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LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 • Clinicamente, o excesso de cura pode ser tão importante quanto a falha da ferida. • As manifestações clínicas de cura exuberantes são uma multiplicidade e diferem na pele (cicatriz hipertrófica, queloide), nos tendões (retração, gerando debilidade no movimento), TGI (aderências intestinais), órgãos sólidos (fibrose pulmonar, cirrose hepática) ou na cavidade. • Na pele: mais clássicos são cicatriz hipertrófica e queloide. • Estenoses: esofágica mais comum (ex. muito refluxo esofagiano pode causar inflamação), piloro (refluxo, rafia após cirurgia), traqueia (balonete do tubo no paciente entubado causa trauma repetido no local, pode evoluir até para insuficiência respiratória). • Aderências intestinais: alças fibrosas, ligam as paredes de uma alça intestinal com paredes de outra. 1 CURA EXCESSIVA Cura das Feridas II LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 • Superabundância de fibroblastos no processo de cura da derme. • Ocorrem após trauma de pele, podem ser dolorosas à palpação, pruriginosas e causar uma sensação de queimação. Podem ser cirúrgicas ou não. CICATRIZES HIPERTRÓFICAS: - Elevam-se acima do nível da pele, mas permanecem dentro dos limites da ferida original. - Desenvolvem dentro de 4 semanas após o trauma. - Risco de ocorrer está associado ao aumento do tempo de epitelização, independente da raça, local e idade. - Epitelização normal ocorre em até 21 dias, pacientes com o processo mais demorado têm maior predisposição a desenvolverem cicatrizes hipertróficas. - A maioria regride com o tempo.. - Ocorrem em área de tensão (mama) e superfícies flexoras (cotovelo, joelho). - Inicialmente são eritematosas e elevadas e evoluem em cicatrizes pálidas e achatadas. QUELOIDES: - Elevam-se acima do nível da pele, porém se estendem além da margem da ferida original. - Tendem a desenvolver de 3 meses a anos depois da lesão inicial - Não tem relação com tamanho da lesão, lesões pequenas podem desenvolver queloides extensos. - São mais comuns em etnicidades de pigmentação mais escura, africanos, espanhóis e asiáticos. Dominância autossômica. - Não regridem. - Con s i s t ê n c i a f i b r oe l á s t i c a o u consistência mais endurecida. - Pode ser pequena ou grande, penduculadas, achatadas, pode espalhar pro tecido adjacente a lesão. - R a r a m e n t e a c o m e t e t e c i d o subcutâneo , norma lmente são superficiais. - Paciente com predisposição pode desenvolver queloide após cirurgia mesmo se forem tomados todos os cuidados meticulosamente. - Resultam de cirurgias, queimaduras, abrasão, tatuagens, vacinações, acne, ca tapora , zos ter , fo l i cu l i te ou espontâneo. - Tamanho varia. - Locais mais comuns são: lobo da orelha, deltóide, pré esternal. 2 CICATRIZES HIPERTRÓFICAS E QUELOIDE LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 - Raramente ocorre em pálpebra, genitália, palma das mãos, planta dos pés. • Restauração da função da área, alívio dos sintomas e prevenção de recidiva, esteticamente também. • Maioria das vezes associadas a vários tratamentos. 1. Excisão isolada do queloide: - Alta taxa de recidiva (45 a 100%). - Ressecção de grandes lesões. - Terapia de segunda linha (só fazer depois de tentar outros tratamentos). 2. Tratamento combinado: excisão + silicone: - Objetivo de evitar hipertrofia de rebote. - Mecanismo de ação desconhecido (acredita-se que o silicone aumenta a hidratação da pele, diminuindo atividade inflamatória da região, acredita-se que isso está re lac ionado ao bom resultado). - Relativamente indolor. - Aplicação mantida durante 24h por cerca de 3 meses (película de silicone). - Valor elevado. Não é sempre ofertado pelo SUS. 3. T r a t amen t o c om co r t i c ó i d e intralesional: - Primeira linha para queloide e segunda linha para cicatrizes hipertróficas. - Taxa variável de reposta e recidiva (sozinho não tem resultado tão significativo, melhor com associações.) - Mecanismo de ação: diminuem a proliferação de fibroblastos, síntese de colágeno e glicosaminoglicanos, o processo inflamatório e os níveis de TGFbeta. - Injeções mais eficazes em cicatrizes mais recentes. - As lesões amolecem, aplanam e aliviam os sintomas, porém a lesão não desaparece, apenas diminui. - Não estreita l e s õ e s alargadas. 