Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTABILIDADE DE CUSTOS AULA 4 Prof. Ivanildo Viana Moura CONVERSA INICIAL Olá, aluno(a), tudo bem? Iniciamos a quarta aula de contabilidade de custos e o foco é entender um pouco mais sobre os custos indiretos e a forma de alocação destes aos produtos fabricados. Para isso, vamos estudar um método muito conhecido pelas empresas, o qual é chamado de departamentalização. Diante disso, esta aula será dividida nos seguintes temas: • Identificação dos custos indiretos de produção • Departamentalização • Definição e análise dos critérios de rateio • Rateio dos custos dos departamentos • Importância da consistência dos critérios Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os exercícios. Lembre-se de que a melhor maneira de aprender é praticando. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Conforme já mencionado nas aulas anteriores, um dos principais problemas encontrados na contabilidade de custos é a alocação dos custos indiretos aos produtos. Esse processo pode impactar significativamente no custo final dos itens fabricados e, consequentemente, no seu preço de venda. Visando minimizar esses problemas, a contabilidade de custos estuda, desenvolve e disponibiliza técnicas que tendem a reduzir a subjetividade na alocação dos custos diretos. Uma dessas técnicas será estudada na aula de hoje: o chamado método de departamentalização, ou, como também é conhecido, método dos centros de custos. TEMA 1 – IDENTIFICAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO Conforme já falamos na Aula 1, os custos indiretos de fabricação são aqueles que não têm forma de medição que seja 100% eficaz, possibilitando a apropriação aos produtos de forma objetiva e eliminando toda a arbitrariedade na alocação. Ao contrário disso, todos os custos indiretos de produção (CIP) necessitam de algum critério para serem alocados aos produtos, e a esse critério chamamos de base de rateio, a qual é estabelecida de forma arbitrária pelo responsável da área de custos da empresa, por meio de estimativas e premissas do que se imagina ser a forma mais justa de alocar esses gastos aos produtos. A principal característica dos custos indiretos é a impossibilidade da mensuração, ou seja, a ausência de formas de medição das quantidades dos insumos utilizados pelos produtos que os consumiram. Esse fato é destacado por Megliorini (2011, p. 49) no seguinte contexto: “os custos indiretos de fabricação compreendem um grupo de elementos cujo consumo não é quantificado nos produtos; por isso, eles são apropriados aos produtos por meio de rateios”. Se existe dificuldade na identificação dos custos indiretos, a característica principal destes pode ser muito útil nesse processo. Para tanto, basta que o profissional de custos verifique se o insumo consumido possui ligação direta com o produto e se é possível fazer a medição da quantidade consumida, pois conforme exposto por Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 61), classifica-se como indireto “todo custo que não está vinculado diretamente a cada unidade do produto, mas ao processo de fabricação”. Conforme a definição dada pelos autores supracitados, entende-se que esses gastos estão relacionados aos insumos que são utilizados no processo como um todo, e não têm apropriação em um único produto, numa única unidade, não sendo possível a sua identificação no objeto de custeio. De modo geral, os custos indiretos passam a existir no momento em que a empresa fabrica dois ou mais produtos, e existem certos gastos relacionados ao processo produtivo que são comuns a esses produtos. Mas, se pudéssemos elencar, quais seriam os custos indiretos no processo de fabricação? Megliorini (2011, p. 49) contextualiza que, “com exceção da matéria prima e da mão de obra direta, quase todos os demais custos são tratados como indiretos”. Percebe-se que, na visão do autor, os custos diretos mais conhecidos e incorridos são a MOD e os materiais diretos, e provavelmente alguns materiais secundários, sendo os demais classificados como indiretos. Considerando-se que esses gastos são comuns a vários produtos, basta analisar quais itens possuem essa característica para poder classificá-los como custos indiretos. Nesse sentido, podemos contextualizar alguns exemplos de CIP expostos por Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 61): aluguel da área ocupada pela fábrica (setor produtivo); depreciação das máquinas e ferramentas industriais; energia elétrica consumida pela fábrica; mão de obra indireta (demais funcionários da fábrica); materiais indiretos (lubrificantes, lixas, cola); demais custos fabris. Para demonstrar como um CIP pode se caracterizar no setor produtivo, vamos usar como exemplo o aluguel da fábrica. Dificilmente uma indústria vai produzir somente um produto. Geralmente, elas produzem um mix razoável, e o aluguel da área de produção deve ser dividido entre todos esses produtos. Perceba que não tem como dizer exatamente qual a parcela do custo do aluguel correspondente a cada produto, pois, por mais que a empresa estabeleça critérios que pareçam justos, não existe a objetividade na alocação desses gastos, uma vez que todos os produtos estão utilizando a mesma área, ou seja, estão sendo produzidos no mesmo prédio. Nesse sentido, o custo total com o aluguel deve ser apropriado a todos eles, ficando por conta do profissional de custos encontrar o melhor