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Critérios de identificação, mensuração e evidenciação na contabilidade rural
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dessas demonstraç õ es – seja isoladamente ou em conjunto com outros itens – em palavras e por meio do valor monetá rio, e incluir esse valor em um ou mais totais nessa demonstraç ã o. O valor pelo qual ativo, passivo ou patrimô nio lí quido é reconhecido no balanç o patrimo- nial é referido como o seu “valor contá bil” (CFC, 2019, documento on-line). No caso dos ativos biológicos, a norma prevê que estes só serão reconhecidos e devidamente registrados no balanço patrimonial (BP) quando for efetivamente seguro reconhecê-los. Ou seja, nem todos os ativos, em sua fase inicial, possuem características que assegurem a aplicação correta da norma. Conforme Nakao (2017), pode não ser oportuno reconhecer um bezerro somente um ano depois de ter nascido, mas também pode não ser confiável o reconhecer enquanto ainda não tiver sido desmamado. É sobre isso que o princípio a respeito do reconhecimento de um ativo biológico trata. Critérios de identificação, mensuração e evidenciação na contabilidade rural2 De acordo com o que consta especificamente a esse respeito na NBC TG 29, em seu item 10, a entidade deve reconhecer um ativo biológico ou produto agrícola quando, e somente quando: (a) controla o ativo como resultado de eventos passados; (b) for provável que benefícios econômicos futuros associados com o ativo fluirão para a entidade; e (c) o valor justo ou o custo do ativo puder ser mensurado confiavelmente (CFC, 207, documento on-line). A norma estabelece, ainda, que os três requisitos devem ser atendidos plenamente para que se possa reconhecer um ativo biológico, caso contrário, corre-se o risco de que haja manipulações de resultado, principalmente no que se refere à antecipação de receitas de forma indevida. No entanto, quanto ao reconhecimento de um ativo, a norma menciona que aqueles sob os quais a entidade exerça controle e que provavelmente estejam associados a benefícios futuros também deverão ser reconhecidos como tal. Por exemplo, aqueles bens que não necessariamente sejam propriedade da entidade, mas que esta exerça o poder econômico de controlá-los. Conforme Nakao (2017), se a entidade detém o controle de um ativo, é porque ela detém poder sobre ele, o que lhe dá a capacidade de obter benefícios econômicos sem que outra entidade possa fazê-lo sem sua permissão, porém também está sujeita aos riscos inerentes a ter esse poder, como perder o ativo por qualquer motivo. O autor cita, ainda, que, no caso das plantações feitas em áreas de terra arrendadas, apesar de as terras onde as mudas de eucalipto terem sido plantadas não serem de propriedade do agricultor, ele detém o controle dos ativos biológicos por força contratual, o que permite que ele os reconheça em seu balanço patrimonial. Os benefícios econômicos futuros são um elemento importante no reco- nhecimento dos ativos biológicos, e, para cada um dos elementos passíveis de registro, deverá haver um critério que condicione sua capacidade de geração desses benefícios. Contudo, esses benefícios não são os lucros que um ativo é capaz de gerar, mas sim os fluxos de caixa líquidos que serão gerados a partir desses ativos (o total das receitas menos o total das despesas). Por exemplo, em uma plantação de algodão, se os preços de mercado estiverem abaixo do esperado, isso nos levará a crer que teremos fluxos de caixa líquidos negativos na operação, porém se esperarmos para vender o produto quando os preços melhorarem no mercado, os fluxos de caixa líquidos poderão ser positivos. 3Critérios de identificação, mensuração e evidenciação na contabilidade rural O algodão, após colhido, continua sendo um ativo, pronto para venda, com expectativa de benefícios econômicos futuros. No entanto, após o recebimento, o benefício econômico já terá sido obtido, e o ativo deixará de existir. As plantas portadoras (bearer plants) (p. ex., pomares), os animais de produção (vacas leiteiras, reprodutores, matrizes) e as florestas para a produção de madeira, por exemplo, são considerados ativos biológicos do ativo não circulante imobilizado, e, enquanto estiverem produzindo dentro de seu ciclo de vida útil, poderão usufruir das características determinadas pela norma. Correlacionando à Figura 1, essa situação seria identificada nos estágios de desenvolvimento 6 a 8. Figura 1. Estágios de desenvolvimento do ativo biológico e reconhecimento no balanço patrimonial. Fonte: KPMG (2018, documento on-line). A Figura 1 exemplifica um ciclo produtivo de 8 estágios, no qual, ini- cialmente (estágios 1–2), não há como reconhecer o ativo biológico, sequer mensurá-lo, pois encontra-se em fase inicial de desenvolvimento. Isso ocorre com a maioria dos cultivos em fase de semeadura. Logo após a formação inicial, a partir do estágio 3 até o estágio 5, já é possível reconhecer e mensurar os custos empregados na produção, registrando-os como produ- ção em andamento no grupo do ativo circulante. Após o estágio 6, já em fase adulta, as plantas podem ser avaliadas ao valor justo e registradas no ativo circulante, na conta “Produção em Andamento”. Contudo, elas serão encaminhadas para a conta “Estoque de Produtos para Comercialização” (ativo circulante) apenas quando tiverem passado pelo processo de colheita e estiverem prontas para a venda. Critérios de identificação, mensuração e evidenciação na contabilidade rural4 O reconhecimento dos ativos biológicos é um processo que envolve bom senso. Dependendo do tipo de ativo biológico que estiver tratando, decidir sobre os prováveis benefícios econômicos futuros pode não ser uma tarefa fácil. Por exemplo, se uma vaca estiver prenha, não é possível reconhecer o bezerro como um ativo biológico antes de ele nascer, pois, até esse momento, o que há é apenas uma expectativa. Assim, é necessário esperar o bezerro nascer e ser desmamado da mãe para que esteja apto à venda e, então, seja considerado um ativo biológico. 2 A necessidade de mensurar adequadamente os ativos biológicos Desde a adequação das normas brasileiras de contabilidade ao padrão IFRS (do inglês International Financial Reporting Standard [Normas Internacionais de Relatórios Financeiros), as práticas contábeis referentes às atividades agrope- cuárias têm sido impactadas, principalmente no que se refere à mensuração de seus ativos. A NBC TG 29 recomenda, em seu item 12, que os ativos biológicos e produtos agrícolas usem o valor justo como base de mensuração. Conforme interpretação da IAS 41, que originou a norma, as transformações naturais dos ativos biológicos e as mudanças nas expectativas de benefícios futuros são mais bem retratadas se avaliadas a valor justo, oferecendo aos usuários informações mais relevantes, comparáveis e compreensíveis. Dessa forma, para o usuário, a informação contábil será capaz de evidenciar a situação patrimonial de forma mais realista e tempestiva (CFC, 2017). A NBC TG 46 afirma que valor justo é “[...] o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração [...]” (CFC, 2017, documento on-line). De acordo com a NBC TG 29, percebe-se que há uma determinação de que todos os ativos biológicos deverão ser men- surados ao valor justo, do qual será deduzida a despesa de venda, obedecendo aos períodos iniciais e finais de cada competência registrada. Existem dois tipos de ativos biológicos: os ativos biológicos com mercado ativo e os ativos biológicos sem mercado ativo. Os que estão em um mercado ativo possuirão um preço corrente de referência, ao passo que os que não fazem parte de um mercado ativo não possuirão preço corrente de transferência. 5Critérios de identificação, mensuração e evidenciação na contabilidade rural Iudícibus e Martins (2007) lembram que a mensuração é um processo de aproximação da realidade e, como tal, não há como evitar que a subjetividade esteja presente, o que representa um maior desafio dentro