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Aula 08

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Aula 8 
Língua Portuguesa para o IBGE (Teoria e Exercícios) 
Análise de Textos (Parte I) 
Professor: Albert Iglésia 
 
 
 
Língua Portuguesa para o IBGE (Teoria e Exercícios) 
Aula 8 – Análise de Textos (Parte I) 
Prof. Albert Iglésia 
 
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Olá, prezado aluno! 
Na aula de hoje, estudaremos o conteúdo discriminado abaixo. A 
aula é realmente extensa, em virtude da quantidade de tópicos abordados e do 
simulado. Mas o importante é você não esmorecer por causa disso. 
CONTEÚDO 
Análise de Texto (Parte I) 
 Significação contextual de palavras e expressões 
 Leitura, análise e interpretação 
 Coesão e coerência 
 Adequação da linguagem 
 Equivalência e transformação de estrutura 
Então, mãos à obra! 
Significação Contextual de Palavras e Expressões 
É prudente iniciarmos tratando das relações lexicais que podem 
influenciar a análise e interpretação de um texto. São elas: 
a) Sinonímia – Palavras que indicam o mesmo objeto/referente. 
Exemplo: Longo e comprido era o corredor. As palavras destacadas são 
termos sinônimos, pois têm o mesmo referente: a dimensão do corredor. É 
possível, portanto, haver um objeto (referente) com várias denominações: 
carro, veículo, meio de transporte etc. Ocorre que também é possível que 
palavras como cara, rosto e face designem, conforme o contexto, referentes 
distintos. Veja os exemplos abaixo: 
 Tem a cara de pau de sustentar a mentira. 
 Seus rosto se enrubesceu. 
 Cristo deu a outra face. 
 Isso se dá porque sinônimos perfeitos não existem. E Embora 
se fale em palavras sinônimas, também existem frases sinônimas. 
 Joana é a mulher de Marcelo. 
 Marcelo é o marido de Joana. 
 
 
 
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Aula 8 – Análise de Textos (Parte I) 
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b) Antonímia – Vocábulos de significados opostos: dizer e 
desdizer; amar e odiar. Nem sempre é fácil detectar o grau de antonímia. 
Vejamos o caso de quente e frio, eles são antônimos? Sim, em princípio, mas 
o significado depende do contexto. Vejam os exemplos: 
 A cerveja estava quente/fria. 
 A sopa estava quente/fria. 
 Não se serve cerveja como sopa; logo cerveja quente (não 
gelada) não equivale necessariamente à quentura de uma sopa (a 70 graus, 
por exemplo). Há gradações entre as características que nem sempre 
recobrem os mesmos referentes, pois seu emprego depende de um contexto 
situacional. 
 Tanto na sinonímia quanto na antonímia existem gradações 
entre os sentidos ou nem tanto em assim. 
c) Homonímia – São palavras diferentes no sentido, tendo a 
mesma escrita ou a mesma pronúncia. É o caso dos: 
Homônimos perfeitos 
(mesma grafia e pronúncia) 
Manga (tecido) 
Manga (fruta) 
Banco (móvel para assento de pessoas) 
Banco (instituição financeira) 
Homônimos homógrafos 
(mesma grafia) 
Esse (pronome) 
Esse (nome da letra S) 
Ele (pronome pessoal) 
Ele (letra do alfabeto) 
Homônimos homófonos 
(mesma pronúncia) 
Cela (aposento; mesmo que cadeia) 
Sela (arreio acolchoado que se coloca no 
dorso da cavalgadura e sobre o qual 
monta o cavaleiro) 
 Não se devem confundir os casos de homonímias com os de 
polissemia semântica. No primeiro caso, há duas entradas distintas no 
dicionário. No segundo, trata-se de uma entrada apenas no dicionário e várias 
 
 
 
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acepções derivadas, que vão se encaixando nos vários contextos, como os 
exemplos do uso de linha, a seguir: 
 A linha era azul 
 Dizem que a única mulher que andou na linha o trem matou. 
 Esse ônibus faz a linha Norte-Sul. 
Pela polissemia, um mesmo vocábulo pode ter seu sentido 
estendido, por conotação (sentido figurado). Exemplo: Lia o livro de cabo a 
rabo (expressão que significa do começo ao fim – “cabo” remete a cabeça, a 
parte do alto; “rabo”, ao final do corpo). Essa noção ficou cristalizada na 
língua, como outras tantas: Até aí morreu o Neves; Inês é morta. Novamente 
o contexto é responsável pela definição do significado, que é 
atualizado em diferentes situações de uso. 
d) Paronímia – É a relação entre palavras que têm formas 
parecidas, mas cujos significados diferem, pois têm origens diferentes, como 
por exemplo: descrição e discrição; eminente e iminente, tráfico e tráfego, 
emigrar e imigrar. 
e) Hiperônimo e Hipônimo – Palavras como “computador”, 
“monitor”, “impressora” e “teclado” apresentam certa familiaridade de sentido 
pelo fato de pertencerem ao mesmo campo semântico, ou seja, ao universo 
da informática. Já a palavra “equipamento” possui um sentido mais amplo, que 
engloba todas as outras. Nesse caso, dizemos que “computador”, “monitor”, 
“impressora” e “teclado” são hipônimos de “equipamento”. Por sua vez, 
“equipamento” é um hiperônimo das outras palavras. 
Vamos analisar um texto (um cartoon do humorista Feifer) e 
perceber, por exemplo, como a noção de sinonímia das palavras nem sempre 
se recobre totalmente. 
“Eu pensava que era pobre. Aí, disseram que eu não era pobre, eu 
era necessitado. Aí, disseram que era autodefesa eu me considerar 
necessitado, eu era deficiente. Aí, disseram que deficiente era uma 
péssima imagem, eu era carente. Aí, disseram que carente era um 
 
 
 
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termo inadequado. Eu era desprivilegiado. Até hoje eu não tenho 
um tostão, mas tenho já um grande vocabulário.” 
(In: SOARES, Magda. Linguagem e escola – 
uma perspectiva social. São Paulo, Ática, 1986. P. 52) 
Comentário – No fragmento dado, podemos ver que o gênero textual já 
indica uma leitura político-ideológica para o texto. Trata-se de um texto 
humorístico, com uma finalidade de crítica social: enumerar os vários nomes 
(só aparentemente sinônimos) com que se costuma definir uma classe 
social (pobre, necessitado, carente, desprivilegiado etc.) não vai resolver o 
problema da pobreza no país. O único ganho para o pobre foi o aumento de 
seu vocabulário, o que não deixa de ser também uma crítica ao palavrório 
inútil daqueles que tentam resolver o problema das diferenças sociais no país, 
apenas com denominações eufemísticas; utilizam apenas novos nomes para os 
processos, que são desacompanhados das ações sociais. O texto humorístico 
presta-se a uma crítica social sobre o fato de haver “muitas palavras e pouca 
ação”. 
 
 [...] 
 A escolha, a decisão, que é manifestação de nossa 
 liberdade, só é possível tendo por fundamento o mundo 
 axiológico, tanto quanto este tem por condição de possibilidade 
 a liberdade. Não se pode estimar sem alternativas possíveis. 
 Na medida em que se escolhe, se avalia para obter a 
 consciência do que é preferido. Ao escolher um caminho, 
 pondera-se que, de algum modo ou sob algum prisma, é o 
 melhor em relação a outro; o caminho escolhido mata outras 
 possibilidades. Na escolha não pode haver indiferença. Ela está 
 dirigida à ação, à exteriorização, à tomada de posição. Isto 
 significa que a escolha, a decisão, nos leva à determinação 
 normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra. 
 
