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Anatomia Humana - Enfermagem, Modulo II

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ANATOMIA 
HUMANA 
Enfermagem, 
Módulo II 
Centro Técnico Lusíadas 
 
 _______ Anatomia Humana 
1 
 
Sumário 
Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana .................................................................. 5 
1. Conceito ................................................................................................................................................. 5 
2. Histórico da Anatomia Humana ............................................................................................................ 5 
3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia ............................................................................................ 8 
Capítulo II – Estudo da Anatomia ................................................................................... 13 
1. Conceito de Anatomia ......................................................................................................................... 13 
2. Normal e Variação Anatômica ............................................................................................................. 14 
3. Nomenclatura Anatômica.................................................................................................................... 15 
4. Posição Anatômica .............................................................................................................................. 16 
5. Divisão do Corpo Humano ................................................................................................................... 17 
6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano ............................................................................ 17 
7. Termos de Posição e Direção .............................................................................................................. 19 
8. Termos de Movimentos....................................................................................................................... 20 
9. Divisão do Estudo da Anatomia ........................................................................................................... 22 
Capítulo III – Sistema Esquelético .................................................................................. 23 
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 23 
2. Coluna Vertebral .................................................................................................................................. 23 
3. Classificação dos Ossos ........................................................................................................................ 25 
4. Configuração Interna do Osso ............................................................................................................. 26 
5. Características Ósseas ......................................................................................................................... 27 
Capítulo IV – Sistema Articular ....................................................................................... 28 
1. Definição .............................................................................................................................................. 28 
2. Classificação das Junturas.................................................................................................................... 28 
Capítulo V – Sistema Muscular ....................................................................................... 34 
1. Conceito ............................................................................................................................................... 34 
2. Funções dos Músculos ......................................................................................................................... 34 
3. Mecanismo da Contração Muscular .................................................................................................... 35 
Capítulo VI – Sistema Nervoso ....................................................................................... 37 
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 37 
2. Funções do Sistema Nervoso ............................................................................................................... 38 
3. Subdivisões do Sistema Nervoso ......................................................................................................... 38 
3.1. Sistema Nervoso Periférico ............................................................................................................. 38 
 
 _______ Anatomia Humana 
2 
 
3.2. Sistema Nervoso Autônomo ............................................................................................................ 39 
4. Condução de Informações no Sistema Nervoso .................................................................................. 40 
5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso ................................................................................................ 40 
5.1. Meninges ......................................................................................................................................... 40 
5.2. Cérebro ............................................................................................................................................ 41 
5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo .......................................................................................................... 42 
5.4. Medula Espinhal .............................................................................................................................. 43 
6. Tecido Nervoso .................................................................................................................................... 45 
7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso ................................................................................................ 48 
Capítulo VII – Sistema Esquelético ................................................................................ 52 
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 52 
2. Circulação Sanguínea ........................................................................................................................... 52 
3. Vasos Sanguíneos ................................................................................................................................ 54 
3.1. Artérias ............................................................................................................................................ 55 
3.2. Veias ................................................................................................................................................ 55 
3.3. Capilares Sanguíneos ....................................................................................................................... 57 
Capítulo VIII – Sistema Linfático .................................................................................... 58 
1. Anatomia do Sistema Linfático ............................................................................................................ 58 
2. Fisiologia do Sistema Linfático ............................................................................................................. 62 
3. Mecanismo de Formação da Linfa ....................................................................................................... 64 
4. Câncer e Sistema Linfático ...................................................................................................................66 
Capítulo IX – Sistema Respiratório ................................................................................ 67 
1. Condições Gerais ................................................................................................................................. 67 
2. Nariz ..................................................................................................................................................... 67 
3. Faringe ................................................................................................................................................. 68 
4. Laringe ................................................................................................................................................. 68 
5. Traqueia ............................................................................................................................................... 68 
6. Brônquios............................................................................................................................................. 68 
7. Fisiologia da Respiração ...................................................................................................................... 68 
Capítulo X – Sistema Digestivo ...................................................................................... 70 
1. Conceito ............................................................................................................................................... 70 
2. Boca ..................................................................................................................................................... 70 
3. Dentes .................................................................................................................................................. 70 
 
 _______ Anatomia Humana 
3 
 
4. Línguas ................................................................................................................................................. 70 
5. Palato ................................................................................................................................................... 71 
6. Faringe e Esôfago ................................................................................................................................. 71 
7. Estômago ............................................................................................................................................. 71 
8. Intestino Delgado ................................................................................................................................ 72 
9. Intestino Grosso .................................................................................................................................. 72 
10. Glândulas Anexas ............................................................................................................................. 73 
10.1. Glândulas Salivares ...................................................................................................................... 73 
10.2. Pâncreas ...................................................................................................................................... 73 
10.3. Fígado .......................................................................................................................................... 73 
Capítulo XI – Sistema Excretor ....................................................................................... 75 
1. Conceito ............................................................................................................................................... 75 
2. Néfron .................................................................................................................................................. 75 
3. Principais Catabólitos .......................................................................................................................... 76 
4. Eliminação da Urina ............................................................................................................................. 77 
4.1. Ureter .............................................................................................................................................. 77 
4.2. Bexiga Urinária ................................................................................................................................ 77 
4.3. Uretra .............................................................................................................................................. 78 
Capítulo XII – Sistema Genital ........................................................................................ 79 
1. Sistema Reprodutor Masculino ........................................................................................................... 79 
1.1. Pênis ................................................................................................................................................ 79 
1.2. Saco Escrotal, Bolsa Escrotal ou Escroto ......................................................................................... 80 
1.3. Corpo Cavernoso ............................................................................................................................. 81 
1.4. Corpo Esponjoso .............................................................................................................................. 81 
1.5. Túbulos Seminíferos ........................................................................................................................ 81 
1.6. Bexiga .............................................................................................................................................. 81 
2. Sistema Reprodutor Feminino ............................................................................................................. 81 
2.1. Órgãos Genitais Internos ................................................................................................................. 82 
Capítulo XIII – Sistema Endócrino .................................................................................. 86 
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 86 
2. Principais Glândulas Endócrinas .......................................................................................................... 87 
Capítulo XIV – Sistema Sensorial ................................................................................... 89 
1. Introdução ........................................................................................................................................... 89 
 
 _______ Anatomia Humana 
4 
 
2. Tato ou Somestesia ............................................................................................................................. 90 
3. Audição ................................................................................................................................................ 90 
4. Gustação .............................................................................................................................................. 92 
5. Olfato ................................................................................................................................................... 93 
6. Visão .................................................................................................................................................... 93 
Capítulo XV – Sistema Tegumentar................................................................................95 
1. Introdução ........................................................................................................................................... 95 
2. Função da Pele ..................................................................................................................................... 96 
3. Anexos da Pele..................................................................................................................................... 96 
Capítulo XVI – Referencia Bibliográficas ....................................................................... 98 
 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
5 
 
Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana 
 
1. Conceito 
 
A Anatomia (anã = em partes + tomein = cortar) estuda macroscopicamente a 
constituição dos seres, identificando órgãos e sistemas. Por ser antiga, é considerada 
uma ciência-mãe, uma vez que dá suporte para as demais ciências biológicas, o que 
permite a identificação e o estabelecimento conceitual dos sistemas orgânicos. 
Vários anos foram necessários para que uma linguagem padrão fosse estabelecida 
pelos anatomistas. A nomenclatura anatômica, como foi chamada essa linguagem 
universal, tornou possível a padronização nominal das estruturas do corpo, diminuindo o 
vasto dicionário de termos anatômicos existentes, além de constituir um avanço no campo 
conciliatório entre os anatomistas do mundo inteiro. 
 
