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VALVULOPATIAS As valvas cardíacas permitem o fluxo anterógrado não obstrutivo através do coração quando estão abertas, enquanto previnem o fluxo retrógrado quando estão fechadas. A maioria das doenças cardíacas valvares causa estenose valvar com obstrução ao fluxo anterógrado ou insuficiência valvar com fluxo retrógrado. Quando a doença valvar é grave, estas sobrecargas hemodinâmicas podem levar à disfunção ventricular, insuficiência cardíaca e morte súbita. ESTENOSE AÓRTICA Fisiopatologia: Na estenose aórtica a pressão intracavitária do VE precisa aumentar acima da pressão aórtica para produzir um fluxo anterógrado através da valva estenótica e obter uma pressão aceitável na circulação sistêmica. Há uma progressão geométrica na magnitude do gradiente conforme a área valvar é reduzida. A velocidade de progressão da estenose aórtica varia amplamente de paciente para paciente; pode permanecer estável por muitos anos ou aumentar 15 mm Hg por ano. Valvas aórticas bicúspide e outras valvas congênitas anormais: o Aproximadamente 1% da população nasce com uma valva aórtica bicúspide com uma predominância masculina. Apesar de esta anomalia habitualmente não causar um distúrbio hemodinâmico ao nascimento, as valvas aórticas bicúspides tendem a se deteriorar com o envelhecimento. o Quase um terço destas valvas torna-se estenótica, outro terço torna-se insuficiente e o restante causa apenas pequenas anormalidades hemodinâmicas. Quando a estenose se desenvolve, geralmente manifesta-se em pacientes com 40, 50 e 60 anos de idade. o Algumas vezes, a estenose aórtica congênita por uma valva unícúspíde, bicúspide ou até mesmo tricúspide anormal causa sintomas durante a infância e precisa de correção durante a adolescência. Ocasionalmente, estas valvas aórticas congenitamente estenóticas escapam à detecção até a idade adulta. Estenose das valvas aórticas tricúspide: o A lesão inicial da estenose aórtica é similar à placa da doença coronariana. o Ambas as doenças têm hipertensão e hiperlipidemia como fatores de risco. o Há uma excelente correlação entre a calcificação da valva aórtica e a calcificação das artérias coronárias. o Os pacientes com estenoses aórticas mais graves têm maiores níveis de proteína C reativa. No entanto, as estatinas, que são muito eficazes no tratamento da doença coronária, têm sido ineficazes para retardar a progressão da estenose aórtica moderadamente avançada. o Doença cardíaca valvar reumática: o É uma causa rara de estenose aórtica em países desenvolvidos. Em praticamente todos os casos, a valva mitral também é detectavelmente anormal. : → A reserva reduzida de fluxo sanguíneo coronariano pode ser causada por uma diminuição relativa no crescimento capilar para servir às necessidades do ventrículo esquerdo hipertrofiado ou por um gradiente transcoronariano reduzido para o fluxo sanguíneo coronário devido a uma pressão diastólica final do VE elevada. : → Na estenose aórtica, a síncope geralmente está relacionada ao esforço. Pode ocorrer quando o esforço provoca uma queda na resistência periférica total que não pode ser compensada pelo aumento do débito cardíaco, pois o débito está limitado pela obstrução ao fluxo de saída do VE; esta combinação reduz a pressão arterial sistémica e a perfusão cerebral. → Na estenose aórtica, a disfunção contrátil (insuficiência sistólica) e a falha no relaxamento normal (insuficiência diastólica) ocorrem e causam sintomas. Manifestações clínicas: → Em geral, o diagnóstico da estenose aórtica é primeiramente suspeitado quando o sopro de ejeção sistólica clássico é audível durante o exame clínico. Mais audível na área aórtica e irradia-se para o pescoço. Ausculta: B1, na estenose aórtica, geralmente é normal. Na estenose aórtica congênita, quando a valva não está calcificada, a B1 pode ser seguida por um click de ejeção sistólico. Na doença com calcificação, a B2 pode ser única e suave quando o componente aórtico é perdido, pois a valva nem se abre nem se fecha bem. Em alguns casos, o esvaziamento retardado do VE secundário à disfunção pode criar um desdobramento paradoxal da B2. Um galope de B4 é comum. → Na doença avançada, a hipertensão pulmonar e sinais de insuficiência cardíaca direita são comuns. → Em pacientes assintomáticos com sopros suspeitos, o diagnóstico precoce permite que o paciente e o médico fiquem mais vigilantes quanto aos possíveis sinais e sintomas precoces. Diagnóstico: → O eletrocardiograma (ECG) na estenose aórtica geralmente mostra sobrecarga do VE. No entanto, em alguns casos, até mesmo de estenose aórtica grave, a sobrecarga do VE está ausente no ECG, possivelmente devido à ausência de dilatação do VE. → A radiografia de tórax na estenose aórtica geralmente não é diagnóstica. A silhueta cardíaca geralmente não está alargada, mas pode assumir uma configuração em formato de bota. Nos casos avançados, pode existir sinais de cardiomegalia e de congestão pulmonar; a calcificação da válvula aórtica pode ser observada na incidência lateral. → A ecocardiografia é indispensável para avaliar a extensão da hipertrofia do VE, o desempenho de ejeção sistólico e a anatomia da valva aórtica. A ecocardiografia com Doppler da valva aórtica é utilizada para avaliar a gravidade da estenose. → Apesar de o teste ergométrico ser contraindicado em pacientes sintomáticos com estenose aórtica devido ao elevado risco de complicações, um teste ergométrico cauteloso pode ser realizado nos pacientes assintomáticos. o Este teste frequentemente revela sintomas latentes ou uma instabilidade hemodinâmica que não são reconhecidos durante as atividades diárias normais do paciente. o A hipotensão induzida pelo exercício ou sintomas são indicações para a troca valvar aórtica em pacientes com estenose aórtica grave; em pacientes com estenose aórtica leve a moderada, outra fonte de limitação de exercício deve ser pesquisada. → Os níveis de peptídeo natriurético cerebral podem ser mais altos nos pacientes que se tornarão sintomáticos em um curto período – níveis elevados anunciam um mau prognóstico, mas o uso desse biomarcador para indicar a necessidade de substituição da válvula é ainda prematuro. → O cateterismo cardíaco para realização de arteriografia coronariana geralmente é efetuado antes da cirurgia porque a maioria dos pacientes com estenose aórtica está na idade em que a doença coronariana é comum. Tratamento: → Terapia clínica: em paciente assintomáticos, o tratamento não é indicado, nem é conhecido por ser benéfico; também não existe tratamento medicamentoso eficaz reconhecido para a estenose sintomática. → Terapia intensiva: o Cirurgia para troca valvar o Substituição percutânea da válvula aórtica o Valvotomia aórtica por balão
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