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Vendas, custos e despesas do setor imobiliário

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Vendas, custos e despesas do setor 
imobiliário
APRESENTAÇÃO
Alguns setores da contabilidade apresentam especificidades exclusivas de seu campo de atuação 
e, consequentemente, dificuldades próprias também. Dentre os diversos desafios existentes no 
ramo de construção e incorporação imobiliária está o reconhecimento de receitas e custos. 
Enquanto as construtoras trabalham com prestação de serviços, as incorporadoras vendem 
imóveis, o que pode ocorrer antes, durante ou depois da conclusão das obras. Isso pode tornar o 
trabalho da contabilidade desafiador, pois, para conseguir executar seu trabalho, será 
preciso estar em contato com diversos profissionais para acompanhar o andamento das obras e 
das vendas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre o reconhecimento de receitas e a 
formação de custos no ramo imobiliário, além de compreender os diversos assuntos abordados 
na Resolução n.º 1.154/09, que trata sobre entidades de incorporação imobiliária, por exemplo, 
despesas, permutas, provisões, etc.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar aspectos relacionados às entidades de incorporação imobiliária constantes na 
Resolução n.º 1.154/09.
•
Descrever o reconhecimento da receita de vendas imobiliárias.•
Descrever a formação dos custos no ramo imobiliário.•
DESAFIO
Um dos principais desafios da contabilidade do setor imobiliário é saber identificar o momento 
correto do reconhecimento das receitas, assim como o método mais adequado de 
reconhecimento. Uma das razões para isso é que, muitas vezes, as vendas de imóveis e seu 
recebimento ocorrem antes mesmo destes estarem finalizados.
Nesse contexto, imagine que você é dono de um escritório de contabilidade e que uma empresa 
de incorporação imobiliária e uma construtora são suas clientes.
Acompanhe o caso:
Dadas as circunstâncias, explique como deve ser o reconhecimento das receitas da construtora 
Y, caso ela adote o método de reconhecimento da receita no momento específico (entrega da 
obra).
INFOGRÁFICO
A NBC TG 47, que dispõe sobre as receitas com clientes, passou a vigorar no Brasil a partir de 
1º de janeiro de 2018. Com isso, foi revogada a NBC TG 30, que tratava sobre receitas, e a NBC 
TG 17, referente ao setor imobiliário, que tratava sobre contratos de construção.
No Infográfico, conheça as etapas necessárias para o reconhecimento de receitas de acordo com 
as normas atuais.
CONTEÚDO DO LIVRO
As vendas, os custos e as despesas do setor imobiliário têm especificidades próprias do setor. É 
sabido que, para o reconhecimento de receitas, existem dois métodos possíveis. Nesse cenário, 
você pode se perguntar: qual método adotar e como eles funcionam? Ou ainda: o que é custo e o 
que é despesa para o setor imobiliário?
Leia o Capítulo Vendas, custos e despesas do setor imobiliário, da obra Contabilidade setorial, 
para conhecer os assuntos abordados na Resolução n.º 1.154 do CFC, que trata sobre entidades 
do setor imobiliário, e entender como devem ocorrer o reconhecimento de receitas e a formação 
de custos dos imóveis.
Boa leitura.
CONTABILIDADE 
SETORIAL
David Mendes
Vendas, custos e despesas 
do setor imobiliário
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar aspectos relacionados às entidades de incorporação imo-
biliária constantes na Resolução CFC nº. 1.154/2009.
  Descrever o reconhecimento da receita de vendas imobiliárias.
  Explicar a formação dos custos no ramo imobiliário.
Introdução
Neste capítulo, você estudará a Resolução CFC nº. 1.154/2009, bem como 
os diversos aspectos relacionados às atividades de incorporação imobi-
liária. Além disso, conhecerá receitas do setor imobiliário para empresas 
da construção civil e incorporadoras imobiliárias. Por fim, conhecerá os 
custos nas empresas imobiliárias, bem como os itens que compõem os 
custos dos imóveis.
