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QUESTIONÁRIO SOCIOLOGIA E EXTENSÃO RURAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACREDISCIPLINA DE SOCIOLOGIA E EXTENSÃO RURAL - 1º/2021 (Edição 2020)
Prof. Dr. Kleber Andolfato de Oliveira
CAMPUS FLORESTA – CENTRO MULTIDISCIPLINAR
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA
QUESTIONÁRIO ON-LINE N1 (PROVA)
ACADÊMICO: __ Luan Silva dos Santos ______________	 MATRÍCULA:__20181740010__
OS ESTUDANTES PODEM REALIZAR A CONSULTA EM MATERIAIS INDICADOS OU EM PESQUISA NA WEB. O plágio será verificado e, se encontrado, será anulada a pontuação da atividade.
1. Diferencie fenômeno social de ação social.
Fenômeno Social pode ser definido como os fenômenos que acontecem na vida social e estão relacionados ao comportamento de um grupo ou sociedade. Portanto, corresponde aos comportamentos, ações e situações observadas em determinadas sociedades, organizações e grupos que ocorrem frequentemente em determinados períodos da história. Esses fenômenos podem ser coercitivos (que imponha), exterior aos indivíduos (que existe antes dele e não seja fruto de consciências individuais) e geral (que atinja todos).
Enquanto, ação social refere-se a um conceito motivado pela comunicação dentro da sociedade, com objetivo principal de intenção orientada para o outro. Ou seja, a ação social envolve ações e reações que somente são estabelecidas quando entramos em contato com o outro, afetando assim, seu comportamento social. Dentre os tipos de ações socias tem-se: Tradicional (família), afetiva (desejos), racional aos valores (estéticos, religiosos, éticos) e racional com relação a fins (objetivos e meios para alcança-los).
2. Como são as antigas e as novas relações de trabalho? Destaque os principais processos de mudança do pensamento. 
Segundo Marx e Engels, 1998: “homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro, em resumo, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada, uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação revolucionaria da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em conflito”. 
Ao longo do tempo a divisão do trabalho criou uma oposição entre duas classes sociais: a detentora dos meios de produção e a possuidora de força de trabalho. As relações de trabalhos começam a serem moldadas a partir do período de escravidão, onde o escravo, era quem ou aquele que, privado da liberdade, estava submetido à vontade absoluta de um senhor, a quem pertencia como propriedade. Com a ascensão da sociedade feudal, a escravidão perdeu sua predominância dando lugar para as relações servis. Nesse período os servos produziam para abastecer toda a sociedade, além de pagarem tributos pela utilização das terras dos senhores. Já na era moderna, o trabalhador passou a ter salário, com isso a força de trabalho se transformou em mercadoria e o trabalho era realizado durante o tempo definido por quem pagava o salário.
Dentre as formas de trabalho distintas nas sociedades ao longo do tempo, observa-se: 
Formas de trabalho nas sociedades tribais: nesse caso o trabalho é realizado para consumo de subsistência, onde pessoas tem para si designada uma tarefa específica, que são feitas em conjunto com outras atividades, portanto o trabalho não tem um valor separado das outras coisas e mostra-se com um conjunto de atividades que os constituem como tais.
 Na Europa Antiga e medieval: A sociedade feudal era dividida em três principais classes: a nobreza, o clero e os servos. Os servos que compunham a sociedade feudal, eram responsáveis pelo sustento de todas as ordens feudais e deviam subordinação ao seu senhor. O senhor feudal, tinha por obrigação garantir a eles proteção militar e o oferecimento de terras para a agricultura.
Na Sociedade Moderna: Nesse período houve transformações no mundo do trabalho, onde o trabalhador deve estar disponível para adaptar-se, ocorre desestabilização dos estáveis – “invalidação”, precarização do trabalho, além de déficit ocasionado pela qualificação do emprego.
3. Sobre a Lei das terras: “Uma outra consequência social dessa lei foi a consolidação do grande latifúndio como estrutura básica da distribuição de terras no Brasil”. Quais os impactos disso aos processos de violência e conflitos no campo?