2. Histórico da Anatomia Humana 
 
O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de 
Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. 
Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do 
ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as 
ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que provavelmente eram 
figuras baseadas na dissecação animal. 
No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na 
Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e 
Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático. 
A partir do ano 150 a.C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões 
éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no 
mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais. 
Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas 
que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios 
para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para 
trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de 
“cocção dos ossos”. 
 
 _______ Anatomia Humana 
6 
 
O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a 
causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia 
matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade 
infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana 
cada vez mais frequente. 
A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As 
ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era 
limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros tanto de 
conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal quais os antigos e as ilustrações 
realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo. 
A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que 
nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos 
apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa 
qualidade oposta à prática, as figuras não realistas e esquemáticas foram suficientes. 
Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das 
representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados 
anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori 
fabrica em 1453, um dos livros mais importantes da história do homem. 
Vesálio nasceu em Bruxelas em 1514, no seio de uma família muito relacionada 
com a casa de Borgonha e a corte do Imperador da Alemanha. Sua primeira formação 
médica foi na Universidade de Paris (onde esteve com mestres como Jacques du Bois e 
Guinter de Andernach), e foi interrompida pela guerra entre França e o Sacro Império 
Romano. 
Vesálio completou seus estudos na renomada escola médica de Pádua, no norte 
da Itália. Após seu término começou a estudar cirurgia e anatomia. Após alguns trabalhos 
preliminares, em 1543, com a idade de 28 anos, publicou seu opus magnun, que 
revolucionou não só a anatomia como também o ensino científico em geral. 
As ilustrações da Fabrica destacam-se precisamente pela sua estreita relação com 
o texto, já que ajudam no entendimento do que este expressa com dificuldade. Supera a 
pauta expositiva usada por Mondino, e cada um dos sistemas principais (ossos, 
músculos, vasos sanguíneos, nervos e órgãos internos) é representado e estudado 
separadamente. As partes de cada sistema orgânico são expostas tanto em conjunto 
 
 _______ Anatomia Humana 
7 
 
como individualmente e mesmo assim são consideradas todas as relações entre essas 
estruturas. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. 
No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da 
fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o 
estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem 
basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos 
impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar. 
Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e 
comum ideia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida, 
continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as 
características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de 
evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton. 
Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas 
hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa 
(exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson em 1611 estabeleceu a 
diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de 
glândula apesar de não formar parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham 
do cérebro. 
A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças 
às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica 
referente à produção de sangue. 
Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o 
peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem 
seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares 
quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para 
produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue 
nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta 
transformação. 
A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII 
foram dados passos importantes para seu esclarecimento. RobertHook (1635-1703) 
demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se 
inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar 
 
 _______ Anatomia Humana 
8 
 
transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o 
venoso, a qual se devia ao contato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679) 
afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância 
do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um 
intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitro aéreo e ganhava os 
vapores produzidos pelo sangue. 
Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por 
Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o 
sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da 
base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de 
surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o 
fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos 
do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da 
imaginação. 
 
3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia 
 
 No século XVIII, Edinburgh, na Grã-Bretanha, era um grande centro de estudos 
anatômicos. Na Universidade, a cátedra de Anatomia foi ocupada pela dinastia dos Monro 
por três gerações. O primeiro deles, Alexander Monro primus lecionou de 1720 a 1758, 
tendo sido substituído por seu filho Alexander Monro secundus, que se destacou como 
autor de quatro importantes obras de Anatomia, numa das quais, publicada em 1797, 
descreveu o chamado "buraco de Monro". 
Sucedeu-lhe seu filho, Alexander Monro tertius, que não possuía as qualidades do 
pai, e o ensino de Anatomia na Universidade entrou em declínio. 
Na época, era permitido o ensino paralelo em escolas e cursos privados. Para o 
ensino de anatomia destacava-se o curso extracurricular dirigido por John Barclay, 
anatomista de grande renome e prestígio internacional. Barclay convidou para ser seu 
assistente ao Dr. Robert Knox, que se tornou um dos personagens do episódio que 
vamos narrar. Antes, precisamos saber quem era Robert Knox. 
Robert Knox (1791-1862) era natural de Edinburgh, onde foi educado. No colégio 
fora um aluno brilhante, tendo sido premiado por seu desempenho nos estudos e conduta 
exemplar. Graduou-se em medicina em 1814, ingressando no ano seguinte no Exército 
 