 
 
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 [...] 
(Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. As categorias da ética. In: www.centrodebate.org) 
1. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A escolha, a decisão, que é 
manifestação de nossa liberdade, só é possível tendo por fundamento o 
mundo axiológico. 
Considerando o contexto da frase, o vocábulo sublinhado tem significado 
equivalente a: 
(A) das normas. 
(B) dosmercados. 
(C) dos indivíduos. 
(D) das liberalidades. 
(E) das verdades. 
Comentário – o adjetivo “axiológico” (de axiologia = teorias, avaliações, 
análises e estudos que abordam a questão dos valores, especialmente valores 
morais). Segundo o contexto, seu melhor significado aproxima-se do 
significado da expressão das normas. Releia o final do segundo parágrafo 
transcrito: “Isto significa que a escolha, a decisão, nos leva à determinação 
normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra.” 
Resposta – A 
 
2. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) De acordo com o contexto, 
observa-se emprego não-literal de vocábulo ou expressão em: 
(A) Isso não ocorre com os animais brutos. 
(B) supõe a avaliação de múltiplos fatores. 
(C) Na escolha não pode haver indiferença. 
(D) o caminho escolhido mata outras possibilidades. 
(E) O fenômeno ético não é um acontecimento individual. 
Comentário – Emprego de linguagem não-literal é o mesmo que linguagem 
CONOTATIVA (o contrário seria linguagem DENOTATVA, literal). Não 
 
 
 
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precisamos ir ao texto para percebermos que a letra D contém dois vocábulos 
com sentido figurado: “caminho” e “mata”. O primeiro simboliza um meio de 
atingir certo objetivo (literalmente, indicaria faixa de terreno por onde passam 
ou podem caminhar pessoas ou animais ao irem de um lugar para outro). O 
segundo expressa a extinção de mais alternativas, opções, escolhas 
(literalmente, poderia significar tirar a vida, assassinar, causar mortandade). 
Resposta – D 
 
 [...] 
 A economia é um nível essencial da realidade histórica; 
 nela, os seres humanos agem, fazem escolhas, tomam 
 iniciativas. Não há nada de inexorável em seus movimentos. 
 Os marxistas se dispuseram, então, a discutir as motivações 
75 dos sujeitos que modificam a realidade objetiva. Passaram a 
 debater idéias extraídas de Gramsci, Lukács, Adorno. 
 [...] 
(Leandro Konder. Esquerda e direita no Brasil, hoje. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 
3. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) A palavra inexorável (L.73) só 
não pode ser substituída, no texto, sob pena de alteração de sentido, por: 
(A) implacável. 
(B) indelével. 
(C) inelutável. 
(D) perituro. 
(E) sempiterno. 
Comentário – O vocábulo inexorável pode ser substituído por: rigoroso, 
indelével (= indestrutível), inflexível, inelutável, implacável; também pode 
ser trocado por sempiterno (= inesgotável, que não teve princípio nem 
jamais terá fim; eterno, perpétuo). Já o vocábulo perituro denota aquilo que é 
perecível, que há de acabar. 
Resposta – D 
 
 
 
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 [...] 
 Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também 
 exercida por esferas de influência superiores. Quando uma 
 autoridade "maior" vê-se coagida por uma "menor", 
45 imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, 
 buscará dissuadir a autoridade "menor" de aplicar-lhe uma 
 sanção. 
 [...] 
(Jeitinho. In: www.wikipedia.org – com adaptações.) 
4. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) Observando a frase “buscará dissuadir a 
autoridade ‘menor’ de aplicar-lhe uma sanção” (L.46-47), assinale a 
alternativa em que a substituição da palavra sublinhada mantenha o 
sentido que se deseja comunicar no texto. 
(A) obrigar. 
(B) desaconselhar. 
(C) persuadir. 
(D) convencer. 
(E) coagir. 
Comentário – A frase integra o texto intitulado Jeitinho, que aparecerá na 
íntegra mais abaixo. 
Eis o significado contextual do vocábulo “dissuadir”: fazer 
alguém mudar de ideia, opinião ou intenção; tirar de um propósito; 
despersuadir, desaconselhar: Queria fazer a viagem, mas a mulher o 
dissuadiu. 
Resposta – B 
 
Todas as noções vistas até aqui tratam da complexa relação de 
significados que existe entre os vocábulos de uma língua. Vamos examinar, a 
seguir, o conceito de texto e textualidade, que também ajudará a compreender 
 
 
 
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melhor as intrincadas redes de relação de sentidos atualizados nos textos. 
Antes, porém, apresento a você uma singela relação de homônimos e 
parônimos. Confira! 
acender = atear fogo 
ascender = subir 
acerca de = a respeito de, sobre 
cerca de = aproximadamente 
há cerca de = faz aproximadamente 
afim = semelhante, com afinidade 
a fim de = com a finalidade de 
amoral = indiferente à moral 
imoral = contra a moral, libertino, 
devasso 
apreçar = marcar o preço 
apressar = acelerar 
arrear = pôr arreios 
arriar = abaixar 
bucho = estômago de ruminantes 
buxo = arbusto ornamental 
caçar = abater a caça 
cassar = anular 
cela = aposento 
sela = arreio 
censo = recenseamento 
senso = juízo 
cessão = ato de doar 
seção ou secção = corte, divisão 
sessão = reunião 
chá = bebida 
xá = título de soberano no Oriente 
chalé = casa campestre 
xale = cobertura para os ombros 
cheque = ordem de pagamento 
xeque = lance do jogo de xadrez 
comprimento = extensão 
cumprimento = saudação 
concertar = harmonizar, combinar 
consertar = remendar, reparar 
conjetura = suposição, hipótese 
conjuntura = situação, circunstância 
infligir = aplicar pena ou castigo 
infringir = transgredir, violar, 
desrespeitar 
intemerato = puro, íntegro, incorrupto 
intimorato = destemido, valente, 
coser = costurar 
cozer = cozinhar 
deferir = conceder 
diferir = adiar 
descrição = representação 
discrição = ato de ser discreto 
descriminar = inocentar 
discriminar = diferençar, distinguir 
despensa = compartimento 
dispensa = desobrigação 
despercebido = sem atenção, 
desatento 
desapercebido = desprevenido 
discente = relativo a alunos 
docente = relativo a professores 
emergir = vir à tona 
imergir = mergulhar 
emigrante = o que sai 
imigrante = o que entra 
eminente = nobre, alto, excelente 
iminente = prestes a acontecer 
esperto = ativo, inteligente, vivo 
experto = perito, entendido 
espiar = olhar sorrateiramente 
expiar = sofrer pena ou castigo 
estada = permanência de pessoa 
estadia = permanência de veículo 
flagrante = evidente 
fragrante = aromático 
fúsil = que se pode fundir 
fuzil = carabina 
fusível = resistência de fusibilidade 
calibrada 
incerto = duvidoso 
inserto = inserido, incluso 
incipiente = iniciante 
insipiente = ignorante 
indefesso = incansável 
indefeso = sem defesa 
suar = transpirar 
sortir = abastecer 
surtir = originar 
 
 
 
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corajoso 
intercessão = súplica, rogo 
interse(c)ção = ponto de encontro de 
duas linhas 
laço = laçada 
lasso = cansado, frouxo 
ratificar = confirmar 
retificar = corrigir 
soar = produzir som 
sustar = suspender 
suster = sustentar 
tacha = brocha, pequeno prego 
taxa = tributo 
tachar = censurar, notar defeito 
em 
taxar = estabelecer o preço 
vultoso = volumoso 
vultuoso = atacado de 
vultuosidade 
 
Leitura, Análise e Interpretação de Texto 
• Texto, textualidade e contexto 
Você sabe o que realmente é um texto? Bem, a noção de texto 
recobre sempre a de um instrumento transmissor de mensagens, isto é, uma 
forma de comunicar uma intenção qualquer, por meio de uma ou mais 
palavras em sequência. Qualquer usuário de uma língua sabe identificar o que 
é e o que não é um texto, mas defini-lo torna-se um problema, pois sua 
realização envolve fatores de vários campos: linguísticos, pragmáticos e 
comunicativos. E isso envolve o contexto e os usuários da linguagem. 
Podemos ter uma infinidade de textos, desde uma pequena 
sequência, naforma de um pedido de socorro, ou um bilhete, por exemplo, ou 
sequências maiores, como uma notícia jornalística, um relatório, uma ata, um 
sermão ou um romance de mais de seiscentas páginas, ou ainda uma novela, 
um conto, uma sentença proferida por um juiz etc. 
Façamos um pequeno exercício de leitura e resumo da ideia 
central de cada fragmento abaixo. 
1. “O guarda-noturno caminha com delicadeza, para não assustar, 
para não acordar ninguém. Lá vão seus passos vagarosos, cadenciados, 
cosendo sua própria sombra com a pedra da calçada [...].” 
(Crônica de Cecília Meireles intitulada O anjo da noite) 
 
 
 
 
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2. “A Polícia militar entrou ontem em choque de manhã com os 
moradores do bairro de Realengo (zona norte do Rio) que obstruíam, das 9h às 
11h, duas pistas da Avenida Brasil, principal via de acesso ao Rio. Eles 
protestavam contra os atropelamentos perto do CIEP Thomas Jefferson, na 
margem da Avenida e pediam a construção de uma passarela para pedestres 
[...].” 
(Folha de São Paula) 
 
Então, será que você compreendeu a ideia principal do que 
acabou de ler? Embora incompletos, os fragmentos dão a noção dos textos 
como um todo significativo e de sua intencionalidade, característica principal 
de um texto como uma unidade de sentido. O fragmento de Cecília fala da 
passagem do guarda-noturno pelas ruas desertas; o segundo trata de uma 
notícia de um confronto entre polícia e a população de um bairro no Rio 
(Realengo) com protestos por causa de atropelamentos na Avenida Brasil. 
Pela leitura dos fragmentos anteriores, você observou que todos 
pertencem a textos, elaborados como partes de uma unidade de comunicação 
intencional. E para se tornarem uma unidade de sentido, possuem uma 
característica fundamental, que é a textualidade. 
Chama-se textualidade ao conjunto de propriedades que uma 
manifestação verbal deve possuir para construir um texto. Pode-se dizer que é 
a textualidade que transforma qualquer sequência linguística em uma unidade 
de sentido; é ela que lhe dá coerência. 
Que tal examinarmos, por exemplo, a sequência abaixo e vermos 
se ela constitui um texto? Vamos lá? 
João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são 
caríssimos. Também os mísseis são caríssimos. Os mísseis são lançados no 
espaço. Segundo a teoria da relatividade, o espaço é curvo. A geometria 
Rimaniana dá conta desse fenômeno. 
 