critério para a alocação. Diante desse aspecto, podemos dizer que os custos indiretos são gastos comuns no processo produtivo e, por esse motivo, “são chamados também custos gerais de fabricação (CGF)” (Crepaldi; Crepaldi, 2018, p. 61). Os materiais diretos não podem possuir outra classificação senão aquela já encontrada na sua própria nomenclatura como a de custo direto, pois eles são diretamente relacionados aos produtos, podem ser mensurados na sua utilização e também são identificáveis nos itens produzidos. Entretanto, podemos algumas vezes ter custos que podem ser classificados tanto como diretos quanto indiretos, dependendo da situação em que o custo foi incorrido e das formas como a empresa conduz o seu processo produtivo. Temos que levar em conta que um determinado insumo ou item de custo pode assumir duas classificações distintas em contextos diferentes e, nesse momento, a identificação desse custo torna-se algo de maior atenção por parte do profissional de custos. Por exemplo, a energia elétrica geralmente é consumida por toda a fábrica e o seu custo total é alocado por meio de estimativas. Nessa circunstância, a energia elétrica realmente é um custo indireto. Mas e se a fábrica resolver instalar medidores em cada máquina e, indo mais além, decidir que cada máquina seja utilizada somente na fabricação de um produto específico? Nesse caso, podemos dizer que a energia elétrica passa a ser um custo direto, pois o seu gasto é controlado e pode ser apropriado diretamente ao objeto de custeio. Assim, a identificação do custo indireto também é feita por meio da razão, devendo ser consideradas as circunstâncias em que o produto foi fabricado, uma vez que a estrutura da própria empresa pode determinar a classificação do custo. TEMA 2 – DEPARTAMENTALIZAÇÃO Conforme vimos no Tema 4 da Aula 1, o esquema básico da contabilidade de custos permite a separação dos custos e despesas, e também propicia a apropriação dos custos indiretos mediante a utilização de uma base de rateio. No entanto, sabe-se que o problema da subjetividade relativo à apropriação dos custos indiretos é muito grande, e os métodos propostos pela contabilidade de custos tendem a reduzir esse problema, ou ao menos minimizar o impacto da subjetividade na alocação desses gastos aos produtos. Diante disso, uma das técnicas oferecidas para a alocação dos custos indiretos é a departamentalização. 2.1 Conceito dedepartamento Quando se trabalha os custos indiretos na fábrica como um todo, a tendência é de que todos os produtos venham a receber uma carga desses gastos incorridos, independentemente do processo que passaram para serem fabricados. Nesse sentido, a subjetividade na alocação tende a ser maior, visto que os processos podem ser diferentes para cada tipo de produto, e consequentemente, os insumos podem ser consumidos de formas diferentes. Percebe-se que a fábrica pode ter diversos setores, dos quais os produtos se utilizam direta ou indiretamente no seu processo de fabricação. Conforme exposto por Padoveze (2016, p. 100): “Como os produtos que estão sendo fabricados passam por diversas fases de fabricação, e essas fases normalmente são setores especializados dentro da empresa, faz-se necessária a apuração setorizada dos gastos para cada fase dos processos de fabricação”. Esses setores são chamados, pela contabilidade de custos, de departamentos, e são atribuídas a eles a responsabilidade pelos custos incorridos durante determinado período, para posterior alocação aos produtos fabricados. Para entender o processo, antes de mais nada é preciso entender o que é um departamento. De acordo com Martins (2010, p. 65), “departamento é a unidade mínima administrativa para a contabilidade de custos, representada por pessoas e máquinas (na maioria dos casos), em que se desenvolvem atividades homogenias”. Conforme exposto pelo autor, cada departamento é uma das partes que compõem a fábrica como um todo, e cada um desses setores deve ter um responsável por administrá-lo: chefe de setor, encarregado, coordenador ou algo do gênero, mas o que vale é que a unidade tenha suas responsabilidades. Outro fato a ser destacado é que as atividades devem ser únicas em cada departamento, por isso o autor destaca que os setores devem desenvolver atividades homogêneas. Como uma das atribuições da contabilidade de custos é o controle, a departamentalização é uma forma prática de controlar os custos, visto que divisão da fábrica em departamentos faz com que o controle se torne algo visível e mais fácil de ser obtido, uma vez que a segregação mostra de forma mais clara em que área os recursos estão sendo consumidos e a forma desse consumo. Outra vantagem é a atribuição de responsabilidades a um sujeito específico, o qual deverá responder pelos gastos do seu departamento. De acordo com Schier (2013) “esse conceito, que liga a atribuição de cada departamento à responsabilidade de uma pessoa, dá origem ao uso da contabilidade de custos como forma de controle”. 2.2 Divisão da fábrica em departamentos A divisão da fábrica em departamentos aumenta o controle sobre os custos indiretos de produção, mas esse controle pode ser aumentado ainda mais com a divisão dos próprios departamentos. Imagine você que, no processo de fabricação, existem dois tipos de departamentos: aqueles pelos quais os produtos passam em alguma fase do processo para serem fabricados, e aqueles que servem como apoio aos outros departamentos. Isto posto, de acordo com Martins (2010, p. 88), os departamentos “[...] podem ser divididos em dois grandes grupos: os que promovem qualquer tipo de movimentação sobre o produto diretamente e os que nem recebem produto [...]”