 _______ Anatomia Humana 
9 
 
como cirurgião- auxiliar. Uma de suas primeiras atuações foi a de atender feridos da 
batalha de Waterloo. Em 1815 foi promovido a cirurgião-assistente, indo servir na África 
do Sul, onde permaneceu durante três anos. Durante sua estada na África do Sul 
interessou-se por estudos de anatomia comparada, antropologia e características étnicas 
dos povos africanos. 
Retornando a Edinburgh em 1821 licenciou-se do Exército e foi estagiar em Paris 
com Cuvier, um dos grandes anatomistas da época. De volta a Edinburgh aceitou o 
convite de Barclay para ser seu assistente no curso de anatomia. 
Entre 1821 e 1823 Knox publicou vários trabalhos científicos no Edinburgh Medical 
Journal e em dezembro de 1823 foi eleito membro da Royal Society. 
Barclay possuía uma grande coleção de peças anatômicas, que ele doou ao Royal 
College of Surgeons de Edinburgh para instalação de um museu de anatomia e, em 1825, 
Knox foi indicado para Conservador do museu. Este museu foi enriquecido com outra 
grande coleção de anatomia e anatomia patológica adquirida pelo Colégio, em Londres, 
de Charles Bell. Knox encarregou-se de organizar o museu, catalogando todas as peças. 
Paralelamente a essas atividades, Knox firmou-se como professor de anatomia na escola 
de Barclay. Suas aulas eram muito apreciadas pelos alunos por seu conteúdo, exposição 
didática e, sobretudo, pelas demonstrações práticas em dissecções de cadáveres. 
Em agosto de 1826 Barclay faleceu e Knox assumiu a direção da escola, que 
contava, naquele ano, com 300 alunos matriculados. 
Na ocasião, o ensino prático de anatomia era dificultado pela falta de cadáveres 
para dissecção. A dissecção só era legalmente permitida em corpos dos criminosos 
condenados ao patíbulo, pois fazia parte da pena de morte negar ao criminoso 
sepultamento digno em terreno santificado pela Igreja. 
O número de criminosos condenados à morte era insuficiente para prover as 
necessidades do ensino de anatomia. Em consequência, surgiu o mercado negro de 
cadáveres, os quais eram exumados por ladrões no cemitério, logo após o sepultamento, 
e vendidos às escolas médicas. Os cadáveres deviam ser recentes, pois não havia os 
métodos de conservação atuais. Os ladrões de cadáveres passaram a ser chamados de 
ressurreccionistas. 
As famílias dos mortos para se defenderem dos ressurreccionistas, costumavam 
proteger o túmulo com grades ou pagar vigias noturnos. Alguns cemitérios foram 
 
 _______ Anatomia Humana 
10 
 
cercados de muros ou dispunham de torres de observação e policiamento contínuo. 
Mesmo assim, os ladrões de cadáveres conseguiam ludibriar toda a vigilância. 
Curiosamente, os ressurreccionistas, quando acusados, não eram condenados, por 
falta de amparo legal, pois não havia lei prevendo este tipo de crime e a violação da 
sepultura não se enquadrava como roubo, já que o cadáver não é propriedade de 
ninguém. 
Foi nesse ambiente que ocorreu o episódio macabro que abalou a opinião pública, 
não somente na Inglaterra, como em todo o mundo. Dois irlandeses, William Hare e 
William Burke, que residiam em Edinburgh, cometeram uma série de assassinatos com o 
fim de vender os corpos das vítimas para dissecção nas aulas de anatomia. 
William Hare residia em uma pensão, cujo proprietário, Mr. Log veio a falecer. Hare 
casou-se com a viúva, Margaret, passando da condição de hóspede a dono da pensão. 
William Burke e sua amante, Helen Mc Douglas, foram residir na referida pensão como 
inquilinos. 
Hare e Burke costumavam beber juntos e tornaram-se amigos. Em 29 de novembro 
de 1827, um dos pensionistas, de nome Donald, aposentado que vivia só, morreu 
subitamente, deixando uma dívida para com a pensão. Hare teve a ideia de vender o 
cadáver para dissecção, com o fim de se ressarcir do prejuízo. Com a ajuda de Burke 
simulou o sepultamento, colocando no caixão um peso equivalente ao de uma pessoa. 
Hare tencionava vender o corpo para Alexander Monro, na Universidade, porém foi 
informado por um estudante que a escola de anatomia do Dr. Knox pagaria um preço 
melhor. O corpo foi vendido para o Dr. Knox por 7.1 libras. 
Encorajados com o sucesso da operação, perceberam ambos que a venda de 
cadáveres era um negócio muito lucrativo. Em lugar de violar sepulturas no cemitério, o 
que era trabalhoso e arriscado idealizou um processo mais fácil de obter o cadáver, que 
puseram em prática. A estratégia consistia em atrair para a pensão pessoas 
desamparadas, pedintes de rua, cuja morte não seria notada pela comunidade, passando 
despercebida. 
A vítima era embriagada com whisky e, a seguir, morta por asfixia, comprimindo-se 
com um travesseiro ou almofada seu rosto, impedindo-a de respirar. Esse método não 
deixava vestígio da causa da morte. Burke se encarregava da execução e Hare de 
negociar a venda do corpo. 
 
 _______ Anatomia Humana 
11 
 
Os estudantes do curso de Anatomiado Dr. Knox passaram a desconfiar de que 
algo estranho estaria ocorrendo, dada a quantidade de corpos disponíveis para 
dissecção, todos em bom estado, ao contrário da escassez habitual. 
Dois corpos chegaram a ser identificados por alguns estudantes: o de uma 
prostituta, de nome Mary Paterson, e de um homem popular conhecido por Daft Jamie. 
Comunicaram o fato ao Dr. Knox, que não o levou em consideração, e os corpos 
foram imediatamente dissecados. 
Durante o ano de 1828 pelo menos 16 corpos foram vendidos à escola de 
anatomia do Dr. Knox. A última vítima foi de uma irlandesa de nome Mary Docherty, que 
desapareceu da pensão de um dia para outro, levantando suspeitas entre os demais 
hóspedes, especialmente do casal Gray, que encontrou o corpo debaixo de uma cama. A 
polícia foi avisada, porém quando chegou à pensão já o corpo não se encontrava no local. 
Alguns vizinhos, contudo, relataram ter visto dois homens carregando uma grande caixa 
de madeira. A polícia, já ciente da suspeita que pairava na escola de anatomia do Dr. 
Knox, para lá se dirigiu, onde encontrou e identificou o corpo da vítima. 
Em 24 de dezembro de 1828 foram presos Hare e sua mulher e Burke com sua 
amante. Na impossibilidade de obter uma prova concreta de que se tratava de 
assassinato, visto que não havia ferimentos ou sinais de violência no corpo da vítima, a 
polícia propôs a Hare que, se ele confessasse somente Burke seria julgado pelo 
assassinato de Mary Docherty. 
Hare contou toda a verdade e foi posto em liberdade juntamente com sua mulher. 
Burke foi julgado e condenado à forca. Sua amante, Helen Mc Donald, acusada de 
cumplicidade, foi absolvida por falta de provas. 
Antes de sua morte, Burke confirmou que havia matado, ao todo, 16 pessoas, 
porém negou que jamais houvesse violado uma sepultura para roubo de cadáver. 
Sua execução, na forca, ocorreu no dia 28 de janeiro de 1829 e foi assistida por 
uma multidão de milhares de pessoas, de todas as classes sociais, que se acotovelavam 
para ver de perto o criminoso. Fazia parte da sentença que o seu corpo fosse 
publicamente dissecado pelo Prof. Alexander Monro tertius, o que foi feito. 
Durante a dissecção, em presença de estudantes e de curiosos, houve um tumulto 
e a maior parte da pele do criminoso, que já havia sido retirada, desapareceu. Tempos 
 