 
 
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Percebeu como a sequência anterior não constitui um texto? E por 
quê? Porque, embora apareçam nela todos os elementos necessários à ligação 
entre os termos, não é possível estabelecer entre eles uma continuidade 
responsável pela unidade de sentido; dizemos, então, que a passagem não é 
um texto, por lhe faltar textualidade. 
A textualidade atrela-se à noção de contexto ou situação. Qualquer 
falante sabe que a comunicação verbal não se realiza por meio de palavras ou 
frases isoladas, desligadas da situação em que são produzidas. Se alguém 
perguntar a um passante: 
– Você sabe onde fica a rua X? 
a pergunta feita naquela situação determinada deve indicar que o interpelante 
não quer apenas indagar se o outro sabe a localização da rua, mas que ele 
está lhe pedindo informação sobre como chegar até lá. Nessa situação, a 
pergunta torna-se um pedido de informação, ou auxílio. Se o inquiridor obtiver 
do transeunte simplesmente a resposta: 
– Sei. 
e este continuar o seu caminho, pode-se dizer que a sequência não constituiu 
o texto desejado, já que não comunicou a intenção específica. Dizemos que, 
nesse caso, não houve um texto interativo no sentido que estamos 
considerando aqui. 
 
As categorias da ética 
 A vida humana se caracteriza por ser fundamentalmente 
 ética. Os conceitos éticos "bom" e "mau" podem ser predicados a 
 todos os atos humanos, e somente a estes. Isso não ocorre com 
 os animais brutos. Um animal que ataca e come o outro não é 
5 considerado maldoso, não há violência entre eles. 
 Mesmo os atos de caráter técnico podem ser qualificados 
 eticamente. Esses atos sempre servem para a expansão ou 
 limitação do ser humano. Sob a perspectiva ética, o que importa 
 
 
 
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 nas ações técnicas não é a sua trama lógica, adequada ou 
10 eficiente para obter resultados, mas sim a qualificação ética 
 desses resultados. 
 A eficiência técnica segue regras técnicas, relativas aos 
 meios, e não normas éticas, relativas aos fins. A energia nuclear 
 pode ser empregada para o bem ou para o mal. Na verdade, ela 
15 é investigada, apurada e criada para algum resultado, que lhe 
 confere validade. Não vale por si mesma, do ponto de vista ético. 
 Pode valer pela sua eventual utilidade, como meio; mas o uso de 
 energia nuclear, para ser considerado bom ou mau, deve referir- 
 se aos fins humanos a que se destina. 
20 Vê-se, pois, que o plano ético permeia todas as ações 
 humanas. Isso ocorre porque o homem é um ser livre, 
 vocacionado para o exercício da liberdade, de modo consciente. 
 Sem liberdade não há ética. A liberdade supõe a operação sobre 
 alternativas; ela se concretiza mediante a escolha, a decisão, a 
25 consciência do que se faz. Isso implica refugir à determinação 
 unilinear necessária, à determinação meramente causal. É a 
 afirmação da contingência, da multiplicidade. Diante da 
 multiplicidade de caminhos a nossa disposição, avaliamos e 
 escolhemos. 
30 Na verdade, somos obrigados a escolher. Somos obrigados 
 a exercer a liberdade. Assim, a decisão supõe a possibilidade e, 
 paradoxalmente, a necessidade de estimar as coisas e as ações 
 humanas para atender as nossas demandas; supõe a avaliação 
 de múltiplos fatores que perfazem uma situação humana 
35 complexa. Aí, portanto, temos também compreendida a esfera 
 do valor. Não há liberdade sem valoração. Essa esfera, 
 entretanto, é muito ampla, pois envolve não só o mundo da ética, 
 mas também o da utilidade, da estética, da religião etc. 
 
 
 
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 Sob o ângulo especificamente ético, não haverá escolha, 
40 exercício da liberdade, definição ética quando não houver 
 avaliação, preferência a respeito das ações humanas. Eis por 
 que na base da ética, como dissemos, encontram-se 
 necessariamente a liberdade e a valoração; a ética só se põe no 
 mundo da liberdade, da escolha entre ações humanas avaliadas. 
45 A escolha, a decisão, que é manifestação de nossa 
 liberdade, só é possível tendo por fundamento o mundo 
 axiológico, tanto quanto este tem por condição de possibilidade 
 a liberdade. Não se pode estimar sem alternativas possíveis. 
 Na medida em que se escolhe, se avalia para obter a 
50 consciência do que é preferido. Ao escolher um caminho, 
 pondera-se que, de algum modo ou sob algum prisma, é o 
 melhor em relação a outro; o caminho escolhido mata outras 
 possibilidades. Na escolha não pode haver indiferença. Ela está 
 dirigida à ação, à exteriorização, à tomada de posição. Isto 
55 significa que a escolha, a decisão, nos leva à determinação 
 normativa ou imperativa de uma via em detrimento de outra. 
 O mundo oferece resistências e determinações necessárias 
 e, por meio destas, as ações éticas se realizam precisamente 
 enquanto as contrariam. As ações éticas brilham justamente 
60 quando se opõem às tendências "naturais"do homem. Assim, a 
 liberdade não só se contrapõe à necessidade, como sua 
 negação, mas também existe em função desta. Não há liberdade 
 sem necessidade. Não há ética sem impulsão, sem desejo. 
 A melhor prova da liberdade é o esforço de superação da 
65 necessidade, afirmando-a e negando-a dialeticamente, a um só 
 tempo. Então, o mundo ético só é possível no meio social, no 
 bojo das determinações sociais. 
 O fenômeno ético não é um acontecimento individual, 
 existente apenas no plano da consciência pessoal. Isso porque o 
 
 
 
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70 ente singular do homem só se manifesta, como ser autêntico, em 
 suas relações universais com a sociedade e com a natureza. 
 Esse fenômeno é resultante de relações sociais e históricas, 
 compreendendo também o mundo das necessidades, da 
 natureza. A ética só existe no seio da comunidade humana. 
75 e os meios de circulação econômica dos bens possuem maior 
 liberdade do que aqueles que não têm o poder desse controle. 
 Por aí se vê também que a liberdade e a ética não se reduzem a 
 fenômenos meramente subjetivos; elas têm sempre dimensões 
 sociais, históricas e objetivas. 
80 Há, assim, um grande esforço, um esforço ético-político para 
 se obter uma distribuição igualitária dos direitos entre os 
 homens, quer dentro das comunidades, quer entre as 
 comunidades. Na verdade existe uma ética sobre a ética, uma 
 meta-ética. A meta-ética é utópica, crítica, subversiva e 
85 transcende as condições mais imediatas da vida social. No 
 entanto, ela precisa ser possível no mundo dos fatos sociais, sob 
 pena de se perder como uma utopia de meros sonhos. 
(Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. In: www.centrodebate.org) 
5. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) A partir da tese defendida pelo 
autor, é correto afirmar que: 
(A) a ética é condicionante da existência humana e fundamenta qualquer tipo 
de ação que envolva uma escolha entre “certo” e “errado”. 
(B) o conceito de ética aplica-se sobretudo aos seres humanos que praticam 
atos de natureza técnica e atuam profissionalmente. 
(C) a violência entre animais brutos decorre da inexistência de uma noção 
ética que regule suas relações. 
(D) as noções de “bom” e “mau” estão na base das organizações sociais, 
sejam elas humanas ou não. 
(E) o princípio ético que orienta os atos técnicos está menos nos seus 
resultados e mais na própria concepção desses atos. 
 