A Lei de Terras instituía que “qualquer cidadão brasileiro poderia se transformar em proprietário privado de terras”. Todavia, para ocorrer o direito à propriedade era necessário pagar certo valor a Coroa. A partir daí é possível constatar o impedimento do acesso à terra para alguns
Cidadãos. Haja visto que, embora, a lei afirmasse que qualquer cidadão brasileiro poderia se transformar em proprietário, na prática, somente aqueles que tinham poder aquisitivo teriam de fato acesso a propriedade da terra.
Na mesma época da criação da Lei de Terras, implantou-se também o processo de formação de núcleos de colonização a partir da instalação de grupos de imigrantes europeus em certas áreas do país. Cada família imigrante recebia uma colônia de terra (25 há) e era obrigada a pagar a Coroa determinado preço em dinheiro. Em geral esse pagamento era parcelado, obrigando os imigrantes a trabalharem durante muitos anos apenas para conseguir pagar seu pedaço de terra.
Em razão de a Lei de Terras ser tão discriminatória, surgiram, no final do século XIX, os primeiros grandes movimentos de camponeses, que tinham como principal bandeira o acesso mais fácil a terra, o que significaria melhora nas condições de vida daquelas pessoas. Entretanto, salvo raras experiências centradas na pequena e na média propriedade, o Brasil continuou sendo, nas décadas seguintes, um país fundado na grande propriedade agrária.
4. Discuta os aspectos do conteúdo ideológico do modelo agrícola convencional.
A agricultura convencional é o manejo agrícola mais difundido no Brasil para plantações de larga escala, prezando pela produtividade com vasto uso de máquinas e produtos químicos poluentes e baixa preocupação ambiental. Trata-se de um modelo de agricultura pautado no largo uso da mecanização, na aplicação em larga escala de produtos químicos, uso de plantas geneticamente modificadas, além da monocultura e da produção em larga escala. 
Apesar de gerar maior lucratividade, ela exige um grau elevado de investimento. Isso tem ocasionado, juntamente com outros fatores, o aumento da desigualdade no campo, com o fortalecimento dos grandes produtores em detrimento dos pequenos produtores que não possuem os recursos necessários para esse tipo de produção agrícola. 
Portanto, a agricultura convencional em larga escala, mostra-se como umas das causas associada a multiplicação de trabalhadores sem-terra que não conseguem adquirir ou manter suas terras para competir com os grandes produtores. Além disso, esses produtores não conseguem também trabalhar como empregados dos grandes produtores, já que por conta da mecanização intensiva no campo há uma redução na necessidade do trabalho humano não especializado e consequentemente uma redução no número de vagas.
5. Sintetize as etapas das lutas camponesas de 1888 a 1964.
1a ETAPA: AS LUTAS MESSIÂNICAS (1888 a 1930): 
No período de 1888 a 1930 em todas as lutas pela terra havia sempre um líder messiânico. Isso significa que a fé era ligada entre ele e seus seguidores. O líder colocava-se como um intermediário na comunicação de Deus com o povo – o messias. 
A formação de Canudos teve a presença de trabalhadores rurais e ex-escravos que peregrinavam pelo sertão, atrás de Antônio Conselheiro, até se estabelecerem no Arraial dos Canudos, no sertão da Bahia. Em 5 anos Canudos chegou a ter cerca de 10 mil habitantes, porém entre 1896 a 1897 mais de 5 mil soldados do exército atacaram o arraial e realizaram o massacre da população, restando 400 pessoas, entre mulheres, crianças e idosos/as. 
