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ACIDENTES OFÍDICOS 1- INFORMAÇÕES GERAIS: - Há quanto tempo foi a picada? Qual foi o tempo de transporte? - E se não souber qual é a cobra? Tratar como acidente moderado. - Após 6h do acidente, a mortalidade é maior. - Mecanismos de ação dos venenos: ● Imobilização da presa por hipotensão arterial: efeitos vasculotóxico e hemotóxico; ● Imobilização da presa por paralisia: efeitos neurotóxico e miotóxico; ● Digestão da presa. - Prevalência no Brasil: Bothrops, Crotalus. - Maior agressividade: bothrops. - São mais comuns entre janeiro e abril (verão: agricultura). - Com a administração do antiveneno rapidamente após a picada, pode-se neutralizar os efeitos sistêmicos, já os locais são mais difíceis - Quadro clínico de leve, moderado a grave, de acordo com parâmetros clínicos, laboratoriais e a qtd de veneno ❖ TTPa: tempo de tromboplastina ativada ● Avalia a atividade adequada da hemostasia primária e secundária; investiga distúrbios hemorrágicos e trombóticos; monitora medicações ● Corresponde ao tempo gasto para ocorrer a coagulação do plasma com cefalina e cálcio ● A tromboplastina tem origem nos tecidos e nas plaquetas. Depende dos fatores de coagulação para transformar fibrinogênio em fibrina. ● TTPa aumentado indica: ❏ Deficiência dos fatores de coagulação ❏ CIVD ❏ Órgãos mais comprometidos: pulmões e rins ❏ Doença de Von Willebrand fvW: mediar a adesão de plaquetas ao subendotélio lesado; manter os níveis plasmáticos do fVIII (prócoagulante) ❏ Uso de heparina ● TTPa reduzido ❏ Câncer avançado: os fatores pró coagulantes das neoplasias são enzimas proteolíticas ❏ Trombofilias: estado pró-trombótico que tem alterações na coagulação ou fibrinólise ● TC e TTPa aumentados pela ação coagulante do veneno TC normal: 3 a 6 minutos 2- FAMÍLIAS: ● Boidae: jiboia, sucuri, cobra-papagaio ❏ Matam a presa por constrição ❏ São as verdadeiras serpentes “não peçonhentas” ❏ Dentição áglifa ● Colubridae: falsas-corais, muçuranas, cobra-verde, cobra-d’água ❏ Dentição áglifa ou opistóglifa (dificulta a inoculação pela localização das presas) ● Elapidae: corais-verdadeiras, cobras-corais, boicorá, ibiboca/ são as micrurus ❏ Dentição proteróglifa ❏ Consideradas dóceis ❏ Território nacional ❏ Cabeça arredondada, recoberta por escamas grandes, olhos pequenos e arredondados, corpo com escamas lisas e anéis pretos, vermelhos e brancos, ausência de fosseta loreal ● Vipiridae ❏ Dentição solenóglifa (maxilar móvel) ❏ Fosseta loreal, cabeça triangular; olhos com pupila em fenda; corpo grosso e não muito longo ❏ São lentas e possuem hábitos noturnos ❏ São elas na tabela abaixo: COM EXCEÇÃO DAS MICRURUS Bothrops Crotalus Lachesis Micrurus Exemplos Jararacas (caiçaras) Cascavéis (boicininga ou maracaboias) Surucucu (pico de jaca) Hábitat Ambientes úmidos: matas, locais cultivados, onde tem roedores (celeiros, depósitos de ração). Território nacional. Distância segura delas: 1 metro. Ambientes secos e pedregosos e locais onde há roedores Grandes florestas tropicais Hábitos Diurno Noturno; pouco agressivas (territorialização) Dóceis Bothrops Crotalus Lachesis Micrurus Características marcantes Fosseta loreal, cauda lisa, “V” invertido Fosseta loreal; guizo ou chocalho; losangos escuros com cores claras na margem Caudas com escamas arrepiadas no final Cabeça arredondada, olhos pequenos Manifestações sistêmicas CIVD, levando a hemorragias (é minoria dentre os sintomas): - gengivorragia - epistaxe - hematêmese - hematúria (ver a urina depois de 6/7h de evolução) -choque e IRA -Mialgia generalizada e intensa -Dor cervical, hemianopsia até perda de visão, ptose palpebral bilateral, sonolência e obnubilação; pupilas fotorreagentes, midríase, diplopia - Incoagulabilidade sanguínea reversível -sudorese, secura na boca -paralisia velopalatina -Rabdomiólise -IRA 3- FISIOPATOLOGIA BOTHROPS 3.1. Ação coagulante: ● Do tipo trombina: transforma fibrinogênio em fibrina. Como? Pela ação das proteases, ativando o fator X e a protrombina ● Não é neutralizada pela heparina. Por quê? A heparina é um anticoagulante, e como essa ação vai consumir