 _______ Anatomia Humana 
12 
 
depois apareceram à venda, livros encadernados com a pele curtida de Burke. Um de tais 
livros pode ser visto no museu da Universidade, assim como o esqueleto de Burke. 
Dr. Knox foi apontado como receptador dos corpos das vítimas assassinadas 
levantou contra ele a suspeita de que teria conhecimento da procedência dos caiu em 
desgraça perante a opinião pública. O seu curso de anatomia, que chegou a ter 504 
alunos matriculados nos anos de 1827 e 1828, esvaziou-se progressivamente. 
Em 1831, sentindo-se constrangido e alvo de desconfiança e de ataques, Knox 
deixou o cargo de Conservador do museu e em 1842 mudou-se definitivamente para 
Londres, onde viveu os últimos anos de sua vida. 
Hare fugiu para Londres, onde terminou seus dias como indigente. Ignora-se o 
destino de Margaret Hare e Helen McDouglas. 
Os fatos ocorridos em Edinburgh repercutiram intensamente no Parlamento 
britânico, que promulgou, em 1832, o Anatomy Act, segundo o qual passou a ser 
permitido o uso de cadáveres não reclamados por familiares para o ensino de anatomia. 
Com isto extinguiu-se na Grã Bretanha o mercado negro de cadáveres e a prática de 
roubo de corpos nos cemitérios. 
Este macabro episódio ficou marcado na história da língua inglesa pela criação do 
neologismo burkism e do verbo to burk, com o sentido de sufocar, matar alguém para 
venda do cadáver, assassinar sem deixar vestígio. 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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Capítulo II – Estudo da Anatomia 
 
1. Conceito de Anatomia 
 
Anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição e o 
desenvolvimento dos seres organizados. Um excelente e amplo conceito de anatomia foi 
proposto em 1981 pela american association of anatomists: anatomia é a análise da 
estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em 
resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a 
compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a 
descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos 
mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. 
A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das 
mudanças em longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das 
mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; 
até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade 
funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um 
sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas 
celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = 
através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é 
equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, 
enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência. 
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da 
civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos 
corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras. 
Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: 
 
 Anatomia macroscópica; 
 Anatomia microscópica; 
 Anatomia do desenvolvimento. 
 
A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, 
utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia 
Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e 
 
 _______ Anatomia Humana 
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requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e 
eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos 
tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos). 
A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do 
ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do 
desenvolvimento até o nascimento. 
Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a 
existência de estudos específicos. 
 
2. Normal e Variação Anatômica 
 
Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é 
encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem 
prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital. 
Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila. 
Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo funcional 
trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que 
deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida, 
é uma monstruosidade. 
 
 
 
 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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3. Nomenclatura Anatômica 
 
Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos 
empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome deNomenclatura Anatômica. 
Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado, 
graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, 
Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações 
diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. 
Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 
000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5 
000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica 
internacional ocorreu em 1895. 
Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas 
revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura 
Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatômica). Revisões 
subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica 
tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões 
suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos 
Internacionais de Anatomia. 
A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país 
pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a 
nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas 
traga também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste 
princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os 
termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o 
seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações 
(ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. 
levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e 
situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, 
porque estão consagrados pelo uso. 
 
 _______ Anatomia Humana 
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4. Posição Anatômica 
 
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-
se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada 
posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, 
quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o 
indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada. 
Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com 
a face voltada para frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores 
estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores 
unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente. 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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5. Divisão do Corpo Humano 
 
O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça 
corresponde à extremidade superior do corpo estando unido ao tronco por uma porção 
estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas 
cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na 
cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou 
pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte 
livre. 
 
6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano 
 
 Plano Sagital Mediano (ou, simplesmente, mediano): plano vertical que passa 
longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em dois antímeros direito e 
esquerdo. 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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 Nota 1: chama-se, genericamente, de planos sagitais aos planos verticais que 
passam através do corpo, paralelos ao plano mediano. Qualquer plano paralelo ao 
plano mediano é sagital, por definição. 
 Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelo aos sagitais são denominados 
laterais direito e esquerdo. 
 
 Plano Frontal Médio: plano vertical, que passa através do corpo em ângulo reto 
com o plano mediano, dividindo-o em dois paquímeros ventral e dorsal. 
 
 Nota 1: denomina-se planos frontais (ou coronais) à quaisquer planos paralelos ao 
frontal mediano e que dividem o corpo em partes anterior (frente) e posterior (de 
trás). 
 Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelos aos frontais são denominados 
ventral (ou anterior) e dorsal (ou posterior). 
 
 Planos Transversais (transversos): são planos horizontais, perpendiculares aos 
planos sagitais e frontais, que dividem o corpo em metâmeros. 
 
 Nota 1: Ao plano paralelo aos transversais que tangencia a cabeça denomina-se 
cranial ou superior; e ao que tangencia os pés é chamado de inferior ou podálico. 
 Nota 2: O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano que passa pelo 
vértice do cóccix, o plano caudal. 
 
 
 
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7. Termos de Posição e Direção 
 
A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos 
planos de delimitação e secção. 
Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamados de medial e 
laterais conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano 
mediano do corpo. 
Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou 
ventral) e posteriores (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou 
mais distante do plano anterior. 
Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial) 
para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste 
plano. 
Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros empregam-se, 
comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais 
próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo empregam-se os 
termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais 
distante da boca. 
Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de 
intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra 
posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou 
ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média. 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas, 
sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana, 
enquanto os outros termos de posição e direção são relativos, pois se baseiam na 
comparação do seu posicionamento. 
 
8. Termos de Movimentos 
 
Na análise de movimento realizado, a determinação do eixo de movimento 
realizado é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é 
sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento. Assim, todo movimento é 
realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é perpendicular àquele 
plano. 
 
 MOVIMENTOS ANGULARES 
 
Nestes movimentos há uma diminuição ou aumento do ângulo existente entre o 
segmento que se desloca e aquele que permanece fixo. 
 
 Flexão e Extensão 
 
 Flexão: É a diminuição do ângulo de uma articulação ou aproximação de duas 
estruturas ósseas. 
 Extensão: É o aumento do ângulo de uma articulação ou afastar duas estruturas 
ósseas. 
 
 Adução e Abdução 
 
São movimentos nos quais o segmento é deslocado, respectivamente,em direção 
ao plano mediano (adução) ou em direção oposta, isto é, afastando-se dele (abdução). 
 
 Circundação 
 
Em alguns segmentos do corpo, especialmente nos membros, o movimento 
combinatório que inclui adução, extensão, abdução e flexão resultam na circundação. 
Neste tipo de movimento, a extremidade distal do segmento descreve um círculo e o 
 
 _______ Anatomia Humana 
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corpo do segmento, um cone, cujo vértice é representado pela articulação que se 
movimenta. 
 