3 TRATAMENTO LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 4. Tratamento combinado: - Excisão = injeção de corticóide intralesional: - Melhores resultados quando associado. - Injeções seriadas a cada 2-3 semanas. - Mais indiada é a Triancinolona. Beta30 também pode ser usado, porém menos eficaz. - Pode fazer no máximo 3 semanas, pois o corticóide em excesso pode gerar complicações (atrofia do tecido, h i p op i gmen t a ção d a c i c a t r i z , telanglectasia, podendo até gerar necrose e ulceração da ferida). - Além do injetável, existe o adesivo, menos utilizado. Este fica 12h na ferida. 5. Tratamento com radiação: - Mecanismo de ação: destruição dos fibroblastos. - Resultados variáveis e inconfiáveis. - Pode chegar a 100% de recidiva. - Mais riscos de complicação até que o corticoide. - Riscos de hiperpigmentação, prurido, eritema, parestesia e dor. Possível malignidade secundária. - Melhores resultados associados a cirurgia. - Mais feito em adultos. - Fazer quando outros tratamentos não funcionam, última escolha. 6. Tratamento por compressão: - Utilizado para cicatrizes hipertróficas. - Auxilia na maturação do colágeno, a c h a t a c i c a t r i z e s , me l h o r a o adelgaçamento e a flexibilidade. - Mecanismo de ação: reduz o número de células devido a isquemia e diminuindo assim p metabolismo tecidual. - Deve ter inicio precoce, compressão de 24 a 30 mmHg, usar roupa compressiva por 24h, por 1 ano ou mais. - C o m u m e m t r a t a m e n t o d e queimadura. • Aderências peritoneais são bandas fibrosas de tecidos formados entre ó rgãos que norma lmente são separados e/ou entre órgãos e. a parede interna do coração. • Causada por cirurgias, lesão térmica ou isquêmica, inflamação ou reação a corpo estranho. • As lesões provocam uma resposta inflamatória na cavidade peritoneal, ocorrendo no fim do processo o depósito de fibrina entre as superfícies serosas danificadas, porém opostas. 4 FORMAÇÃO DE CICATRIZES PERITONEAIS (cicatrizes) LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 • São uma das principais causas de abdome agudo obstrut ivo, mais comumente de intestino delgado. • A região lesada tem depósito de fibrina, que causa as traves fibróticas. • Em alguns casos, as aderências são transitórias e desaparecem ou ficam muito finas (sem causar problemas) após o fim desse processo (destruídas por proteases). • Aderências muito espessas não desaparecem e podem causar inúmeros problemas, inclusive até mesmo obstrução intestinal. 1) Como ocorreu a lesão? - Importante para descobrir , por exemplo, se é uma lesão infectada. - Mecanismo do trauma? 2) Exame: - Profund idade da doença: ma is superficial, profunda… - Avaliar estruturas subjacentes. - Configuração, extensão… (perdeu tecido, etc.). - Tecido viável ou não viável? - Às vezes é preciso limpar a ferida para examiná-la melhor. 3) Preparação: - Anestesia local: lidocaína com ou sem epinefrina (vasoconstritor, também faz hemostasia). Extremidades (dedos, nariz, logo de orelha) não devem ser anestesiadas com epinefrina, pois a diminuição da vascularização dessas regiões pode causar necrose. - Exploração: pode palpar lesão, ver estruturas subjacentes lesadas. - Limpeza: irrigação pulsada, soro fisiológico somente (não usar iodo em ferida aberta). Também ajuda para melhoras análise da ferida. - Hemostasia: parar sangramentos presentes (ligadura, eletrocautério…),evacuar hematomas formados. - Desbridar tecido não viável: tecido que não tem mais vascularização deve ser removido (paciente que não tem corte reto deve ter o tecido que não “encaixa” desbridado para que seja feita melhor coaptação das bordas da ferida). - Betadine na pele circundante (anti- séptico). - Antibiótico: avaliar necessidade. - Tétano: avaliar necessidade. 4) Aproximação: - Camadas profundas : aprox imar camadas, fáscias somente, usar sutura absorvível (ex: vycril). 5 TRATAMENTO LOCAL DE FERIDAS AGUDAS LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 - Camadas superficiais: alinhamento deve ser meticuloso. Pode utilizar suturas inabsorvíveis na pele, grampos, monofilamentos, colas dérmicas. 5) Acompanhamento: - Se formou celulite, infectou… - Se é necessária drenagem. - Remoção das suturas: 4-5 dias em lesões na face, 7-10 dias em outra parte do corpo. • Antibióticos devem ser usados apenas quando houver infecção na ferida. • Presença de sinais de infecção: 1) Eritema. 2) Celulite. 3) Edema. 