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DIARREIA AGUDA

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Soniely Melo 
DIARREIA AGUDA 
Diarreia é a alteração do padrão das fezes. 
✓ Frequência >3x ao dia 
✓ Volume >=200g ao dia 
✓ Consistência de Bristol >=5 
 
Diarreia: fezes pastosas ou líquidas >3x ao dia. 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO – diarreia: 
✓ Aguda: <2 semanas (maioria, infecciosa) 
✓ Persistente: 2-4 semanas (parasitose) 
✓ Crônica: >4 semanas 
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A TOPOGRAFIA – 
diarreia: 
✓ Alta: menor frequência, maior volume, 
com restos alimentares. 
✓ Baixa: maior frequência, menor volume, 
disenteria. 
CLASSIFCAÇÃO QUANTO A FISIOPATOLOGIA: 
✓ Osmolar: presença de elementos 
osmoticamente ativos. 
Ex: medicamentos a base de Mg; açúcares 
(sorbitol, xilitol). 
Melhora com jejum. Gap osmolar fecal>152. 
✓ Secretória: alteração no transporte 
hidroeletrolítico; 
Não cessa com jejum (ex: pct acorda a noite 
com diarreia). Gap osmolar fecal <50. 
✓ Inflamatória: processo inflamatório na 
mucosa intestinal, cursa com disenteria. 
Patógenos virulentos, doença inflamatória 
intestinal, retite actínica. 
✓ Disabsortiva: esteatorreia. 
Ex: doença celíaca, pancreatite crônica. 
✓ Dismotilidade: redução do tempo de 
trânsito intestinal. Ex: hipertireoidismo. 
✓ Funcional: ausência de causa orgânica. 
Ex: síndrome do intestino irritável. 
Etiologia – diarreia: 
INFECÇÃO: 
1) Viral: Norovírus, Rotavírus, Adenovírus; 
2) Bacteriana: Shiguella, Salmonella, E. coli, 
C. difficile. 
3) Parasitose: Giardia, E. histolytica, 
Ascaris, Strongiloides. 
Intoxicação alimentar: Norovírus. 
Alergia alimentar. 
Medicamentos: sais de magnésio, macrolídeos, 
AINEs, hipoglicemiantes orais, TARV, IBP, 
antibióticos. 
Etiologia e fatores de risco 
Água e alimentos 
deteriorados 
Shigella, Salmonella, 
E. coli 
Maionese, ovos, 
cremes 
S. aureus (toxinas) 
Piscinas Giardia, 
Criptosporidium 
ATB recente, 
internação, asilo 
C. difficile 
Imunossupressão Isospora beli, 
Campylobacter jejuni 
Pseudoapendicite Campylobacter, 
yersínia 
Guillain-barré Campylobacter jejuni 
Viajantes E. coli 
 
Soniely Melo 
Sobre a E. coli: 
Tipos Associação 
Enterotoxigênica Diarreia dos 
viajantes 
Enterohemorrágica SHU – síndrome 
hemolítica urêmica 
*diarreia, anemia 
hemolítica, uremia 
enteropatogenica + em crianças 
Enteroinvasiva Disenteria 
Enteroagregativa Persistente 
 
Manejo da diarreia – quando pedir exames? 
• Diarreia invasiva: disenteria, febre, dor 
abdominal. 
• Episódio moderado/grave: desidratação, 
acometimento sistêmico, >8 
dejeções/dia. 
• Alto risco de complicações: idosos, 
imunocomprometido, comorbidades. 
• Diarreia >7 dias 
• Diarreia adquirida no hospital (colite 
pseudomembranosa) 
Manejo da diarreia – quais exames pedir? 
• Laboratoriais: hemograma, PCR, função 
renal. 
• Fezes: parasitológico de fezes, culturas, 
painel viral, leucócitos fecais. 
• Tomografia: diagnóstico diferencial. 
• Colonoscopia -> EVITAR, porque o 
preparo intestinal piora a clínica do 
doente. Se necessário, em casos 
especiais, fazer Retossigmoidoscopia. 
Manejo – antibioticoterapia: 
Para quem? 
• Doença invasiva: disenteria, febre alta 
• Doença grave: >8x ao dia, desidratação. 
• Risco de complicação: idoso, 
imunocomprometido, comorbidades 
graves. 
Qual ATB? 
EV VO 
CIPROFLOXACINO 
400mg IV 12/12h por 
3 dias 
Ciprofloxacino 
500mg VO por 3 dias 
Ceftriaxone 2g IV 
1x/dia por 3 dias 
Levofloxacino 500mg 
VO por 3 dias 
 Azitromicina 500mg 
VO por 3 dias 
 
Manejo – antidiarreicos: 
Para quem tem frequência elevada de dejeções; 
Não fazer na diarreia invasiva! 
Loperamida (Imosec). 
 