. Nesse sentido, Crepaldi (2011, p. 88) coloca que a divisão dos departamentos é classificada em departamentos de produção e departamentos de serviços. Conforme o autor supracitado, “os departamentos de produção são aqueles que atuam sobre os produtos e têm seus custos apropriados diretamente a estes”. Alguns exemplos de departamentos de produção trazidos pelo autor são: Corte, Aplainamento, Montagem, Tapeçaria, Acabamento, Usinagem, Moagem, Pintura, Perfuração, Galvanização, Malharia, Mistura, Refinaria, Engarrafamento. Por outro lado, temos os departamentos de serviços, os quais, diferentemente dos departamentos de produção, não têm ligação direta com o produto. De acordo com Crepaldi (2011, p. 89): Os departamentos de serviços não atuam diretamente na produção e sua finalidade é prestar serviços aos departamentos de produção. Seus custos não são apropriados diretamente aos produtos, pois estes não transitam por eles, mas são transferidos para os departamentos de produção, que se beneficiam dos serviços deles. São exemplos de departamentos de serviços, de acordo com o autor supracitado: Manutenção, Almoxarifado, Administração geral da fábrica, Limpeza, Expedição, Controle de qualidade. Conforme exposto pelo autor, na departamentalização, os custos acumulados pelos departamentos de serviços não são diretamente alocados aos produtos. Você deve estar se perguntando: qual o motivo disso? Se não são alocados aos produtos, de que forma é feita a apropriação? A resposta é simples. Como esses departamentos são de apoio às unidades de produção, os custos são transferidos primeiramente para eles e, posteriormente, por meio de critérios de rateio, são alocados aos produtos. A representação desse processo pode ser visualizada na figura a seguir. Figura 1 – Esquema de distribuição dos custos indiretos Fonte: Crepaldi, 2011, p. 90. Conforme já exposto anteriormente, as vantagens apresentadas pela departamentalização focam os controles em virtude da atribuição de responsabilidades a cada área, bem como a maximização dos recursos e diminuição da subjetividade na alocação dos custos indiretos. Bruni (2010, p. 156) contextualiza o assunto da seguinte forma: Deptos. de Produção Produtos Deptos. de Serviço As vantagens da departamentalização poderiam ser expressas sob dois aspectos principais: melhoria dos controles internos e redução dos problemas decorrentes dos rateios dos custos indiretos. A melhoria dos controles internos associados a custos deve-se ao fato de cada centro de custos ou departamento possuir um responsável. Por sua vez, este exerce uma ação direta sobre os resultados de seu departamento, podendo, através de sua gestão, aumentar ou diminuir seus gastos. Diante disso, entende-se que os departamentos por si só já tendem a diminuir a subjetividade da alocação dos custos indiretos aos produtos, e auxiliam os gestores no que tange a maior eficiência dos controles internos, mas os departamentos ainda podem ter outra classificação que torna a unidade administrativa ainda mais eficaz no rateio dos custos indiretos, a qual é conhecida como centros de custos. 2.3 Centros de custos Quando se fala de departamentalização, um conceito muito utilizado também é o de centro de custos. De acordo com Bruni (2010), embora cada departamento corresponda a um centro de custos, pelo fato de que nele são acumulados os gastos incorridos para posterior transferência aos produtos ou outros departamentos, em algumas ocasiões ele pode ser dividido em diversos centros de custos. O centro de custos pode ser o próprio departamento, ou pode ser uma unidade dentro dele. Conforme exposto por Padoveze (2016, p. 99) “um centro de custo (ou centro de despesa) pode ser tanto uma atividade como um departamento, dependendo da estrutura organizacional”. Pode parecer confuso, mas a lógica é simples. Embora um departamento seja relacionado a uma atividade específica, essa atividade pode ter características distintas para produtos distintos e, portanto, necessitar de máquinas com capacidades diferentes para realizar o trabalho, tornando-se cada máquina do departamento um centro de custos. Nas palavras de Crepaldi (2011, p. 89): Em alguns casos, podem existir mais de um centro de custos num departamento. É o caso em que neste, apesar de desenvolver atividades homogêneas, são usadas máquinas de diversas capacidades produtivas e operadas por pessoal especializado. Nesse caso, seria interessante criar-se um centro de custos para cada máquina, para fins de melhor controle de custo. Conforme exposto, entende-seque um centro de custos e um departamento podem ser a mesma coisa, mas isso quando o departamento como um todo acumula todos os custos incorridos em suas atividades. No momento em que o departamento é segregado em razão de especificidades de seus equipamentos ou atividades, ele passa a ser composto pelos centros de custos que nele se situam, sendo, nessa situação, o centro de custos uma unidade menor que está sob a responsabilidade do departamento. Nesse sentido, Padoveze (2016, p. 99) explana que “os gastos devem ser, então, também contabilizados em centros de custos contábeis, que representam o menor segmento de atividade ou de área