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Educação a Distância e Estratégias de Mediação Aula 7 Unidade 4 Educação a Distância e Estratégias de Mediação Aula 7 Sumário Aula 07 Educação a Distância e Estratégias de Mediação 1 Finalidades da Avaliação e do feedback na EaD 4 2 Características de uma boa Prática de Avaliação 9 3 Práticas do Tutor na Avaliação de Diferentes Tipos de Trabalhos 13 1 Finalidades da Avaliação e do Feedback na EaD No EAD, a avaliação é o foco da comunicação entre tutores e alunos. Os trabalhos muitas vezes têm um maior ‘peso’ no EAD do que na aprendizagem presencial, tanto técnica como perceptualmente. No EAD, a avaliação muitas vezes baseia-se muito nos trabalhos; em contraste, a avaliação na aprendiza- gem presencial muitas vezes inclui a participação nas aulas. Os professores em situações presenciais podem usar as suas observações dos alunos em ac- ção como indicadores dos pontos fortes e fracos dos alunos. Para estes indicadores, os tutores no EAD baseiam-se em trabalhos ou em mensagens subtis noutras comunicações com os alunos. No EAD, a avaliação e o feedback servem como: • um guia para os alunos sobre os elementos essenciais do curso • indicadores da progressão do aluno e das ne- cessidades do aluno • ponto focal de diálogo entre o aluno e o tutor 4 • meio de verificar e validar o que foi alcança- do pelos alunos • indicadores dos pontos fortes e fracos dos ma- teriais do curso • indicadores para a instituição de ensino de questões de qualidade. Iremos considerar cada um destes objectivos da avaliação no EAD em maior profundidade. UM GUIA PARA ELEMENTOS DO CURSO Muitos alunos consideram os trabalhos como indicadores daquilo que é realmente importante no curso, e adaptam as suas actividades de aprendiza- gem às exigências dos trabalhos. ‘Os alunos tomam decisões estratégicas sobre como avançarem nas matérias, se deverão saltar secções, ou mesmo passar por cima de determinados capítulos, conforme a sua percepção do que irá ser necessário para os trabalhos de avaliação’. (Morgan and O’Reilly, 1999) Os alunos, especialmente os alunos no EAD com muitos compromissos laborais, pessoais e de estudo, querem tirar o máximo de partido do tempo que têm para estudar. Procuram pistas nos materiais de estudo, sobretudo nos trabalhos, sobre o que deverão estudar. Alguns trabalham de uma forma estratégica, pergun- tando ‘O que é que eu preciso de estudar para fazer este trabalho?’ e definindo um plano de estudo em confor- 5 midade. Alguns trabalham de uma forma experimen- tal: primeiro tentam fazer o trabalho, e recorrem aos materiais do curso quando encontram algo que não conseguem fazer. Assim sendo, trabalhos que sejam in- consistentes com os objectivos ou o conteúdo do curso poderão conduzi-los na direcção errada. (...) INDICADORES DE PROGRESSÃO Alunos e tutores contam com as actividades dos trabalhos para: • terem uma noção do progresso feito • identificar os pontos fortes e fracos dos alunos • diagnosticar áreas que necessitem de reforço ou correcção. Importante para os alunos do EAD, as avaliações respondem à questão ‘Como é que me estou a sair?’ Os alunos do EAD contam com o feedback e os comentá- rios do tutor, porque estão distanciados do contexto de aprendizagem e não recebem o feedback informal que os alunos recebem num ambiente presencial. Os alunos adultos que regressam a uma aprendizagem formal po- derão sentir falta de confiança nas suas competências e conhecimentos, e por isso ter uma maior necessidade de feedback externo, confirmando a sua competência como alunos. Como diz um aluno: ‘Estudar o curso, em comparação com o fazer o trabalho, é como a diferença entre praticar um des- porto e competir’. (SSRG/45/2002) 6 (...) UM PONTO FOCAL PARA O DIÁLOGO As actividades de avaliação são um ponto focal para as actividades instrucionais e de tutoria. Alu- nos que estejam relutantes em contactar o tutor po- derão ter maior facilidade em fazer perguntas sobre trabalhos do que em colocar questões gerais sobre o curso. Os trabalhos e as avaliações devem estimular o diálogo sobre os conceitos no curso e os desafios no material. A preparação de um trabalho e a obtenção de feedback pode iniciar um diálogo entre o aluno e o tutor, ou entre um grupo de alunos e o tutor. VERIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO DE RE- SULTADOS A validação dos resultados dos alunos do EAD através de trabalhos é consistente com a educação presencial convencional. No EAD, onde poderá ha- ver pouco ou nenhum contacto visual com os alunos, existem muitas vezes estratégias administrativas ou académicas adicionais, para confirmar: • se o traba- lho de um aluno é realmente dele • a identidade do aluno nos exames • se o aluno e a pessoa que recebe o crédito são a mesma pessoa. Embora no ensino presencial exista o mesmo número de oportunidades de plágio, estas estratégias respondem às preocupações dos educadores sobre a integridade do ODL. 7 As preocupações com a validação podem ser cor- respondidas, sem colidir com os objectivos e a