1 Resolução CFC nº. 1.154/2009
A Resolução CFC nº. 1.154, de 23 de janeiro de 2009, aprova a norma técnica 
denominada CTG 01 – Entidades de Incorporação Imobiliária. O objetivo 
dessa norma é esclarecer diversos assuntos quanto às práticas contábeis das 
entidades de incorporação imobiliária. São eles:
(a) formação do custo do imóvel, objeto da incorporação imobiliária; 
(b) despesas com comissões de vendas; 
(c) despesas com propaganda, marketing, promoções e outras atividades 
correlatas; 
(d) gastos diretamente relacionados com a construção do estande de vendas 
e do apartamento-modelo, bem como aqueles para aquisição das mobílias e 
da decoração do estande de vendas e do apartamento-modelo do empreen-
dimento imobiliário; 
(e) permutas físicas; 
(f) provisão para garantia; 
(g) registro das operações de cessão de recebíveis imobiliários; 
(h) ajuste a valor presente; 
(i) classificação na demonstração do resultado da atualização monetária e 
dos juros das contas a receber de unidades concluídas e entregues (CFC, 
2009, documento on-line). 
O item (a) “formação do custo do imóvel, objeto da incorporação imo-
biliária” será abordado na terceira seção deste capítulo. Quanto ao item (b) 
“despesa com comissão de venda”, a norma esclarece que esse tipo de despesa 
deve seguir o mesmo critério de apropriação das receitas. Há dois métodos de 
reconhecimento de receitas, os quais serão abordados na seção a seguir. Até 
que ocorra o reconhecimento, as despesas devem ser contabilizadas como 
pagamentos antecipados. No entanto, se ocorrer o cancelamento da venda 
ou for provável que o pagamento não ocorrerá, as despesas com comissão de 
vendas deverão ser imediatamente reconhecidas como despesas (CFC, 2009). 
O item (c) “despesas com propaganda, marketing, promoções e outras ati-
vidades correlatas” diz que essas despesas não integram o custo de construção 
do imóvel. São, portanto, reconhecidas como despesas com vendas quando 
ocorrem em obediência ao regime de competência. O item (d) “gastos direta-
mente relacionados com a construção do estande de vendas e do apartamento-
-modelo, bem como aqueles para aquisição das mobílias e da decoração do 
estande de vendas e do apartamento-modelo do empreendimento imobiliário” 
diz respeito aos ativos imobilizados por terem natureza tangível, os quais 
sofrem depreciação conforme a sua vida útil. Sendo a vida útil inferior a 
12 meses, são reconhecidos como despesas de vendas (CFC, 2009). 
O item (e) “permutas físicas” diz respeito às trocas de bens, que são de 
dois tipos: (1) troca de imóveis de mesma natureza e valor, como, por exem-
plo, troca de um apartamento de 200 mil por outro apartamento de 200 mil; 
(2) troca de imóveis de valor e natureza diferente, como, por exemplo, troca 
de um terreno no valor de 80 mil por um apartamento construído no valor de 
240 mil. Observe que, na primeira alternativa, não há ganho ou perda, uma 
vez que os valores são iguais. Já na segunda alternativa, há ganho ou perda, 
sendo, portanto, considerada uma transação comercial, devendo ser mensurada 
pelo valor justo (CFC, 2009). 
Vendas, custos e despesas do setor imobiliário2
O item (f) “provisão para garantia” discorre que a provisão (passivo) é a 
contrapartida da conta de custo de imóvel. Portanto, quando ocorre a venda de 
um imóvel e há garantia dele, por exemplo, pelos cinco anos posteriores à venda, 
os gastos referentes a essa garantia deverão ser contabilizados como custo. 
“O efeito da provisão para garantias não deve impactar o cálculo da evolução da 
obra para fins de apropriação da receita [...]” (CFC, 2009, documento on-line). 
O item (g) “registro das operações de cessão de recebíveis imobiliários” 
diz que essas operações devem ser divulgadas e registradas conforme sua 
essência e realidade econômica. Para tanto, deve-se considerar se o controle 
financeiro de administração, os riscos e as responsabilidades permanecem 
com a empresa.
O item (h) “ajuste a valor presente” dispõe que os ativos e passivosque se 
caracterizarem por alguma das seguintes situações devem ser mensurados a 
valor presente:
(a) transação que dá origem a um ativo, a um passivo, a uma receita ou a uma 
despesa (conforme disposto na NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – 
Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações 
Contábeis) ou outra mutação do patrimônio líquido cuja contrapartida é um 
ativo ou um passivo com liquidação financeira (recebimento ou pagamento) 
em data diferente da data do reconhecimento desses elementos;
(b) reconhecimento periódico de mudanças de valor, utilidade ou substância 
de ativos ou passivos similares emprega método de alocação de descontos;
(c) conjunto particular de fluxos de caixa estimados claramente associado a 
um ativo ou a um passivo (CFC, 2009, documento on-line). 