de responsabilidade, onde são executados trabalhos homogêneos”. Complementarmente, Martins (2010, p. 67) afirma que “Centro de custos, portanto, é a unidade mínima de acumulação de custos indiretos. Mas não é necessariamente uma unidade administrativa, só ocorrendo quando coincide com o próprio departamento”. Para visualizar melhor a aplicação do conceito de centro de custos, vamos imaginar uma fábrica que foi dividida em seis grandes departamentos, sendo eles corte, perfuração, aplainamento, pintura, montagem e acabamento. Cada departamento possui seus funcionários e suas máquinas, desenvolvendo atividades homogêneas. No entanto, os departamentos de corte e perfuração possuem, cada um, três máquinas com capacidades diferentes e operadas por funcionários especializados, configurando, então, distinção entre os equipamentos. Diante disso, cada uma das máquinas se tornou um centro de custos, e ambos os departamentos têm três centros de custos cada um, enquanto os demais são os próprios centros de custos. Podemos representar o exemplo pela Figura 2. Figura 2 – Representação gráfica de departamentalização TEMA3 – DEFINIÇÃO E ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE RATEIO Uma das principais características dos custos indiretos é a inexistência de um critério que possibilite a apropriação desses gastos de forma confiável e 100% justa aos produtos, uma vez que não é possível mensurar o total de custo incorrido dos insumos a cada unidade produzida. Geralmente, esses gastos são comuns a toda a fábrica e, por isso, são conhecidos também como gastos gerais de fabricação, devendo ser rateados a todos os produtos que consomem esses recursos. No momento da apropriação dos custos indiretos aos produtos, o profissional da área de custos percebe-se diante de uma característica muito importante e intrínseca a qualquer profissional que esteja relacionado a área de ciências sociais aplicadas, que é a questão da arbitrariedade, ou seja, o julgamento do profissional sobre decisões a serem tomadas no âmbito da sua profissão. Em contabilidade de custos, a alocação dos custos indiretos faz com que sejam tomadas decisões principalmente no que tange aos critérios de rateio. Assim, o conhecimento sobre o processo e a estrutura da empresa são fundamentais para uma boa apropriação desses gastos, pois sabe-se que estabelecer um critério 100% eficaz é praticamente impossível, mas é possível estabelecer critérios que reduzam a arbitrariedade. Nesse sentido, Martins (2010, p. 79) afirma que Todos os custos indiretos só podem ser apropriados por sua própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc. Todas essas formas de distribuição contêm, em menor ou maior grau, certo subjetivismo; portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes, ela existirá em nível bastante aceitável, e em outras oportunidades só a aceitamos por não haver alternativas melhores. A contabilidade de custos desenvolve e oferece técnicas que possibilitam a diminuição da subjetividade no processo de alocação desses custos e, embora nenhum método possa ser considerado 100% eficaz, a tendência é que parte do problema seja minimizada. Um desses métodos é a departamentalização, cujo processo de segregação da fábrica tende a reduzir a arbitrariedade e leva os produtos a receberem a carga de custos equivalente somente aos departamentos das quais realmente se utilizaram no seu processo de fabricação. No entanto, deve-se levar em conta que, na departamentalização, existem setores pelos quais os produtos não passam diretamente e, por isso, os custos relacionados a eles devem ser alocados aos outros departamentos que de fato fizeram uso de seus serviços, para posterior alocação aos produtos. Conforme descrito por Stark (2010, p. 74): Pode-se constatar, na prática, que as relações entre os diversos itens dos custos indiretos com os produtos físicos são as mais variadas possíveis. Essa diversidade se torna ainda maior quando se refere, principalmente, a determinados departamentos de serviços, como é o caso dos departamentos administrativos. O pensamento moderno é no sentido de que a fábrica funciona como um todo. Assim, todos os seus custos que tenham origem nos departamentos de produção quer nos departamentos de serviços, devem ter reconhecidas suas respectivas parcelas nos departamentos de produção. O contexto refere-se basicamente ao fato de que os departamentos de serviços têm seus recursos consumidos por outros departamentos e, dessa forma, nada mais justo que esses outros setores receberem a carga que cabe a eles referente aos gastos incorridos. O problema é a forma de fazer essa distribuição, tanto dos departamentos de serviços para os de produção quanto dos departamentos de produção para os produtos, pois é justamente nesse processo que surge o problema da subjetividade. Nas palavras de Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 62) Os CIF, se analisados individualmente, têm pouca identificação direta com o produto em termos de mensuração efetiva. Devem-se atribuir os custos indiretos ao processo de produção, entre as diversas unidades operacionais autônomas, denominadas “centros de custos”, que constituem a menor unidade de acumulação de custos da empresa. De acordo com os autores supracitados, o rateio é o critério que será utilizado para a divisão dos CIF, e a escolha da base utilizada deve ser feita em função do recurso mais utilizado na