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Processos Psicológicos Básicos

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Memória: classificações, conceitos e fatores 
INTRODUÇÃO 
Você conseguiria imaginar a sua vida sem memória? 
Pense bem na função da memória. 
Antes de iniciarmos uma abordagem mais técnica e conceituarmos diversos tipos de memória, podemos parar e 
refletir o que seria de nossa vida sem a memória. 
Bem, considerando a evolução filogenética da nossa espécie (Homo sapiens sapiens), sem a memória não 
estaríamos aqui hoje. 
Para chegarmos até o século XXI, gradualmente, evoluímos a nossa forma de pensar e de armazenar informações. Por 
esse motivo, desenvolvemos tecnologia de acordo com a necessidade do ambiente e sempre em 
um continuum histórico de acúmulo de conhecimento. Sem a memória, nada disso seria possível: 
 
Há 800.000 anos dominamos o fogo >> 8.000 anos atrás dominamos a agricultura >> Hoje, temos smartphones e 
amanhã teremos robôs. 
Pense na memória, didaticamente, como uma cola adesiva, dessas que usamos para colar papel, madeira etc. A 
memória une o passado com o tempo presente. Essa união nos permite, enquanto espécie, evoluir. 
A escrita, adquirida cerca de 5.000 anos atrás, nos permite contar nossa história até os dias de hoje. Sem memória não 
existe acúmulo de conhecimento. Sem acumularmos conhecimento, não existe história. Sem nossa história, não 
teríamos a cultura, a arte a literatura. Se na evolução da nossa história armazenamos informações na pedra no papiro 
e depois no papel, no sistema nervoso, armazenamos informações nos neurônios. Sem esses neurônios, nada do que 
contamos até aqui seria possível. 
 
MÓDULO 1 
Diferenciar os tipos e formas de memória 
 
O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO 
 
Vida é memória. Dei para pensar que tudo que há de mais vivo em mim foi aquilo que já se foi. As pessoas 
mais importantes foram as que ficaram. 
 
Em nosso cotidiano e em nossa cultura, as pessoas com grande capacidade de memória são muito valorizadas. Ficamos 
impressionados quando aparece uma pessoa em um programa de televisão capaz de decorar listas intermináveis de 
palavras, ou quando estudamos com alguém que demonstra grande capacidade de retenção de conhecimento e alta 
velocidade da aquisição da informação. Algumas pessoas são capazes de ler um texto uma única vez e reproduzir com 
fidedignidade as informações ali contidas. Outras pessoas apresentam maiores dificuldades para aprender. 
Os problemas de aprendizagem nem sempre estarão na memória, podendo estar também na atenção, nos níveis de 
inteligência e, obviamente, na história de desenvolvimento dessa pessoa, em seu histórico escolar, estilo de vida, 
alimentação, sono, estilo de aprendizagem, dentre outras variáveis. 
 
VOCÊ SABIA 
Existem atletas de memória competitiva que revelam o grande potencial do cérebro humano nos chamados esportes 
mentais. 
 
Ao mesmo tempo em que a memória é um objeto de interesse e empolgação, sofremos quando percebemos que a 
memória de alguém se esvai nas areias do tempo. 
Um filme que retrata essa angústia é Para Sempre Alice, com a atriz norte-americana Julianne Moore. A história é sobre 
uma mulher bem-sucedida que, aos poucos, começa a esquecer algumas palavras e a se perder nas ruas, sendo 
diagnosticada com Alzheimer. 
Na doença de Alzheimer, o presente e o futuro se esvaem gradualmente da consciência, abrindo lugar apenas para 
evocação das memórias do passado, até que nem essas permanecem. Trata-se de uma doença neurodegenerativa 
progressiva que resulta em deterioração cognitiva global e da memória. Tipicamente, os primeiros sinais e sintomas 
dessa doença são em prejuízos da memória. 
Se, de um lado, nos empolgamos com os atletas de memória competitiva, no outro, nos entristecemos com as doenças 
degenerativas que retiram o que há de melhor em nós, enquanto espécie, que é a nossa capacidade de memorização 
e o uso que fazemos dela. A vida como conhecemos depende de conseguirmos ligar o nosso passado com o presente 
e, assim, prospectarmos nosso futuro, fazendo planos e sonhando com o amanhã. Se perdermos essa capacidade, 
teremos uma outra vida que, seguramente, será bem diferente. 
 
Memória competitiva X Doenças degenerativas 
 
O cinema demonstra, ludicamente, alguns conceitos que vamos trabalhar neste tema sobre memória. Os filmes, muitas 
vezes, apresentam fatos que não reproduzem tecnicamente o fenômeno por um viés científico, em prol de um bom 
roteiro que objetiva cativar ao expectador, juntando fatos científicos e ficção. 
O entretenimento faz parte da proposta desse tipo de arte, mas o problema de memória como o retratado em Como se 
fosse a primeira vez, com os atores Adam Sandler e Drew Barrymore, está muito longe de ser uma comédia romântica 
na vida real. Esse filme demonstra, mesmo de maneira suave, como um caso de amnésia anterógrada impacta a vida 
do paciente e de sua família. 
 
ATENÇÃO 
A pessoa não aprende novas memórias após o evento que ocasiona esse tipo de amnésia, podendo ser por 
traumatismos cranianos, infecções no sistema nervoso, acidentes vasculares encefálicos, tumores, consequências 
decorrentes de cirurgias no cérebro, dentre outras condições que impactam o bom funcionamento do sistema nervoso. 
 
ATIVIDADE 
Outro caso apresentado nesse mesmo filme é o personagem tom 10 segundos. Você pode estar se perguntando: é 
possível alguém ter uma memória tão curta? Ou foi apenas uma construção de um personagem? 
RESPOSTA 
Infelizmente, é possível. Nesse caso, o filme apresentou um exemplo de danos significativos no lobo temporal médio do 
cérebro. 
 
