Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PEDRO HENRIQUE MARTINS – MED100 GASTRO - CRISTINA CÂNCER DE CÓLON Homem, 60 anos, apresentando há 5 meses diarreia líquida com 5 episódios/dias de ocorrência noturna. Há 7 dias relata episódios intermitentes de sangue vivo nas fezes em pequena quantidade. Anteriormente apresentava ritmo intestinal de 3/3 dias com fezes cibilares. Não sabe informar sobre emagrecimento. Sinais de alarme: idade acima de 45 anos, hematoquezia (sangue nas fezes) e sintomas noturnos (despertar noturno pela diarreia). Paciente já está com alto acomentimento da circunferência do cólon (2/4 ou até 3/4) CÂNCER COLORRETAL No Brasil, a maior incidência é no Sudeste e no Sul pelo hábito alimentar pobre em fibras 75% dos pacientes tem entre 45 e 75 anos de idade diminuiu idade mínima. Antes era 50. Mais de 86% das pessoas diagnosticadas com menos de 50 anos são sintomáticas no momento do diagnóstico, logo, a presença dos sintomas faz com que a pessoa já se encontre num estágio mais avançado da doença, não sendo mais curativo (baixa sobrevida em 5 anos). 95% dos adenocarcinomas são preveníeis, pois são provenientes de uma lesão precursora desenvolvida a partir de pólipo adenomatoso (lesão benigna). Leva 12-15 anos para malignizar. PÓLIPOS ADENOMATOSOS LESÃO PRECURSORA São lesões benignas pré-cancerosas São classificados em o Adenomatosos: tende a malignizar e formar adenocarcinoma em 12-15 anos. Acompanha o Hiperplásico: hipertrofia glandular. 100% benigno e sem risco de malignização. o Serrilhado: intermediário. Meia chance de malignização. Acompanha por prevenção Através da EDA não é possível determinar o tipo, precisa mandar para histopatológico. Mais frequente no retossigmoide: pacientes constipados acabam retendo mais fezes nessa região e isso contribui muito para o surgimento do adenocarcinoma. FATORES QUE DETERMINAM O POTENCIAL DE MALIGNIZAÇÃO DO PÓLIPO ADENOMATOSO: Tamanho: quanto maior, mais chance de malignizar o Menos de 1 cm = menos de 1% de chance o 1 a 2cm = 10% de chance o Maiores que 2cm = 45% de chance Padrão de crescimento: , quanto mais se distancia da arquitetura glandular normal, maior risco. o Tubulares = 5%, pois ainda mantém a característica glandular do epitélio original o Tubulovilosos = 22% de chance, pois começam a perder a característica glandular o Vilosos = 40%, já perderam a arquitetura glandular normale estão desorganizados. Atipia celular: presença ou não de displasia celular (baixo, moderado ou alto grau). Progressão para carcinoma depende de alterações genéticas moleculares com ativação de oncogenes e inativação de genes supressores de tumor (K-ras, APC e p53) Predisposição genética + fatores ambientais= malignização dos pólipos. Independentemente do tamanho, padrão de crescimento e atipia celular, o pólipo adenomatoso DEVE ser ressecado. POSSÍVEL EVOLUÇÃO DO PÓLIPO ADENOMATOSO Cólon normal formação de pólipos ou apenas 1 pólipo adenomatoso 12 a 15 anos evolui para adenocarcinoma (lesão vegetante que cresceu para dentro da luz com presença de pontos de ulceração- já tomou 50% da circunferência do cólon). PEDRO HENRIQUE MARTINS – MED100 GASTRO - CRISTINA QUADRO CLÍNICO 98% assintomáticos com pólipos, só descobrindo pelo rastreamento em grupos de risco (+50 anos, parentes de 1º grau com pólipos antes dos 50 anos e/ou pólipo viloso maior que 2cm) Minoria pode iniciar com um sangramento pequeno (hematoquezia) ou com muco nas fezes DIAGNÓSTICO Retossigmoideoscopia: consegue fazer polipectomia o Aparelho rígido só vê até 30cm do sigmóide. Consegue fazer no próprio consultório. o Aparelho flexível igual a um colonoscópio, porém é mais curto. Consegue ir até a flexura esplênica do cólon esquerdo. Já precisa de anestesia, consultório mais preparado. o Realiza enema para que as fezes saiam e o segmento seja bem visualizado. Colonoscopia: ESCOLHA PRINCIPAL! consegue fazer polipectomia o Permite visualizar o cólon inteiro e o íleo terminal. o Consegue identificar lesões bem no início (ex: uma simples elevação da mucosa. podendo usar aqueles tipos de corantes já discutidos em aulas anteriores) Clister opaco: injeta-se ar e contraste pelo ânus do paciente, por seguinte, uma série de RX são realizados para visualização do cólon. o Desvantagens: não tem como fazer polipectomia e se for uma lesão menor que 0,5cm ela não aparecerá nesse exame. Além de causar muita cólica no paciente. TRATAMENTO A maioria (99%) dos pólipos são ressecados pela colonoscopia: polipectomia (uma alça é colocada ao redor do pólipo e ela apresenta uma corrente