Buscar

ANOREXIA NERVOSA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
1 
 
ANOREXIA NERVOSA 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
O termo anorexia é derivado do grego an (falta) e orexis (apetite), sendo uma associação imprópria, já que as pacientes 
apresentam na realidade um grande controle do apetite; a inapetência surge apenas em estágios avançados, quando a 
desnutrição se estabelece. 
É uma síndrome caracterizada por baixo peso com comportamentos voltados à manutenção deste; distorção da imagem 
corporal; medo intenso de engordar, sendo este o elemento psicopatológico central; além de alterações endócrinas que levam 
à amenorreia classicamente associada ao quadro. Em termos práticos, com as atuais mudanças classificatórias, a amenorreia 
deixa de ser um critério essencial para o diagnóstico da AN. 
QUADRO CLÍNICO 
Apesar da heterogeneidade do transtorno, a apresentação clássica da AN é a mulher jovem, levada a contragosto à consulta 
clínica por familiares, bastante preocupados com a sua perda de peso e restrição dietética extrema nos últimos meses. Esses 
pacientes mostram grande preocupação com o peso e a forma corporal, empreendendo uma inexorável busca pela magreza; 
para tal, podem envolver-se também em métodos purgativos e atividades físicas excessivas. 
Geralmente apresentam algum grau de distorção da imagem corporal, acreditando que estão obesas ou que uma parte 
específica do corpo está muito grande; em outros casos, a motivação para a dieta pode ser manifestada como uma queixa 
somática, por exemplo, dor ou desconforto abdominal. 
Nem sempre a justificativa é clara, mas, com o acompanhamento, a preocupação com o ganho de peso ou a obsessão por uma 
dieta saudável comumente aparece. Frequentemente são pessoas com alto grau de rigidez, perfeccionismo e introspecção; a 
autoestima baixa pode reforçar comportamentos alimentares, uma vez que a perda de peso é vivida como uma conquista, e 
não como um problema. Podem ter especial interesse em culinária, apesar de evitarem comer em público. 
Até metade dos indivíduos descreve episódios de compulsão alimentar, o que dispara comportamentos compensatórios. 
Alguns chegam a ter medo de que calorias possam ser ganhas em situações diárias, como escovar dentes e passar batom, 
hidratante ou protetor solar. Sinais de inanição representam a maior parte dos achados físicos, bem como alterações 
laboratoriais, exemplificadas na Figura 13.2 
 
 
 
 
 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
2 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Quadros sugestivos de AN devem ser distinguidos principalmente de BN (tecnicamente por critério ponderal), outros 
transtornos psiquiátricos (transtorno do humor, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias, transtorno dismórfico corporal), 
abuso de substâncias, iatrogenia medicamentosa e doenças orgânicas (p. ex., doença inflamatória intestinal, pancreatite, 
hipertireoidismo, doenças infecciosas, diabetes melito, insulinoma, tumores cerebrais hipotalâmicos, neoplasias e síndrome 
da artéria mesentérica superior). 
COMORBIDADES 
As comorbidades são mais regra do que exceção na AN: transtornos de ansiedade e de personalidade estão presentes em cerca 
de metade dos pacientes, transtornos depressivos em aproximadamente dois terços deles e abuso/dependência de 
substâncias em torno de um terço 
TRATAMENTO 
O manejo da AN demanda um grande empenho do paciente, de seus cuidadores e também da equipe profissional. Grande 
parte do sucesso do tratamento depende do estabelecimento de um bom vínculo com o doente, facilitando sua colaboração. 
A meta principal na fase aguda é a recuperação do peso saudável. 
Sugere-se que esse manejo seja feito por equipe multiprofissional, compreendendo psiquiatra, psicoterapeuta, 
nutricionista/nutrólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, educador físico, enfermeiro e clínico geral, conforme a 
demanda de cada caso e dos recursos disponíveis. 
A escolha do setting terapêutico é outro fator fundamental a ser considerado. A maioria dos casos pode ser efetivamente 
tratada ambulatorialmente, somente considerando-se os regimes semi-intensivo ou intensivo dentro de situações específicas, 
como as exemplificadas no Quadro 13.1. 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
3 
 
A terapia nutricional, apesar de ser ponto-chave do tratamento, não deve ser realizada como estratégia única. Em média, 
estima-se um ganho de 0,5 kg/semana em pacientes ambulatoriais e 0,5 a 1 kg/semana nas internações, o que requer 3.500 a 
7.000 kcal extras por semana. O uso de nutrição parenteral não é recomendado, exceto se houver grave disfunção 
gastrintestinal. Durante a recuperação inicial de peso em pacientes gravementedesnutridos, alerta-se para o risco da síndrome 
de realimentação. 
Tecnicamente, não existem evidências de superioridade entre as abordagens psicoterápicas individuais [terapia cognitivo-
comportamental (TCC), terapia interpessoal (TIP) ou psicodinâmicas] e o tratamento em geral tem longa duração. No caso de 
crianças e adolescentes, a terapia familiar tem se mostrado a intervenção com evidências de maior eficácia a curto e longo 
prazo. 
Até o momento, não existe evidência para uso de nenhuma medicação específica para a AN. Os psicofármacos não devem ser 
usados como tratamento principal ou exclusivo, além disso, grande parte dos casos não necessita de medicação. Na fase aguda, 
podem ser utilizados para redução de sintomas específicos [p. ex., antipsicóticos para a distorção de imagem corporal; 
inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRS) para compulsões/ideias obsessivas; e benzodiazepínicos para a 
ansiedade antes da refeição] ou comorbidades psiquiátricas – com a observação de que frequentemente esses sintomas 
melhoram com a recuperação do peso. Atenção também deve ser dada à escolha do psicofármaco em virtude de efeitos 
colaterais e riscos clínicos nesses pacientes. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
A AN tem evolução prolongada com flutuações frequentes entre remissões parciais e recaídas; tende à cronicidade, sendo a 
demora do início do tratamento o maior preditor de prognóstico ruim (Quadro 13.2). Estima-se que, a longo prazo, 45% dos 
pacientes tenham recuperação total, 20% permaneçam gravemente doentes e 30% tenham remissão parcial (p. ex., mantendo 
hábitos alimentares inadequados). A mortalidade encontra-se por volta de 5%, sendo metade por conta das complicações da 
inanição e grande parte da outra metade por suicídio

Outros materiais