produção. Os autores ainda apresentam alguns exemplos de critérios de rateio para serem usados no contexto de departamentalização. Quadro 1 – Critérios de rateios Critérios de rateio dos CIF CIF comuns ou indiretos em relação aos departamentos Critérios de rateio para os departamentos Gastos relacionados com o edifício da fábrica. Exemplos: aluguel, depreciação, seguros, limpeza, reparos e imposto predial. Área ocupada Iluminação da fábrica Área ocupada, número de lâmpadas ou pontos de luz Gastos com escritório da fábrica (inclusive relativo à contabilidade de custos Número de empregados, hora/máquina trabalhadas ou horas trabalhadas/MOD Material indireto Material direto Mão de obra indireta Número de empregados, horas trabalhadas/MOD Almoxarifado Custos dos materiais Manutenção das máquinas Horas/máquinas trabalhadas Custo de refeitório, transporte e assistência médica dos empregados Número de empregados Energia elétrica Quilowatt-hora consumido Fonte: Crepaldi; Crepaldi (2018, p. 64). Esses são alguns exemplos de critérios utilizados pelas empresas em seus processos de alocação dos custos indiretos aos produtos. No entanto, embora pareçam ser critérios eficazes, existem alguns pormenores que devem ser considerados antes de adotá-los como única alternativa, ou que devam ser ajustados diante de circunstâncias que distorçam o contexto normal de distribuição dos custos. Como exemplo, imagine que uma determinada empresa faz o rateio do aluguel da fábrica de acordo com a área ocupada por cada departamento. O critério seria uma boa opção, se considerarmos que a área da fábrica é isolada da área administrativa e, por isso, o valor do custo élivre de subjetividade em relação à associação com áreas cujo aluguel corresponda à despesa. No entanto, o valor de locação engloba ambas as áreas, então, cabe um estudo para fazer a distinção de valor entre o que cabe à área administrativa e o que cabe à área de produção (separação despesas/custos). Nesse sentido, nos atentemos ao exemplo dado por Martins (2010, p. 83). Suponhamos que a empresa tenha seus prédios e instalações todos alugados sob um único contrato e que é obrigada a separar a parte que cabe a produção (Custo) e aos setores administrativos e de venda (Despesas). O critério de rateio que vai ser primeiramente lembrado será o de área ocupada por cada um. Entretanto caso haja, por exemplo, um silo vertical na produção; será necessário trabalhar com outro critério se esse silo for de grande volume e funcionar como fator importante no próprio preço do aluguel. Conforme o exemplo dado, observa-se que o critério estabelecido, embora seja uma alternativa interessante, e um tanto quanto óbvia, necessita ser analisado antes de ser utilizado, pois o valor adotado como custo pode estar enviesado pela associação de gasto como um todo, ou seja: valor do aluguel da fábrica somado ao valor do aluguel da área administrativa. Ainda nesse contexto, Martins (2010, p. 79) continua o exemplo considerando o rateio do aluguel usando como base a área ocupada: Suponhamos que o imóvel todo compreenda um quarteirão e que a frente da empresa dê para uma via de grande importância e alto valor comercial locativo e os fundos para uma via secundária de mínimo valor comercial. Na frente, com certeza, estarão colocadas a exposição de vendas, a diretoria etc., e nos fundos talvez estejam as instalações fabris. Em função dessas vias, o valor locativo da frente pode ser várias vezes o valor locativo da outra via; se dividirmos o aluguel inteiro com base em área ocupada, estaremos atribuindo o mesmo montante por metro quadrado à fábrica e à exposição de vendas. Talvez houvesse necessidade então de se fazer uma ponderação baseada num valor estimado de locação de cada setor para se proceder a uma distribuição menos injusta. Com base no exposto, observa-se a importância de que os critérios estabelecidos para os rateios dos custos indiretos sejam estudados e analisados antes de serem implementados, uma vez que o objetivo destes é minimizar a subjetividade que existe na apropriação dos custos indiretos e, por mais que se desenvolvam novas técnicas e ferramentas que auxiliem nesse processo, o fator que ainda tem maior peso é o julgamento e o conhecimento do profissional da área de custos. TEMA 4– RATEIO DOS CUSTOS DOS DEPARTAMENTOS Conforme mencionado nos temas anteriores, a divisão da empresa em departamentos tende a minimizar a subjetividade na alocação dos custos indiretos, uma vez que a segregação aumenta o controle sobre os gastos incorridos num determinado setor. No entanto, a divisão faz com que os departamentos sofram duas formas de classificação, sendo elas em departamentos de serviços e departamentos de produção. Os departamentos de produção são aqueles em que efetivamente os produtos sofrem algum tipo de transformação, ao passo que os departamentos de serviços funcionam como setores de apoio aos primeiros. Nesse sentido, a alocação dos custos dos departamentos de serviço não pode ser realizada diretamente aos produtos, pois esses gastos incorridos não dizem respeito aos recursos consumidos pelos itens em processo de fabricação, mas, sim, pelos departamentos de produção. Nesse sentido, os custos dos departamentos de serviços devem primeiramente ser alocados aos departamentos de produção que consumiram esses recursos, para posteriormente serem apropriados aos produtos. Para facilitar o entendimento, vamos trabalhar