Por fim, o item (i) “classificação na demonstração do resultado da atua-
lização monetária e dos juros das contas a receber de unidades concluídas e 
entregues” indica que a classificação da atualização monetária e dos juros 
deve ocorrer na conta de receitas financeiras ou na conta de receita bruta 
operacional (CFC, 2009). 
2 Reconhecimento de receitas 
do setor imobiliário
As empresas de construção civil trabalham com a prestação de serviços, como 
de engenharia, arquitetura, entre outros. Portanto, a receita de suas atividades 
decorre da prestação de serviços. Já as incorporadoras trabalham entre, outras 
3Vendas, custos e despesas do setor imobiliário
coisas, com a venda de imóveis. Portanto, a venda de seus estoques (imóveis) 
é que gerará receita. É importante entender essa diferença, pois o momento 
de reconhecimento das receitas divergirá de um tipo de empresa para outro. 
Nas empresas de construção civil, prestadoras de serviços, primeiro é 
estabelecido um contrato, antes da execução do serviço. De acordo com o 
Pronunciamento técnico CPC 47 – Receita de Contrato com Cliente, o con-
trato pode ser apenas verbal ou documentado, o importante é que haja uma 
obrigação entre as partes (CPC, 2016). Portanto, a partir do início da prestação 
do serviço, já pode ocorrer o reconhecimento da receita.
Contudo, nas incorporadoras será diferente, pois, antes de ter um imóvel 
pronto para a venda, é preciso adquirir um terreno e construir nele, e não há 
garantia de venda, de modo que é possível que os imóveis fiquem encalhados 
no estoque e não haja nenhuma receita a ser reconhecida. Por isso, a incorpo-
ração imobiliária é um negócio com riscos, e não raro há a venda de imóveis 
ainda na planta, ou seja, antes mesmo da construção. Dessa forma, a empresa 
gera caixa para o desenvolvimento da construção. Entretanto, nem sempre 
isso é possível, visto que, por vezes, as vendas só se concretizam quando os 
imóveis estão prontos. 
Nesse sentido, a realização das receitas ocorre no momento da venda, 
quando há a obrigação de entregar o imóvel e o direito ao recebimento. Assim, 
nas incorporadoras, enquanto ocorre a construção, há apenas o desenvolvi-
mento do estoque (ativo). Tanto nas construtoras quanto nas incorporadoras 
é possível escolher qual método será adotado para o reconhecimento das 
receitas: momento específico (p. ex., na entrega das chaves) ou ao longo do 
tempo, também chamado de percentual de obra concluída (POC).
De acordo com o CPC 47, item 35, usa-se o POC quando ocorrer uma das 
seguintes hipóteses:
(a) o cliente recebe e consome simultaneamente os benefícios gerados pelo 
desempenho por parte da entidade à medida que a entidade efetiva o desem-
penho [...];
(b) o desempenho por parte da entidade cria ou melhora o ativo (por exemplo, 
produtos em elaboração) que o cliente controla à medida que o ativo é criado 
ou melhorado [...]; ou
(c) o desempenho por parte da entidade não cria um ativo com uso alternativo 
para a entidade [...] e a entidade possui direito executável (enforcement) ao 
pagamento pelo desempenho concluído até a data presente [...] (CPC, 2016, 
documento on-line).
Vendas, custos e despesas do setor imobiliário4
Em outras palavras, é preciso pensar o POC como algo gradual, que ocorre ao 
longo do tempo à medida que as obras são realizadas. Os métodos mais comuns 
de avaliação de progresso da obra são: por meio de comparação entre o custo 
orçado e o custo incorrido, por meio de medição da engenharia, entre outros.
Nas construtoras, por meio do reconhecimento gradual, analisa-se men-
salmente o progresso da obra, a fim de verificar as receitas e os custos no 
resultado do período. Já nas incorporadoras, quando da venda de imóveis, a 
partir do momento que ocorrer a venda (momento de realização da receita), a 
receita é reconhecida no resultado pelo progresso da obra e o custo da unidade 
vendida, ou seja, de acordo com o que já foi construído, no caso de um imóvel 
em construção que estava no estoque. Assim, o que até então era reconhecido 
como estoque passa a ser reconhecido como resultado.