 
 
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Comentário – Alternativa A: a tese (ou ideia central) de um texto 
normalmente surge logo no primeiro parágrafo (parágrafo introdutório). De 
acordo com ela, a ética é a característica fundamental da vida humana e, 
consequentemente, é nela que os atos humanos devem estar baseados. Item 
certo. 
Alternativa B: o conceito de ética aplica-se a todos os seres 
humanos, inclusive aos que são caracterizados conforme esta assertiva. Item 
errado. 
Alternativa C: ainda de acordo com o primeiro parágrafo, 
“não há violência entre eles”, pois estão destituídos de qualquer concepção 
ética. Item errado. 
Alternativa D: essas noções dizem respeito exclusivamente 
às organizações humanas (não há como relacionar essas noções a 
organizações não humanas). Item errado. 
Alternativa E: o segundo parágrafo é fundamental para 
respondermos adequadamente. Segundo ele, os resultados têm grande 
importância do ponto de vista ético: “Sob a perspectiva ética, o que importa 
nas ações técnicas não é a sua trama lógica, adequada ou 
eficiente para obter resultados, mas sim a qualificação ética 
desses resultados. Item errado. 
Resposta – A 
6. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Com relação aos terceiro e 
quarto parágrafos, analise as afirmativas a seguir. 
I. O objetivo principal do terceiro parágrafo é conceituar regras técnicas e 
normas éticas. 
II. O plano do terceiro parágrafo inclui uma exemplificação para sustentar a 
tese anteriormente explicitada. 
III. O início do quarto parágrafo apresenta uma conclusão acerca das ideias 
apresentadas no terceiro. 
Assinale: 
 
 
 
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(A) se somente a afirmativa I estiver correta. 
(B) se somente a afirmativa II estiver correta. 
(C) se somente a afirmativa III estiver correta. 
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
Comentário – É impossível que as afirmativas I e II sejam corretas, pois elas 
se excluem. Portanto você deve imediatamente descartar a letra D. A leitura 
atenta do terceiro parágrafo nos fará entender que nele existe um exemplo do 
que foi dito sobre “os atos de caráter técnico”. Conclui-se com isso que: se a 
afirmativa II é correta, a I é incorreta e também deve ser desprezada. Exclua, 
então, a letra A. 
Eis abaixo um exemplo1 de parágrafo desenvolvido com o 
objetivo de conceituar algo: 
Cespe/TRT 10ª Região/2005 – Tipologia: dissertação argumentativa 
Tema: o aperfeiçoamento dos procedimentos é fator prescindível para a 
democratização efetiva da justiça. 
“A necessidade da desburocratização da justiça 
Entende-se por democratização da justiça a possibilidade de 
que a todos seja prestada, de fato, a junção jurisdicional tal qual na 
Constituição Federal: com celeridade e qualidade. [...]” 
 
Breve comentário – O candidato iniciou o parágrafo com um conceito, 
explicando o ponto-chave do tema: a democratização da justiça. 
Vamos analisar o item III para decidirmos entre as letras B, C 
e E. A afirmativa está correta e o autor deixou uma dica ao candidato: a 
conjunção “pois”. Quando surge isolada por vírgulas e após o verbo da oração 
que integra, essa conjunção constitui segmento de caráter conclusivo. Item 
correto, assim como o item II. 
 
1
 O exemplo foi extraído de uma redação de candidato a concurso público. Por questões óbvias, a identidade dele será 
preservada. 
 
 
 
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Resposta – E 
 
7. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Da compreensão adequada de 
conceitos apresentados pelo texto, analise as afirmativas a seguir. 
I. O senso-comum de liberdade é reconstruído e passa a incluir a noção de 
que nem todos são livres na mesma medida. 
II. O conceito de ética fundamenta-se numa perspectiva naturalista e põe em 
segundo plano seu viés social. 
III. As ideias de liberdade e obrigação não são concepções excludentes; ao 
contrário, envolvem implicação necessária. 
Assinale: 
(A) se somente a afirmativa I estiver correta. 
(B) se somente a afirmativa II estiver correta. 
(C) se somente a afirmativa III estiver correta. 
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. 
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
Comentário – Afirmativa I: está sustentada na seguinte passagem: “Os 
homens ou grupos de homens que controlam a produção e os meios de 
circulação econômica dos bens possuem maior liberdade do que aqueles que 
não têm o poder desse controle.” Afirmativa correta. 
Afirmativa II: não! Esse conceito se opõe a essa perspectiva, 
repare: “As ações éticas brilham justamente quando se opõem às tendências 
‘naturais’ do homem”. Além disso, o viés social é o que possibilita a 
manifestação da ética, tendo, portanto, importância significativa: “o mundo 
ético só é possível no meio social, no bojo das determinações sociais”. 
Afirmativaincorreta. 
Afirmativa III: é verdade, conforme se depreende do seguinte 
trecho: “Na verdade, somos obrigados a escolher. Somos obrigados 
a exercer a liberdade. Assim, a decisão supõe a possibilidade e, 
 
 
 
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paradoxalmente, a necessidade de estimar as coisas e as ações 
humanas para atender as nossas demandas”. Item correto. 
Resposta – D 
 
8. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Da leitura do quarto parágrafo, 
deduz-se que o autor: 
(A) afirma-se perplexo ante a unilateralidade das escolhas. 
(B) contraria a ideia de liberdade como ação racionalmente concebida. 
(C) opõe-se à aceitação do determinismo como fonte das ações humanas. 
(D) defende a vocação como forma de realização pessoal. 
(E) situa na determinação causal a origem da infelicidade humana. 
Comentário – Alternativa A: o autor se posiciona contrariamente à 
unilateralidade das escolhas sem demonstrar perplexidade. Item errado. 
Alternativa B: não, o autor defende essa liberdade, para cujo 
exercício ele está vocacionado. Item errado. 
Alternativa C: sim, essa é linha argumentativa do autor. 
Releia, por exemplo, o seguinte trecho: “A liberdade supõe a operação sobre 
alternativas; ela se concretiza mediante a escolha [...]. Isso implica refugir à 
determinação unilinear necessária, à determinação meramente causal.” Item 
certo. 
Alternativa D: não está presente no quarto parágrafo 
argumento favorável ou contrário à realização pessoal. Item errado. 
Alternativa E: também não é tratada no quarto parágrafo a 
origem da infelicidade humana; esta alternativa e a anterior são descabidas. 
Resposta – C 
 
Esquerda e direita no Brasil, hoje 
 Ninguém pode pretender negar diversos progressos no 
 movimento da história. A humanidade, hoje, se beneficia de 
 
 
 
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 conquistas importantes na área da medicina, por exemplo. 
 Podemos ser operados com anestesia, suavizar dores com 
5 analgésicos. Dispomos de meios de transporte rapidíssimos, 
 helicópteros, aviões. Nossas casas têm luz elétrica, água 
 encanada, esgoto. Vemos filmes, acompanhamos seriados na 
 TV, ouvimos rádio. E, cada vez mais, utilizamos os 
 computadores, a internet. 
10 Tal como está organizada, a sociedade gira em torno do 
 mercado, de acordo com um sistema que alguns chamam de 
 "economia de mercado", e outros, de "capitalismo". Até hoje, 
 não surgiu nenhum sistema tão capaz de fazer crescer a 
 economia. As experiências feitas em nome do socialismo não 
15 manifestaram força própria suficiente para competir, no plano 
 do crescimento econômico, com o capitalismo. 
 O modo de produção capitalista não tem vocação suicida, 
 e nada indica que ele esteja a ponto de morrer de morte 
 natural. Seus representantes na arena política recorrem à 
20 repressão quando necessário e fazem concessões quando 
 conveniente. Os trabalhadores têm feito conquistas 
 significativas, do século 20 para cá; visivelmente não sentem 
 saudades do tempo em que eram obrigados a jornadas de 
 trabalho de 12 horas. 
25 Parte dos trabalhadores – mais que no passado – chega 
 mesmo a integrar-se à burguesia. Esse, porém, é um caminho 
 que só pode ser percorrido por poucos. Alguns progridem. Faz 
 parte da lógica do sistema, contudo, que as massas 
 permaneçam excluídas. A cooptação de setores da 
30 representação política das classes médias está sendo mais 
 resoluta, mais eficiente. O individualismo característico dessas 
 confusas camadas intermediárias as torna muito vulneráveis à 
 sedução das classes dominantes. 
 
