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THAÍS SEPP | CLINICA MÉDICA DEFINIÇÃO Taquicardia: FC > 100 bpm. No ECG: R-R < 3 quadradões. As taquicardias são divididas em: SUPRAventriculares (QRS estreito): oriundas dos átrios ou da junção AV. Ventriculares (QRS alargado): abaixo da bifurcação do feixe de His. ORIGEM SUPRAVENTRICULARES NO SINUSAL - Taquicardia sinusal ATRIAL - Taquicardias atriais (unifocais e multifocais) - Flutter atrial - Fibrilação atrial NO AV OU VIA ACESSÓRIA - Taquicardia paroxística supraventricular ORIGEM VENTRICULARES VENTRICULO - Extrassístoles ventriculares - TV sustentada ou não sustentada (monomórfica ou polimórfica) - Fibrilação ventricular SUPRAVENTRICULARES TAQUICARDIA SINUSAL A maioria dos casos são distúrbios primários do nó sinusal devido a uma resposta fisiológica (exercício físico, estresse emocional) ou compensatória a condições que causam hiperativação adrenérgica (hipovolemia, febre, anemia, drogas, etc). Taquicardia sinusal com FC de 125 bpm (DI). TRATAMENTO: causa de base. - Se recorrente → BB ou BCC. TAQUICARDIA ATRIAL Causas: DPOC, distúrbios eletrolíticos, liberação alcóolica, uso de cardioestimulante, digitálicos, etc. A origem do estimulo é em algum foco no miocárdio atrial (diferente do nó sinusal). Como localizar o foco? Através da onda P. Átrio direito: P + em aVL e negativa em V1. Átrio esquerdo: P negativa em aVL e + em V1. Na taquicardia atrial, a FC depende não só da frequência atrial, mas também da condução atrioventricular (1:1, 2:1, 3:1 etc.). - Relação AV > que 1:1: identifica-se uma “taquicardia atrial com bloqueio”. - Ex: uma taqui atrial com uma frequência de 200 bpm pode se apresentar com uma FC de 200, se a condução AV for 1:1; ou com uma FC de 100 bpm, se a condução AV for de 2:1. Taquicardia atrial com bloqueio - ondas P negativas (frequência atrial de 125 bpm), mas com condução AV 3:2 (3 ondas P para cada 2 QRS). Critérios diagnósticos no ECG: 1. Onda P positiva em D2 (ritmo sinusal) + morfologia IGUAL à P sinusal. QRS normal: até 120 ms (3 quadradinhos). Critérios diagnósticos no ECG: 1. Ondas P DIFERENTES da morfologia sinusal. Taquicardia atrial com bloqueio: pensar SEMPRE em INTOXICAÇÃO DIGITALICA!!! THAÍS SEPP | CLINICA MÉDICA TAQUICARDIA ATRIAL UNIFOCAL: É induzida por um único foco atrial. V1 - taquicardia atrial (frequência de 125 bpm, condução 1:1); onda P +, foco está no AE. TRATAMENTO: 1. Paciente INSTÁVEL: CARDIOVERSÃO ELÉTRICA imediata. 2. Paciente ESTÁVEL: Causa base + BB ou BCC (se sintomático). TAQUICARDIA ATRIAL MULTIFOCAL: Ocorre quando múltiplos focos ectópicos atriais sofrem uma exacerbação de suas propriedades. A maioria está relacionada a descompensações da DPOC (arritmia + comum nesses pacientes). Como os focos são distintos, o tempo que o estímulo demora para alcançar o no AV é variável, então os intervalos PR e RR são irregulares → o resultado é: resposta ventricular irregularmente irregular (pulsos irregulares). Taquicardia atrial multifocal TRATAMENTO: semelhante ao da taqui unifocal. FLUTTER ATRIAL A frequência atrial varia entre 250 e 450 bpm. O principal mecanismo são: circuitos de MACRORREENTRADA, formados por acidentes estruturais dentro dos átrios. ASPECTOS CLÍNICOS: Ocorre mais no sexo masculino e, na maioria dos casos está associado a cardiopatia estrutural subjacente (+ comuns: hipertensiva e