 Rotação 
 
É o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal (vertical). 
Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial, quando a face anterior do 
membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma rotação lateral, no movimento 
oposto. 
 
 Mão: Rotação medial do antebraço = pronação. 
 Rotação lateral do antebraço = supinação. 
 Pé: Adução + Supinação (rotação medial) = inversão (do calcâneo). 
 Abdução + Pronação (rotação lateral) = eversão (do calcâneo). 
 
 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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9. Divisão do Estudo da Anatomia 
 
 Osteologia: parte da anatomia que estuda os ossos. 
 Miologia: parte da anatomia que estuda os músculos. 
 Sindesmologia ou Artrologia: parte da anatomia que estuda as articulações. 
 Angiologia: parte da anatomia que estuda o coração e os grandes vasos. 
 Neuroanatomia: parte da anatomia que estuda o sistema nervoso central e o 
periférico. 
 Estesiologia: parte da anatomia que estuda os órgãos que se destinam à captação 
das sensações. 
 Esplancnologia: parte da anatomia que estuda as vísceras que se agrupam para o 
desempenho de uma determinada função como: fonação, digestão, respiração, 
reprodução e urinária. 
 Endocrinologia: parte da anatomia que estuda as glândulas sem ducto, que 
segregam hormônios, os quais são drenados diretamente na corrente sanguínea. 
 Tegumento comum: parte da anatomia que estuda a pele e os seus anexos. 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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Capítulo III – Sistema Esquelético 
 
1. Considerações Gerais 
 
Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de ossos, 
cartilagens e ligamentos que se interligam para formar o arcabouço do corpo e 
desempenhar várias funções, tais como: proteção (para órgãos como o coração, pulmões 
e sistema nervoso central); sustentação e conformação do corpo; local de 
armazenamento de cálcio e fósforo (durante a gravidez a calcificação fetal se faz, em 
grande parte, pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo materno); 
sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem os deslocamentos 
do corpo, no todo ou em parte e, finalmente, local de produção de várias células do 
sangue. 
O sistema esquelético pode ser dividido porções: 
 
 Uma mediana, formando o eixo do corpo, composta pelos ossos da cabeça, 
pescoço e tronco; 
 O esqueleto axial formado pelo trono e cinturas; 
 O esqueleto apendicular. A união entre estas duas porções se faz por meio de 
cinturas: escapular (ou torácica), constituída pela escápula e clavícula e pélvica 
constituída pelos ossos do quadril. 
 
No adulto existem 206 ossos, distribuídos ao longo do corpo. Este número varia de 
acordo com a idade (do nascimento a senilidade há uma redução do número de ossos), 
fatores individuais e critérios de contagem. 
 
2. Coluna Vertebral 
 
No tronco destaca-se a coluna vertebral que é uma haste forte e flexível, 
didaticamente dividida em duas porções: anterior, constituída pelo ligamento longitudinal 
anterior, corpo vertebral, disco intervertebral e ligamento longitudinal posterior, e 
outra, posterior, constituída pelo canal vertebral, ligamento amarelo, articulações inter-
apofisárias, ligamentos interespinhais e supra-espinhais, pedículos, lâminas, processos 
transversos e espinhosos. 
 
 _______ Anatomia Humana 
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A flexibilidade é sua principal característica, pois as vértebras apresentam 
mobilidade entre si. A estabilidade é fornecida por sua estrutura ligamentar e 
osteomuscular. 
Entre suas funções, temos: proteção da medula espinhal, movimentação e marcha, 
manutenção da posição ereta, suporte do peso corporal e ligação de todas as suas 
regiões desde a occipital até o sacro. 
Os 33 corpos vertebrais constituem os principais pilares da coluna, todos eles com 
características próprias, sendo: 
 
 
 7 cervicais 
 12 torácicos 
 5 lombares 
 5 sacrais 
 4 coccígeos 
 
As vértebras são conectadas entre si pelas articulações posteriores entre os corpos 
vertebrais e os arcos neurais. Elas se articulam de modo a conferir estabilidade e 
 
 _______ Anatomia Humana 
25 
 
flexibilidade à coluna, atributos necessários para a mobilidade do tronco, postura, 
equilíbrio e suporte de peso, e em seu interior o canal vertebral, eixo central que contém a 
medula espinhal. 
 
3. Classificação dos Ossos 
 
Há várias maneiras de classificar os ossos. Uma delas é classificá-los por sua 
posição topográfica, reconhecendo-se ossos axiais (que pertencem ao esqueleto axial) e 
apendiculares (que fazem parte do esqueleto apendicular). Entretanto, a classificação 
mais difundida é aquela que leva em consideração a forma dos ossos, classificando-os 
segundo a relação entre suas dimensões lineares (comprimento, largura ou espessura), 
em ossos longos, curtos, laminares e irregulares. 
 
 Osso longo: Seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e a 
espessura. Consiste em um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. A 
diáfise apresenta, em seu interior, uma cavidade, o canal medular, que aloja a 
medula óssea. Exemplos típicos são os ossos do esqueleto apendicular: fêmur, 
úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, falanges. 
 
 Osso laminar: Seu comprimento e sua largura são equivalentes, predominando 
sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal, frontal, occipital e outros 
como a escápula e o osso do quadril, são exemplos bem demonstrativos. São 
também chamados (impropriamente) de ossos planos. 
 
 Osso curto: Apresenta equivalência das três dimensões. Os ossos do carpo e do 
tarso são excelentes exemplos. 
 
 Osso irregular: Apresenta uma morfologia complexa não encontrando 
correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e osso temporal 
são exemplos marcantes. 
 
 Osso pneumático: Apresenta uma ou mais cavidades, de volume variável, 
revestidas de mucosa e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus ou 
seio. Os ossos pneumáticos estão situados no crânio: frontal, maxilar, temporal, 
etmoide e esfenoide. 
 
 _______ Anatomia Humana 
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 Osso sesamóide: Que se desenvolve na substância de certos tendões ou da 
cápsula fibrosa que envolve certas articulações. os primeiros são chamados 
intratendíneos e os segundos periarticulares. A patela é um exemplo típico de osso 
sesamóide intratendíneo. 
 
4. Configuração Interna do Osso 
 
A análise do osso por microscopia revela duas regiões que divergem entre si pelo 
número de espaços livres entre as trabéculas ósseas, denominadas substância óssea 
compacta e substância esponjosa. Embora os elementos constituintes sejam os mesmo 
nos dois tipos de substâncias ósseas, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo 
considerado, e, seu aspecto macroscópico também sedifere. 
Na substância óssea compacta as lamínulas de tecido ósseo encontram-se 
fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto. 
Por esta razão, esse tipo é mais denso e rígido. 
 