 
Racecadotrila. 
Manejo – Probióticos: 
Redução do tempo da diarreia. 
Decisão individualizada. Alto custo. 
Indicação: em diarreia pós antibioticoterapia. 
Em diarreia aguda, a maioria dos guidelines não 
recomenda. 
Saccharomyces boulardii e Lactobacillus 
reuteri. 
COLITE PSEUDOMEMBRANOSA: 
Causada pelo Clostridioides difficile. 
Bacilo gram positivo e anaeróbio. 
Resistente ao álcool. 
Soniely Melo 
Prevenção: lavar as mãos. 
Transmissão fecal-oral. 
Principal etiologia de diarreia infecciosa 
hospitalar. 
Morbimortalidade crescente. 
Fatores de risco – colite pseudomembranosa: 
✓ Antibioticoterapia recente. 
O ATB causa disbiose -> exposição ao C. diff -> 
liberação de toxinas. 
Qualquer ATB. Principais: quinolona, 
clindamicina, penicilinas. 
Diretamente proporcional ao espectro e tempo 
de uso. 
Sintomas durante ou até 10 dias do término do 
uso. 
✓ Idade avançada. Doença grave. Tempo 
de internamento. Uso de IBP. Cirurgia 
gastrointestinal. 
Diagnóstico – colite pseudomembranosa: 
Glutamato desidrogenase (GDH): presente em 
todas as cepas. 
+ 
Pesquisa de toxinas (toxina A e B): identifica as 
cepas patogênicas. 
Ou PCR: cepas patogênicas. Método caro. 
Retossigmoidoscopia: visualiza as 
pseudomembranas. 
 
Tratamento – Colite pseudomembranosa: 
Padrão-ouro: Vancomicina 125mg VO 6/6h por 
10 dias. 
Se 1° episódio de doença leve ou se não há 
acesso à Vancomicina: Metronidazol 500mg VO 
8/8h por 10 dias. 
+ Suspender o ATB gatilho. 
Acompanhar de perto a evolução do paciente. 
Pode evoluir para MEGACÓLON TÓXICO: 
Vancomicina 500mg VSNG ou VR 6/6h. associar 
a Metronidazol 500mg IV 8/8h. Solicitar 
avaliação da cirurgia. 
Colite pseudomembranosa refratária é 
indicação de transplante de microbiota fecal. 
PARASITOSES INTESTINAIS: 
 
Síndrome de Loeffler – causada por helmintos 
que têm ciclo pulmonar: tosse seca, 
broncoespasmo, pneumonia intersticial, 
eosinofilia. 
AMEBÍASE: 
Causada pelo Entamoeba histolytica. 
Pode ter acometimento intraluminal e causar 
colite invasiva e ameboma; ou acometimento 
extraluminal e causar abscessos (fígado). 
Tratamento: intraluminal – Nitazoxanida, 
paramomicina. Extraluminal – tinidazol, 
metronidazol, secnidazol. 
GIARDÍASE: 
Causada pela Giardia lamblia. 
Causa diarreia alta – disabsortiva. 
Soniely Melo 
Tratamento: tinidazol, secnidazol, 
metronidazol, albendazol (por 5 dias). 
 
ASCARIDÍASE: 
Causada pelo Ascaris lumbricoides. 
Pode causar obstrução intestinal. Eliminação de 
vermes vivos. Complicações biliopancreáticas. 
Tratamento: albendazol, mebendazol. 
Obstrução -> piperazina + óleo mineral. 
ESTRONGILOIDÍASE: 
Causada pelo Strongyloides stercoralis. 
Causa lesões serpiginosas (larva currens). 
Paciente em imunossupressão deve tto empírico 
para evitar a forma disseminada. 
Tratamento: ivermectina, albendazol, 
tiabendazol. 
PARASITOSES INTESTINAIS: 
Tratamento empírico: 
✓ Metronidazol 500mg 8/8h, VO por 7 
dias. 
✓ Albendazol 400mg 1x/dia VO por 3 
dias. 
✓ Ivermectina 200mcg/kg, VO dose 
única.

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