isquêmica). Principal consequência: risco tromboembólico relacionado à estase sanguínea. ASPECTOS ELETROCARDIOGRAFICOS: As principais características, são: NÃO EXISTE ONDA P. Onda F: é a onda representativa da ativação atrial → tem morfologia com aspecto dm "dente de serra" e, não há formação de uma linha de base isoelétrica entre duas ondas F. - A onda F é melhor visualizada em D2, D3, AVF e V1. Nas demais, geralmente não aparecem. ABORDAGEM TERAPÊUTICA: Abordagem inicial (na emergência) → o foco inicial é: necessidade de cardioversão (imediata ou não), redução da FC e terapia antitrombótica. 1. Verificar a estabilidade hemodinâmica dos pcts: INSTABILIDADE: cardioversão elétrica. ESTÁVEIS: BB ou BCC (controle da FC) ou cardioversão elétrica. 2. Realizar a terapia antitrombótica: Se arritmia em < 48h: anticoagulação com heparina e warfarin por 4 semanas após o retorno para o ritmo sinusal. Se arritmia por mais de > 48h: anticoagular com warfarin por 3 semanas ANTES da cardioversão (e, manter por mais 4 semanas depois da cardioversão). Critérios diagnósticos no ECG: 1. Frequência atrial entre 100-250 bpm. 2. FC = frequência atrial (sem bloqueio) ou FC < frequência atrial (com bloqueio). 3. Onda P: mesma morfologia em todas as derivações, porém, diferentes da sinusal. A diferença entre a taquiarritmia atrial multifocal e a fibrilação atrial fica por conta da onda P: na FA não existe ondas P, só ondas F! Critérios diagnósticos no ECG: 1. Frequência atrial (onda F): em torno de 300 bpm. 2. FC: em torno de 150 bpm (condução AV quase sempre é 2:1). 3. Intervalo RR: regular. Critérios diagnósticos no ECG: 1. Onda P: no mínimo, 3 morfologias diferentes na mesma derivação. 2. RITMO IRREGULAR. THAÍS SEPP | CLINICA MÉDICA 3. Tratamento definitivo (se refratários): ablação do circuito da arritmia. FIBRILAÇÃO ATRIAL Etiologias: Cardíacas: HAS, IC, valvopatias. Extracardíacas: obesidade, DRC, síndrome metabólica, hipertireoidismo. ASPECTOS ELETROCARDIOGRAFICOS: Na FA existem vários circuitos de microrreentrada no átrio, que se encontram em assincronia (os átrios não "batem”, apenas "tremem" - fibrilam). A maioria dos impulsos são bloqueados no nó AV e apenas uma pequena parcela consegue chegar aos ventrículos. A resposta ventricular da FA, corresponde a FC do paciente (geralmente é de 100-170 bpm, mas pode variar desde taquicardia até bradicardias). A capacidade de "filtro” do nó AV não é constante. Portanto, os ciclos cardíacos são completamente irregulares. Fibrilação atrial (sem onda P + ritmo irregular). QUADRO CLÍNICO: Pode apresentar: Palpitações, dispneia, vertigem, sudorese fria, desconforto torácico, urgência urinária. Exame físico: ritmo cardíaco irregularmente irregular (perda da onda A no pulso venoso). TIPOS CLÍNICOS: A FA pode se apresentar de 3 tipos: Paroxística (autolimitada): duração < 7 dias, e se resolve espontaneamente (pode ser recorrente). Persistente: duração > 7 dias, mantendo-se até a realização do tratamento. Permanente (+ comum): duração > 1 ano ou refratária à cardioversão (pode evoluir para FA persistente, após diversas recidivas). COMPLICAÇÕES: A maior preocupação da FA é o risco alto de fenômenos cardioembólicos → como os átrios perdem sua contração rítmica, o sangue sofre estase no interior dessas câmaras, predispondo à formação de trombos. Um fragmento do trombo pode se deslocar e caminhar pela circulação, até ocluir um vaso arterial → o SNC é o local mais acometido, determinando o AVE isquêmico embólico. AVALIAÇÃO DO RISCO CARDIOEMBÓLICO: Realizar CHADSVASC: Conduta: 0 pontos (baixo risco): não anticoagular. 