VOCÊ SABIA 
Em 1985, o musicista britânico Clive Wearing, de até então 47 anos, desenvolveu uma condição de amnésia anterógrada 
e retrógrada e só conseguia evocar informações por poucos segundos, consequência de uma encefalite por herpes. Ele 
não é capaz de reter novas informações e vive poucos segundos por vez. Esse maestro britânico, porém, ainda é capaz 
de tocar piano e ler uma partitura musical, ou seja, a memória procedural para a música está preservada. Sem a memória 
não há como juntar o passado com o presente, ou seja, não existe o tempo na vida desse musicista. Mas, quando ele 
está na frente de um piano, é capaz de tocar. Isso é incrível, não é mesmo? 
Mesmo com imprecisões científicas, os filmes nos dão pequenos exemplos que nos permite não apenas imaginar, mas 
visualizar essa traumática condição de perda de memória. No filme Como se fosse a primeira vez, esses casos em que 
o passado, o presente e o futuro não mais existem nos são apresentados com um toque de humor, mas não há qualquer 
diversão nesse quadro para a família e amigos que convivem com alguém com prejuízos importantes na memória.A 
memória humana é amplamente tratada pelo cinema e pela literatura (científica e não científica), pois é um tema 
realmente fascinante. Na vida real, observarmos diversas manifestações diferentes dos nossos sistemas mnemônicos, 
no plural, pois não temos apenas um sistema de memória, mas vários. 
A escritora Martha Medeiros, na obra Divã, conta a história de uma mulher de 40 anos. Em psicoterapia, a 
personagem relata algumas de suas memórias, como o primeiro namorado e tantas outras boas ou ruins, que ela 
guardou por toda sua vida. A personagem evoca essas memórias de forma consciente e voluntária, data os eventos de 
sua vida, declara os acontecimentos. Em psicoterapia, algumas memórias escondidas, por conta do seu conteúdo 
ansiogênico ou pelo estresse, vem à tona. Mesmo suprimidas, em algum momento, ela foi capaz de evocá-las. 
 
ATENÇÃO 
Há uma distinção entre supressão de memória e esquecimento, pois jamais iremos recordar algo que esquecemos. O 
senso comum usa a expressão esquecimento de forma coloquial, e não científica. 
Embora o maestro Clive Wearing, cuja história conhecemos há pouco, ainda seja capaz de tocar piano, algo que ele 
aprendeu antes da inflamação por herpes, essa memória não é evocada conscientemente, pois ele não é mais capaz 
de fazê-lo. Sua memória declaradadura apenas alguns segundos, ele não tem disponível na consciência o seu passado 
para evocar e declarar. O que sobrou, após a encefalite herpética, trata-se de uma memória musical e procedural, ou 
seja, é automática, sem que ele tenha consciência de como faz. 
Podemos de antemão compreender que estamos falando de memória, mas de tipos diferentes de memória. 
Vida é memória, sem dúvida. A qualidade dessa memória e o seu correto funcionamento determinarão a qualidade da 
vida. 
 
OS TIPOS DE MEMÓRIA: DECLARATIVAS (EXPLÍCITAS) E NÃO DECLARATIVAS (IMPLÍCITAS) 
Brenda Milner, nascida em 1918, completou incríveis 102 anos em julho de 2020. A neuropsicóloga canadense possui 
um legado que nos permite dizer que está nos alicerces da fundação da Neuropsicologia clínica, além de uma produção 
científica robusta na neuropsicologia. É mais conhecida por seu trabalho com o paciente Henry G. Molaison (o caso 
H.M). Portador de uma amnésia anterógrada, ele é um dos pacientes mais estudados na história da Neuropsicologia e 
da Medicina. H. M. doou o seu cérebro para estudo post mortem. O cérebro foi mapeado em 3D após sua morte no ano 
de 2008. 
Um caso clássico da literatura no estudo dos processos cognitivos básicos, que evidencia tipos diferentes de memória, 
ocorreu na década de 1950. Trata-se do caso conhecido como H. M. 
 
EXEMPLO 
Henry G. Molaison (H. M.) era um paciente que sofria de um quadro de epilepsia não responsiva aos tratamentos da 
época. H. M. foi então submetido a uma cirurgia e teve a remoção bilateral de parte do seu lobo temporal medial, 
incluindo a amígdala e grande parte do hipocampo. Após a cirurgia, H. M. perdeu a capacidade de consolidar memórias 
de curto prazo em memórias declarativas de longo prazo. Investigações conduzidas pela neuropsicóloga Brenda Milner 
demonstraram que ele podia aprender novos procedimentos e ações. Dia após dia, H. M. se saía melhor em tarefas 
que envolviam ações manuais, como diminuir o tempo para concluir as atividades. Muitas das vezes, o próprio se 
surpreendia com sua perícia, pois não se lembrava, conscientemente, de que vinha treinando a atividade há vários dias. 
Toda vez que Brenda Milner iniciava uma sessão com H.M., precisava se apresentar, explicar as instruções das tarefas, 
objetivos etc., pois Henry não lembrava o que já vinha sendo trabalhado. 
 
Casos semelhantes ao de H. M. são vastos na literatura. Lesões em determinadas áreas do cérebro permitem aos 
neurocientistas e aos neuropsicólogos investigarem funções cognitivas e a localização de epicentros dessas funções 
no tecido nervoso. Paul Broca (1824-1880) também contribuiu para a área através dos seus estudos sobre linguagem. 
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O hipocampo é um epicentro para consolidar memórias de curto prazo em memórias de longo prazo declarativas. 
Lesões no hipocampo, seja por acidente vascular cerebral, seja por ablação para tratar quadros de epilepsia do lobo 
temporal ou outras condições médicas, resultam em amnésia anterógrada. O paciente não será mais capaz de 
consolidar novas memórias declarativas, mas mantém memórias declarativas consolidadas antes da lesão. 
 
