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PROFILAXIA E COBERTURA ANTIBIÓTICA E DOSE DE ATAQUE É de suma importância ter o contato com a equipe médica do paciente, carta ou ligação, mas cabe ao cirurgião dentista conhecer e classificar as condições de risco do paciente para o desenvolvimento da endocardite infecciosa, pois mesmo que o médico diga que não precisa, caso ocorra a intercorrência e se for provado legalmente que a endocardite ocorreu devido ao procedimento do CD, a pena cairá sob o CD. Então, deve ser prescrita a antibioticoterapia profilática a pacientes de risco durante procedimentos odontológicos indicados. Salientando sempre pra família do paciente a importância da profilaxia e da possibilidade de endocardite infecciosa durante o tratamento. O QUE É ENDOCARDITE INFECCIOSA? Enfermidade relativamente rara, que produz inflamações e destruição do endocárdio e do endotélio ou das valvas cardíacas, podendo ser de origem bacteriana, ou de outros microrganismos. Porque nos preocupamos tanto se ela não é tão frequente? Porque a taxa de mortalidade é alta, sendo 3-10 por 100.00; com a mortalidade de 30% em 1 ano. A gravidade da evolução da doença pode ser tão importante quanto a frequência que ela acontece. Quais condições você considera de risco para o desenvolvimento da endocardite? Quando eu fizer um procedimento que gere bacteremia transitória, de uma forma geral, em procedimentos que perfurem a mucosa, manipulação da região periapical e manipulação gengival. Exemplos: ▪ Extração dentária; ▪ Manipulação do periápice (endo); ▪ Raspagem e alisamento radicular; ▪ Sondagem periodontal, existem controvérsias, mas se indica, por isso é interessante realizar no dia da raspagem para reduzir a quantidade de profilaxia necessária. ▪ Cirurgia periodontal ▪ Colocação do implante dentário O QUE É A BACTEREMIA TRANSITÓRIA? É a presença de bactérias viáveis no sangue circulante após a manipulação de tecidos infectados. Coisas que fazemos no dia a dia podem ocasionar bacteremia transitória, como até mesmo a própria escovação dental do paciente, ela não acontece somente no nosso procedimento, mas no procedimento é algo que podemos controlar e que podemos prevenir, o quão cruento também será o procedimento e quais bactérias estão no meio é relevante. Se for realizar uma exodontia, por exemplo, e o paciente necessitar de raspagem, faz-se necessário primeiramente realizar a raspagem para diminuir a quantidade de bactérias no meio e posteriormente realizar a exodontia. O que nos faz ver a importância do planejamento de um bom plano de cuidado para esses pacientes. Quais procedimentos odontológicos geram bacteremia? ▪ Extração dental – 51-85% ▪ Cirurgia periodontal – 36-88% ▪ Raspagem e alisamento – 8-80% ▪ Endodontia – 0-15% ▪ Escovação – 0-26% ▪ Fio dental – 20-58% ▪ Bochecho 7-50% Se não dá pra usar pra tudo a gente usa para aqueles procedimentos que a gente sabe que tem uma grande chance de gerar a bacteremia. Não é indicado em: Anestesia em tecido não infectado Colocação, ajuste ou retirada de próteses e dispositivos ortodônticos, perda da 1° dentição ou trauma dos lábios e mucosa oral. PARA QUAIS PACIENTES PRESCREVER ANTIBIÓTICOS? Pacientes com suscetibilidade aumentada a infecções sistêmicas – imunodeficiência adquirida ou congênita, diabéticos com pobre controle glicêmico, pacientes com doenças imunologicamente mediadas, se ele fizer uso de corticóides em altas doses também, como pacientes com pênfigo ou penfigóide, pacientes com risco significante de osteonecrose, que fez radioterapia ou usou bisfosfonatos. O QUE É A PROFILAXIA ANTIBIÓTICA? É necessário consultar o médico antes de prescrever profilaxia antibiótica? 