Para exemplificar, considere que uma incorporadora está construindo um 
galpão comercial, orçado em R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos 
mil reais). O projeto teve início em janeiro de 2020, mas, no mês de março, o 
galpão foi vendido, enquanto a obra ainda estava em andamento. Até março, 
a incorporadora já tinha gastado com a construção R$ 700.000,00 (setecentos 
mil reais). O galpão foi vendido por R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais). 
Assim, o percentual da obra concluída, em março de 2020, é de 28%, ou seja, 
R$ 700.000,00/R$ 2.500.000,00 = 28%. O cliente deu uma entrada de R$ 
1.000.000,00 (um milhão de reais), e o restante foi parcelado. Desse modo, 
no mês de março de 2020, a empresa deverá reconhecer como receita R$ 
1.120.000,00 (um milhão cento e vinte mil reais), referente a: R$ 4.000.000,00 
× 0,28 = R$ 1.120.000,00. O lançamento contábil referente ao reconhecimento 
de receita deverá ser:
  Débito – Receita de vendas: R$ 1.120.000,00.
  Crédito – Clientes: R$ 1.120.000,00.
Quanto ao recebimento da entrada, os lançamentos são os seguintes:
  Débito – Caixa/Banco: R$ 1.000.000,00.
  Crédito – Clientes: R$ 1.000.000,00.
Quanto à baixa do estoque, os lançamentos são os seguintes:
  Débito – Custo de imóvel vendido: R$ 700.000,00.
  Crédito – Estoque de imóvel em construção: R$ 700.000,00.
5Vendas, custos e despesas do setor imobiliário
Já no método do momento específico, também conhecido como entrega 
das chaves ou entrega da obra, as receitas serão reconhecidas de uma vez, e 
não gradualmente, como ocorre no POC. Então, mesmo que ocorra a venda, 
o contrato de construção tenha sido assinado ou se tenha recebido por isso, 
ainda assim não se reconhece as receitas no resultado contábil. Desse modo, 
não há movimentação de contas de resultado (receitas e despesas), mas sim 
de contas de ativo e passivo. 
Dando continuidade ao exemplo apresentado anteriormente, por meio desse 
método, em março de 2020, teríamos os seguintes lançamentos:
  Débito – Caixa/Banco: R$ 1.000.000,00.
  Crédito – Adiantamento de clientes: R$ 1.000.000,00.
É importante ressaltar que somente quando ocorrer a entrega das chaves 
do imóvel para o comprador é que a receita e os custos serão reconhecidos na 
demonstração do resultado do exercício (DRE).
A partir de 01 de janeiro de 2018, entrou em vigor o CPC 47, norma que substitui outras 
normas do setor imobiliário. O CPC 47 é uma norma que trata do reconhecimento de 
receitas, sendo, talvez, uma das normas mais complexas atualmente. Por ser complexa 
e trazer mudanças significativas no reconhecimento de receitas do setor imobiliário, 
assista aos vídeos publicados pela empresa de contabilidade IRKO para saber mais 
sobre essa norma. São 16 vídeos curtos, de aproximadamente 5 minutos cada, que 
abordam os principais aspectos dessa norma, disponíveis no link a seguir.
https://qrgo.page.link/9Mdnd
3 Os custos nas empresas imobiliárias
Nas atividades de incorporação imobiliária, o custo do imóvel abarca todos 
os gastos, independentemente de pagamento, incorridos para a obtenção 
do imóvel. De acordo coma Resolução CFC nº. 1.154/2009, o custo é 
composto por:
Vendas, custos e despesas do setor imobiliário6
(a) preço do terreno, inclusive gastos necessários à sua aquisição e regula-
rização;
(b) custo dos projetos;
(c) custos diretamente relacionados à construção, inclusive aqueles de prepa-
ração do terreno, canteiro de obras e gastos de benfeitorias nas áreas comuns;
(d) impostos, taxas e contribuições não recuperáveis que envolvem o empre-
endimento imobiliário, incorridos durante a fase de construção;
(e) encargos financeiros diretamente associados ao financiamento do empre-
endimento imobiliário [...] (CFC, 2009, documento on-line).