ATENÇÃO 
A aquisição, a formação e a retenção de memórias não declarativas não são alteradas por lesões no hipocampo. 
 
CLASSIFICAÇÕES DA MEMÓRIA 
Existem diversas classificações das memórias. De acordo com a sua função, com o tempo e com o conteúdo. 
COMENTÁRIO 
Memória: A capacidade de aquisição, formação, conservação e evocação de informações. Somos aquilo que 
recordamos (IZQUIERDO, 2002). Aquisição é uma outra forma de dizer “aprendizagem”. 
Quanto ao tempo, a memória pode ser separada em: 
Quanto ao seu conteúdo, a memória pode ser classificada em: 
Declarativa: São memórias que evocamos conscientemente. Podemos declarar aquilo que sabemos, ou seja, dizer que 
essas memórias existem, quando, onde foram adquiridas e o que significam. 
EPISÓDICA OU AUTOBIOGRÁFICAS: Fatos e eventos. Lembrar o rosto de uma atriz em um filme, por exemplo. 
 
SEMÂNTICA: O significado das coisas, das palavras, nosso conhecimento de Psicologia e os demais saberes. 
 
Não declarativa (implícita): São memórias que não evocamos conscientemente. São os nossos hábitos, nossas 
habilidades motoras, como andar de bicicleta, dança, dirigir, nadar, soletrar, perícia nos esportes etc. 
HABILIDADES E PROCEDIMENTOS 
Quando estamos aprendendo a dirigir, ou a brincar com uma bola, no início, precisamos nos esforçar para lembrar o 
que fazer, mas, aos poucos, os nossos movimentos ficam automatizados. Tocar um instrumento musical, depois de 
aprendermos a evocação, não é um ato consciente, pois o músico simplesmente toca. 
PRIMING (PRÉ-ATIVAÇÃO OU DICA) 
Memórias evocadas através de dicas. Ouvir uma nota e lembrar da música, colocar as mãos nas teclas de um piano e 
começar a tocar. É o caso do maestro britânico Clive Wearing. Ele não tem consciência de que sabe tocar piano ou ler 
partituras, mas quando está com as mãos sobre o piano e uma partitura, ele irá tocá-lo e lê-las. Essas dicas também 
funcionam em pessoas com a memória preservada. 
ASSOCIATIVA 
Respostas emocionais condicionadas, adaptadas ou desadaptadas. O condicionamento clássico irá ampliar nossa 
capacidade de reagir ao ambiente precocemente no desenvolvimento. Trata-se do reflexo condicionado. Aprendemos 
a reconhecer nossa mãe (ou quem nos alimenta) pelo cheiro, com poucos dias de vida. Uma música pode trazer bem-
estar, gerando endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina. Porém, também pode estar envolvida com as respostas de 
luta e fuga (respostas ao estresse), gerando cortisol, adrenalina e noradrenalina. O condicionamento clássico também 
é responsável por algumas aprendizagens desadaptadas, por exemplo, quadros de fobia e transtornos da ansiedade. 
SAIBA MAIS 
Há também outros tipos de memórias, as memórias não associativas, de habituação e de potenciação. 
MÓDULO 2 
Compreender os mecanismos de formação da memória 
 
ONDE FICA ARMAZENADA A MEMÓRIA? 
É incorreto fazer uma analogia da memória humana com a de um computador que mantém os dados armazenados 
em um único local, chamado de disco rígido (Hard Disk – HD). 
Muitas pessoas ficam em dúvida se o hipocampo é o “HD” do ser humano. 
A resposta é não! 
 
 
ATENÇÃO 
As nossas memórias são armazenadas nos neurônios em diferentes partes do cérebro, não ficando localizadas em 
apenas um único lugar. O hipocampo é importante para a consolidação de novas memórias declarativas, mas não 
armazena, como um HD de um computador, todas as informações. 
 
As nossas memórias são o resultado de nossas experiências, da aprendizagem que pode ser definida como uma 
mudança razoavelmente permanente no repertório comportamental do organismo decorrente da experiência. Isso é o 
Curto prazo (ou de curta duração) 
Dura até seis horas, tempo necessário para serem 
consolidadas em sistemas de longo prazo. 
 
Longo prazo (ou de longa duração) 
Dura dias, semanas, meses ou anos. 
 
≠ 
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que chamamos de aquisição. Existem tantas memórias, quanto as experiências que uma pessoa vivencia ao longo de 
sua vida. 
Áreas distintas do cérebro, circuitarias neuronais específicas e diferentes, armazenam diferentes partes da experiência 
e assim, diferentes partes da memória. >> A complexidade das experiências determinará a diversidade de circuitarias 
e áreas do cérebro envolvidas para armazenar uma memória. 
 
Adquirir, formar, conservar e evocar uma memória envolve diferentes áreas do cérebro 
e diversas circuitarias neuronais: 
Boa parte do que chamamos de percepção, como aquilo que é resultante dos nossos 
órgãos sensoriais (visão, audição, olfato, paladar, tato e a propriocepção), é processada 
nos lobos parietais, temporais e occipitais. 
Diferentes partes do córtex cerebral são divididas em áreas que chamamos de lobos 
cerebrais. 
Lobo Parietal: Atua na percepção, na integração da informação somatossensorial (tato, 
pressão, temperatura e dor), processamento visuoespacial, na atenção, orientaçãoespacial, 
representação numérica. No giro pós-central, localiza-se o córtex somatossensorial primário. 
Algumas informações que usamos para refletir sobre nós mesmos e alguns aspectos da 
consciência ficam armazenadas em estruturas do lobo parietal. 
 