67% dos CDs consultam ao médico antes da profilaxia antibiótica, 24% às vezes e 7% não consultavam. Nosso objetivo é buscar a autonomia, pois o paciente é nossa responsabilidade quando está na nossa cadeira. É o uso de antibióticos, em altas doses (bactericidas) porque eu sei que vou gerar uma maior quantidade de bactérias durante aquele período, antes de determinados procedimento, no intuito de diminuir os efeitos da bacteremia transitória em pacientes de risco. O seu objetivo é que, sabendo que vamos fazer um procedimento invasivo, vamos diminuir o risco de endocardite infecciosa ou limitar infecção local/distante. ▪ Como calcular essa dose? Depende do antibiótico que eu vou utilizar, já tem uma dose estabelecida para isso. ▪ Como fazer a profilaxia antibiótica? Administração oral em dose única de 2g de amoxicilina uma hora antes do procedimento. Temos muito cuidado com a profilaxia, em muitos casos, pedimos para o paciente levar os comprimidos e tomar com a gente, marcamos a hora, então começamos o procedimento com no mínimo de 40/60 minutos depois. Mas por que 1 hora? porque é o tempo necessário para o início de ação do medicamento. ▪ O paciente que não puder tomar amoxicilina, sendo alérgico à penicilina, cefalexina ou cefalosporina de 1° geração: receitar clindamicina, azitromicina ou claritromicina (menos utilizada). Deve-se ponderar diversos fatores ao se prescrever o medicamento, a amoxicilina é amplamente utilizada e disponível pelo sistema único de saúde facilitando em muitos casos o acesso do paciente. A cefalexina não é o antibiótico de primeira escolha pois há características em comum com a amoxicilina, então um paciente que é alérgico à amoxicilina pode apresentar ainda reações alérgicas à cefalexina. É importante conversar com o paciente e saber o que ele já tem costume de tomar, se ele tiver alergia ele já sabe o que toma no lugar dela. Clindamicina é também muito bom, principalmente se fizer um procedimento cirúrgico onde envolve-se tecido ósseo, alguns estudos mostram que ela tem uma ação muito boa em tecido ósseo. Muitas vezes, quando há osteonecrose, ela é prescrita ao invés de amoxicilina. Só não é tão viável pelo valor. ▪ Doses: Clindamicina 600mg ou 20mg/kg (para pacientes pediátricos) Azitromicina 500mg ou 15mg/kg Cefalexina 2mg ou 50mg/kg E se o paciente que precisa de profilaxia antibiótica tiver vários procedimentos para fazer? É ideal manter um intervalo mínimo de 10 dias entre uma sessão e outra para evitar o surgimento de microrganismos resistentes ao antibiótico utilizado. Mas se o paciente tiver apenas uma raspagem e a cirurgia? pode ser feita a cobertura. Nela o paciente vai ficar usando o medicamento de forma contínua, sem ser a dose alta, ainda sim ele vai manter uma dose de proteção e ai é feito o máximo de procedimentos que puder neste período, na faculdade não é tão comum por se fazer atendimentos espaçados, normalmente um por semana, mas em consultórios é bem comum. Esqueci de dar profilaxia para o paciente que tem indicação, o que fazer? Pode ser administrada até 2h depois do procedimento, PARA ENDOCARDITE ainda há um nível de proteção. Dose de ataque: dose dobrada do antibiótico 1h antes do procedimento + cobertura, ajuda a diminuir a bacteremia e infecção local ≠ Profilaxia: o paciente tem risco de endocardite infecciosa e precisa só de uma raspagem, mas ele não tem uma infecção periodontal, então eu vou fazer 2g de amoxicilina e pronto. Uma tomada única do antibiótico, com a dose alta/aumentada para evitar/diminuir bacteremia. ≠ Cobertura: quando o paciente inicia o remédio um dia antes do procedimento e já tem em sua corrente sanguínea. É na posologia e dose habitual com intervalos entre as tomadas para evitar infecções locais, pode ser feita em pacientes que já tem uma infecção já instalada, em pacientes imunodeprimidos e os que você irá realizar vários procedimentos durante a semana.
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