com um exemplo, o mesmo proposto por Martins (2010, p. 69), o qual se desenvolve da seguinte forma. Suponhamos que os seguintes custos indiretos tenham sido incorridos por uma empresa em determinado período: Aluguel da área de produção R$ 150.000,00 Energia elétrica R$ 90.000,00 Materiais indiretos R$ 60.000,00 Mão de obra indireta R$ 350.000,00 Depreciação das máquinas R$ 70.000,00 Total R$ 720.000,00 A empresa adota o sistema de departamentalização e apresenta os seguintes setores no período em questão: administração geral; almoxarifado; usinagem; cromeação; montagem; controle de qualidade; manutenção. A empresa tem formas de controles que possibilitam a identificação dos departamentos que consumiram os recursos e, dessa forma, consegue atribuir os gastos ao setor responsável. Diante desse aspecto, os custos são direcionados aos departamentos da seguinte maneira: Aluguel: por ser um custo comum a todos os departamentos, num primeiro momento, o aluguel é apropriado somente à administração geral, para posterior rateio aos demais departamentos. Energia elétrica: os departamentos de usinagem, cromeação e montagem possuem medidores, ao passo que os demais precisam ratear a energia por se utilizarem do mesmo medidor, ficando o valor a ser rateado alocado num primeiro momento ao departamento de administração geral. Materiais indiretos: todos os departamentos têm seus custos de materiais indiretos controlados por meio de requisições. Mão de obra indireta: a mão de obra indireta é rateada por meio de critérios estabelecidos pela empresa, de acordo com o número funcionários de cada departamento. Depreciação das máquinas: a depreciação é rateada conforme os imobilizados presentes em cada departamento. O levantamento dos custos dos departamentos é apresentado de forma resumida na Tabela 1, a qual demonstra a parcela de cada departamento no total de cada item de custo indireto. Tabela 1 – Custos indiretos dos departamentos Fonte: Adaptado de Martins, 2010, p. 69. Agora que já temos os valores incorridos por todos os departamentos, precisamos ratear esses custos aos produtos, no entanto, precisamos antes fazer a distribuição dos gastos dos departamentos de serviços aos de produção. Conforme explicam Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 65), “os departamentos produtivos têm seus custos apropriados diretamente aos produtos, mas os departamentos de serviços não podem fazer isso, já que os produtos, na maioria dos casos, não passam por lá”. Diante disso, chegamos ao problema da alocação dos custos indiretos dos departamentos de serviços. Conforme destacado pelos autores, uma vez que os produtos não se utilizaram de forma direta desses departamentos, os custos incorridos nesses setores não devem ser alocados diretamente aos produtos. Mas como proceder, então, para a apropriação desses valores? De acordo com os autores supracitados, “como esses departamentos prestam serviços aos demais, devem ter seus custos transferidos para os departamentos que recebem esses serviços; depois, os custos desses departamentos são apropriados aos produtos”. No exemplo de Martins (2010, p. 68), os departamentos de serviços apresentados são: administração geral, almoxarifado, controle de qualidade e manutenção. Conforme explica Martins (2010), esses quatro departamentos prestam algum tipo de serviço aos demais e, por isso, seus custos serão rateados por um critério estabelecido. O rateio deve começar por um departamento de serviços distribuindo seus custos por todos os outros que dele se utilizaram, inclusive podendo ser outro departamento de serviços, ficando no final somente os departamentos de produção. Assim, os custos originados no próprio departamento são os custos primários, e aqueles recebidos de outro departamento por meio de rateio são chamados de secundários. Continuando o exemplo, a empresa faz uma análise e determina que os custos dos departamentos de serviços sejam rateados na seguinte ordem: a) Administração geral. b)Manutenção. c) Almoxarifado. d) Controle de qualidade. Após estabelecida a sequência de distribuição, é necessário estabelecer as bases de rateio. Sabe-se que a administração geral possui custos indiretos diversos alocados para serem distribuídos e, por esse motivo, cada espécie de gasto deverá ser rateado por um critério específico. Diante disso, têm-se: a) Rateio dos custos da administração geral da fábrica, compostos por: Aluguel: 150.000,00 — deverá ser rateado em função da área ocupada pelos Departamentos. Dessa forma, temos: Almoxarifado 20.000,00 Usinagem 30.000,00 Cromeação 20.000,00 Montagem 40.000,00 Controle de qualidade 15.000,00 Manutenção 25.000,00 Total: 150.000,00 Energia: 40.000,00 — Deve ser distribuída a todos os demais departamentos, por ser esta energia relativa à iluminação e ao ar-condicionado. Almoxarifado 6.000,00 Usinagem 4.000,00 Cromeação 2.000,00 Montagem 7.000,00 Controle de qualidade 8.000,00 Manutenção 13.000,00 Total: 40.000,00 Mão de obra indireta, materiais indiretos e depreciação: 106.000,00 — distribuídos proporcionalmente ao número de pessoas envolvidas na supervisão de cada um dos departamentos. Almoxarifado 9.000,00 Usinagem 19.000,00 Cromeação 16.000,00 Montagem 21.000,00 Controle de qualidade 19.000,00 Manutenção 22.000,00 Total: 106.000,00 b) Rateio dos Custos da Manutenção: 145.000,00 – O rateio da Manutenção com base no número de horas trabalhadas para cada departamento, fica: Almoxarifado 15.000,00 Usinagem 50.000,00 Cromeação 40.000,00 Controle de qualidade 40.000,00 Total: 145.000,00 c) Rateio dos custos do almoxarifado: 120.000,00 – Como esse é o último departamento de serviços, a empresa decidiu que os custos serão igualmente distribuídos entre os três de produção. Usinagem 40.000,00 Cromeação 40.000,00 Montagem 40.000,00 Total: 120.000,00 d) Rateio dos custos do controle de qualidade: 127.000,00 – Os custos são distribuídos de acordo com o número de testes feitos em cada departamento de serviços. Calculando a proporção de cada departamento sobre o total de testes, têm-se então o índice para apurar a parcela de custos de cada um. Departamento Testes Percentual Valor Usinagem 136 53,54% 67.995,80 Cromeação 88 34,65% 44.005,50 Montagem 30 11,81% 14.998,70 Total: 254 100% 127.000,00 Após a distribuição dos custos dos departamentos de serviços, os departamentos de produção ficam com os seguintes saldos: Usinagem 308.000,00 Cromeação 219.000,00 Montagem 193.000,00 Total: 720.000,00 Finalizada a primeira parte, chegou a hora de ratear esses valores para o objeto de custeio, ou seja, os produtos. Chegamos, então, a um ponto de extrema relevância e de muito cuidado, pois, conforme já falado anteriormente, o critério adotado tem que ser bem analisado e definido, caso contrário, os produtos sofrerão alocação de custos que não lhe pertencem. Conforme exposto por Crepaldi e Crepaldi (2018), todas as formas de rateio contêm, em maior ou menor grau, certo subjetivismo e, por esse motivo, sempre vão existir arbitrariedades nas alocações. Os autores ainda comentam que “a preocupação inicial de contadores, auditores fiscais em relação à contabilidade de custos foi utilizá-la como uma forma de resolver seus problemas de determinação do custo dos produtos vendidos” (Crepaldi; Crepaldi, 2018, p. 62). Diante desse aspecto, o critério deve ser estabelecido em função do recurso mais utilizado na produção. Assim, no exemplo dado por Martins (2010), a empresa usa como critério de rateio o número total de horas máquina utilizadas por cada produto em cada um desses departamentos, as quais são apresentadas a seguir. Tabela 2 – Número de horas máquina Usinagem Cromeação Montagem Total hm hm hm hm Produto G 150 120 80 350 Produto H 120 120 70 310 Produto I 80 60 43 183 Total 350 300 193 843 Fonte: Martins, 2010, p. 72. Agora, com base nos dados apresentados, a empresa primeiro calcula o valor unitário da hora máquina de cada departamento, usando um cálculo bem simples, dividindo o custo total do departamento pelo número de horas máquina total realizados. Após isso, basta multiplicar o total de horas de cada produto em cada departamento e encontra-se o custo do departamento por produto. Têm-se então: Tabela 3 – Número de horas máquina Usinagem Cromeação Montagem Total Custo industrial/hm R$308.000,00 ÷ 350hm = R$880,00 / hm R$219.000,00 ÷ 300hm = R$730,00/hm R$193.000,00 ÷ 193hm = R$1.000,00/hm Produto G 150hm x R$880,00 / hm = R$132.000,00 120hm x R$730,00 / hm = R$87.600,00 80hm x R$1.000,00 / hm = R$80.000,00 R$ 299.600,00 Produto H R$ 263.200,00 120hm x R$880,00 / hm = R$105.600,00 120hm x R$730,00 / hm = R$87.600,00 70hm x R$1.000,00 / hm = R$70.000,00 Produto I 80hm x R$880,00 / hm = R$70.400,00 60hm x R$730,00 / hm = R$43.800,00 43hm x R$1.000,00 / hm = R$43.000,00 R$ 157.200,00 Total R$ 308.000,00 R$ 219.000,00 R$ 193.000,00 R$ 720.000,00 Fonte: Martins, 2010, p. 73. Com o rateio, os custos dos departamentos foram distribuídos aos produtos e, agora, a empresa já tem os valores que devem ser ativados na forma de custos indiretos aos três produtos fabricados. Podemos, assim, fazer um mapa de rateio com o passo a passo de todo processo realizado, desde o rateio inicial dos custos aos departamentos até a apropriação dos custos dos departamentos aos produtos. O mapa é apresentado a seguir. Quadro 2 – Mapa de rateio dos custos indiretos de fabricação Fonte: Martins, 2010, p. 73. TEMA 5 – IMPORTÂNCIA DA CONSISTÊNCIA DOS CRITÉRIOS Conforme já falado no Tema 3 da Aula 1, algumas vezes, a contabilidade permite que um mesmo evento possa ser registrado de formas diferentes, desde que os critérios estejam de acordo com os princípios contábeis. Diante desse aspecto, para garantir a comparabilidade das demonstrações contábeis de diferentes períodos, o princípio da consistência ou uniformidade preza que a entidade mantenha, ao longo do tempo, a alternativa escolhida, não podendo ser alterada em cada período. Nesse sentido, esse princípio quando voltado para a contabilização dos custos, torna-se extremamente relevante, visto que os critérios adotados para pela entidade podem ser utilizados para alterar os resultados em períodos diferentes. Por exemplo: se a empresa adotar uma determinada base de rateio para mensurar os custos com a manutenção dentro de um período, e subsequentemente mudar essa base, os resultados podem ser influenciados por essa mudança. Para Martins (2010), quando se altera um critério, essa mudança pode provocar no custo do produto, sem que qualquer outra modificação tenha ocorrido no processo de produção. Diante desse aspecto, quando a empresa adota uma base para ratear os custos, é importante que o critério escolhido seja mantido, visando não apenas atender ao princípio da consistência, mas também que os produtos não apresentem variação de custos e, consequentemente, haja também impacto no resultado da