Lobo frontal: Atua nas funções executivas (tomada de decisão, planejamento, solução de 
problemas, raciocínio), controle motor voluntário, cognição, inteligência, na atenção, 
expressão da linguagem, na motivação. Área de broca (parte motora da linguagem), córtex 
pré-motor e motor primário são subestruturas do lobo frontal. A memória motora da língua 
é armazenada em estruturas do lobo frontal. Lesões na área de broca resultam em uma 
afasia motora. 
Lobo temporal: Atua nas memórias declarativas (hipocampo), audição, processamento e 
percepção de informações sonoras, reconhecimento de faces e objetos, capacidade de 
entender a linguagem, processamento visual de ordem superior e regulação das reações 
emocionais. Fazem parte do lobo temporal a amígdala, o córtex auditivo primário, a área de 
Wernicke e os giros temporais.. A memória das informações necessárias para compreensão 
da língua (Wernicke) é armazenada em estruturas do lobo temporal. A memória do medo, 
em parte, é armazenada na amígdala. Lesões na área de Wernicke resultam em uma afasia 
da compreensão da língua. 
 
Lobo da ínsula: O lobo da ínsula está “escondido” entre os lobos temporal, frontal e parietal. 
Tem relação com a memória gustativa e está envolvido na coordenação das emoções. 
 
Lobo occipital: Único lobo que podemos atribuir funções específicas. Visão de: cor, movimento, 
profundidade e distância. Fazem parte como subestruturas as áreas visuais primária e secundária. 
A memória das informações visuais fica nessa região. 
 
A FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS 
ONDE FICAM ARMAZENADAS AS MEMÓRIAS 
Nossas memórias são formadas durante nosso desenvolvimento a partir das nossas experiências. Essas experiências 
são codificadas pelo cérebro e armazenadas em novos engramas sinápticos devido à plasticidade neural. 
A plasticidade neural é a capacidade de o cérebro desenvolver novas conexões sinápticas em decorrência das 
experiências comportamentais que vivenciamos. 
O cérebro irá se moldar quando estimulado por essas experiências. 
Uma memória procedural, dos hábitos motores, por exemplo, não depende do hipocampo. O epicentro dessas memórias 
é uma estrutura do encéfalo chamada de cerebelo. Embora o cerebelo seja um epicentro dos nossos hábitos motores, 
ele não é o único responsável. Trata-se do nosso sistema vestibular que é um órgão gravitoceptor (ouvido interno – 
sistema auditivo). 
 
COMENTÁRIO 
O cerebelo e o sistema vestibular trabalham em conjunto para manutenção do nosso equilíbrio e do comportamento 
motor. As informações necessárias para que isso aconteça estão armazenadas nessas estruturas. 
No cerebelo, temos a memória dos nossos hábitos motores, mas existem conexões e circuitarias 
neuronais, entrando e saindo dele. Essas redes neurais também compõem o conjunto de neurônios 
que armazenarão as informações pertinentes aos hábitos motores. 
 
A propriocepção é o nome técnico que expressa o conceito que acabamos de descrever, ou seja, nossa cinestesia. 
Graças ao trabalho do cerebelo e do sistema vestibular, conseguimos nos manter de pé e em equilíbrio, movermos 
nosso corpo de forma adaptada e ordenada para atingir a um objetivo, como levantar e pegar um copo de água, digitar, 
escrever etc. 
 
ATENÇÃO 
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Receptores sensoriais proprioceptivos estão espalhados por todo o corpo, enviando sinais para a nosso sistema 
vestibular. 
 
Essa memória muscular é desenvolvida, gradualmente, nos primeiros anos de nossas vidas até a maturidade. Também 
podemos aprender novos hábitos motores adultos, tais como: dirigir, dançar, nadar. Uma vez aprendida, essa memória 
é mantida por toda a vida, caso não sofra nenhuma intercorrência, como ocorre no acidente vascular encefálico. 
Aquisição, formação, conservação dos hábitos motores, ou seja, aprendizagem do comportamento motor, não 
evocamos conscientemente. Uma memória implícita é automática. Isso significa que, depois de aprendermos, nós 
apenas dirigimos, dançamos, falamos, andamos etc. 
Novas memórias são formadas a todo momento. Com exceção de crianças muito pequenas, pois antes dos quatro 
anos não existe a consolidação de memórias duradouras e fidedignas. Entre os quatro e os sete anos, 
gradualmente, esse processo de consolidar novas memórias declarativas é aprimorado. 
 
ATENÇÃO 
Um outro dado relevante na formação das memórias declarativas de longa duração é que elas se beneficiam da língua. 
De forma gradual, após os 2 ou 3 anos são usadas a função cognitiva da linguagem para aquisição, formação, retenção 
e evocação de novas memórias declarativas. 
 
A INTEGRAÇÃO DAS MEMÓRIAS IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS 
 
EXEMPLO 
Um exemplo simples e didático que podemos usar para demonstrar a integração entre as memórias declarativas e não 
declarativas é pensar que vamos nos levantar para pegar um copo de água. Esse pensamento é uma função cognitiva 
de ordem superior e trata-se de uma atividade cortical dos lobos frontais. É voluntária. 
Podemos, também, evocar uma memória declarativa episódica para lembrar que colocamos uma garrafa de refrigerante 
na geladeira e, ainda, declarar para uma pessoa, ao nosso lado, nossas intenções. 
 
Tudo isso se trata da evocação de memórias declarativas, conscientes, voluntárias, mas, depois disso, a mágica 
acontece. 
Simplesmente, vamos nos levantar e executar vários comportamentos motores complexos para buscar o refrigerante e, 
ao mesmo tempo, continuar conversando ou pensando em preparar uma pipoca para acompanhar a bebida. 
Essa complexidade motora não é evocada conscientemente; ela é automática, ou seja, você simplesmente faz. 
Nesses casos, o processo consciente é apenas ter a intenção de agir. 
 