 
 
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 Temos uma situação histórica favorável ao bloco 
35 conservador. Nas atuais condições, a direita vem 
 administrando suas contradições internas. A política 
 econômica do governo do PT, as posições neoliberais do 
 PSDB e as diferentes tendências reunidas no PMDB 
 tranqüilizaram a direita nos últimos anos. Tanto no PT como no 
40 PSDB e no PMDB os líderes posicionados um pouco mais à 
 esquerda (não quer dizer que eles sejam de esquerda) foram 
 marginalizados. 
 A esquerda está desarticulada. O naufrágio da União 
 Soviética não arrastou só os partidos comunistas: mais de 15 
45 anos se passaram, e o estilhaçamento ainda afeta 
 dolorosamente diversas organizações socialistas. 
 No Brasil, o quadro é complexo, angustiante. Há pessoas 
 de esquerda no PT, no PC do B, no PSB, no PDT e até no 
 PSDB. Há muita gente de esquerda circunstancialmente sem 
50 partido. E há a valente iniciativa da senadora Heloísa Helena, o 
 PSOL. Mas ainda não há um programa alternativo maduro que 
 se contraponha à euforia do programa conservador, aplicado 
 por gente que foi de esquerda e aplaudido pela direita. 
 Nas atuais condições em que exerce a sua hegemonia, a 
55 direita "moderada" conseguiu infiltrar seus critérios no discurso 
 da esquerda "moderada". Os "moderados" dão o estilo. O 
 conteúdo é dado pela "leitura" oficial da economia. 
 Antigamente, eram os marxistas que polemizavam em 
 torno da economia, apoiados no "materialismo histórico". 
60 Alguns chegaram a falar num "materialismo econômico". 
 Tinham a convicção de que estavam na crista de uma onda 
 que os empurrava inexoravelmente para adiante, para 
 promover a transformação das relações de produção e o 
 crescimento das forças produtivas. 
 
 
 
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65 A fé determinista na dinâmica da economia contribuiu 
 para que a esquerda tradicional, despreparada, sofresse contundentes 
 derrotas. Duras lições da história política 
 convenceram a esquerda a conviver com sua diversidade 
 interna, em sua luta pela ampliação das liberdades e pela 
70 superação das desigualdades. 
 A economia é um nível essencial da realidade histórica; 
 nela, os seres humanos agem, fazem escolhas, tomam 
 iniciativas. Não há nada de inexorável em seus movimentos. 
 Os marxistas se dispuseram, então, a discutir as motivações 
75 dos sujeitos que modificam a realidade objetiva. Passaram a 
 debater idéias extraídas de Gramsci, Lukács, Adorno. 
 Curiosamente, no momento em que os marxistas (e, com 
 eles, a esquerda em geral) sublinhavam a significação crucial 
 dos valores, da ética, a direita assumia a centralidade da 
80 economia e passava a acreditar que possuía a chave da 
 compreensão correta (e da solução) dos problemas que nos 
 afligem no presente. 
 Essa chave é o instrumento simbólico mais eficiente da 
 ideologia dominante (que, como dizia Marx, é sempre a 
85 ideologia das classes dominantes): é ela que insiste em nos 
 convencer que as desigualdades sociais são naturais, que não 
 há alternativa para o capitalismo, que o socialismo já foi 
 tentado e fracassou. É ela que sustenta que as liberdades 
 precisam se enraizar nas elites para depois, lentamente, 
90 chegar ao povão. Empunhando a chave, com a costumeira 
 cara-de-pau, a direita pede paciência aos trabalhadores e 
 promete que, com o tempo, eles vão se beneficiar de 
 melhores condições materiais de cidadania, tal como 
 aconteceu com as conquistas da medicina, os aviões e os 
95 computadores, que demoraram, mas vieram. 
 
 
 
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 Permito-me perguntar: vierammesmo? 
(Leandro Konder. Folha de São Paulo, 13/04/2006) 
9. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) Assinale a alternativa que 
apresente comentário pertinente ao texto 
(A) O texto apresenta um desabafo a respeito da situação política do Brasil, 
apontando, perspicazmente, por comparação, os motivos por que não 
teria êxito a instauração de um regime socialista. 
(B) O texto discorre sobre a situação histórico-política internacional, 
objetivando analisar especificamente o caso brasileiro no tocante à falta 
de espaço para o surgimento de partidos políticos renovadores, capazes 
de revelar o discurso falho da extrema direita. 
(C) O texto reafirma a ineficácia do socialismo como forma de governo e 
aponta, no capitalismo, tanto no cenário internacional quanto no 
doméstico, a supremacia dos blocos moderados, de esquerda e direita, 
ditando falaciosamente a democracia ao povão. 
(D) O texto aponta, no cenário político doméstico, o processo de 
desarticulação da esquerda, como resultado do fim do modelo socialista e 
da supremacia da direita ao ditar a interpretação da economia. 
(E) O texto questiona se os valores apontados como conquistas pela direita de 
fato aconteceram, observando que a interpretação falaciosa da realidade 
atraiu antigos esquerdistas a sobejarem teorias que explicassem as falhas 
no processo democrático historicamente. 
Comentário – Alternativa A: O desabafo e a comparação existem, mas a 
perspectiva em relação ao socialismo é sobre os fatos passados que não 
sustentaram esse regime, e não sobre uma possibilidade futura de implantação 
dele: “As experiências feitas em nome do socialismo não manifestaram força 
própria suficiente para competir, no plano do crescimento econômico, com o 
capitalismo.” (l. 14-16) 
Alternativa B: a crítica feita no texto não é à “extrema 
direita”, mas sim à “direita moderada”. Observe: “Nas atuais condições em que 
 
 
 
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exerce a sua hegemonia, a direita ‘moderada’ conseguiu infiltrar seus critérios 
no discurso da esquerda ‘moderada’. Os ‘moderados’ dão o estilo.” (l. 54-56) 
Alternativa C: a supremacia é da direita moderada, como se 
lê no fragmento apresentado no comentário acima. 
Alternativa E: o verbo sobejar significa suprir-se com 
superabundância. A explicação não é sobre as falhas no processo democrático; 
é sobre a falha de “diversas organizações socialistas”. 
O que achou do texto? E das alternativas? Vamos ser 
sinceros: tudo muito extenso, complexo, difícil..., não é mesmo? Mas é bom 
você se acostumar, pois a FGV não perdoa ao escolher seus textos. É claro que 
ela pode facilitar as coisas, mas não se surpreenda ao se deparar com um 
texto e uma questão como estes. 
Resposta – D 
 
10. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) O nono parágrafo, em relação 
ao oitavo, apresenta-se como: 
(A) explicação. 
(B) exemplificação. 
(C) complemento. 
(D) desdobramento. 
(E) oposição. 
Comentário – A relação estabelecida entre eles é de oposição. Contrastam-se 
os discursos atuais e antigos sobre a economia. Hoje em dia, os moderados 
dão o estilo; antigamente, eram os marxistas. 
Resposta – E 
 
 
 
 
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(Angeli. www2.uol.com.br/angeli) 
11. (FGV/SEFAZ-MS/FISCAL DE RENDAS/2006) Ao associar-se a charge com o 
seu título, percebe-se que a interpretação é possível pela via: 
(A) alegórica. 
(B) fática. 
(C) lúdica. 
(D) metonímica. 
(E) sofística. 
Comentário – Charge é um desenho caricatural com ou sem legenda, 
publicado em jornal, revista ou afim, que se refere diretamente a um fato atual 
ou a uma personalidade pública e os satiriza ou critica ironicamente. A 
associação dela com seu título permite-nos interpretar o texto pela via 
alegórica, que é a expressão do pensamento ou da emoção muito comum por 
meio da pintura e da escultura. 
Fática: tem a ver com a função da linguagem que busca 
assegurar o contato entre falante e destinatário, como no uso de expressões 
como Alô? Está me ouvindo? 
Lúdica: a partir de jogos, brinquedos/brincadeiras. 
Metonímica: decorrente de linguagem baseada no uso de 
um nome no lugar de outro, pelo emprego da parte pelo todo, do efeito pela 
 
 
 
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causa, do autor pela obra, do continente pelo conteúdo etc. (por exemplo: 
beber um copo no lugar de beber a cerveja do copo). 
Sofística: leva em consideração argumento ou raciocínio 
aparentemente lógico, mas na verdade falso e enganoso; falácia: Toda mulher 
gosta de rosa; com exceção de algumas. Ainda que uma quantidade irrisória 
não goste de rosa, a verdade é que nem todas as mulheres gostam dela. 
Resposta – A 
 