 _______ Anatomia Humana 
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Na substância óssea esponjosa as lamínulas ósseas, mais irregulares em forma e 
tamanho, se arranjam de forma a deixar entre si espaços ou lacunas que se comunicam 
umas com as outras. 
 
5. Características Ósseas 
 
No vivente e no cadáver o osso se encontra sempre revestido por delicada 
membrana conjuntiva, com exceção das superfícies articulares. Esta membrana é 
denominada periósteo e apresenta dois folhetos: um superficial e outro profundo, este em 
contato direto com a superfície óssea. 
A camada profunda é chamada osteogênica pelo fato de suas células se 
transformarem em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso, 
promovendo assim o seu espessamento. 
 
Os ossos são altamente vascularizados. As artérias do periósteo penetram no 
osso, irrigando-o e distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu 
periósteo o osso deixa de ser nutrido e morre. 
 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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Capítulo IV – Sistema Articular 
 
1. Definição 
 
Os ossos unem-se uns aos outros para constituir o esqueleto. Esta união não tem a 
finalidade exclusiva de colocar os ossos em contato, mas também de permitir mobilidade 
e elasticidade ao esqueleto. Esta união não se faz da mesma maneira entre todos os 
ossos, assim, uma maior ou uma menos possibilidade de movimento varia de acordo com 
o tipo de união. 
 
2. Classificação das Junturas 
 
As junturas são classificadas em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e 
sinoviais, cuja definição é feita de acordo com o elemento estrutural encontrado em cada 
tipo de juntura. 
 
 ARTICULAÇÕES FIBROSAS: São formadas por tecido conjuntivo fibroso e 
conferem mais elasticidade do que mobilidade; são encontradas principalmente no 
crânio. É evidente que a mobilidade nestas junturas é extremamente reduzida, 
embora o tecido conjuntivo interposto confira certa elasticidade ao crânio. Dentro 
das articulações fibrosas, dois subtipos podem ser listados, a saber: suturas e 
sindesmoses. 
 
 Articulações fibrosas suturas: apresentam forma variável e, por isso, podemos 
classificá-las em: planas (união linear, retilínea ou aproximadamente retilínea), 
escamosas (união em forma de bisel) e serreadas (união em “linha dentada”). 
 
 Sutura Plana 
 
 
 Sutura Escamosa 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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 Sutura Serreada 
 
 
E interessante comentar que, na vida pré e pós-natal, o tamanho das articulações 
que separam os ossos do crânio é maior em alguns pontos pela presença de maior 
quantidade de tecido conjuntivo fibroso. 
Essas regiões são chamadas de fontanelas (popularmente conhecidas como 
moleiras) e desaparecem após a ossificação completa do crânio. 
 
 
 
 Articulações fibrosas sindesmoses: apresentam também como tecido interposto o 
conjuntivo fibroso, mas não ocorrem entre os ossos do crânio. Na verdade, só há 
dois registros desse tipo de juntura: sindesmose tíbio-fibular, isto é, a que se faz 
 
 _______ Anatomia Humana 
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entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e rádio ulnar entre as 
extremidades do rádio e da ulna. 
 
 ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS: Apresentam também pouca mobilidade, 
são constituídas por cartilagem que pode ser hialina (cartilagem articular que 
representa a porção do osso que não foi invadida pela ossificação) ou fibrosa. Se 
na articulação o elemento encontrado for cartilagem hialina, ela será classificada 
como articulação cartilaginosa sincondrose; se cartilagem fibrosa, articulação 
cartilaginosa sínfise. 
 
 
Sincondrose externa Cartilaginosa Sínfise 
 
 _______ Anatomia Humana 
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 ARTICULAÇÕES SINOVIAIS: Apresentam como elemento estrutural a sinóvia, um 
líquido viscoso que permite a mobilidade da junção óssea com o mínimo de atrito 
entre as extremidades do osso. 
 
Essas extremidades ósseas são formadas por cartilagem hialina, desprovidas de 
suprimento sanguíneo e nervoso, o que torna lento e difícil a regeneração do tecido, em 
caso de lesões. 
 
 
Além disso, encontramos nesse tipo de articulação uma cápsula articular, que 
envolve a articulação, e uma cavidade articular onde se encontra o liquido sinovial. 
Dessa forma, a cápsula articular, a cavidade articular e o líquido sinovial são 
características das articulações sinoviais. 
Em várias junturas sinoviais, interpostas às superfícies articulares, encontram-se 
formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida: 
serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam ou seriam destinadas a 
receber violentas pressões, agindo como amortecedores. 
Meniscos, com sua forma de meia lua são encontrados na articulação do joelho e 
disco intra-articular nas articulações esterno clavicular e têmporo mandibular. 
 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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Os critérios utilizados para classificar as articulações sinoviais são: a forma das 
superfícies ósseas que entram em contato e o movimento realizado por elas, de forma 
que as articulações sinoviais podem ser classificadas em: plana, gínglimo, trocóide, 
condilar, em sela e esferoide. 
 
 Plana: As superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, permitindo 
deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. Exemplo: 
articulação sacro-ilíaca. 
 Gínglimo: Denominado também de dobradiça refere-se muito mais ao movimento 
do que à forma das superfícies articulares: realizam flexão e extensão. Exemplo: 
articulação do cotovelo. 
 Trocóide: Permite rotação. Exemplo: articulação rádio-ulnar proximal responsável 
pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação ocorre 
uma rotação medial do rádio e na supinação, rotação lateral. 
 Condilar: As superfícies articulares são elípticas. Permitem flexão, extensão, 
abdução e adução, mas não permitem a rotação. Exemplo: articulação rádio-
cárpica (ou do punho), articulação têmporo mandibular. 
 
 _______ Anatomia Humana 
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 Em sela: A superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela, 
apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa 
numa segunda peça onde convexidade e concavidades apresentam-se no sentido 
inverso da primeira. Permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação 
(consequentemente circundação). Exemplo: articulação carpo-metacárpico do 
polegar. 
 Esferoide: As superfícies articulares são segmentos de esferas e se encaixam em 
receptáculos ocos. Permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, 
rotação e circundação. Exemplo: articulação do ombro (entre úmero e escápula) e 
do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur). 
 
 
 _______ Anatomia Humana 
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Capítulo V – Sistema Muscular 
 
1. Conceito 
 
O músculo é a unidade contrátil do ser vivo, que obedece aos comandos do 
sistema nervoso central. 
São estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamentoda distância 
que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração, estes últimos são 
os elementos ativos do movimento. Além de tornar possível o movimento, a musculatura 
também mantém unida. 
A literatura relata que os músculos podem ser classificados em: 
 
 Músculo estriado esquelético: músculos do esqueleto humano. 
 Músculo estriado cardíaco: presente no coração. 
 Músculo liso: presentes em órgãos viscerais. 
 