MÓDULO 3 
Identificar as memórias de curta e longa duração 
 
Os efeitos das memórias procedurais implícitas, modificam o comportamento de uma pessoa com base na experiência, 
sem que ela tenha acesso consciente a essas informações. Basta que indivíduos saudáveis, sem prejuízos que 
impeçam um desenvolvimento biológico normal, recebam a estimulação ambiental para que essas memórias 
naturalmente sejam implementadas. 
Algumas dessas memórias não são desejadas, como é o caso das aprendizagens associativas por condicionamento 
clássico, que está na base de quadros de fobias e transtornos da ansiedade. Portanto, são aprendizagens desadaptadas 
que permanecem por anos, caso não exista uma intervenção, e são mantidas por reforço negativo. 
 
VOCÊ SABIA 
O indivíduo não tem controle consciente ou voluntário nessas aprendizagens, pois elas simplesmente acontecem em 
decorrência do contexto, do tipo de estímulos que o ambiente oferece. 
As aprendizagens que resultam em memórias declarativas envolvem ativamente um esforço cognitivo e, novamente, o 
papel do ambiente em oferecer estímulos é fundamental. 
No entanto, cada indivíduo tem um papel ativo na aquisição desse tipo de memória. Podemos com esforço treinar nossa 
atenção, nossas funções executivas e nossa memória. Os pais, os mediadores, os educadores, que ajudam a 
desenvolver nas crianças o controle inibitório, estão transformando os adultos do futuro em pessoas que pensam antes 
de agir. 
 
ATENÇÃO 
• O controle inibitório, a nossa capacidade de planejamento e a flexibilidade mental podem ser desenvolvidos, 
isso chamamos de funções executivas. 
• As funções executivas e a memória de trabalho são processamentos de ordem superior (cortical) que têm 
função gerencial ou executiva. 
 
MEMÓRIA DE TRABALHO (OU OPERACIONAL) E MEMÓRIA DE CURTA DURAÇÃO 
Um ambiente rico em oportunidades de práticas de 
esporte e dança, na infância e adolescência, 
proporciona conexões robustas no cerebelo; e isso 
resulta em uma inteligência corporal-cinestésica. 
 
Um ambiente empobrecido desses tipos de estímulo, 
dificilmente, resultaráem um adulto com tal inteligência 
aflorada. Embora possa ser desenvolvida, essa inteligência 
não será com a mesma qualidade se adquirida na infância. 
 
X 
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A memória de trabalho é nossa capacidade de processar informações, sendo semelhante à de curta duração, pois 
ambas se referem ao armazenamento temporário de informação e possuem capacidade limitada. Contudo, a memória 
de trabalho é ativa, enquanto a de curto prazo é passiva. 
SAIBA MAIS 
A função da memória de trabalho é verificar se a informação na memória de curta duração é nova ou não, se será útil, 
e se irá gerenciar o reforçamento até que se consolide em sistemas de longa duração. O córtex pré-frontal mantém esse 
sistema de gerenciamento através de conexões com outras estruturas vinculadas à memória. 
 
MEMÓRIA DE LONGA DURAÇÃO 
O sistema nervoso é composto por bilhões de células nervosas (neurônios e células de suporte, glia). O ser humano é 
um sistema formado por um conjunto de subsistemas, onde existem complexas redes neurais. Um neurônio comunica-
se com outros através de uma linguagem eletroquímica, chamamos essa comunicação de sinapse. Os 
neurotransmissores, ou mensageiros químicos, são responsáveis em codificar e passar adiante (para outro neurônio) 
um conjunto de informações. 
 
ATENÇÃO 
A aprendizagem acontece quando essas redes neurais são fortalecidas pela repetição de sinapses, resultando, por 
exemplo, no comportamento. 
 
Nesses subsistemas, existem diversas redes neurais, diferentes tipos de neurotransmissores, formando camadas e 
camadas de informações, verdadeiros engramas sinápticos. Isso é a base da memória de longa duração. 
 
O FENÔMENO DA POTENCIAÇÃO DE LONGA DURAÇÃO 
Nas neurociências, estuda-se o fenômeno da potenciação de longa duração (long term potentiation – LTP), que 
evidencia a ideia de que, a nível celular, esse processo aumenta a eficiência dos neurônios, pré e pós-sinápticos, por 
meio de um aumento da neurotransmissão. 
O conjunto de sinalizações químicas a nível molecular que regula esse processo é complexo e não objetivamos 
abordá-lo neste tema. 
 
EXEMPLO 
Precisamos aprender o equilíbrio, a andar, a manipular nossos efetores (mãos) em direção a um estímulo alvo. 
Precisamos desenvolver motricidade fina para manipular objetos com precisão e, posteriormente, aprendemos a segurar 
uma caneta para escrever. Por tentativa e erro, engatinhar, tentar levantar, cair e começar tudo novamente, vamos 
selecionando as conexões sinápticas mais bem-sucedidas, e essas serão reforçadas por uma potenciação de longa 
duração (long term potentiation – LTP), pois produziram resultado. 
 
AS MEMÓRIAS QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO 
O ESQUECIMENTO 
Uma função tão nobre quanto armazenar é esquecer. Neste tema, estamos definindo o esquecimento como 
enfraquecimento de uma sinapse, mas como um construto, podemos encontrar definições diferentes em outras fontes. 
Para analisarmos a função do esquecimento, partimos de uma condição em que a pessoa não consegue esquecer. 
Trata-se de uma memória autobiográfica altamente superior (hipertimesia). É uma síndrome rara, fazendo com que a 
pessoa não se esqueça de nada ao longo da vida. Trata-se de uma supermemória autobiográfica. O que parece ser 
algo positivo, não esquecer, torna a vida dessas pessoas, muitas das vezes, pouco funcional, com baixa flexibilidade 
mental e capacidade adaptativa reduzida. 
 