 
Jeitinho 
 O jeitinho não se relaciona com um sentimento revolu- 
 cionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. 
 O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e 
 sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também 
5 definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar 
 bem" em uma situação "apertada". 
 Em sua obra O Que Faz o Brasil, Brasil?, o antropólogo 
 Roberto DaMatta compara a postura dos norte-americanos e a 
 dos brasileiros em relação às leis. Explica que a atitude 
10 formalista, respeitadora e zelosa dos norte-americanos causa 
 admiração e espanto aos brasileiros, acostumados a violar e a 
 ver violadas as próprias instituições; no entanto, afirma que é 
 ingênuo creditar a postura brasileira apenas à ausência de 
 educação adequada. 
15 O antropólogo prossegue explicando que, diferente das 
 norte-americanas, as instituições brasileiras foram desenhadas 
 para coagir e desarticular o indivíduo. A natureza do Estado é 
 naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada 
 à realidade individual. Um curioso termo – Belíndia – define 
 
 
 
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20 precisamente esta situação: leis e impostos da Bélgica, realidade 
 social da Índia. 
 Ora, incapacitado pelas leis, descaracterizado por uma 
 realidade opressora, o brasileiro buscará utilizar recursos que 
 vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas 
25 vezes será necessário à sua sobrevivência. Diante de uma 
 autoridade, utilizará termos emocionais, tentará descobrir alguma 
 coisa que possuam em comum - um conhecido, uma cidade da 
 qual gostam, a “terrinha” natal onde passaram a infância – e 
 apelará para um discurso emocional, com a certeza de que a 
30 autoridade, sendo exercida por um brasileiro, poderá muito bem 
 se sentir tocada por esse discurso. E muitas vezes conseguirá o 
 que precisa. 
 Nos Estados Unidos da América, as leis não admitem 
 permissividade alguma e possuem franca influência na esfera 
35 dos costumes e da vida privada. Em termos mais populares, diz- 
 seque, lá, ou “pode” ou “não pode”. No Brasil, descobre-se que 
 é possível um “pode-e-não-pode”. É uma contradição simples: 
 acredita-se que a exceção a ser aberta em nome da cordialidade 
 não constituiria pretexto para outras exceções. Portanto, o 
40 jeitinho jamais gera formalidade, e essa jamais sairá ferida após 
 o uso desse atalho. 
 Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também 
 exercida por esferas de influência superiores. Quando uma 
 autoridade "maior" vê-se coagida por uma "menor", 
45 imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, 
 buscará dissuadira autoridade "menor" de aplicar-lhe uma 
 sanção. 
 A fórmula típica de tal atitude está contida no golpe 
 conhecido por "carteirada", que se vale da célebre frase "você 
50 sabe com quem está falando?". Num exemplo clássico, um 
 
 
 
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 promotor público que vê seu carro sendo multado por uma 
 autoridade de trânsito imediatamente fará uso (no caso, abusivo) 
 de sua autoridade: "Você sabe com quem está falando? Eu sou 
 o promotor público!". No entendimento de Roberto DaMatta, de 
55 qualquer forma, um "jeitinho" foi dado. 
(In: www.wikipedia.org – com adaptações.) 
12. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) De acordo com o texto, é correto 
afirmar que: 
(A) o jeitinho brasileiro é um comportamento motivado pelo descompasso 
entre a natureza do Estado e a realidade observada no plano do indivíduo. 
(B) as instituições norte-americanas, bem como as brasileiras, funcionam sem 
permissividade porque estão em sintonia com os anseios e atitudes do 
cidadão. 
(C) a falta de educação do brasileiro deve ser atribuída à incapacidade de o 
indivíduo adequar-se à lei, uma vez que ele se sente desprotegido pelo 
Estado. 
(D) a famosa “carteirada” constitui uma das manifestações do jeitinho 
brasileiro e define-se pelo fato de dois poderes simetricamente 
representados entrarem em tensão. 
(E) nos Estados Unidos da América, as leis influem decisivamente apenas na 
vida pública do cidadão, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde as leis 
logram mudar comportamentos no plano dos costumes e da vida privada. 
Comentário – Alternativa A: encontra apoio sobretudo na seguinte passagem: 
“A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é 
inadequada à realidade individual.” (terceiro parágrafo) 
Alternativa B: no terceiro parágrafo está a explicação de 
Roberto DaMatta que esclarece que as instituições norte-americanas e as 
brasileiras são diferentes. Estas “foram desenhadas para coagir e desarticular 
o indivíduo” e são inadequadas à realidade do indivíduo. Item errado. 
 
 
 
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Alternativa C: a relação de causa e consequência foi invertida, 
observe: “é ingênuo creditar a postura brasileira [consequência] apenas à 
ausência de educação adequada [causa]. Item errado. 
Alternativa D: os poderes não são simétricos; o princípio da 
“carteirada” está bem explicado no penúltimo parágrafo: “Quando uma 
autoridade ‘maior’ vê-se coagida por uma ‘menor’, imediatamente ameaça 
fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará dissuadir a autoridade 
‘menor’ de aplicar-lhe uma sanção.” Item errado. 
Alternativa E: lê-se no antepenúltimo parágrafo que “Nos 
Estados Unidos da América, as leis não admitem permissividade alguma e 
possuem franca influência na esfera dos costumes e da vida privada”. Item 
errado. 
Resposta – A 
 
13. (FGV/BADESC/ADVOGADO/2010) Com relação à estruturação do texto e 
dos parágrafos, analise as afirmativas a seguir. 
I. O primeiro parágrafo introduz o tema, discorrendo sobre a origem 
histórica do jeitinho. 
II. A tese, apresentada no segundo parágrafo, encontra-se na frase iniciada 
por no entanto. 
III. O quarto parágrafo apresenta o argumento central para a sustentação da 
tese. 
Assinale: 
(A) se somente a afirmativa I estiver correta. 
(B) se somente a afirmativa II estiver correta. 
(C) se somente a afirmativa III estiver correta. 
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
Comentário – Afirmativa I: tema é o assunto sobre o qual discorreremos. 
Assim sendo, a primeira parte da afirmativa está correta. O erro surge na 
 
 
 
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segunda parte, pois não existe esse discurso sobre a origem histórica. No 
primeiro parágrafo, o texto tratou de caracterizar o “jeitinho”, dizer o que ele é 
e o que não é. Item errado. 
Afirmativa II: tese é a ideia central (tese ou tópico frasal 
principal) do texto, formulada a partir do tema e seguida pelos argumentos 
que a sustentam. Item certo. 
Afirmativa III: aqui está o argumento: “incapacitado pelas leis, 
descaracterizado por uma realidade opressora, o brasileiro buscará utilizar 
recursos que vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas 
vezes será necessário à sua sobrevivência”. Item certo. 
Resposta – D 
 
• Pressuposições e inferências (implícitos e subentendidos) 
 
“Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.” 
A frase acima transmite duas informações: ele frequentou um 
curso superior e aprendeu algumas coisas. 
No entanto, essas duas informações transmitem de forma implícita 
uma crítica ao sistema de ensino vigente. Essa crítica se dá através do uso da 
preposição “mas”. 
Assim, percebemos que um dos aspectos mais intrigantes que pode 
ser apresentado por um texto é o fato de ele dizer aquilo que parece não dizer, 
ou seja, é a presença de enunciados pressupostos ou inferidos. 
Um leitor é considerado perspicaz quando consegue ler as 
entrelinhas do texto, isto é, quando capta as mensagens implícitas. 
Para não “cair” na exploração maliciosa de alguns textos que 
abusam dos aspectos pressupostos ou inferidos, devemos saber que: 
a) pressupostos são ideias não expressas de maneira explícita, 
mas que podem ser percebidas a partir de certas palavras ou expressões 
utilizadas. 
 
 
 
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“O tempo continua chuvoso.” (informação implícita: estava 
chovendo antes) 
“Pedro deixou de fumar.” (informação implícita: fumava antes) 
b) inferências são insinuações escondidas por trás de uma 
declaração e dependem do contexto e do conhecimento de mundo que o 
ouvinte ou o leitor têm. Quando um fumante com o cigarro pergunta: 
– Você tem fogo?, 
por trás dessa pergunta se infere: 
– Acenda-me o cigarro, por favor. 
 
Caso você encontre alguém correndo na rua e gritando 
– Pega ladrão! Pega ladrão!”, 
você subentenderá que esse alguém foi (ou está sendo) assaltado e clama por 
socorro, não é mesmo? 
Detectar o pressuposto durante uma leitura é fundamental para a 
interpretação textual, uma vez que esse recurso argumentativo não é 
posto em discussão pelo autor do texto e, por isso mesmo, pode levar o 
leitor a interpretar o texto erroneamente. 
Os pressupostos são marcados por: 
a) advérbios: “Os resultados da pesquisa ainda não chegaram 
até nós.” (pressuposto: os resultados já deviam ter chegado ou vão chegar 
mais tarde.) 
b) verbos: “O caso do contrabando tornou-se público.” 
(pressuposto: o caso não era público.) 
c) orações adjetivas: “Os candidatos a prefeito, que só 
querem defender seus interesses, não pensam no povo.” (pressuposto: 
todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.) 
 