empresa. Esse contexto pode se concretizar principalmente no que tange ao processo de produtos inacabados, caso a empresa inicie um lote por meio de um critério e finalize-o utilizando outra base de rateio. Nesse contexto, os produtos iniciados e custeados por uma base vão sofrer o impacto da mudança, podendo os seus custos serem aumentados ou reduzidos em relação à aplicação da base anterior. Sobre esse aspecto, Martins (2010, p. 84) afirma que: Se todos os produtos feitos fossem vendidos no mesmo período, o efeito dessas alterações não seria sensível na avaliação do resultado global da empresa. Mas se parte da produção ficar estocada, na forma de produtos acabados ou ainda em elaboração, poderão existir alterações artificiais no resultado. Caso osprodutos estocados no fim do período tenham sido “beneficiados” pela modificação do critério de rateio e tenham por isso recebido menos custos indiretos do que recebiam antes, o resultado do período aparecerá também por rum montante menor do que aquele que seria apresentado caso não tivesse havido alteração. Isso porque os custos indiretos não jogados sobre os itens estocados teriam sido apropriados aos outros que foram vendidos, e, assim estariam jogados como despesas (custo dos produtos vendidos) no resultado. Diante do exposto, é importante frisar que a empresa pode até alterar os critérios de alocação dos custos indiretos, principalmente se for encontrada uma base que reduza mais a subjetividade desses gastos, mas ela terá que colocar isso em notas explicativas, principalmente a mudança impactar de forma significativa o resultado no período em que ocorreu. TROCANDO IDEIAS O problema dos custos indiretos é algo de extrema importância e base de vários estudos em contabilidade de custos, pois a alocação dstes impacta de forma significativa no custo final dos produtos e, por isso, também pode impactar no preço, o que pode levar a empresa a deixar de ser competitiva no mercado por causa de divergências com os preços dos concorrentes. Nesse sentido, um ponto primordial que o contador ou profissional de custos deve ter é saber distinguir os custos diretos dos indiretos. Nesse sentido, pense, você, na sua empresa, no seu trabalho, na forma como os processos são realizados. Você consegue identificar o que são custos diretos e quais são os indiretos no contexto da sua empresa? Você concorda com a forma como a empresa apropria esses custos aos seus produtos ou serviços? NA PRÁTICA Vamos praticar um pouco sobre departamentalização? Considere uma empresa que incorreu nos seguintes custos indiretos: ITENS CUSTO BASE DE RATEIO Aluguel da fábrica R$ 12.500,00 Área ocupada pelo departamento Depreciação das máquinas R$ 150.000,00 Valor das máquinas Energia elétrica R$ 100.000,00 Quilowatt-hora consumido Mão de obra indireta R$ 800.000,00 Número de empregados Agora, faça a distribuição dos custos dos departamentos de serviços para os departamentos de produção, utilizando as informações abaixo: Base de rateio Adm. Geral Almoxa- rifado Usinage m Cromeaç ão Manuten ção Montage m Total Área ocupada (m2) 40 20 40 160 140 100 500 Valor das máquinas 25000 10000 62500 127500 87500 62500 375000 Kilowatt-hora 60 20 60 250 210 200 800 Funcionários 8 4 8 40 20 20 100 FINALIZANDO A contabilidade de custos busca sempre alguma forma de reduzir a subjetividade no processo de alocação dos custos indiretos de fabricação. Nesse contexto, é importante saber de como ocorre todo o processo de distribuição dos custos e, principalmente, deve-se saber distinguir os custos diretos dos indiretos. Na aula de hoje, abordamos o assunto da identificação dos custos indiretos que ocorrem no processo de fabricação e aprendemos que uma das técnicas disponibilizadas pela contabilidade de custos, para uma tentativa de diminuir a subjetividade na alocação desses custos aos produtos, é o processo de departamentalização, no qual a empresa divide a fábrica em setores, e cada setor possui um responsável que deve responder pelos custos incorridos. Também vimos que os departamentos são divididos em dois grupos: de serviços e de produção. Por fim, aprendemos como é feito o rateio dos custos dos departamentos e sua posterior alocação aos produtos, e ressaltamos a importância de se manter o critério estabelecido, não fazendo alterações no decorrer dos exercícios. REFERÊNCIAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRUNI, A. L. A administração de custos, preços e lucros: com aplicações na HP12C e Excel. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. COSTA, R. P. da; FERREIRA, H. A. S.; SARAIVA JÚNIOR, A. Freires. Preços, orçamentos e custos industriais: fundamentos da gestão de custos e de preços industriais. Rio de Janeiro: Elsevier, Campus, 2010. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018. HORNGREN, C. T.; DATAR, S. M.; FOSTER, G. Contabilidade de custos, 2. 4. reimp. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010. LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MAHER, M. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed., rev. e ampl. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. PADOVEZE, C. L. Contabilidade geral. Curitiba: Intersaberes, 2016. ______. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Gestão de custos: aplicações operacionais e estratégicas. Exercícios resolvidos e propostos com utilização do EXCEL. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Compartilhar