EXEMPLO 
Algumas evocações de memória são impulsivas. Lembrar-se do sabor do sorvete que você tomou na noite de 2 de 
fevereiro, do ano de 1982, pode ser pouco útil para as demandas da vida. Basta ter um priming para a lembrança brotar 
na mente. 
 
Um outro processo, diferente do LTP, é chamado de depressão de longa duração (LTD). Enquanto a LTP reforça 
sinapses, a LTD as enfraquece. Esse mecanismo de enfraquecimento seletivo das sinapses que não trazem resultados, 
e o processo de LTP reforçando as sinapses que trazem resultado no comportamento, formam a base da fisiologia da 
memória. A LTD é um processo que está na base do esquecimento, por este motivo, não evocamos o que esquecemos, 
pois simplesmente a sinapse não existe mais para ser evocada. 
 
 
 
 
 
 
Uma memória de curto prazo, que 
dura cerca de seis horas ou 
menos, ou passa por um processo 
de reforço e se consolida em 
sistemas mnemônicos de longa 
duração, ou é esquecida. 
 
A memória operacional, por sua vez, conserva a informação por um período para 
poder examiná-la e compará-la com o acervo de memórias de curto prazo e de 
longo prazo, implícitas e explicitas. A memória de trabalho mantém as 
informações por tempo o suficiente para que consigamos ter um comportamento 
integrado direcionado a um objetivo. Observa-se, por exemplo, a deterioração da 
memória de trabalho em indivíduos esquizofrênicos. 
≠ 
LTP 
Reforça sinapses. 
Traz resultado ao comportamento. 
Base da fisiologia da memória. 
LTD 
Enfraquece sinapses. 
Não traz resultado ao comportamento. 
Processo na base do esquecimento. 
ATENÇÃO 
Não devemos nos confundir com a forma que o senso comum utiliza a expressão esquecimento que, fisiologicamente, 
é chamado de supressão de memória. 
 
O esquecimento em doenças neurovegetativas possui mecanismos diversos. Nestes casos, existe perda de neurônios 
e morte celular em áreas específicas do cérebro. 
A LTD não leva à morte celular, apenas enfraquece uma sinapse, e esse neurônio será reforçado a fazer uma 
conexão mais funcional. 
 
MÓDULO 4 
Relacionar algumas variáveis ambientais na modulação das memórias 
 
MEMÓRIAS IMPLÍCITAS 
Memórias implícitas (procedurais) são resistentes e não sofrem tanta influência do meio externo quanto as memórias 
declarativas. Uma memória declarativa pode ser suprimida por uma condição significativamente estressora e ficar 
suprimida por um tempo. Trata-se de um fenômeno chamado de amnésia global transitória, que pode durar poucos 
dias, não mais do que 24 horas. Enquanto a memória implícita não sofre modulação pelas emoções e o humor, a 
declarativa é muito suscetível. Uma memória implícita não sofre modulação do meio externo a ponto de prejudicá-la 
definidamente ou por um longo período. 
 
Memória declarativa X Memória implícita 
Pode ser suprimida por condições do meio externo. Não sofre modulação do meio externo. 
 
EXEMPLO 
Um exemplo de modulação de uma memória de hábito motor é que podemos perder, momentaneamente, o controle 
das pernas, por um medo extremo, um comportamento de frozen (congelamento). Tão logo passe o perigo, a 
evocação automática dessa memória motora é reestabelecida. 
Esse comportamento de frozen é mais comum nos animais, mas pode acontecer com humanos. 
Por exemplo, ao tentar atravessar a rua, no meio dos carros, a pessoa calcula mal a distância e velocidade dos 
veículos, e um deles buzina a poucos metros. Diante da cena, a pessoa congela e não consegue evitar o 
atropelamento. Trata-se de uma falha no controle motor automático devido ao alto nível de estresse. O evento ocorre 
tão rápido que o cérebro não tem tempo de resolver o conflito entre o automatismo da memória de procedimentos e o 
controle motor voluntário. 
 
Hormônios do estresse (cortisol, adrenalina e noradrenalina) também podem realçar um aprendizado. Um único evento 
estressor significativo pode resultar em um reflexo condicionado e, muitas das vezes, desadaptado. Uma excitabilidade 
muito alta, mas positiva, gerada pelo “quarteto da felicidade” (endorfina, dopamina, serotonina, ocitocina), como estar 
em um show do seu artista preferido com quem você ama, pode fortalecer as memórias desse evento. 
 
ATENÇÃO 
A excitação grava os eventos no cérebro. Baixa excitabilidade ou ausência de uma emoção faz com que a memória 
seja fraca. 
 
Os prejuízos nas memórias não declarativas duradouras, tipicamente, serão decorrentes de acidente vascular encefálico 
(AVE), traumatismos cranianos, tumores, ablação cirúrgica,doenças que impactam o sistema nervoso ou 
por senescência. 
Níveis de ansiedade podem prejudicar a consolidação da memória, ou seja, a codificação fica fragmentada, dificultando 
a evocação precisa do evento (memória episódica) ou do conteúdo (memória semântica). A ansiedade exacerbada não 
é desejada nem no momento da consolidação, nem na evocação. Estudantes relatam o fenômeno “deu branco” que se 
trata de uma supressão de memória decorrente da ansiedade de desempenho. As memórias também são influenciadas 
pelo contexto, trata-se do conceito de memória dependente de estado (ou estado dependente). 
 
EXEMPLO 
Podemos citar alguns exemplos, como: estudar com música alta ou com muitos estímulos à volta, assistir à uma aula 
remota realizando outras tarefas concomitantemente, ou seja, no momento da evocação dessas memórias. Algumas 
pessoas podem enfrentar dificuldade com a evocação da informação em uma sala silenciosa. O ambiente influencia 
tanto na aquisição, quanto na evocação de uma memória. 
 