os fatores de agregação das plaquetas, não vai ser possível coagular o sangue. ● Não adianta usar vitamina K e afins. Por quê? Motivo acima. ● Consome fatores V e VII levando à coagulopatia de consumo, isto é, por consumir os fatores de agregação das plaquetas, há uma CIVD (coagulação intravascular disseminada), que é o maior causador de morte. Se der o anticoagulante sem dar o antiveneno, vai acontecer a CIVD. - O normal seria a formação de coágulo com sua subsequente dissolução, para o reparo tecidual. Na CIVD, esses processos são anormais e amplificados, o que leva à coagulação disseminada e à fibrinólise. - O fator iniciador da CIVD é o fator tecidual, que é exposto em trauma, queimaduras, etc., e está também nos vasos. Em uma lesão, o colágeno é exposto, e isso libera esse fator tecidual (fator III) que vai ser importante para o tampão plaquetário. Essa exposição é amplificada em situações de anormalidade, formando fibrina em vários pontos da microvasculatura - Características da CIVD ❏ Trombocitopenia: consumo de plaquetas ❏ Coagulopatia: consumo de fatores de coagulação ❏ Anemia hemolítica: destruição de hemácias ❏ Gangrena periférica: obstrução de pequenos vasos por microtrombos de fibrina ● Consome o fibrinogênio, causando incoagulabilidade (sem fibrinogênio, não tem formação de fibrina, assim, não forma coágulo). Isso é reversível com a reposição do fibrinogênio. ● Hemorraginas 3.2. Ação necrosante ou proteolítica ● Intensificada com o torniquete ● Ocasiona liponecrose(?), mionecrose e lise das paredes vasculares ● Necrose: causada pelo próprio veneno e/ou pela isquemia dos vasos na região afetada ● Edema: ❏ Aumento da permeabilidade dos capilares e veias ❏ Ação dos mediadores endógenos liberados pelo veneno (histamina, prostaglandina e cinina, que são vasodilatadores e aumentam a permeabilidade vascular) ● Essa ação proteolítica decorre do efeito direto de proteases, fosfolipases, hialuronidases(quebra o ácido hialurônico, deixando o tecido menos viscoso e mais permeável à difusão dos líquidos) e outras enzimas sobre os tecidos ● Mionecrose: ação das miotoxinas, que possuem ação direta no músculo, ação similar à fosfolipase 2(que libera ácido araquidônico, que é um regulador do crescimento muscular) 3.3. Ação vasculotóxica ● Ação direta do veneno sobre o endotélio ● Hemorragias locais ou sistêmicas, afetando pulmões, cérebro e rins. As hemorraginas destroem a membrana basal dos vasos, causando sua ruptura e extravasamento de sangue, levando a capilarites e plaquetopenias de consumo. Elas explicam os casos de hemorragias sistêmicas mesmo na ausência de alterações na coagulação sanguínea. ● IRA: ação vasculotóxica direta ou pré-renal devido à hipovolemia e desidratação (por causa do edema) - Lesão renal com necrose tubular: ação do veneno sobre os túbulos e sobre a coagulação intravascular, que causa oclusão vascular e isquemia. 3.4. Outras ações ● Choque: - Causado pela hemorragia, sequestro de líquidos e liberação de substâncias vasoativas ❏ Hipovolemia por perda de plasma ou sangue no membro edemaciado ❏ Ativação de substâncias hipotensoras ❏ Edema pulmonar e CIVD ● Sintomas inespecíficas Vômitos, cefaleias, dor abdominal, diarreia ou colapso circulatório pela ação das cininas 4- FISIOPATOLOGIA CROTALUS Ps: NÃO MATE A SERPENTE! O soro é produzido com ela viva :) ● Composição do veneno: enzimas (do tipo trombina), peptídeos e toxinas (crotamina, crotapotina, fosfolipase A2 e convulxina...) 4.1. Ação miotóxica ● Crotoxina = fosfolipase A2(alto peso molecular, leva à necrose) + crotopotina (ligação reversível e fraca) ❏ Alterações ocorrem de 4 a 6h da inoculação ❏ De 24h a 48h: alta concentração de cálcio na mitocôndria (causa fenômenos respiratórios) ❏ Local primário de ação no músculo: membrana plasmática, está relacionada à hidrólise de fosfolipídeos ● Ação miotóxica sistêmica:liberação de mioglobina (função: acumularoxigênio no músculo para a contração) para o sangue e urina Ps.: a mioglobina é rapidamente eliminada pelo metabolismo hepático ou pelo clearance renal (avaliação da função renal pela comparação da creatinina do sangue