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A2 - Direito Administrativo

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Ilmo. Sra. Presidente da Comissão Processante instituída pelas Portarias ns. 001 e 
262/2020. 
 
 
 
Servidor: Mariano da Rocha. 
 
MARIANO DA ROCHA, já qualificado, vem por seus procuradores infra-assinados 
apresentar DEFESA, pelas questões de fato e de direito adiante expostas. 
 
DOS FATOS 
Em fevereiro de 2020, foi instaurado o presente Processo Administrativo Disciplinar 
(PAD) contra o indiciado, com a publicação da Portaria nº 001/2020, o qual tem como 
objetivo a apuração da ocorrência de condutas previstas no artigo 116, nos incisos I, II, 
III e VII e no artigo 117, incisos II, IX, XV, da Lei nº 8.112/1990. 
Narra que nos dias 08 e 09 de fevereiro, o servidor utilizou o bem público de forma 
indevida, causando danos, quando estava sob sua responsabilidade, sendo assim o 
requerido praticou os atos descritos nos artigos acima supracitados. Contudo, as 
alegações não devem prosperar conforme se explicará adiante. 
FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
DO MÉRITO 
Verifica-se que o servidor foi acusado de: 
a) utilizar-se de bem público de forma indevida; e 
b) ter causado danos ao bem público, quando estava sob sua responsabilidade. 
Tais penalidades encontram respaldos nos artigos 116 e 117 da Lei n. 8.112/90, a qual 
dispõe que: 
Art. 116. São deveres do servidor: 
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; 
II - ser leal às instituições a que servir; 
III - observar as normas legais e regulamentares; 
[...] 
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; 
Art. 117. Ao servidor é proibido: 
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer 
documento ou objeto da repartição; 
[...] 
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em 
detrimento da dignidade da função pública; 
[...] 
XV - proceder de forma desidiosa; 
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou 
atividades particulares; 
Contudo, analisados cuidadosamente todos esses tópicos de acusação, constata-se, a favor 
do servidor, que: 
I – quanto a acusação de utilizar-se de bem público de forma indevida 
a) Descabida a acusação da utilização do veículo de forma indevida, pois resta 
comprovado que este foi utilizado estritamente para desempenho da função lhe atribuída, 
não possuindo qualquer impedimento da utilização de veículo oficial nos finais de 
semana, desde que seja para eventual desempenho de encargos inerentes ao exercício da 
função, situação ao qual é aplicado ao caso em tela. 
Assim, não há o que se falar da utilização do veículo de forma indevida, conforme descrito 
no artigo 117, incisos II, IX, XV e XVI da Lei n. 8.112/90. 
II – ter causado danos ao bem público, quando estava sob sua responsabilidade: 
a) Descabida qualquer tipo de sansão decorrente dos danos ao veículo, eis que não resta 
existente culpa do servidor. 
Os danos causados no veículo foram exclusivamente causados pela falta de manutenção 
e sinalização da “boca de lobo”, ao qual são de total responsabilidade da administração 
púbica. 
Nesse sentido: 
"A deterioração da camada asfáltica ou a proliferação de buracos, 
irregularidades, reentrâncias, bueiros abertos ou salientes e outras 
irregularidades nas vias públicas de passagem de veículos e de 
pedestres caracterizam omissão desidiosa do Poder Público, que 
responderá pelos danos que ocorram em razão dessas 
irregularidades." (Tratado de Responsabilidade Civil: doutrina e 
jurisprudência. 7 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 
1128). 
Colhe-se da Jurisprudência: 
AÇÃO DE RESSARCIMENTO POR DANOS CAUSADOS EM VEÍCULO 
- ACIDENTE DE TRÂNSITO - BUEIRO "BOCA DE LOBO" SEM TAMPA 
EM VIA PÚBLICA - FALTA DE MANUTENÇÃO ADEQUADA - 
COMPROVADO O DANO, O NEXO CAUSAL E A CULPA - 
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA DA ADMINISTRAÇÃO 
CARACTERIZADA - QUANTUM INDENIZATÓRIO - NOTAS FISCAIS 
DOS REPAROS APRESENTADAS - AUSÊNCIA DE PROVAS E DA 
CULPA EXCLUSIVA OU CONCORRENTE DO CONDUTOR 
AFASTADAS - OMISSÃO DA AUTARQUIA MUNICIPAL NA 
CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DA REDE DE ESCOAMENTO DE 
ÁGUA COMPROVADA - DANOS MATERIAIS CONFIGURADOS - 
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO IMPROVIDO - Constatando-se que 
há comprovação, de forma concreta, do alegado dano no automóvel e que este 
tenha sido em decorrência da queda em bueiro "boca de lobo" sem tampa na 
via pública e sem a devida sinalização, resta também comprovado o nexo de 
causalidade e a culpabilidade, de forma que a demanda indenizatória deve ser 
julgada procedente. - "Nos casos de omissão por parte do Estado, a 
responsabilidade é considerada subjetiva. Cumpre, portanto, àquele que sofreu 
os efeitos do fato danoso demonstrar, além do comportamento omissivo, do 
dano e do nexo causal, que a Administração operou com culpa, ainda que não 
se possa individualizá-la." (AC n. 2006.045438-0, Rel. Des. Luiz Cézar 
Medeiros, da Capital). (TJSC, Apelação Cível n. 2011.043953-5, de Balneário 
Camboriú, rel. Des. Sérgio Roberto Baasch Luz, Primeira Câmara de Direito 
Público, j. 26-07-2011). 
Resta comprovada que houve efetiva negligência por parte da Autarquia Municipal, uma 
vez que deixou de fazer a manutenção devida no bueiro, não sinalizando a boca de lobo, 
o que acabou por gerar as avarias no veículo. 
Assim, a falta de manutenção do bueiro, bem como a falta de sinalização, caracteriza 
negligência do ente público ao deixar que uma boca de lobo elevada na pista de rolamento 
de veículo. 
Logo, a Administração Pública é quem deve responder pelos prejuízos causados, devido 
a comprovação do dano, do nexo causal e da culpabilidade. 
Ou seja, impossível a aplicação de qualquer tipo de sansão ao servidor, seja ela disciplinar 
ou pecuniária, pois estaria terceirizando a culpa. 
Portanto, em nenhum momento o servidor faltou com zelo ou dedicação ao seu cargo 
conforme preceitua o artigo 116, incisos I e II da Lei n. 8.112/90, vale ainda ressaltar, que 
ao contrário do que dispõe as acusações, o servidor realizou as tarefas que lhe cabia para 
que assim, o interesse da população fosse atendido, até mesmo no fim de semana. 
Em conclusão, constata-se com base nas provas dos autos que o indiciado não é 
responsável pelas infrações que lhe são atribuídas, razão pela qual se entende ser de 
justiça o arquivamento do presente processo. 
PEDIDOS 
Diante do exposto, requer-se: 
1. O recebimento da presente defesa prévia porquanto tempestiva; 
2. Caso seja superado o pleito acima, e demonstrada a inexistência da falta disciplinar por 
parte do investigado, nos termos da fundamentação, o arquivamento do PAD; 
3. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito; 
4. A juntada de documentos, bem como a oitiva dos atletas conduzidos pelo servidor, sem 
prejuízo de outras provas, pertinentes e relevantes à instrução. 
 
Nesses termos, pede e aguarda deferimento. 
 
Joinville, 10 de junho de 2020 
 
Larissa Hubner Daniel Franco Chimanowski 
 OAB/SC 60522 OAB/SC 58635

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