elétrica de corte e coagulação). Se for um pólipo muito grande ou de base larga há risco de rompimento/perfuração do cólon através da colonoscopia, necessitando procedimento cirúrgico. Após a retirada, se for confirmado que é adenomatoso ou serrilhado, realiza acompanhamento em 1-2 anos pós resseção. Caso não encontre nada, passa para de 3-3 anos. Relembrando: pólipo adenomatoso é uma lesão BENIGNA, mas em 12 a 15 anos pode malignizar ETIOLOGIA DO ADENOCARCINOMA COLORRETAL Desconhecida mas acredita-se que haja uma pré-disposição genética que associada a fatores ambientais desencadeariam o CA colorretal. Dietas ricas em gorduras e proteínas animais = dieta pobre em fibras (predispõe constipação, levando a uma putefração devido ao tempo prolongado no instestino. Ocorre o aumento de bactérias anaeróbias que oxidam os ácidos biliares e graxos, formando substâncias carcinogênicas que alteram o DNA das células levando o pólipo a se transformar em um câncer. Anormalidades genéticas: mutações no gene APC polipose adenomatosa familiar que são formações de MUITOS pólipos adenomatosos logo na infância 100% certo do indivíduo ter CA colorretal aos 40 anos. Ressecar esses pólipos logo nas crianças (10/12 anos) para não evoluir. o Obs: o gene APC é um gene que controla a proliferação celular, logo, se o paciente tem uma mutação desse gene, há uma proliferação indiscriminada das células da mucosa intestinal. Presença de oncogenes crescimento e proliferação celular Síndrome de Linch (CHNP câncer hereditário não polipoide): herança autossômica dominante. Representa 3% das causas. 70% das pessoas que tem essa síndrome terão adenocarcinoma colorretal. O paciente tem um erro num gene reparador de DNA, ou seja, esse gene passa a não reparar os erros de proliferação do DNA. Nessa síndrome NÃO SE FORMAM PÓLIPOS, ou seja, a adenocarcinoma se origina de uma lesão do próprio epitélio intestinal (lesão plana). Síndrome de Linch I: tumor no cólon direito ou ceco sem outro tipo Síndrome de Linch II: tumores colorretais, endométrio, gástrico, ovário, urinário PEDRO HENRIQUE MARTINS – MED100 GASTRO - CRISTINA FATORES DE RISCO Idade: 50 anos (atualmente pensa-se em diminuir para 45 anos). Presente de aniversário é uma colonoscopia. História pessoal de neoplasia: maior risco em pessoas que já tiveram pólipos adenomatosos múltiplos, maiores que 1 cm, vilosos ou tubulovilosos. História Familiar: número de parentes de 1º grau com neoplasia (e pensar na idade que teve) PAF (polipose adenomatosa familiar): maior risco (representa 1 % dos casos) CHNP (câncer hereditário não polipoide- Síndrome de Linch): 3 ou + familiares de 1º grau o CCR envolvendo mais de 2 gerações (Ex: avô, pai e irmão tem) o Pelo menos 1 caso antes dos 50 anos o Ausência de S. Polipose hereditária o Vigilância com colono aos 25-30 anos e estudos genéticos DII (doença inflamatória intestinal): retocolite aumenta o risco aumenta após 8 anosda doença Doença de Crohn de cólon tem risco também. Não se formam pólipos, mas o risco permanece devido a constante inflamação da mucosa. Dieta com gorduras e poucas fibras Obesidade Tabagismo Polipose colônica familiar Polipose familiar juvenil. PATOLOGIA Crescimento circunferencial que leva a oclusão principalmente de cólon esquerdo (menor calibre e fezes mais duras) Obstrução do cólon direito ocorre mais lentamente devido ao seu maior calibre e as fezes nele presentes são mais moles, demorando para começar os sintomas. Em geral, com 1 ano de doença já ocupa ¾ da circunferência (crescimento estimado de ¼ de circunferência a cada 6 meses) já não é um paciente curativo Formas de disseminação: o Linfática (mais comum) o Gordura pericolônica → mesentério →órgãos adjacentes o Veia porta → fígado o Pulmões, ossos, peritônio DIAGNÓSTICO Anamnese: o Alteração hábito intestinal, características fezes, sangue, muco, dor abdominal e perda peso o Manifestações locais: Cólon direito: tardias (10% sem alteração de trânsito). Aumento do diâmetro e distensão abdominal e fezes líquidas Cólon esquerdo: Rápidas. Altera a evacuação com sangue e muco nas fezes. Reto: fezes em fita, sangue, sensação de puxo e evacuação incompleta Exame físico: o Palpação abdominal→ pesquisa de massas, hepatomegalia e circulação colateral o Busca de gânglios inguinais e supraclaviculares o Importância do toque retal sempre fazer Exames laboratoriais: o Hemograma investigar anemia (série vermelha) o Provas de função hepática: FA (fosfatase alcalina) aumentada (metástases hepáticas) o Dosagem de proteínas séricas: vão estar baixas o Pesquisa