A Guerra dos Contestados no início do XX onde ao final da construção da ferrovia São Paulo - Rio Grande do Sul, cerca de 8 mil trabalhadores ficaram desempregados e passaram a perambular pela região a procura de trabalho. Esse grupo passou então a ser lideradopor Monge José Maria e em 1915, os líderes do Contestado lançaram um manifesto e declararam a guerra santa contra os coronéis, as companhias de terras e os governantes. Acusaram o governo de assassinar trabalhadores e entregar as terras aos estrangeiros. Atacaram fazendas e cidades e controlaram partes da ferrovia. Um contingente de 7 mil soldados do exército, mil policiais e 300 jagunços iniciam o ataque contra as populações do Contestado com cerca de 20 mil pessoas. Nesse combate foi à primeira vez em que o governo utilizou aviões para enfrentar conflitos pela posse da terra.
2a ETAPA: LUTAS RADICAIS LOCALIZADAS E ESPONTÂNEAS (1930 a 1954):
Dentre as diversas lutas desse período a lutas dos posseiros da rodovia Rio-Bahia, onde após a valorização das Terras muitos supostos donos começaram a aparecer e impuseram aos posseiros que ali habitavam, a derrubar a mata e plantar pastos. A luta de Trombas e formoso se instalou após a valorização das terras da região de Uruaçu, onde trabalhadores rurais provenientes do Maranhão e do Piauí liderados por José Porfírio estabeleceram posses numa área de terras devolutas. Mas essas mesmas terras começaram a ser griladas, ao mesmo tempo, por um grupo de fazendeiros, um juiz e o dono do cartório local. 
O norte e o sudoeste do Paraná foram palco de diversos conflitos pela terra durante as décadas de 1940 e 1950, envolvendo camponeses, polícia e fazendeiros. No sudoeste do Maranhão famílias seguidamente expulsas de outros estados chegaram, por volta da metade da década de 1950, a região de Pindaré-Mirim. Na época, havia se iniciado a grilagem na região e muitas dessas famílias tiveram de deixá-la, partindo para o oeste e sudoeste do Maranhão, área que se transformou em grande produtora de arroz.
Nas Terras Fluminenses a grilagem colocou os posseiros diversas vezes em luta contra jagunços e policiais. Marchas até a Assembleia Legislativa, ao Palácio do Governo e ao Palácio da Justiça levaram a redução das ações de despejo. Entretanto os grileiros persistiram e provocaram diversos novos conflitos. No Pontal do Paranapanema e Santa Fé do Sul os conflitos e as greves relacionadas à questão da terra foram constantes no estado de São Paulo durante as décadas de 1950 e 1960. Foram lutas de posseiros para se manterem nas terras; de sem-terra para conquistar seu assentamento e de trabalhadores assalariados por aumento de salário e até para receber o que os patrões lhes deviam.
3a ETAPA: AS LUTAS ORGANIZADAS (1950 a 1964):
Nesse período houve a formação de Ligas Camponesas no início da década de 1960, em Pernambuco, muitos dos antigos engenhos estavam confiados a foreiros. Agricultores usavam terras abandonadas por seus donos em troca do foro, uma espécie de aluguel. Em 1962 ocorreram vários encontros e congressos das ligas camponesas, reunindo trabalhadores rurais de todo Brasil. A essa altura a consciência camponesa estava formada no sentido da luta em torno de uma reforma agrária radical e com o lema “REFORMA AGRÁRIA NA LEI OU NA MARRA”. A União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas: Criada pelo PCB, em 1954, a ULTAB tinha por finalidade coordenar as associações camponesas e criar as condições para uma aliança política entre os operários e os trabalhadores rurais.
O Movimento dos Agricultores Sem Terra – MASTER, Surgiu no final da década de 1950 no Rio Grande do Sul, a partir da resistência de 300 famílias de posseiros no município de Encruzilhada do Sul. Com a Sindicalização Rural em 1962, no governo de Jango, se deu a regulamentação da sindicalização rural. Os sindicatos já existentes passaram a ser reconhecidos e outros começaram a ser organizados. 
6. Explique as relações do agronegócio com o trabalho no campo.
A agronegócio é uma atividade de destaque e relevância para o desenvolvimento brasileiro ao longo de sua história. Nos últimos anos, o agronegócio tem assumido uma merecida posição de destaque no debate econômico e nas grandes pautas de discussão no Brasil, com ampla repercussão midiática. Percebe-se também uma elevada modernização das atividades relacionadas a essa cadeia produtiva, devido as maiores demandas produtivas em geral. 