filosofia do curso, com actividades de avaliação e estratégias de classificação que incluem: • trabalhos que requerem al- gum input baseado na experiência do aluno • trabalhos que são cumulativos, de forma a que cada trabalho se baseie no anterior • interligando componentes em tra- balhos que têm de ser consistentes no estilo e no tema, como sejam actividades de reflexão entregues durante o curso, e um diário de aprendizagem entregue no fim. INDICADORES DE PONTOS FORTES E PONTOS FRACOS NOS MATERIAIS DO CURSO Se os alunos tiverem consistentemente dificul- dades nas actividades de avaliação, isso pode indi- car: • tarefas de avaliação mal concebidas • áreas problemáticas nos materiais do curso. Os trabalhos mal concebidos podem resultar em respostas dos alunos totalmente diferentes e ina- dequadas. Trabalhos consistentemente incompletos numa área poderão ser indicação de que a matéria do curso não é clara, ou que a avaliação não se ba- seia bem nos materiais do curso. INDICADORES DE QUALIDADE PARA A INSTITUIÇÃO DE ENSINO A avaliação e os seus resultados podem fornecer sinais às instituições de ensino sobre questões de qua- 8 lidade, como seja a eficiência do curso, a adequação dos pré- requisitos, standards de admissão, e standar- ds para a conclusão do curso. Se um número signifi- cativo de alunos que correspondia aos standards de admissão e cumpria os pré-requisitos fracassar em etapas do processo de avaliação, poderá haver um problema com o curso, com as estratégias instrucio- nais, ou os requisitos serem muito avançados. As informações reunidas através do processo de avaliação podem ser usadas para identificar proble- mas, para documentar a eficiência de materiais de curso, ou para destacar diferenças entre os diferentes grupos de tutores ou estratégias. 2 Características de uma boa Prática de Avaliação Na maioria dos cursos na modalidade a distância, o professor responsável pela elaboração do curso e se- leção de conteúdos também prevê os trabalhos a serem realizados pelos alunos. Nestes casos, ainda que o tutor não participe ativamente da concepção dos trabalhos, ele deve ser capaz de reconhecer as qualidades de um trabalho bem concebido, pois será responsável por sua aplicação e pelos parâmetros de avaliação. Morgan e O’Reilly (1999) identificam os se- guintes elementos para um trabalho bem concebido para o EAD: 9 • razões claras e um método pedagógico con- sistente • valores, objectivos, standards e critérios ex- plícitos • tarefas autênticas e holísticas • estrutura facilitante (o equilíbrio certo entre encaminhamento e flexibilidade) • avaliação formativa suficiente e atempada • consciência do contexto de aprendizagem e percepções. Podemos também considerar as características da concepção de trabalhos e das estratégias de ava- liação que apoiam a aprendizagem e alcançam os objectivos da avaliação. Devem ser: Justos Na concepção de trabalhos,‘justo’ significa que os trabalhos devem ser consistentes com o conteúdo e os objectivos do curso, e com aquilo que foi dito aos alunos ser importante. Um trabalho deve ser viável quanto ao tempo atribuído para o fazer, com os re- cursos e tecnologias de que o aluno dispõe. Os traba- lhos devem ser espaçados de forma a que os alunos possam receber e processar o feedback sobre traba- lhos anteriores antes de fazerem o próximo trabalho. O justo, em termos de avaliação dos alunos, significa estratégias que sejam transparentes para os 10 alunos e que dêem um tratamento igual a trabalhos com valor idêntico. Claros Na concepção dos trabalhos, a clareza assegura que a tarefa é fácil de compreender e sem ambiguidades. Na avaliação dos alunos, os princípios e os métodos de avaliação devem ser apresentados com clareza, quan- do é dada a tarefa de avaliação, para que os alunos os possam utilizar como guias na realização do trabalho. Centrais Os trabalhos devem ser concebidos de forma a que a tarefa solicitada esteja relacionada com um elemento importante do curso, de forma a desenvol- ver e testar os conhecimentos e as competências cen- trais ao conteúdo do curso. A avaliação dos alunos deve centrar-se nos objectivos e nos elementos essen- ciais do trabalho. Convenientemente exigentes Na concepção dos trabalhos, a tarefa a realizar deverá ser tal que a maioria dos alunos a possa fa- zer bem, mas deve testar ou desenvolver novas com- petências e conhecimentos. A avaliação dos alunos deve basear-se em expectativas razoáveis em relação aos alunos nesse contexto, considerando os objecti- vos, o conteúdo e o nível do curso. Interessantes A tarefa de avaliação deve ser intrinsecamente interessante para os alunos, e a sua execução valer a 11 pena, em vez de apenas se exigir a execução de exer- cícios irrelevantes. A avaliação dos alunos deve re- lacionar-se com os interesses e objectivos dos alunos, e com os objectivos do curso. Responsivos Na sua concepção, o trabalho deve permitir aos alunos seguirem os seus próprios interesses ou aplicarem aquilo que aprenderam a uma situação prática, ou ao seu próprio contexto. A avaliação dos