e da urina, que é um produto do metabolismo muscular, é filtrada pelos rins e excretada a nível constante em condições normais) - Excesso da creatinina: fadiga, dispneia, edema de membros, turvação mental, náuseas e vômitos - Exame da creatinina: coleta-se a urina durante 24h e faz um exame de sangue no início e ao final desse tempo; amostra de sangue com 72h de diferença da coleta de urina. ● Rabdomiólise ❏ Condição clínica definida por lesão muscular com liberação de conteúdo intracelular, incluindo mioglobina, CK, lactato desidrogenase e eletrólitos. Gera destruição e necrose muscular. ❏ Sintomas: - Dores musculares - Hipersensibilidade local - Edema (que pode cursar com síndrome compartimental) e fadiga muscular - Febre 4.2. Ação neurotóxica ● Efeitos no SNC e periférico ● Crotoxina: paralisia, vômitos, salivação intensa, diarreia e albuminúria ● Convulsões, bloqueio da transmissão neuromuscular, porque a crotoxina atua na pré-sinapse, inibindo a liberação de acetilcolina ● Bloqueio da região periorbitária: fáscies de Rosenfeld 4.3. Ação nefrotóxica ● Ação indireta sobre os rins: mioglobinúria decorrente da rabdomiólise; obstrução tubular decorrente da mioglobina ● IRA: lesão tóxica direta + hipotensão(hipovolemia) + desidratação + acidose metabólica (perda de eletrólitos) 4.4. Ação hemotóxica ● A velocidade de hemossedimentação (VHS- eritrócitos) varia inversamente ao tempo de coagulação (TC) e aumenta com a normalização do TC. ● Aumento de leucócitos >15.000/nm3 (estresse e?) ● Plaquetas normais ou diminuídas; diminuição ou ausência de agregação plaquetárias ● Incoagulabilidade sanguínea: enzimas do tipo trombina; CIVD 4.5. Ação hepatotóxica ● Aumento do AST ou TGO (aspartato aminotransferase ou transaminase glutâmico oxalacética) ● Aumento do ALT ou TGP (alanina aminotransferase ou transaminase glutâmico pirúvica) - TGO e TGP > 150 U/l sugere curso de morte das células hepáticas - Ambas são responsáveis pela metabolização de proteínas; ● Edema 5. FISIOPATOLOGIA MICRURUS 5.1. Ação neurotóxica ● Neurotoxinas atuam na pré ou pós-sinapse. Pode haver reversão de bloqueio com o uso de anticolinesterásicos (a acetilcolina: cérebro-músculo) ● Sintomas rápidos. 6. FISIOPATOLOGIA LACHESIS: evolui para amputação de membros ● Ações coagulante, necrosante, vasculotóxica e neurotóxica (síndrome vasovagal) 7. SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA ● Trauma agudo ● Fica difícil, nesses acidentes, avaliar a VHS, pois, com o sangue incoagulável, o fibrinogênio é consumido ● Proteínas positivas de fase aguda - Geralmente negativas em normalidade - Proteína C reativa, mucoproteínas, fibrinogênio, etc. - Sintetizadas pelo fígado - Elevam-se cerca de 8h após trauma agudo e/ou stress intenso ● Proteínas negativas de fase aguda - Albumina, pré-albumina, transferrina - Baixo níveis séricos imediatamente após o trauma agudo moderado ou grave ● Pacientes com septicemia - Aumento da produção de ureia, das p.r. de fase aguda ● Efeitos do soro antiofídico: podem desencadear reação de fase aguda 8. TRATAMENTO ● Geral: ❏ Paciente deve ser colocado em repouso e levado para o hospital; ❏ Retirar aneis e alianças do dedo ❏ Membro elevado; ❏ Internação ❏ Aplicação do soro: - Específico ao gênero sempre que possível - Dose única, de preferência IV - Perguntar se o paciente tem alergia-equinos - Não se dilui o soro, para que seja aplicado o mais rápido possível - Deve ser aplicado de 15 a 30 min e ter drogas preparadas para o caso de reação ➢ Ter um bom acesso venoso ➢ Deixar preparado o laringoscópio ➢ Frasco de solução fisiológica ➢ Adrenalina (1:1000) e aminofilina - Se o paciente apresentar choque anafilático durante a infusão do soro: suspender a infusão, tratar a anafilaxia, retornar o tratamento Pode adm a ampola com margem de erro, de acordo com as circunstâncias (precaução, não saber qual é a cobra) ❏ Pior prognóstico: chegada após 6h do acidente (vale para todos) ❏ Se após 12h do tratamento, o sangue estiver incoagulável, acrescentar mais 100mg de soro ❏ Analgesia - Contraindicado uso de antiinflamatórios, com exceção da hidrocortisona. - Indicados: dipirona, paracetamol e opioides ❏ Hidratação: 50 a 60ml/peso nas primeiras 24h - Manter equilíbrio eletrolítico devido à IRA. Grandes volumes plasmáticos ou sanguíneos podem ficar sequestrados no membro atingido. ❏ Tratar complicações locais - Síndrome compartimental: fasciotomia descompressiva - Drenar abscessos e associar à ATB: cefuroxima 125 a 250mg/dose 2x ao dia VO - Desbridar áreas necrosadas (removê-las) - Doença do soro de 6 a 10 dias após a adm ➢ Urticária, artralgia, febre, proteinúria ❏ Tempo de coagulação antes e 12h após o início do tratamento - Se o TC permanecer alterado no dia seguinte à infusão do soro, repetir 2 ampolas e reavaliar. - Não adianta aplicar vitamina K e afins, sem o antiveneno ❏ Limpeza local com KMnO4: banhos antissépticos ❏ Tratar como moderado o paciente que não se sabe por qual cobra foi picado ❏ ● Bothrops - Internação, repouso e drenagem postural para a remissão do edema com o membro atingido a 45º do coração - Se tiver infecção secundária: sulfametoxazol e trimetropim: 1cp a cada 12h - Em caso de falha terapêutica: cefalosporinas (cefalexina VO, 40 a 50mg/kg por dia) e/ou aminoglicosídeos - Não retardar o tratamento - Na dúvida, usar soro polivante - Avaliar a necessidade de ATB: cefuroxima 125 a 250mg/dose ex ao dia VO, os germes mais comuns são as Gram -. - Vacinação antitetônica (ferimento punctórico), soro antitetônico (extensas áreas necrosadas) ● Crotalus - Hiperidratação: de 1 a 2l de SF - Alcalinização da urina para evitar lesões renais - Induzir diurese osmótica com manitol (com suco de laranja, e não água, por causa do gosto) a 20% (10 a 12ml/kg) aprox. 150ml a cada 6h em um período de 3 a 5 dias para evitar a IRA. Em crianças, utilizar de 10 a 12,5ml/kg - Avaliar Na, K, Ur, Cr, se o paciente evoluir com anúria. Se tiver IRA, fazer hemodiálise - Lesões neurais e renais reversíveis ● Micrurus - Quantidade suficiente para neutralizar 150mg de veneno ● Lachesis - Inoculam grande quantidade de veneno, preconiza-se de 10 a 20 ampolas 8.1. TESTE ALÉRGICO E TRATAMENTO DAS REAÇÕES ● Reações precoces: pirogênica(diminuir o gotejamento do soro ou para a infusão), anafilática(em indivíduos previamente sensibilizados) e anafiláctoide (surge na primeira dose do veneno): USAR HIDROCORTISONA ● Reações tardias ou doença do soro: 5 a 24 dias após a infusão ➢ Urticária, linfoadenomegalia e ➢ Usar aspirina 4 a 6g/dia em adultos e 50 a 100mg/kg em crianças ➢ Urticária: dextroclorofeniramina (polaramine) 6 a 18mg/dia adultos e 0,2mg/kg crianças ➢ Casos graves: prednisona 20 a 40mg/dia adultos e 1 a 2mg/kg crianças ➢ Recuperações: 7 a 30 dias após o início do tratamento 8.2. EXAMES ● Bothrops e lachesis -TTPa* e TC* aumentados, pela ação coagulante do veneno -Aumento total de leucócitos em casos graves -Plaquetas normais ou diminuídas, mas avaliação de agregação comprometida -Fatores de coagulação diminuídos -Exame de urina: proteinúria, glicosúria e hematúria em casos graves - CK e AST podem aumentar discret. -Calemia normal ou aumentada ● Crotalus Avaliação do local da picada porque varia de um arranhão a uma marca puntiforme - Aumento de hematócrito e do número total de leucócitos -Plaquetas normais ou diminuídas, mas avaliação de agregação comprometida -Fatores de coag e TTPa alterados -Exame de urina:proteinúria, glicosúria, presença do pig. heme (pela rabdomiólise; o que dá a coloração diferente da urina) -Hiponatremia no estágio inicial, calcemia diminuída (pela rabdo) levando à hipocalcemia sérica pq o cálcio vai se depositar no músculo -TGO, TGP, CK, BHL, ureia, creatinina, eletrólitos -Comprovação da rabdomiólise: mioglobina no soro e na urina; aumentode CK sérica; AST e ALT elevados, pode ocorrer edema cerebral discreto 9. ACIDENTES POR SERPENTES CONSIDERADAS NÃO PEÇONHENTAS ● Jiboia, sucuri, cobra-papagaio ● A cobra-preta ou mucurana, por ser opistóglifa, pode ter atividade hemorrágica, proteolítica e fibrinogenolítica: edema local, equimose e dor ● Conduta: TC e fáscie neurotóxica e miogênica ● Tratamento sintomático Ana Caroline dos Santos Araújo
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