Assim, serão considerados custo do imóvel os custos efetivamente aplicados 
nas construções. Ou seja, os adiantamentos a fornecedores são considerados 
como custos incorridos somente à medida que os serviços ou bens a que se 
destinam forem obtidos e efetivamente utilizados nas construções. Além 
disso, o custo dos imóveis vendidos deve compreender o valor estimado das 
garantias relativo ao período posterior à sua conclusão e entrega, como, por 
exemplo, a entrega das chaves.
Já os gastos sem possibilidade de serem recuperados deverão ser reconhe-
cidos no resultado, imediatamente, como custo incorrido do empreendimento. 
Por exemplo, quando há algum erro e a obra precisa ser refeita, se o gasto 
não puder ser recuperado, deve-se registrá-lo como custo. No entanto, o re-
conhecimento dessa perda não depende do estágio de execução e não deverá 
impactar o cálculo da evolução da obra para o reconhecimento da receita de 
incorporação imobiliária (CFC, 2009).
Os encargos financeiros pagos e obtidos de terceiros, pela controladora ou 
por suas investidas, diretamente relacionados aos financiamentos da construção 
e à aquisição de terrenos de empreendimentos imobiliários do grupo, devem 
ser registrados em conta específica representativa de estoques de imóveis 
a comercializar nas demonstrações contábeis consolidadas. Já os encargos 
financeiros pagos com empréstimos e financiamentos, inclusive para a aqui-
sição de terrenos, obtidos de terceiros por entidade controladora e aplicados, 
exclusivamente, em seus respectivos empreendimentos imobiliários devem 
ser registrados em rubrica específica representativa de estoques de imóveis 
a comercializar nas demonstrações contábeis dessa entidade (CFC, 2009).
Sob o aspecto fiscal, os custos do setor imobiliário são divididos em pagos 
ou incorridos e contratados e orçados. Os custos pagos ou incorridos são 
aqueles identificáveis de forma clara e absoluta quanto aos imóveis a que se 
referem. Portanto, são facilmente alocáveis a cada imóvel (BRASIL, 1979). Por 
exemplo, na construção de um condomínio com vários prédios e apartamentos, 
os custos de cada unidade precisam ser identificáveis.
7Vendas, custos e despesas do setor imobiliário
Os custos incorridos durante a execução da obra deverão ser debitados 
na respectiva conta de “Estoques” (ativo circulante). Essa conta deve, ainda, 
se subdividir de acordo com o empreendimento e o tipo de custo, como, 
por exemplo, tijolo, cimento, etc. Além disso, os custos incorridos durante 
a execução da obra deverão ser alocados proporcionalmente aos custos dos 
imóveis vendidos, conforme ocorrerem as vendas, na DRE.
Para melhor compreensão, considere que uma incorporadora adquiriu 
R$ 20.000,00 em materiais, à vista, para a construção de um imóvel sem que 
houvesse uma destinação específica, de modo que não é possível fazer a aloca-
ção dos materiais de acordo com o empreendimento. Assim, a contabilização, 
conforme Scherrer (2015), deverá ser: 
  Débito – Estoque de materiais para construção: R$ 20.000,00.
  Crédito – Caixa/Banco: R$ 20.000,00.
Entretanto, se R$ 10.000,00 desses materiais passam a ser utilizados na 
construção de um empreendimento específico, a contabilização deverá ser:
  Débito – Estoque de imóveis em construção: R$ 10.000,00.
  Débito – Estoque de materiais para construção = R$ 10.000,00.
Já os custos orçados são os custos levantados durante o processo de prepara-
ção do orçamento da obra. Ou seja, com base no planejamento e no cronograma 
da obra, são estimados os custos necessários para a construção de cada imóvel 
(BRASIL, 1979). Para exemplificar, considere que o custo total orçado para 
a construção de um edifício com dez apartamentos seja de R$ 1.000.000,00. 
Assim, cada apartamento terá um custo orçado de R$ 100.000,00, e, a cada 
venda, de acordo com os custos incorridos, deverão ser feitas as apropriações 
de acordo com o percentual da obra completada, conforme o valor de custo da 
unidade vendida, que, no exemplo, é de R$ 100.000 cada unidade. Portanto, 
se um apartamento vendido estiver 50% construído, deverá ser apropriado 
R$ 50.000.