Portanto a modernização no campo está modificando as relações de trabalho no agronegócio brasileiro. O trabalhador rural, antes contratado para fazer o plantio e colheita manual de culturas como a cana-de-açúcar, café e algodão, agora está controlando máquinas. O antigo boia-fria troca também o campo pelo trabalho na cidade, em setores como a construção civil. Para especialistas, o crescimento econômico que amplia a produção tem compensado os impactos da tecnologia no emprego, em que uma única máquina pode substituir 100 ou mais trabalhadores.
O aumento de produtividade, decorrente da modernização das atividades agrárias, eleva a eficiência do sistema, contudo, reduz a geração de emprego. Não implica, necessariamente, aumento do número de postos de trabalho. Por isso, o maior problema enfrentado hoje, atinente ao emprego no campo, diz respeito ao empregado volante ou boia-fria.
7. Discuta a multifuncionalidade da agricultura. 
A noção de multifuncionalidade da agricultura advém do debate sobre o desenvolvimento sustentável, tendo sido incorporada nas diretrizes de muitas organizações internacionais. Nesse contexto, a FAO considera as múltiplas funções da agricultura com vistas a definir políticas de desenvolvimento que assegurem a sustentabilidade da agricultura e do desenvolvimento rural no longo prazo. 
Segundo Maluf 2002, a noção de MFA incorpora a provisão, por parte de agricultores, de bens públicos relacionados com o tecido social, meio ambiente, segurança alimentar e patrimônio cultural através de sistemas integrados de atividades agrícolas e não agrícola. 
Nesse mesmo eixo de pensamento, a OCDE considera que, além da sua função primária de ofertar alimentos e fibras, a atividade agrícola pode também moldar a paisagem, promover benefícios ambientais, dentre os quais pode-se citar: a conservação do solo, o manejo sustentável dos recursos ambientais, além da preservação da biodiversidade e contribuição para viabilidade de muitas áreas rurais.
Segundo Bonnal et al., 2008 o enfoque da MFA remete a quatro níveis de análise: as famílias rurais, o território, a sociedade e as políticas públicas. Afirmam também que a noção de MFA é útil à realidade brasileira como instrumento de análise dos processos sociais agrários que permite enxergar dinâmicas e fatos sociais obscurecidos pelas visões que privilegiam os processos econômicos, ainda que se concorde que, no Brasil, a promoção da MFA tenha de ser combinada com o estímulo à produção de alimentos.
8. Apresente e discuta três mitos (velhos e/ou novos) do rural brasileiro.
Velhos Mitos:
O rural é predominantemente agrícola: Segundo Silva 2001, a quantidade de pequenas glebas, com territórios menores a 2 hectares estão crescendo. Essas pequenas glebas tem uma função muito maior de residência rural do propriamente de um estabelecimento agropecuário produtivo. O autor afirma ainda que há um número crescente de pessoas que residem em áreas rurais com ocupação rural não agrícola – ORNA.
O êxodo rural é inexorável: Segundo Silva 2001, as estatísticas do Brasil da década passada do Brasil revelam que o emprego de natureza agrícola definha em praticamente todo o país, porém a população residente no campo parou de cair. Afirma ainda que a explicação para esse novo cenário é o incremento do emprego não agrícola no campo.
Novos Mitos: 
A reforma agrária não é mais viável: Silva 2001, afirma que a agricultura não é mais a melhor forma de reinserção das famílias rurais sem terras, devido especialmente as baixo nível de renda gerado pelas atividades agrícolas tradicionais. Segundo o mesmo autor, pequenas áreas destinadas a produção de arroz, feijão, dentre outros produtos agrícolas, não são mais viáveis. Entretanto devido a ampliação das oportunidades nas atividades rurais, como por exemplo, com as Ornas, ainda é possível, e cada vez mais necessária, uma reforma agrária.

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