1 ponto (médio risco): usar o julgamento clínico e considerar um antiagregante (AAS) ou anticoagulação. > 2 pontos (alto risco): anticoagular indefinidamente (avaliar contraindicações). Nos pacientes de ALTO RISCO deve ser realizado a ANTICOAGULAÇÃO PLENA INDEFINIDAMENTE. Opções de anticoagulação: Enoxaparina (1 mg/kg SC, 12/12h) + warfarina (dose ajustada para manter o INR entre 2-3). - Suspender a heparina após atingir INR. - O warfarin é o anticoagulante DE ESCOLHA em pacientescom DOENÇA VALVAR ou com DRC GRAVE. Novos anticoagulantes orais (ex: rivaroxaban). Critérios diagnósticos no ECG: 1. Intervalo R-R IRREGULAR. 2. Ausência de onda P. Obs: quando o paciente for portador de estenose mitral (ou prótese valvar), ele sempre é considerado de alto risco cardioembólico (não precisa realizar o chadsvasc). THAÍS SEPP | CLINICA MÉDICA TRATAMENTO: 1. Paciente INSTÁVEL: Cardioversão elétrica imediata. 2. Paciente ESTÁVEL: posso realizar o controle da FC (preferencial) ou restaurar o ritmo sinusal: CONTROLE DA FC: BB, BCC (diltiazem ou verapamil) ou digitálicos (se IC associada). - Obs: se o paciente não controlar → realizar a cardioversão. CONTROLE DO RITMO (CARDIOVERSÃO ELÉTRICA OU QUÍMICA): é necessário definir se a FA é aguda ou crônica e se o paciente é de alto risco ou não: - < 48 hrs e fora do grupo de alto risco: anticoagular por 6-12 horas, depois realizar a cardioversão. - > 48 hrs e/ou alto risco: realizar eco transesofágico (descartar trombos). Sem trombo: anticoagulação por 6- 12 horas antes de realizar a cardioversão. Presença de trombo ou sem disponibilidade de realizar o eco: anticoagular por 3-4 semanas antes de realizar a cardioversão. Paciente REFRATÁRIO as medidas de controle da FC e do ritmo: realizar ablação (tratamento definitivo). TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PAROXISTICA Esse tipo de taquicardia se inicia e termina subitamente (é mais comum em mulheres jovens). Geralmente o início dessa taquicardia sucede uma extrassístole atrial. A TSV pode ser subdivida em dois tipos: 1. Por reentrada nodal (70%). Pode apresentar uma pseudo-S (em D2, D3 e aVF) e pseudo-R (em V1). 2. Por reentrada em via acessória (30%). Pode apresentar onda P’ (retrógrada) um pouco depois do QRS (intervalo RP’ menor que o intervalo P’R). Pode apresentar alternância na amplitude do QRS. Por reentrada nodal: Por reentrada em via acessória: QUADRO CLÍNICO: A maioria dos pacientes são previamente hígidos. Os sintomas começam e terminam subitamente, como um “estalo” → durante a crise, o relato é de palpitações muito intensas, referidas no pescoço ou no peito, dispneia, vertigem ou até síncope (reflexo vagal desencadeado pela taquicardia). Obs: se FA > 48h (crônica), o risco de acidente cardioembólico após retorno do ritmo é grande (quanto maior a duração, maior a chance de formação de trombos). Por isso, não deve realizar a cardioversão em pacientes com FA crônica antes de excluir a presença de tombo. Critérios diagnósticos no ECG: 1. Ausência de onda P. 2. Intervalo R-R regular. Obs: a anticoagulação deve ser mantida por no mínimo 4 semanas após a cardioversão, independente do risco. THAÍS SEPP | CLINICA MÉDICA TRATAMENTO: TERAPIA AGUDA (deve ser realizado de imediato em todos os pacientes): 1. Paciente INSTÁVEL: Cardioversão elétrica imediata. 