4) Corrimento de pus (obrigatório). • Escolha do antibiótico, caso necessário, deve ser levado em consideração o provável organismo que contaminou a ferida e estado imune global do paciente. • A principal finalidade dos curativos nas feridas é prover um ambiente ideal para a cura da ferida. • Imita o papel de barreira do epitélio e evita danos adicionais. • Fazer compressa (curativo mais apertado) ajuda na hemostasia e limitação do edema. • Controla o nível de hidratação e tensão de oxigênio dentro da ferida. • Permite transferência de gases e vapor d’agua da superfície da ferida para a atmosfera. • Ajuda na síntese do colágeno e migração das células epiteliais. • Feridas infectadas não podem ser ocluídas (curativo oclusivo: todo fechado). • Curativo primário (direto na ferida, evita infecção) e secundário (por cima do primário em alguns casos, mais proteção). CURATIVO ABSORVENTE: - Secundário. - Acúmulo de líquido na ferida pode levar à maceração e excessivo crescimento bacteriano. - Curativo deve absorver sem ficar totalmente embebido. - Se ficar muito embebido, permite que bactérias externas entrem em contato com a ferida. 6 CURATIVOS LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 CURATIVO INADERENTE: - São impregnados com parafina, vaselina ou gel hidrossolúvel, para uso como cobertura não aderente, para que não grude na ferida. - O curativo inaderente é primário - Curativo secundário é necessário para evitar ressecamento e infecção. CURATIVOS OCLUSIVOS E SEM OCLUSIVOS: - Curativos em película, à prova d’água e impermeáveis a micróbios, mas permeáveis a vapor d’água e oxigênio. - Indicados para feridas limpas e pouco exsudativas. - Não usar em feridas infectadas. - Curativo semi-oclusivo: - Curativo oclusivo: CURATIVOS HIDROFÍLICOS E HIDROFÓBICOS: - Componentes de um curat ivo composto. - A parte hidrofílica ajuda na absorção. - A parte hidrofóbica é a prova d’água e impede a absorção. - Hidrocoló ide: absorve exsudato (geralmente usado em feridas médias exsudativas). - Hidrogel : permite alta taxa de evaporação sem comprometer a hidratação da ferida. Indicado para t r a t a m e n t o d e q u e i m a d u r a (geralmente usado em feridas secas, às vezes necróticas). - Proporcionam alivio da dor. - Mantém hidratação. CURATIVOS hidrocolódies e hidrogéis: - Combinam os benefícios da oclusão e absorvência. - Hidrocolóide: absorve exsudato. - Hidrogel : permite alta taxa de evaporação sem comprometer a hidratação da ferida. Indicado para tratamento de queimadura. 7 LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 ALGINATOS: - Curativos derivados de algas. - Processados sob a forma de cálcio, os alginatos se transformam em alginatos de sódio solúveis através de troca iônica na presença de exsudatos da ferida. - Os polímeros gelificam, incham e absorvem grande volume de liquido. - Usados para perda de pele, feridas cirúrgicas abertas com exsudação média e em feridas crônicas de espessura total. - Muito usados em úlceras de pressão (deixar até 7 dias o curativo na úlcera, ele vai absorvendo o exsudato, faz o processo de cicatrização por segunda intenção…) MATERIAIS ABSORVIVEIS: - Utilizados dentro das feridas como hemostáticos. - Exemplos: curativos que vêm com colágeno, gelatina, celulose oxidada e celulose regenerada. CURATIVOS MEDICADOS: - Alguns já vem com medicamento. - São administrados a partir do curativo o peróxido de benzoíla, óxido de zinco, neomicina e becitracina-zinco. - Em muitos pacientes, têm resultado 30% melhor na cicatrização do que quando usados cura t ivos sem medicação. - O tipo de curativo é escolhido de acordo com a quant idade de drenagem das feridas. APARELHOS mecânicos associados ao curativo: - Terapia mecânica, onde o sistema de fechamento vacuoassistido auxilia no fechamento da ferida apl icando pressão negativa. - A pressão negativa contínua é muito eficaz para remover exsudatos da ferida. - Dependendo do tamanho da lesão, o paciente pode fazer o tratamento em casa. - Pode usar em feridas crônicas, enxertos, feridas agudas traumáticas…. 8 LAURA ARAUJO - MED 102 F. DA CIRURGIA - AULA 5 ENXERTOS DE PELE CONVENCIONAIS: - Enxertos podem ser de espessura parcial (epiderme e parte da derme) ou total (toda a derme e epiderme). - Enxertos autólogos (parte do próprio corpo do doente) ou alógeno (de outra pessoa, doador idêntico vivo ou cadáver). - A ferida deve ser preparada para receber esses enxertos: 1. Desbridamentos para remover necrose; 2. Controle do edema.; 3. Revascularização do leito; 4. Diminuição da carga bacteriana; 5. Minimizar ou eliminar exsudato. SUBSTITUTOS DA PELE: - Desenvo lv i dos para promover cobertura de feridas extensas com l imitada disponibi l idade de auto enxertos. - Vantagens: coleta indolor, aplicativos livremente ou sutura cirúrgica. - Desvantagem: sobrevida limitada, alto custo e necessidade de múltiplas aplicações. - Exemplos: pele de tilápia, substitutos sintéticos. 9
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