de sangue oculto nas fezes: (Guaiaco barato, mais disponível, mas pode dar muito falso positivo X imunoquímico menos falsos positivos). PEDRO HENRIQUE MARTINS – MED100 GASTRO - CRISTINA o Marcadores tumorais CEA (antígeno carcinoembrionário) não é específico, pois pode estar elevado em neoplasias, doenças inflamatórias e tabagistas. Avaliar terapêutica, detecção precoce de metástases Eleva-se em 70% dos CCR ORIENTAÇÕES PARA PESQUISA DE SANGUE OCULTO NAS FEZES Restrição de carnes ou alimentos que contenham alta peroxidase (rabanete, nabo, couve-flor, brócolis) por 3 dias antes da realização do exame Não utilizar medicamentos irritantes da mucosa gástrica Não escovar os dentes, evitando assim gengivorragia EXAMES RADIOLÓGICOS RAIO X de tórax: Investiga metástases Clister opaco: sinal do anel do guardanapo. Não detecta lesões < 0,5 cm o Tumor de cólon esquerdo com falha de enchimento tipo anel de guardanapo o Tumor de cólon direito constricção ou massa intraluminal o Parede rígida com destruição do relevo mucoso TC e/ou RNM de tórax e abdome o Avaliam comprometimento extramural no câncer de reto o Detecção de metástases Ultrassonografia endorretal o Avalia a extensão vertical do tumor (quantas camadas do cólon e reto ele atinge) o Só é válido fazer quando suspeita-se que é uma lesão PRECOCE EXAMES ENDOSCÓPICOS Retossigmoidoscopia Diagnostica 20% dos CCR Colonoscopia Exame de eleição pois identifica até lesões precoces Colonoscopia virtual Detecta lesões < de 0,5 cm mas tem impossibilidade de biópsias e ressecção ESTADIAMENTO TNM Avalia prognóstico e necessidade de terapia adjuvante T profundidade da lesão. N disseminação linfonodal. M metástases à distancia TRATAMENTO Os pacientes em que a lesão consegue ser detectada no estágio inicial possuem 90% de sobrevida em 5 anos. É CURATIVO!! Maioria diagnosticada numa fase mais avançada da doença. Não possuem tratamento curativo. Remoção cirúrgica com metástases. Resseca o segmento para evitar obstruções e sangramentos. Anastomoses se vai precisar ou não de bolsa de colostomia depende de vários fatores e da avaliação do cirurgião com o oncologista. Onde é a lesão? Qual o estado geral do paciente? Quimioterapia e radioterapia depende do estadiamento CA de reto radio e quimio pré e pós-operatório diminuem recorrência local do tumor e óbitos CA de reto com radio + quimio possui resultados melhores que radio isolada SEGMENTO PÓS-OPERATÓRIO (RESSECÇÃO) Ficar atento para detectar precocemente a recorrência do tumor e/ ou metástases colonoscopia após 6 meses a 1 ano da ressecção cirúrgica do tumor para rastreio. Se não encontrar nada, faz a cada 2 anos. Intuito de buscar pólipos e tumores metacrônicos (ocorre quando a pessoa tem um tumor, resseca o mesmo e 5 anos depois aparece outro tumor no mesmo órgão). CEA Repetir a cada 3 meses no 1º ano e a cada 6 meses por mais 4 anos. Se durante essas dosagens pós cirurgia de ressecção, o paciente tiver aumento do CEA tem que repetir uma colono PEDRO HENRIQUE MARTINS – MED100 GASTRO - CRISTINA RASTREAMENTO Selecionar num grupo populacional, indivíduos que deverão ser submetidos a métodos diagnósticos de fácil execução, com boa especificidade, para detecção do câncer colorretal. Intuito é buscar nesses indivíduos a lesão precursora para que então se faça a ressecção desse pólipo, impedindo assim, que o indivíduo venha a ter o CCR. Risco médio: Pacientes com 50 anos ou mais o risco dobra a cada década, decrescendo a partir dos 80 anos Risco alto: Paciente com adenoma ou CCR, DII de longa duração, história familiar de CCR ou adenomas, síndromes polipóides COMO RASTREAR? Sangue oculto nas fezes pelo método imunoquímico: anticorpo monoclonal Anti-Hb humana. Se negativo, repetir anualmente. No SUS não dá para fazer imunoquímico, utiliza o Guaiaco. Se não tem como fazer colonoscopia, pode-se fazer o sangue oculto nas fezes anualmente DNA fecal (pregen): identifica produtos de mutações de genes envolvidos no CCR não disponível no Brasil. Colonoscopia a cada 5 anos de 50 aos 75 anos é o método mais disponível, é o ideal!!!!!!!! o Caso tenha história familiar e fatores de risco, continuar após 75 anos Colonoscopia virtual a cada 5 anos Retossigmoidoscopia flexível: detecta 35% dos CCR e adenomas. Ou seja, se no local não tem colono, mas tem Retossigmoidoscopia, é melhor fazer ela do que não fazer nada. QUEM E QUANDO RASTREAR? Sempre perguntar para o paciente com que idade o parente de 1° dele descobriu o câncer, pois deve começar o rastreamento do paciente com 10 anos a menos da idade do parente.
Compartilhar