alunos deve reco- nhecer as diligências dos alunos na abordagem dos seus interesses específicos e contexto no seu trabalho. Útil para a próxima etapa de aprendizagem Os trabalhos e as avaliações devem fornecer uma orientação quanto às estratégias de aprendiza- gem e conceitos mais importantes na etapa seguinte do curso ou de outros cursos. Eficazes Os trabalhos devem permitir aos alunos de- monstrarem a sua interpretação do conteúdo do curso. A avaliação dos alunos deve identificar clara- mente a interpretação e as competências dos alunos quanto a um determinado aspecto do curso, e permi- tir aos tutores diagnosticarem os pontos fortes e fra- cos dos alunos e fornecerem um feedback adequado. Flexíveis Á execução dos trabalhos deve ser viável para alunos com diferentes níveis de conhecimentos e competências, trabalhando a um nível que seja apro- 12 priado para eles, aumentando-se ou diminuindo-se a complexidade do trabalho conforme as suas necessi- dades. A avaliação dos alunos deve ser adaptável às necessidades dos alunos, ao mesmo tempo que deve manter os standards acadêmicos. Fomentar aprendizagem e diálogo Quer os trabalhos quer a avaliação dos alunos de- vem promover a discussão entre o tutor e o aluno sobre o trabalho do aluno e sobre os conceitos no curso. Fonte: www.abed.org.br/col/tutoriaead.pdf 3 Práticas do Tutor na Avaliação de Diferentes Tipos de Trabalhos Com vistas à atuação do tutor, a tabela a se- guir foi extraída do Manual da COL, e sugere es- tratégias para a classificação de competências e conhecimentos nos diferentes tipos de trabalhos. As estratégias de classificação são orientações que poderão ajudá-lo em sua prática de tutoria, na ava- liação e no retorno adequado ao aluno com vistas à construção do conhecimento. Lembramos que são apenas orientações e que deverão ser apri- moradas de acordo com seus estudos complementares e com o contexto de cada curso. 13 Tipos de traba- lhos Competências e conhecimentos Estratégias de classificação Temas, relatórios, diários. Pensamento críti- co e fazer juízos. Dê feedback so- bre cada tópico principal e sobre métodos de apre- sentação. Atribua a nota à qualidade da análise, clareza, coerência e pleni- tude. Trabalho indivi- dual ou em grupo sobre case studies, cenários. Resolução de problemas e de- senvolvimento de planos. Dê feedback so- bre o processo e o resultado. Atribua nota à coerência e plenitude de análi- se e soluções, mé- todos de apresen- tação e provas de efetividade de in- teração em grupo. Resolução de pro- blemas específicos da disciplina (ma- temática, ciências, medicina). Aplicação de co- nhecimentos téc- nicos à resolução de problemas. Dê feedback sobre o processo, esco- lha da metodolo- gia, métodos de aplicação, precisão e clareza. Atribua nota a processos e resultados. Avaliação em la- boratório ou no local de trabalho, demonstrações em vídeo, reuniões on- site. Execução de pro- cedimentos e téc- nicas de demons- tração. Dê feedback so- bre a escolha e a aplicação de mé- todos. Atribua nota ao processo, resultados, conhe- cimentos e com- petências demons- trados. 14 Contratos de aprendizagem, di- ários de aprendi- zagem, portfólios. Gestão e desen- volvimento pró- prio Dê feedback so- bre a plenitude e coerência. Atribua nota à análise, à sua aplicação na prática, e à quali- dade da apresenta- ção dos portfólios. Desenvolver uma base de dados ou bibliografia ano- tada, execução de uma tarefa que requeira reunir in- formações ou da- dos de pesquisa. Aceder e gerir in- formações Dê feedback so- bre a identificação da tarefa, plane- jamento e imple- mentação. Atribua nota à consistência da análise e aplica- ção, plenitude e coerência da pes- quisa. Projetos, portfó- lios, atuações em vídeo ou cassete de áudio. Concepção, cria- ção e execução Dê feedback sobre a análise, planeja- mento, concepção e implementação. Atribua nota ao processo, resulta- do, prova de uso eletivo de compe- tências e qualidade da apresentação. Relatórios, diários, temas, gráficos, mapas, debates em direto ou gravados em vídeo ou áu- dio, apresentações, encenações, deba- tes em conferência por computador. Comunicação Dê feedback so- bre a análise, sele- ção de métodos e meios de comuni- cação, eficácia da aplicação de méto- dos. Atribua nota ao processo, resul- tado, uso eficiente de competências, adequação e eficá- cia da aplicação de métodos/meios. Fonte: www.abed.org.br/col/tutoriaead.pdf 15 Apresentamos diferentes informações em um contexto macro sobre a atuação e as práticas de tu- toria em EaD. Pretendemos que o estudo deste material seja mais uma fonte de contribuição à ampliação de seus conhecimentos e que traga a você, aluno (a), o incen- tivo para pesquisar e aprimorar-se nesta área. A importância deste estudo não está em de- corar todas as informações apresentadas, e sim, em confrontá-las com outras fontes, de forma a construir e assimilar, em seu contexto, conheci- mentos úteis que o conduzam à excelência em sua aplicação profissional. 16
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