O ser vivo é disposto de uma variedade de músculos que estão fixados em regiões 
posterior, anterior, lateral e medial no corpo humano. 
 
2. Funções dos Músculos 
 
Entre ao vários tipos de músculos existentes ao longo de nosso corpo, tanto os 
músculos esqueléticos, quanto cardíaco e lisos realizam atividades específicas, tais como: 
 
 Contração muscular; 
 Locomoção; 
 
 _______ Anatomia Humana 
35 
 
 Sustentação; 
 Proteção; 
 Regulação de temperatura; 
 Respiração; 
 Elasticidade; 
 Flexibilidade. 
 
3. Mecanismo da Contração Muscular 
 
A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral 
representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair- se o ventre 
muscular há um encurtamento do comprimento do músculo e consequente deslocamento 
da peça esquelética. 
O trabalho realizado por um músculo depende da potência do músculo e da 
amplitude de contração do mesmo. A amplitude de contração depende do comprimento 
das fibras musculares. Assim, um músculo longo tem o mais alto grau de encurtamento. 
A potência (ou força) é função do número de fibras que se contraem e número de 
fibras contido em uma secção transversal do músculo, o que é medido em ângulo reto 
com o eixo maior dos fascículos musculares e não com o eixo maior do músculo como um 
todo. 
Desta forma, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha 
em força. 
Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo 
deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como 
potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos 
lisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se produz 
um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou seu 
diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo. 
A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está 
completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras 
musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo, vai 
depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora ao 
conjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Desta forma um 
 
 _______ Anatomia Humana 
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músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros, 
enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta 
precisão e delicadeza. 
Outra forma de classificar os músculos é observando o trabalho que eles realizam, 
ou seja, sua função. Assim, quando o músculo executa um movimento, ele é denominado 
agonista; quando se opõe ao movimento do agonista, ele é denominado antagonista; 
ainda, quando potencializa a ação do agonista, ele é denominado sinergista. 
 
 
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Capítulo VI – Sistema Nervoso 
 
1. Considerações Gerais 
 
O sistema nervoso é dividido em duas partes principais: 
 
 Sistema nervoso central, composto de cérebro e medula espinhal. 
 Sistema nervoso periférico, composto de nervos cranianos e espinhais e seus 
gânglios associados. 
 
 
O sistema nervoso central é composto de grande número de células nervosas e 
suas ramificações, mantidas por tecido especializado denominado neuroglia. Neurônio é o 
nome dado à célula nervosa e todas as suas ramificações. As ramificações longas de 
uma célula nervosa são denominadas axônios, ou fibras nervosas. 
O interior do sistema nervoso central é organizado em substância branca e 
cinzenta. 
 
 A substância cinzenta consiste em células nervosas e das porções proximais; de 
suas ramificações, encerradas em neuroglia. 
 A substância branca consiste em fibras nervosas encerradas em neuroglia. 
 
Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os nervos cranianos e 
espinhais são cordões de coloração branco-acinzentada. São constituídos de feixes de 
fibras nervosas mantidos por fino tecido areolar. 
 
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Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e passam através de 
foramens do crânio. Existem 31 pares de nervos espinhais que partem da medula 
espinhal e passam através de foramens intervertebrais na coluna vertebral. 
 
2. Funções do Sistema Nervoso 
 
O sistema nervoso é um dos principais órgãos do organismo vivo que desempenha 
as seguintes funções: 
 
 Controlar 
 Comandar 
 Executar 
 Produzir 
 Conduzir 
 Direcionar 
 Ordenar 
 Liberar 
 
Todos os tipos de comandos para que o seu vivo possa realizar as tarefas com 
todas as suas integridades. 
 
3. Subdivisões do Sistema Nervoso 
 
3.1. Sistema Nervoso Periférico 
 
O sistema nervoso periférico é composto por terminações nervosas, gânglios e 
nervos. Estes são cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por 
tecido conjuntivo e que têm por função levar (ou trazer) impulsos ao (do) SNC. As fibras 
 
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que levam impulsos ao SNC são chamadas de aferentes ou sensitivas, enquanto que as 
que trazem impulsos do SNC são as aferentes ou motoras. Os nervos são divididos em 
dois grupos: nervos cranianos e nervos espinhais. 
 
3.2. Sistema Nervoso Autônomo 
 
Tanto o SN somático quanto o SN visceral possuem uma parte aferente e outra 
eferente. Denomina-se sistema nervoso autônomo (SNA) a parte eferente do SN visceral. 
O SNA por sua vez é dividido em duas partes: o sistema simpático e o sistema 
parassimpático. 
O simpático estimula as atividades que ocorrem em situações de emergência ou 
tensão, enquanto o parassimpático é mais ativo nas condições comuns da vida, 
estimulando atividades que restauram e conservam a energia corporal. 
O simpático tem origens nas regiões torácica e lombar da medula espinhal, 
enquanto o parassimpático as tem porções no tronco encefálico e nos segmentos sacrais 
da medula espinhal. Ambos possuem fibras pré-ganglionares que fazem conexões com 
gânglios (acúmulo de neurônios fora do SNC) e dos quais partem fibras pós-ganglionares 
que vão até os órgãos efetuadores; contudo as fibras pré- ganglionares simpáticas são 
curtas e as pós-ganglionares são longas, enquanto no parassimpático ocorre o contrário. 
Existem várias outras diferenças, como no tipo dos mediadores químicos, que fogem ao 
objetivo deste tópico. 
 
 
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4. Condução de Informações no Sistema Nervoso 
 
As informações que são transmitidas pelo sistema nervoso, são chamadas de 
impulsos elétricos ou potenciais de ação que trafegam por estruturas chamadas de nervos 
ou fibras, que na verdade é um conjunto de axônios unidos para realizar esta função. 
Podendo então classificar este nervos em: 
 
 Fibras aferentes: levam todas as informações sensitivas ao sistema nervoso 
central. 
 Fibras efetoras:trazem as informações do sistema nervoso central para a 
realização dos movimentos. 
 
5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso 
 
5.1. Meninges 
 
A proteção ao SNC dada pelo crânio e pela coluna é acentuada reforçada pela 
presença de lâminas de tecido conjuntivo, as meninges, que são de fora para dentro: 
dura-máter, aracnoide e pia-máter. 
 
