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PARVOVÍRUS DE INTERESSE VETERINÁRIO LIVRO: VIROLOGIA VETERINÁRIA, EDUARDO FLORES ─ PARVOVÍRUS CANINO A parvovirose canina é considerada uma das principais causas de diarréia de origem infecciosa em cães com idade inferior a seis meses. A doença é causada pelo parvovírus canino (canine parvovirus, CPV) que surgiu no final dos anos 1970 e disseminou-se rapidamente por todos os continentes. Assim como os demais parvovírus, o CPV é muito resistente no ambiente e à maioria dos desinfetantes. Uma das exceções é o hipoclorito de sódio, comercializado como água sanitária, em concentrações que variam de 2 a 3%. EPIDEMIOLOGIA: No final dos anos de 1970, tiveram altas taxas de mortalidade e morbilidade devido a falta de imunização dos animais que tiveram esta doença. Mesmo com vacinas atualmente, a incidência deste vírus ainda é alta em animais com idade entre 6 semanas e 6 meses. Pois os filhotes que não são vacinados, são altamente susceptíveis ao desenvolvimento da doença. Por mais que o organismo produza um mecanismo de defesa contra esse vírus nas primeiras semanas, em um determinado momento os níveis de anticorpos são insuficientes para proteger da doença. O CPV é altamente contagioso, e a infecção geralmente ocorre por exposição oro-nasal e fezes, fômites ou ambientes contaminados. PATOGENIA: Após a exposição oronasal, o vírus se replica nos tecidos linfóides próximos ao local de entrada (geralmente na orofaringe) e atinge a corrente sanguínea. O vírus se localiza em tecidos com rápida divisão celular, como a medula óssea, órgãos linfopoiéticos e criptas do jejuno e íleo. Durante a infecção intestinal, o parvovírus replica nas células epiteliais das criptas das mucosas intestinais. A consequência imediata dessa doença é o achatamento das vilosidades, o colapso e a necrose epitelial, como exposição à lâmina própria da mucosa. SINAIS CLÍNICOS: Existem duas síndromes clínicas descritas em cães infectados pelo parvovírus: a miocardite e gastrenterite hemorrágica. A miocardite é uma inflamação do músculo do coração que pode surgir como uma complicação durante diferentes tipos de infecção no organismo, causando sintomas como dor no peito, falta de ar ou tonturas. A gastrenterite hemorrágica é acompanhada por 2 diarréia sanguinolenta. A principal manifestação da parvovirose é a gastrenterite. Os sinais clínicos são o surgimento brusco de prostração (estado de extremo desânimo físico e psíquico, caracterizado por imobilidade e ausência de reação a qualquer chamado) , anorexia, vômitos frequentes, sialorréia, febre, dor abdominal e diarréia hemorrágica. Os sinais de prostração e vômitos procedem ao quadro de diarréia, geralmente em 12 a 24 horas. Cães com diarréia podem apresentar desidratação, hipovolemia (diminuição do volume intravascular, devido a perda de sal e água no organismo) e choque (incluem taquicardia, pulso normal ou fraco, palidez das mucosas, TPC aumentado, hipotensão (pressão baixa), nível de consciência reduzido e temperatura corporal baixa). O hemograma desses animais infectados mostra leucopenia (baixo nível de glóbulos brancos no sangue), neutropenia (diminuição da quantidade de neutrófilos) e linfopenia (insuficiência de linfócitos no sangue). O vírus ataca o revestimento do intestino causando dor severa, diarréia, sangramento e vômito. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico definitivo de parvovirose exige a identificação do vírus por testes específicos, como o teste de ELISA, cuja função é detectar os antígenos virais nas fezes; o teste de identificação do vírus por HA, sorologia pareada por HI e SN, detecção de vírions por ME podem ser utilizados para o diagnóstico definitivo. CONTROLE E PROFILAXIA: O tratamento da gastroenterite pelo CPV é de suporte e se baseia na reposição de fluidos e eletrólitos, na antibioticoterapia de amplo espectro e no controle dos vômitos, para minimizar as perdas líquidas e eletrolíticas. Cães com parvovirose devem ser isolados e receber tratamento em um local específico. A limpeza e desinfecção do ambiente e equipamentos devem ser feitas com hipoclorito de sódio a 0,175%. A vacinação sistemática de filhotes é o melhor modo de prevenção. E em animais já infectados, recomenda-se manter eles SARAH ALMEIDA SANTOS 3 isolados até completarem a fase da imunização, sempre observando a desinfecção do local. VÍRUS DA PANLEUCOPENIA FELINA (FPL) A parvovirose felina é o vírus que provoca a panleucopenia felina. Doença altamente contagiosa e perigosa para os felinos domésticos e selvagens. É frequentemente observada em gatos não-vacinados, geralmente provenientes de gatis. Nesses animais as taxas de mortalidade e morbilidade são altíssimas. Os vírus do FPLV são muito resistentes sob condições ambientais, sendo capazes de manter a viabilidade por até um ano sob temperatura ambiente. EPIDEMIOLOGIA: O FPLV pode causar doenças em todos os membros da família dos felídeos. A transmissão do vírus ocorre pelo contato direto ou indireto dos animais susceptíveis com os animais infectados ou com suas secreções. O vírus pode estar presente em todas as secreções corpóreas de gatos infectados, porém é mais comum nas fezes diarréicas. A rota fecal-oral é considerada a principal forma de transmissão. PATOGENIA: O vírus se multiplica inicialmente nos linfonodos regionais. Após a replicação primária, o vírus atinge a corrente sanguínea e dissemina-se para os tecidos que possuem células em divisão, como a medula óssea, epitélio das criptas intestinais e órgãos linfóides. A endotoxemia resultante da absorção de toxinas das bactérias gram-negativas intestinais, acompanhada ou não de bacteremia, e o desenvolvimento da coagulação intravascular disseminada (CID) são complicações comuns da FPL e, provavelmente, responsáveis pela evolução fatal da doença. A diarréia é devido à deficiência de absorção e aumento da permeabilidade e também, é frequentemente hemorrágica pelo sangramento de capilares que ocorre devido a destruição do revestimento epitelial da mucosa. A consequência final das lesões provocadas pelo vírus é a quebra da barreira de proteção intestinal e a translocação de bactérias, que atingem a circulação sanguínea e sítios extra-intestinais, podendo ocorrer septicemia e CID. SINAIS CLÍNICOS: os sinais evoluem de três a quatro dias, incluem depressão profunda, anorexia, hipertermia (40ºC), vômito e desidratação. A diarréia com ou sem hemorragia pode ocorrer em uma fase mais tardia. Quando submetidos à palpação abdominal, os animais podem demonstrar dor abdominal, alças intestinais espessadas e ruídos intestinais. Podem surgir também petéquias e equimoses. Em estágios terminais, podem ser observadas hipotermia, estupor e coma. Em gatinhos que adquirem a infecção no final da gestação ou após o SARAH ALMEIDA SANTOS 4 nascimento podem apresentar quadro neurológico (ataxia, hipermetria, tremor, estação em base larga - danos permanentes). PATOLOGIA: incluem congestão e redução da espessura do intestino delgado, áreas de necrose, vilosidades atrofiadas, muco e debris celulares. Nos filhotes e fetos com sinais neurológicos, são observadas lesões na lâmina granular externa do cerebelo, além de hipoplasia cerebelar. DIAGNÓSTICO: o diagnóstico definitivo depende da realização de outros testes, como a microscopia eletrônica (ME) das fezes, isolamento viral, sorologia e imunofluorescência (IFA). Testes de hemaglutinação (HA) a partir de amostras fecais. Teste de soroneutralização (SN), imunofluorescência indireta (IFI) e ELISA, para pesquisa de anticorpos. CONTROLE E PROFILAXIA: o tratamento da FPl é tipicamente de suporte, pois não existem drogas antivirais específicas. A vacinação constitui- se em um método eficiente para proteger os animais e reduzir a incidência da FPL. PARVOVIROSE SUÍNA (PPV) A infecção pelo PPV é a causa mais frequente e importante de falhas reprodutivas em suínos. Essas falhas estão relacionadas com a infecção de embriões e fetos, que resulta em mortalidade embrionária, mumificação fetal, abortamentos, natimortalidade e o nascimento de leitões inviáveis.Além disso, a infecção pode resultar em infertilidade e repetições de cio. EPIDEMIOLOGIA: A introdução do PPV no rebanho pode ocorrer pela aquisição de reprodutores infectados. Quando o agente é introduzido em um rebanho negativo, a disseminação é rápida e muitas fêmeas apresentam falhas reprodutivas. O PPV é muito resistente a variações de temperatura e a vários desinfetantes comuns. Pode, portanto, permanecer infeccioso em excreções e secreções de animais infectados por vários meses. O vírus também pode ser encontrado nos testículos, e os machos podem atuar como vetores para a disseminação do vírus entre as fêmeas susceptíveis. A transmissão do vírus ocorre pelas vias oronasal e transplacentária. PATOGENIA: A infecção pelo PPV inicia-se principalmente pela via oronasal, pelo contato com fezes ou com restos de aborto. Também pode ocorrer a transmissão por sêmen. A infecção pode ser crônica, com a replicação do vírus nas células intestinais e excreção nas fezes por períodos prolongados, contribuindo SARAH ALMEIDA SANTOS 5 para a contaminação ambiental. A infecção transplacentária ocorre durante a fase de viremia na fêmea gestante. O feto é sensível aos efeitos do vírus durante a primeira metade da gestação. * Na fase embrionária (até 30 dias depois da concepção), a infecção geralmente leva à morte embrionária e reabsorção. Se a maioria dos embriões resistir, o resultado será o nascimento de leitegadas pequenas, pois os embriões mortos são reabsorvidos. A transmissão de leitegada não ocorre simultaneamente. *A ocorrência de abortos é rara durante a infecção por PPV. SINAIS CLÍNICOS: Dentre os sinais indicativos de infecção pelo PPV em uma granja destacam-se: nascimento de leitegadas pequenas, associados com fetos mumificados de diferentes tamanhos, geralmente resultantes de fêmeas não vacinadas ou de primeira cria; aumento das taxas de retorno ao cio; ausência de sinais clínicos nas fêmeas afetadas; gestação falsa em algumas fêmeas; leitegadas com fetos mumificados e normais; e natimortalidade aumentada. DIAGNÓSTICO: O material a ser analisado deve incluir fetos mumificados, restos fetais e fragmentos de tecidos necróticos. Pode-se também enviar amostras de soro pareado das fêmeas, amostras de soro dos fetos abortados, dos leitões natimortos ou dos leitões antes da ingestão do colostro. CONTROLE E PROFILAXIA: O controle deve ser baseado na vacinação. Recomenda-se a vacinação das fêmeas pelo menos 30 dias antes do período de cobertura (duas doses com 30 dias de intervalo) e a aplicação de reforços anuais. A imunidade passiva pode interferir com a vacinação de fêmeas em cobertura antes dos sete meses de idade. PARVOVÍRUS BOVINO (BPV) A infecção pelo BPV recentemente classificado no gênero Bocavirus, encontra-se disseminada mundialmente. Existem relatos de hipoplasia cerebelar congênita e de doença respiratória associadas com a infecção pelo BPV. Acredita-se que a dificuldade em esclarecer o impacto patogênico desse agente está associada à dependência de outros fatores, tais como: manejo, falha da imunidade passiva e a presença de infecções concomitantes. SARAH ALMEIDA SANTOS
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