Um aspecto importante a se considerar sobre a modulação das memórias por outros eventos são as falsas memórias. 
Percepção de tamanho e outras memórias são modificadas ao longo do desenvolvimento. 
 
EXEMPLO 
Por exemplo, uma casa que parecia um castelo aos sete anos, pode ser pequenina aos 40 anos. Novos estímulos no 
ambiente no tempo presente, podem alterar uma memória consolidada no passado. Uma memória pode ser consolidada 
a partir de interpretações, por lembranças distorcidas e, muitas vezes, podem até contradizer a própria experiência. 
 
As falsas memórias podem ser adquiridas de maneira espontânea, criadas internamente como resultado da nossa 
interpretação dos eventos, ou sugerida, produzida por um agente externo, mas que apresenta características coerentes 
com os fatos. 
As memórias sofrem influência das emoções e podemos armazenar uma informação como positiva ou negativa, 
dependendo do nosso estado de humor no momento da aquisição. 
 
ATENÇÃO 
Eventos negativos ou positivos ocorridos na infância podem ser modificados pela memória com o passar dos anos. 
 
AS EMOÇÕES 
As memórias com maior carga emocional positiva são mais bem consolidadas e evocadas. 
Uma emoção com carga emocional negativa é rapidamente consolidada em sistemas de longa duração. Evitar 
experiências traumáticas ou perigos no ambiente pode ser adaptativo, mas em outras ocasiões, pode resultar em uma 
aprendizagem desadaptada. 
O cérebro, em sua evolução filogenética na espécie humana, foi desenhado para nos aproximar de experiências 
positivas e nos afastar das negativas. Algumas vezes, a memória modulada por uma emoção negativa pode sofrer uma 
supressão e não ser facilmente evocada; outras vezes, pode desenvolver um reflexo condicionado (memória 
associativa), e esse não é evocado pela consciência, mas resulta em alterações na fisiologia do organismo. 
 
O reflexo condicionado traduz uma aprendizagem que modifica padrões do organismo, mas, muitas vezes, a pessoa 
não compreende os motivos. Transtornos de ansiedade e fobias são um resultado desse aprendizado. 
O reflexo condicionado também está na base do comportamento de luta e fuga e, quando necessário, isso é altamente 
adaptativo para fugirmos de um perigo ou nos mantermos alertas para enfrentar adversidades. 
 
ATENÇÃO 
Estruturas do sistema límbico e de memória estão diretamente conectados. 
Uma emoção é construída sob um aspecto subjetivo na experiência do indivíduo. Uma emoção só existe se tiver uma 
função, se alguém a percebe, sendo a própria pessoa que vivencia a experiência ou, nas inferências de quem nos 
observa, percebe nosso estado afetivo, emocional e de humor. 
 
VOCÊ SABIA 
As emoções são a principal fonte moduladora de memórias declarativas no cérebro. 
 
Temos duas rotas da emoção que fazem interseção com estruturas de memória: 
 
A ROTA CONSCIENTE DE UMA EMOÇÃO 
A informação sensorial chega ao tálamo, passa para o córtex sensorial e para o hipocampo. Esse processo é mais 
lento e depende de componentes cognitivos complexos. 
Tálamo >> Córtex sensorial >> Hipocampo 
 
A ROTA NÃO CONSCIENTE DE UMA EMOÇÃO 
A informação sensorial chega ao tálamo, em seguida, à amígdala e ao hipotálamo. Esta rota é adaptativa, pois é capaz 
de alterar a nossa fisiologia e o nosso comportamento, nos preparando para a luta ou para fuga, de forma não 
consciente. 
Tálamo >> Amígdala >> Hipotálamo 
 
 
 
 
ATENÇÃO 
O funcionamento do sistema límbico exerce uma influência direta em como 
consolidamos memória e influenciam igualmente no momento da evocação. O nosso sistema límbico é o principal 
modulador de memórias. 
 
FATORES QUE MODULAM AS MEMÓRIAS 
O SISTEMA LÍMBICO 
São as principais estruturas límbicas: amígdala, hipocampo, giro do cíngulo e hipotálamo. O sistema límbico é o 
responsável pelas nossas respostas emocionais. Nas estruturas do sistema límbico, teremos armazenadas as 
nossas memórias emocionais. 
 
Amígdala 
Relaciona-se ao processamento do medo e algumas outras emoções, também no aprendizado e 
em respostas de luta e fuga. Memória de curto prazo e reconhecimento de emoções. Alterações na 
amígdala podem resultar em comportamentos agressivos, perda de controle emocional, alterações 
Hipotálamo 
Regula diversas atividades 
fisiológicas do organismo. 
Diferentes funções autônomas são 
gerenciadas pelo hipotálamo. É um 
centro de homeostase. 
 
 
Giro do cíngulo 
Regula dor, emoções e memória. 
Alterações dessa área já foram 
associadas a certo prejuízo no 
aprendizado, à expressão 
inapropriada de emoções, à 
ausência de medo e à dor. 
 
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na memória de curto prazo e déficits no reconhecimento de emoções. A amígdala é onde as nossas memórias de medo 
ficam armazenadas. 
 
Hipocampo 
Está relacionado com a memória de longo prazo declarativa, o armazenamento das memórias recentes, a orientação 
espacial, o reconhecimento de eventos inesperados no ambiente. Alterações nesta estrutura podem levar à amnésia 
anterógrada. O indivíduo não consegue, por exemplo, formar novas memórias dos tipos declarativas. Na doença de 
Alzheimer, o hipocampo é uma das primeiras áreas acometidas pela degeneração do sistema nervoso. 
 
ALGUMAS ESTRUTURAS DO CÉREBRO EMOCIONAL E SUA INFLUÊNCIA NA MEMÓRIA: 
CÓRTEX CINGULADO ANTERIOR 
Área cortical mais próxima ao que se chama de sistema límbico. Região que demonstra muita 
atividade quando executamos tarefas difíceis, experienciamos desejos intensos, amor ou raiva. 
Estudos demonstraram uma alta atividade desta área quando, por exemplo, uma mãe escuta o 
choro de seu bebê. 
 