 
 
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d) adjetivos: “Os partidos radicais acabarão com a 
democracia no Brasil.” (pressuposto: existem partidos radicais e não radicais 
no Brasil.) 
Enquanto o pressuposto é um dado apresentado como 
indiscutível para o falante e o ouvinte, não permitindo contestações; a 
inferência é de responsabilidade do ouvinte, uma vez que o falante 
esconde-se por trás do sentido literal das palavras. 
A inferência pode ser uma maneira encontrada pelo falante paratransmitir algo sem se comprometer com a informação. 
 
14. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Mesmo os atos de caráter 
técnico podem ser qualificados eticamente. Esses atos sempre servem 
para a expansão ou limitação do ser humano. Sob a perspectiva ética, o 
que importa nas ações técnicas não é a sua trama lógica, adequada ou 
eficiente para obter resultados, mas sim a qualificação ética desses 
resultados. 
No trecho acima, está implícita uma posição contrária à concepção de 
neutralidade atribuída aos atos de caráter técnico. O instrumento 
linguístico que permite a construção desse implícito é o emprego do 
vocábulo: 
(A) qualificados. 
(B) limitação. 
(C) mesmo. 
(D) não. 
(E) mas. 
Comentário – A palavra denotativa de inclusão “Mesmo” (= inclusive, até) 
permite pressupor que “os atos de caráter técnico” também podem se revestir 
de determinada característica (“qualificados eticamente”) que os torne avessos 
à concepção de neutralidade comumente atribuída a eles. 
Resposta – C 
 
 
 
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Coesão e Coerência 
Primeiramente, vamos diferenciar os dois conceitos. A coesão 
refere-se aos vínculos que se estabelecem entre as partes de um enunciado ou 
de uma sequência maior. A noção de coerência, embora muito ligada à de 
coesão, diz respeito mais ao processo de compreensão e de interpretabilidade 
de um texto. Podemos nos valer do quadro abaixo para melhor entender esses 
conceitos: 
Coesão Coerência 
Articulação entre palavras e 
enunciados do texto. 
Manutenção da sequência lógica de 
argumentação. 
Elementos coesivos (advérbios, 
conjunções, preposições, pronomes 
etc.). 
Não deve haver contradições e 
mudanças bruscas no rumo do 
pensamento. 
Relação sintática. Relação semântica. 
Observem o exemplo abaixo. 
Comprei três laranjas e coloquei-as no freezer, pois tencionava 
fazer uma salada de frutas bem geladinha com elas; mas, como 
fui à rua e me demorei muito, não pude aproveitá-las na salada 
porque ficaram todas congeladas. 
Nesse pequeno texto, há vários elementos que estabelecem 
ligação entre as partes dele, além do jogo verbal e da sequência de ações; 
enfim, são elementos reconhecíveis e que formam os elos entre os termos. 
Na próxima passagem, no entanto, há uma carência de elementos 
sintáticos de ligação entre os períodos que compõem o texto. 
Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de 
vida humana. Tentava recordar alguma coisa. Nada. 
 
 
 
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Como você pode perceber, o que permite dar um sentido ao 
texto é a possibilidade de se estabelecer uma relação semântica 
(SENTIDO) ou pragmática (INTERACIONAL) entre os elementos da 
sequência. Assim sendo, é possível admitir que a coerência é mais relevante 
do que a coesão para a construção de um texto, embora os dois fatores sejam 
características importantes de todo bom texto. 
• Processos de coesão textual 
Existem determinados vocábulos na língua que não devem ser 
interpretados semanticamente por seu próprio sentido, mas sim em 
função da referência que estabelecem com outros itens. Um item 
referencial tomado isoladamente é vazio e significa apenas: procure a 
informação em outro lugar. Observem o exemplo seguinte: 
João é o maior empresário daqui. No Distrito Federal, não há 
outro que o supere. 
Repare que “João” é retomado no segundo período pelo pronome 
“o”; enquanto o advérbio “aqui”, no primeiro período, antecipa a circunstância 
de lugar indicada por “Distrito Federal”. No caso da retomada, temos uma 
anáfora. No caso de sucessão, uma catáfora. 
Observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por 
meio de conectivos. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar 
a deturpação do sentido do texto. 
Que tal treinarmos o emprego dos mecanismos de coesão a partir 
do texto abaixo? Vamos lá? 
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois 
tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um 
avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de 
Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua 
Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta 
das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências. 
 
 
 
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Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que 
foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta 
página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo 
Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur 
Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e 
Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de 
Andrade (7), de 53 anos. 
Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores 
compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era 
um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). 
Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander 
691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) 
Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um 
assalto e ser baleado na noite de sexta-feira. 
O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de 
Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20 
e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma 
espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das 
avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se 
conhecem as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a 
torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no 
mínimo 60 dias para ser concluído. 
Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em 
cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) 
atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos 
graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, 
Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de 
Santa Cecília. 
1. REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto. 
Observe que o vocábulo “avião” foi muito usado, principalmente por ter sido o 
 
 
 
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veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é 
um dos principais elementos de coesão do texto jornalístico, que, por sua 
natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A 
repetição pode ser considerada a mais explícita ferramenta de coesão. 
2. REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição 
parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se, 
uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da vítima de um 
acidente, como se observa com o elemento (7), na última linha do segundo 
parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) 
sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos, 
artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização 
por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (parao 
prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à 
prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos 
costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que os 
sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem 
com mais propriedade. 
3. ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido 
pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (1) 
o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito 
de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o 
co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi 
necessário repetir-se a palavra “avião” logo após as palavras “piloto” e “co-
piloto”. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto 
será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de um piloto de 
automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro exemplo de elipse: 
Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) 
ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas 
escoriações e queimaduras. Note que o (10) antes de “Apenas” é uma omissão 
de um elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o 
verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e queimaduras. 
 
 
 
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4. SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um 
elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a 
substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de 
palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os 
principais elementos de substituição: 
4.1 Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou 
acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a 
idéia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são 
nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior (4), 
Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro 
Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), 
João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma 
Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, contraído 
com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o 
marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal elas retoma as 
três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não 
sofreram ferimentos graves. 
Vejamos outros casos de substituições indicadas por pronomes: 
a) Muitos brasileiros estavam assistindo à corrida, mas isso não bastou para 
que Rubinho vencesse a prova (o pronome demonstrativo isso retoma a ideia, 
expressa anteriormente, de que muitos brasileiros estavam assistindo à 
corrida); 
b) Em época de fim de ano, as pessoas que trabalham com carteira assinada 
recebem o 13º salário, o que aquece a economia do país (o pronome 
demonstrativo o retoma o fato de as pessoas receberem o 13º salário); 
c) [...] Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao 
reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira (o pronome relativo 
que retoma Sérgio Ricardo de Andrade - Sérgio Ricardo de Andrade morreu 
ao reagir a um assalto...); 
 
 
 
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d) A Jonas Ricardo foram atribuídas atitudes violentas. Segundo sua esposa, 
ele a agrediu na última segunda-feira... (o pronome pessoal ele retoma Jonas 
Ricardo; o pronome pessoal a retoma sua esposa). 
4.2 Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo em 
que se referem a um elemento do texto, o qualificam. Essa qualificação pode 
ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de modo 
que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado. 
a) [...] foram elogiadas por Fernando Henrique Cardoso. O presidente, 
que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epíteto 
presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia usar, como 
exemplo, sociólogo); 
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o 
ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro dos Esportes 
retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as 
formas: jogador do século, número um do mundo). 
4.3 Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou 
muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi 
demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para 
conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos). 
4.4 Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa 
por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados. 
Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida 
Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumento dos impostos. A 
paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de 
paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da 
Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o 
nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-
exemplo). 
4.5 Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um 
elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de 
 
 
 