A dura-máter é a mais espessa delas. No crânio está associada ao periósteo da 
face interna dos ossos, enquanto entre ela e a coluna vertebral existe um espaço, o 
espaço extradural (ou epidural). A pia-máter é a mais fina e está intimamente aplicada ao 
encéfalo e à medula espinhal. Entre a dura e a pia-máter está a aracnoide, da qual partem 
fibras delicadas que vão à pia-máter, formando uma rede semelhante a uma teia de 
aranha. A aracnoide é separada da dura-máter por um espaço virtual, o espaço subdural 
 
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e da pia-máter pelo espaço subaracnoideo, real, onde circula o líquido cérebro-espinhal 
ou líquor, o qual funciona como absorvente de choques. 
O líquido cérebro-espinhal, incolor, é constantemente produzido nos ventrículos do 
encéfalo e constantemente deixa o espaço subaracnoideo para entrar no sistema venoso. 
Atua na nutrição do SNC e como amortecedor, protegendo o SNC de movimentos súbitos. 
O SNC é heterogêneo quanto à distribuição dos corpos dos neurônios e de seus 
prolongamentos. As regiões onde predominam os corpos neuronais são chamadas de 
substância cinzenta. Outras regiões contêm, predominantemente, prolongamentos 
neuronais (em especial seus axônios). Estes prolongamentos são, muitas vezes, 
revestidos por mielina, o que lhes dá coloração mais pálida, daí a denominação de 
substância branca. 
No cérebro e no cerebelo a estrutura geral é a mesma: uma massa de substância 
branca, revestida externamente por uma fina camada de substância cinzenta e tendo no 
centro massas de substância cinzenta constituindo os núcleos (acúmulos de corpos 
neuronais dentro do SNC). Na medula, a substância cinzenta forma um eixo central 
contínuo envolvido por substância branca, enquanto no tronco encefálico a substância 
cinzenta central não é contínua, apresentando-se fragmentada, formando núcleos. 
 
5.2. Cérebro 
 
O cérebro responde pelas funções nervosas mais elevadas, contendo centros para 
interpretação de estímulos bem como centros que iniciam movimentos musculares. Ele 
armazena informações e é responsável também por processos psíquicos altamente 
elaborados, determinando a inteligência e a personalidade. 
Ele é constituído pelos hemisférios cerebrais e pelo diencéfalo. Os hemisférios 
cerebrais são duas massas unidas por uma ponte de fibras nervosas, o corpo caloso e 
separado por uma lâmina de dura-máter, a foice do cérebro. Cada hemisfério é dividido 
em cinco lobos, quatro dos quais vistos na superfície do cérebro e correspondendo cada 
um aos ossos do crânio com que guardam relações, os lobos frontal, parietal, temporal e 
occipital. O quinto lobo, a insula, fica coberto por partes dos lobos temporal, frontal e 
parietal. 
Os hemisférios são formados por uma camada externa de substância cinzenta, o 
córtex cerebral - convoluto, formando giros e sulcos - e por uma massa interna de 
 
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substância branca, na qual estão enterrados diversos grupos de núcleos, os núcleos da 
base, que fazem parte do sistema motor, participando do controle dos movimentos, 
facilitando e sustentando os movimentos em curso e inibindo movimentos indesejados. A 
cavidade dos hemisférios cerebrais forma os ventrículos laterais e a parte rostral do 
terceiro ventrículo. 
O diencéfalo fica quase totalmente circundado pelos hemisférios cerebrais; sua 
cavidade forma a maior parte do terceiro ventrículo. Constituído pelo tálamo, pelo 
hipotálamo e pelo epitálamo. 
O tálamo é centro de retransmissão de todos os impulsos sensitivos (exceto olfato) 
para o córtex cerebral. O hipotálamo é local de regulação de atividades viscerais 
(cardiovascular, temperatura corporal, do equilíbrio hidroeletrolítico, da atividade 
gastrintestinal e fome e das funções endócrinas), do sono e da vigília, da resposta sexual 
e das emoções. O epitálamo é formado principalmente pela glândula pineal, implicada no 
controle dos ritmos circadianos e na regulação do início da puberdade. É produtora do 
hormônio melatonina. 
 
 
5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo 
 
O tronco encefálico apresenta é formado por substância branca contendo núcleos no 
seu interior. Divide-se em mesencéfalo, ponte e bulbo. 
 
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O mesencéfalo é responsável pelos reflexos visuais e auditivos (colículos superior e 
inferior); seus núcleos e os pedúnculos cerebrais participam do controle da postura e dos 
movimentos. 
A ponte é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos 
cranianos (III – VII); e controla o ritmo e força da respiração. 
O bulbo é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos 
cranianos (VIII-XII); e é centro autônomo visceral (respiração, ritmo cardíaco, 
vasoconstrição). 
O cerebelo tem estrutura geral parecida com a do cérebro (substância cinzenta 
externa e substância branca interna) e atua na coordenação motora e no equilíbrio. 
 
5.4. Medula Espinhal 
 
Situada no interior do canal vertebral, se continua rostralmente com o bulbo. Ela 
recebe informações do pescoço, do tronco e dos membros e os controla, por meio dos 
trinta e um nervos espinhais. A medula consiste em uma parte central de substância 
cinzenta e outra parte periférica, de substância branca. 
A substância cinzenta tem a forma aproximada da letra H. As projeções posteriores 
são os cornos dorsais, os quais tanto contêm neurônios aferentes, condutores de 
impulsos sensoriais periféricos, quanto dão origem às vias ascendentes, condutoras de 
impulsos sensoriais para o encéfalo. As projeções anteriores são os cornos ventrais, que 
contêm os neurônios motores da medula espinhal. Nas partes torácica e lombar existem 
projeções laterais, as colunas laterais, que contêm os neurônios pré-ganglionares 
simpáticos. 
 
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A substância branca contém fibras nervosas de trajeto longitudinal (tratos 
ascendentes e tratos descendentes). Os principais tratos ascendentes são: 
 
 Colunas dorsais (fascículos grácil e cuneiforme): tato discriminativo e 
propriocepção. 
 Trato espinotalâmico: dor, temperatura, pressão e tato grosseiro. 
 
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 Trato espinocerebelar: informação dos receptores musculares e articulares. 
 
Os principais tratos descendentes são: 
 
 Trato corticoespinhal anterior: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores 
corticais que não cruzaram de lado nas pirâmides do bulbo; termina na medula 
torácica. Suas fibras cruzam para o lado oposto pouco antes de fazerem sinapse 
com os neurônios motores medulares. 
 Tratos corticoespinhal lateral: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores 
corticais que cruzaram de lado (decussaram) nas pirâmides do bulbo. Mais 
importante por ter mais fibras está presente ao longo de toda medula. 
 Tratos rubro-espinhal, vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal: origem no tronco 
encefálico; participam do controle motor. 
 
6. Tecido Nervoso 
 
O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos de celulares: os neurônios e 
as células

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