2. Paciente ESTÁVEL: Pode ser tentado 1º uma manobra vagal (compressão do seio carotídeo unilateral ou valsava), se não houver CI. Drogas de ação imediata: - Adenosina em flush IV (1º escolha): 6mg em bolus → se não reverter, repetir com 12mg. - Verapamil (2º escolha). - BB (3º escolha). TERAPIA CRÔNICA (está indicada quando a arritmia for frequente e sintomática): Profilaxia das crises: digoxina, verapamil, diltiazem ou BB (isolados ou em associação). Definitivo: ablação por radiofrequência. TAQUICARDIAS VENTRICULARES De todas as taquiarritmias, a TV é a mais temida, pelo seu potencial de degeneração para fibrilação ventricular (morte súbita) e por um marcador de cardiopatia grave. No ECG, se manifesta com QRS alargado e morfologia aberrante (morfologia diferente de um QRS normal). O mecanismo pode ser: reentrada (responsável pela maioria dos casos) ou hiperautomatismo. Existem 2 tipos: 1. Monomórfica: apenas um tipo de QRS. 2. Polimórfica: QRS com morfologias diferentes. Também podem ser classificadas em: 1. Sustentada: duração >30s e/ou instabilidade. 2. Não sustentada: duração <30s e estável. TV MONOMÓRFICA SUSTENTADA A causa mais comum é o IAM. TV monomórfica sustentada QUADRO CLÍNICO: Geralmente se manifestam com “instabilidade” → síncope, pré-síncope, hipotensão sintomática, angina ou dispneia por congestão pulmonar. TRATAMENTO: 1. Paciente INSTÁVEL: Cardioversão elétrica imediata. - Amiodarona: se falha na cardioversão. 2. Paciente ESTÁVEL: Amiodarona (antiarrítmico). Obs: na TV monomórfica por intoxicação de cocaína: adm bicarbonato de sódio (manter Ph > 7,55) → e se refratário, adicionar lidocaína. Alguns pacientes podem ter uma via acessória, ocasionando um padrão diferente de TSV → é a pré-excitação ventricular (síndrome de Wolff-Parkinson-White). No ECG: PR curto e onda DELTA. Critérios diagnósticos no ECG: 1. QRS alargado e aberrante. 2. Morfologia do QRS se repete em cada derivação. 3. Intervalo R-R regular. THAÍS SEPP | CLINICA MÉDICA TV POLIMÓRFICA SUSTENTADA Existem 2 subtipos de TV polimórfica, de acordo com o intervalo QT antes de surgir a taquicardia: 1. Com intervalo QT NORMAL. 2. Com intervalo QT LONGO (torsades pointes): QRS varia em relação a amplitude e polaridade. TRATAMENTO: 1. TV polimórfica com intervalo QT normal: Desfibrilação elétrica + amiodarona + realizar coronariografia *Obs: a revascularização miocárdica é a melhor forma de prevenção. 2. TV polimórfica com intervalo QT largo: Desfibrilação elétrica + sulfato de magnésio 2mg IV em bolus (lidocaína, se refratário) + marca-passo provisório. FIBRILAÇÃO VENTRICULAR Arritmia caracterizada por atividade elétrica ventricular excessivamente rápida e desorganizada resultando em ausência de contração eficaz. Leva imediatamente à parada cardíaca e morte súbita. Fibrilação ventricular TRATAMENTO: Desfibrilação elétrica imediata. - Amiodarona → se falha na reversão do ritmo após o segundo choque. Critérios diagnósticos no ECG: 1. QRS alargado e aberrante. 2. Morfologia do QRS varia em cada derivação. Critérios diagnósticos no ECG: 1. FC superior a 300 bpm. 2. Não há complexo QRS identificável. THAÍS SEPP | CLINICA MÉDICA
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