CÓRTEX FRONTAL 
Informações de estruturas límbicas são enviadas ao córtex frontal para produzir sensações e percepções conscientes 
de uma emoção. O córtex pré-frontal tem função gerenciadora da memória de trabalho. 
 
COMPLEXO OLFATÓRIO 
Estruturas relacionadas ao olfato levam a informação diretamente às áreas límbicas, que não passa, necessariamente, 
pelo tálamo, como nos outros sentidos. Por esse motivo, o olfato, possivelmente, é capaz de gerar respostas emocionais 
intensas. Acredita-se que o complexo olfatório seja um centro emocional primitivo. 
 
TÁLAMO 
Centro distribuidor que recebe e envia informações de boa parte das sensações, tanto para áreas corticais. quanto para 
as áreas límbicas, como a amígdala. Devido ao tálamo, podemos experimentar alterações associadas a emoções de 
modo não consciente. 
 
HIPOCAMPO 
Está relacionado principalmente às memórias declarativas. Por isso, uma recordação de um evento triste pode 
atrapalhar um momento alegre. 
 
CORPO CALOSO 
Faz a comunicação do hemisfério esquerdo e direito do cérebro. 
 
HIPOTÁLAMO 
Atua na homeostase e alterações fisiológicas relacionadas às emoções. O hipotálamo pode modular a amígdala. 
 
AMÍGDALA 
Está relacionada principalmente às respostas associadas ao medo, mas também participa do processamento de outras 
emoções. As nossas memórias de eventos que resultam em medo ficam armazenadas na amígdala. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A vida com prejuízos na memória é em tonsde cinza. A memória é colorida com sabores, cheiros, histórias, pessoas, 
momentos, que permanecem associados às lembranças e fazem com que consigamos significá-los e percebê-los a 
partir de nossa história. Isso gradualmente define quem somos, pois, sem memórias, não há possibilidade de saborear 
os momentos alegres ou tristes de nossa vida. Sem esses momentos, não teríamos propósito nem uma personalidade. 
Memória também é adaptabilidade. Gravamos em nossas estruturas neurais aquilo que foi aprendido. A aprendizagem 
ocorre para nos adaptarmos, pois não podemos fazer aquilo que não aprendemos, e não podemos comunicar o que 
não conhecemos.Sem memória, não fazemos, nem nos comunicamos. Sem memória nada somos. 
	INTRODUÇÃO
	MÓDULO 1
	O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO
	Vida é memória. Dei para pensar que tudo que há de mais vivo em mim foi aquilo que já se foi. As pessoas mais importantes foram as que ficaram.
	VOCÊ SABIA
	ATENÇÃO
	ATIVIDADE
	Outro caso apresentado nesse mesmo filme é o personagem tom 10 segundos. Você pode estar se perguntando: é possível alguém ter uma memória tão curta? Ou foi apenas uma construção de um personagem?
	VOCÊ SABIA
	Em 1985, o musicista britânico Clive Wearing, de até então 47 anos, desenvolveu uma condição de amnésia anterógrada e retrógrada e só conseguia evocar informações por poucos segundos, consequência de uma encefalite por herpes. Ele não é capaz de reter...
	ATENÇÃO
	OS TIPOS DE MEMÓRIA: DECLARATIVAS (EXPLÍCITAS) E NÃO DECLARATIVAS (IMPLÍCITAS)
	EXEMPLO
	ATENÇÃO
	CLASSIFICAÇÕES DA MEMÓRIA
	COMENTÁRIO
	HABILIDADES E PROCEDIMENTOS
	PRIMING (PRÉ-ATIVAÇÃO OU DICA)
	ASSOCIATIVA
	SAIBA MAIS
	MÓDULO 2
	ONDE FICA ARMAZENADA A MEMÓRIA?
	ATENÇÃO
	COMENTÁRIO
	O cerebelo e o sistema vestibular trabalham em conjunto para manutenção do nosso equilíbrio e do comportamento motor. As informações necessárias para que isso aconteça estão armazenadas nessas estruturas.
	ATENÇÃO
	ATENÇÃO
	A INTEGRAÇÃO DAS MEMÓRIAS IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS
	EXEMPLO
	MÓDULO 3
	VOCÊ SABIA
	ATENÇÃO
	MEMÓRIA DE TRABALHO (OU OPERACIONAL) E MEMÓRIA DE CURTA DURAÇÃO
	SAIBA MAIS
	MEMÓRIA DE LONGA DURAÇÃO
	ATENÇÃO
	EXEMPLO
	AS MEMÓRIAS QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO
	O ESQUECIMENTO
	EXEMPLO
	ATENÇÃO
	MÓDULO 4
	MEMÓRIAS IMPLÍCITAS
	EXEMPLO
	ATENÇÃO
	EXEMPLO
	EXEMPLO
	ATENÇÃO
	AS EMOÇÕES
	ATENÇÃO
	VOCÊ SABIA
	A ROTA CONSCIENTE DE UMA EMOÇÃO
	A ROTA NÃO CONSCIENTE DE UMA EMOÇÃO
	ATENÇÃO
	FATORES QUE MODULAM AS MEMÓRIAS
	O SISTEMA LÍMBICO
	ALGUMAS ESTRUTURAS DO CÉREBRO EMOCIONAL E SUA INFLUÊNCIA NA MEMÓRIA:
	CÓRTEX CINGULADO ANTERIOR
	CÓRTEX FRONTAL
	COMPLEXO OLFATÓRIO
	TÁLAMO
	HIPOCAMPO
	CORPO CALOSO
	HIPOTÁLAMO
	AMÍGDALA
	CONSIDERAÇÕES FINAIS

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