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uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de centenas 
de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi a 
maneira encontrada... (protesto retoma toda a idéia anterior - da paralisação 
-, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados ao 
lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos 
animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações 
que se podem atribuir a eles). 
4.6 Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de 
lugar. Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram... 
(o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que 
comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como elementos 
que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc. 
 [...] 
 Na verdade, somos obrigados a escolher. Somos obrigados 
 a exercer a liberdade. Assim, a decisão supõe a possibilidade e, 
 paradoxalmente, a necessidade de estimar as coisas e as ações 
 humanas para atender as nossas demandas; supõe a avaliação 
 de múltiplos fatores que perfazem uma situação humana 
 complexa. Aí, portanto, temos também compreendida a esfera 
 do valor. Não há liberdade sem valoração. Essa esfera, 
 entretanto, é muito ampla, pois envolve não só o mundo da ética, 
 mas também o da utilidade, da estética, da religião etc. 
 [...] 
(Adaptado de ALVES, Alaôr Caffé. As categorias da ética. In: www.centrodebate.org) 
15. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) O advérbio Aí, no quinto 
parágrafo, refere-se ao processo compreendido nas etapas assim 
apresentadas pelo autor. 
(A) situação humana / múltiplos fatores / demandas 
(B) liberdade / decisão / avaliação 
(C) decisão / possibilidade / liberdade 
 
 
 
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(D) decisão / possibilidade / avaliação 
(E) múltiplos fatores / demandas/ ações humanas 
Comentário – Esta é uma questão que trata da coesão referencial 
estabelecida entre elementos textuais. O advérbio “Aí” retoma a ideia anterior, 
em que estão contidas as seguintes etapas: decisão � possibilidade e 
necessidade de estimar � avaliação. Entendo que a segunda etapa está mal 
representada, mas não vejo motivo para que alguém brigasse com a banca e 
exigisse a anulação da questão. Afinal, a letra D traz, mesmo resumidamente, 
a indicação dessa etapa. 
Resposta – D 
 
16. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Nas alternativas a seguir, 
ambas as expressões servem essencialmente à articulação sequencial das 
ideias do texto, à exceção de uma. Assinale-a. 
(A) pois / porque (4º parágrafo). 
(B) assim / entretanto (5º parágrafo). 
(C) quando / eis por que (6º parágrafo). 
(D) mas também / então (9º parágrafo). 
(E) por aí / sempre (11º parágrafo). 
Comentário – Outra vez estamos às voltas com elementos (conjunções, 
advérbio e palavra de designação) que promovem a coesão entre segmentos 
do texto intitulado As categorias da ética e expressam explicação, tempo, 
conclusão, oposição, adição. A única exceção é o advérbio “sempre”. Leia a 
passagem em que ele foi empregado: “Por aí se vê também que a liberdade e 
a ética não se reduzem a fenômenos meramente subjetivos; elas têm sempre 
dimensões sociais, históricas e objetivas.” Esse advérbio de tempo é 
meramente para indicar que o processo designado pelo verbo ter é contínuo, 
não se interrompe. 
É preciso entender que um texto é composto por ideias 
conexas, que sobressaem entre uma frase e outra, entre um período e outro, 
 
 
 
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entre um parágrafo e outro. Essa conexão ocorre por meio de elementos de 
coesão (citados no comentário da questão) que vão dando sequência ao texto, 
que permitem ao autor desenvolver coerente e progressivamente essas ideias, 
num processo em que continuamente as ideias vão se entrelaçando, vão sendo 
retomadas. Mas ele quer como resposta a alternativa em que um elemento não 
contribui para isso. Note que o advérbio "sempre" apenas se refere ao 
processo verbal descrito na frase em que surge, ele não favorece a articulação 
sequencial das ideias constantes no texto (que sobressaem, como já disse 
aqui, entre uma frase e outra, entre um período e outro, entre um parágrafo e 
outro). 
Resposta – E 
 
17. (FGV/SEFAZ-RJ/FISCAL DE RENDAS/2010) Nas atuais condições em que 
exerce a sua hegemonia, a direita "moderada" conseguiu infiltrar seus 
critérios no discurso da esquerda "moderada". (L.54-56) 
A palavra seus no trecho acima tem valor: 
(A) anafórico. 
(B) anastrófico. 
(C) catafórico. 
(D) hiperbólico. 
(E) paragramático 
Comentário – O pronome possessivo “seus” retoma a expressão anterior 
“direita moderada” e lhe atribui a posse dos “critérios” (= critérios da direita 
moderada). Portanto não há dúvidas: a função coesiva do pronome tem valor 
anafórico. 
Valor “anastrófico” tem a ver com anástrofe, figura de 
linguagem que consiste na inversão acentuada dos termos de uma oração. Um 
exemplo clássico é o que ocorre no Hino Nacional Brasileiro: “OUVIRAM DO 
IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS DE UM POVO HERÓICO O BRADO 
 
 
 
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RETUMBANTE”. Eis a construção na ordem direta: AS MARGENS PLÁCIDAS DO 
IPIRANGA OUVIRAM O BRADO RETUMBANTE DE UM POVO HERÓICO”. 
Valor “hiperbólico” tem a ver com hipérbole, outra figura de 
linguagem; consiste na ênfase exagerada dos aspectos linguísticos do texto: 
Ele morreu de tanto rir. 
Valor “paragramático” tem a ver com a dupla possibilidade de 
interpretação de um escrito: uma está na “superfície” do texto, é linear e 
aparente; outra está nas entrelinhas dele, é implícita. 
Resposta – A 
 
Adequação de Linguagem 
• Modalidades linguísticas 
Você já percebeu que a língua é um código de que se serve o 
homem para elaborar mensagens, para se comunicar. Interessante ainda é 
perceber que, para realizar seu objetivo, a língua utiliza modalidades 
diferentes. São basicamente duas modalidades: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Língua culta ou língua-padrão: 
compreende a língua literária. 
Utilizada pelas emissoras de rádio e 
televisão; jornais, revistas, 
empresas, órgãos públicos, etc. 
Associada à escola (gramática). 
Língua popular ou língua 
cotidiana: é mais espontânea e 
dinâmica. Usada muitas vezes em 
situações informais: conversa entre 
amigos ou em família. São exemplos 
as gírias, os dialetos e os jargões. 
• Tô preocupado. 
• Fiquei grilado. 
• E aí, beleza? 
• Gelinho, sacolé, chup-chup 
 
• Abrir o bico 
• Peticionar 
• Deletar 
• Câmbio 
 
• Estou preocupado. 
• Fiquei pensativo. 
• E aí, tudo bem? 
• Suco de frutas congelado dentro 
de um saco plástico 
• Contar a verdade 
• Pedir ao juiz 
• Apagar 
• Negociação de moeda 
estrangeira 
 
 
 
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• O conceito de erro 
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos 
de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da norma 
culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz: "Ninguém 
deixou ele falar", não comete propriamente erro; na verdade, transgride a 
norma culta. 
Importa considerar, assim, o momento do discurso: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No momento íntimo, a informalidade prevalece sobre a 
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. 
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal, 
qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em 
O momento formal é o do uso 
da língua-padrão, que é a língua 
da Nação. Tomam-se por base 
aqui as normas estabelecidas na 
gramática, ou seja, a norma 
culta. Assim, aquelas mesmas 
construções se alteram: 
O momento íntimo (informal) 
é o das liberdades da fala. No 
recesso do lar, na fala entre 
amigos, parentes, namorados, 
etc., portanto, são consideradas 
perfeitamente normais 
construções do tipo: 
a) Eu não vi ela hoje. 
b) Ninguém deixou ele falar. 
c) Deixe eu ver isso! 
d) Eu te amo, sim, mas não 
abuse (você)! 
e) Não assisti o filme nem vou 
assisti-lo. 
f) Sou teu pai, por isso vou 
perdoá-lo. 
 
a) Eu não a vi hoje. 
b) Ninguém o deixou falar. 
c) Deixe-me ver isso! 
d) Eu te amo, sim, mas não 
abuses (tu)! 
e) Não assisti ao filme nem vou 
assistir a ele. 
f) Sou seu pai, por isso vou 
perdoar-lhe. 
 
 
 
 
Língua Portuguesa para o IBGE (Teoria e Exercícios) 
Aula 8 – Análise de Textos (Parte I) 
Prof. Albert Iglésia 
 
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que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico, 
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda que não 
tenha amparo na rigidez gramatical. 
O vocábulo têxtil, que significa rigorosamente aquilo que se pode 
tecer, em virtude do seu significado, não poderia ser adjetivo associado à 
indústria, já que não existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, temos 
não só a indústria como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra 
têxtil e do operário da indústria de fibra têxtil. 
Uma frase “correta”, portanto, não é aquela que se 
contrapõe a uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada 
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma padrão. 
Importante é sabermos que o nível da linguagem, a norma 
linguística, deve variar de acordo com a situação em que se 
desenvolve o discurso. 
O ambiente sócio-cultural determina

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