Direitos Autorais). Figura 6. A: Paciente do sexo masculino com queimadura de segundo grau profundo causada por líquido aquecido (pré-operatório); B: Intraoperatório de enxerto de pele em lâmina, procedimento mais utilizado para cobertura dessa área; C: Pós-operatório (uma semana); D: Pós-operatório (um mês) com aspecto estético agradável; E: Pós-operatório (um mês) com retorno da amplitude dos movimentos da mão. As principais sequelas da queimadura são as contraturas, as cicatrizes hipertróficas (alta mais respeita o trajeto da cicatriz) e as queloidianas (se estende além do trajeto da cicatriz, fica desordenado o tecido). O principal objetivo da intervenção fisioterapêutica em pacientes queimados é prevenir a perda do movimento, minimizar e evitar deformidades anatômicas, diminuir a perda da massa corporal. É necessário traçar um plano de condutas para tratar e evitar cicatrizes hipertróficas, retráteis, tratar e evitar limitações funcionais decorrentes destas. Dados pessoais, regiões atingidas, % SCQ, patologias associadas, tipo e ambiente do acidente. Exame físico Avaliação respiratória Avaliação articular Avaliação muscular Avaliação postural Avaliação do nível de independência funcional nas transferências e nas atividades de autocuidado Posturas viciosas, alterações de sensibilidade e avaliação do nível de dor Fisioterapia respiratória Cinesioterapia Estímulo marcha Posicionamento Imobilização Correção postural Estímulo AVDS Orientações gerais A incidência de complicações pulmonares após queimaduras graves oscila entre 24 a 84% dos acidentes com queimados. Complicações pulmonares: Lesão por inalação Doenças restritivas Complicações tardias – embolia e edema pulmonar Atuação fisioterapêutica: Desobstrução brônquica; Reexpansão pulmonar; Reeducação da função muscular respiratória. AULA 09 – QUEIMADURAS DENISE CASTRO – 7° PERÍODO Este resumo foi desenvolvido por Denise Castro de Araújo. É expressamente proibida sua reprodução com intuito lucrativo sem devida autorização, seja de forma parcial ou total; conforme lei 9.610/98 (sobre Direitos Autorais). Posicionamento: prevenção de contraturas e deformidades. A região comprometida deve estar com frequência elevada para prevenção ou redução de edema Auxílio no posicionamento: usar coxins, travesseiros, rolos, rodas d’água ou adaptações disponíveis Mudança de decúbito: prevenção de escaras. Treinamento das transferências no leito (rolar e sentar) e fora do leito (saída do leito, adoção do ortostatismo e marcha) Pescoço: extensão; Ombros: 90º abdução; Cotovelos: extensão; Punhos: 30º extensão; Tronco: alinhado. Quadris: 15º abdução; Joelhos: extensão; Tornozelos: posição neutra; Todas as áreas devem ser mobilizadas, as queimadas (com maior ênfase) e as não queimadas Realizar sempre movimentos lentos, suaves, progressivos e no limite de dor do paciente. Treinamento da motricidade fina, que proporciona independência nas atividades da vida diária e profissionais Contraindicação: em casos de sangramento importante da região de pós-operatório, exposição articular. Estimular o mais precoce possível, prevenindo complicações pelo acamamento, tais como: Acúmulo de secreção e má ventilação pulmonar, escaras, TVP, enrijecimento articular, alterações proprioceptivas e outras complicações da imobilização. CI marcha: queimaduras plantares importantes, sangramento em MMII ou se o paciente não tiver condições hemodinâmicas. Devido às posições antálgicas assumidas pelos pacientes. Normalmente estas posturas são em flexão e adução, posições não funcionais que comprometem não apenas suas AVDs como dificultam a regressão de edemas e propiciam seu desenvolvimento em áreas vizinhas. Evita deformidades e contraturas, corrige atitudes viciosas, melhora o posicionamento, auxilia na função e mantém ADM adquirida após cinesioterapia. Cuidados que devem ser tomados: Não devem ser colocadas nas primeiras 48-52 horas após a queimadura, pois há o risco de aumento do edema e em casos extremos pode ocorrer compressão de estruturas nobres. Após o fechamento da ferida, o paciente recebe alta hospitalar e deve dar continuidade ao tratamento fisioterapêutico ambulatorial, objetivando o acompanhamento do processo de cicatrização para prevenir, minimizar ou tratar as sequelas estéticas e funcionais decorrentes da cicatrização patológica. Realiza-se uma avaliação fisioterapêutica para verificar ADM, força muscular, alterações posturais, presença de posturas viciosas ou deformidades e localização, sensibilidade e aspecto da cicatriz. Lubrificação e terapia manual - Para dessensibilizar o tecido cicatricial e tratar aderências Cinesioterapia - Objetivo de manter a ADM das articulações comprometidas, a flexibilidade, a força e o trofismo muscular, além de promover a drenagem do edema das extremidades por estase venosa. Órteses - Ganho da ADM das articulações com retração cicatricial. O tecido neoformado deve estar ocluído e protegido das pressões provocadas pelo material rígido da órtese Compressão elástica - Veste de compressão elástica em tecido de lycra industrial que realiza pressão de 20 a 25mmHg na cicatriz Ultrassom - Aumenta a extensibilidade e modela as fibras colágenas do tecido cicatricial, facilitando a mobilidade da cicatriz. Laser - Objetivo de acelerar o processo de cicatrização Endermologia - tratamento das fibroses e aderências do tecido cicatricial. Está contraindicada se a cicatriz se encontra vascularizada, sensível ou apresenta pontos de ferida aberta.
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