Vendas, custos e despesas do setor imobiliário8
BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa SRF nº 84, de 20 de dezembro de 1979. 
Brasília: Receita Federal, 1979. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/
sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=58238. Acesso em: 30 jan. 2020.
CFC. Resolução CFC nº 1.154/2009. Aprova o CTG 01 – Entidades de Incorporação Imobi-
liária. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2009. Disponível em: http://www1.
cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1154.pdf. Acesso em: 30 jan. 2020.
CPC. CPC 47: receita de contrato com cliente. Brasília: Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis, 2016. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/
Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=105. Acesso em: 30 jan. 2020.
SCHERRER, A. M. Contabilidade imobiliária: abordagem sistêmica, gerencial e fiscal. 
4. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
9Vendas, custos e despesas do setor imobiliário
DICA DO PROFESSOR
Existem dois métodos aceitos na norma contábil para o reconhecimento de receitas: o POC, ou 
percentual de obra concluída, e a entrega das chaves, ou momento específico. O fato de existir 
duas possibilidades pode gerar dúvidas sobre qual método adotar.
Assim, na Dica do Professor, entenda melhor quando usar cada um desses métodos. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Helena, proprietária de um terreno no valor de R$ 160.000,00, decidiu comprar um 
apartamento na planta. Ao conversar com o corretor de imóveis, ela descobriu que o 
valor do apartamento que deseja é R$ 280.000,00. Como não tinha todo o dinheiro 
para comprá-lo, precisaria dar uma entrada e financiar o valor restante. Durante as 
negociações, foi acordada uma troca do terreno pelo apartamento e que o restante 
(R$ 120.000,00) seria parcelado em 10 anos.
Nesse cenário e de acordo com a Resolução do CFC n.º 1.154/09, os ganhos dessa 
transação devem ser mensurados por:
A) valor de custo.
B) valor presente.
C) valor futuro.
D) valor justo.
E) valor depreciado.
2) 
Determinada incorporadora lançou no mercado a venda de casas de luxo em um 
condomínio fechado. Para atingir o público-alvo, contratou uma empresa de 
marketing pelo valor de R$ 100.000,00.
Nesse cenário e de acordo a Resolução do CFC n.º 1.154/09, os gastos com marketing 
devem ser contabilizados como:
A) custo do imóvel.
B) custo de marketing.
C) despesa de venda.
D) despesa de obra.
E) provisão de venda.
3) As empresas de construção de imóveis e as incorporadoras têm diferentes atividades, 
e, consequentemente, o momento de reconhecimento de receitas acontece em 
momentos distintos.
Das opções a seguir, assinale aquela que apresenta corretamente o momento em que é 
possível reconhecer as receitas de uma construtora e de uma incorporadora, 
respectivamente.
A) No inícioda construção; no início da construção.
B) No final da construção; no final da construção.
C) No início da construção; no momento da venda dos imóveis.
D) No momento da venda dos imóveis; no momento da venda dos imóveis.
E) No momento da venda dos imóveis; no início da construção.
4) Em razão do seu modelo de negócio, uma determinada incorporadora tem um alto 
índice de distratos. Levando em conta que o Pronunciamento Técnico CPC 47 
– Receita de Contrato com Cliente permite o reconhecimento da receita por dois 
métodos distintos, a empresa decidiu escolher o método do momento específico.
Nesse contexto, sobre tais métodos, assinale a alterativa correta.
A) Pelo método da entrega das chaves, mesmo que a incorporadora já tenha recebido o valor 
do imóvel vendido, ainda assim não reconhecerá a receita da venda antes da transferência 
de propriedade.
B) Pelo método da entrega das chaves, a incorporadora, ao receber o valor do imóvel vendido, 
reconhecerá a receita da venda imediatamente.
C) Pelo método da entrega das chaves, no momento do recebimento do dinheiro pela venda 
do imóvel, são movimentadas as contas de resultado, e somente no reconhecimento da 
receita, são movimentadas as contas de ativo e passivo.
D) Pelo método percentual de obra concluída (POC), o reconhecimento da receita se dará por 
completo na assinatura do contrato de venda.
E) Pelo método percentual de obra concluída (POC), o reconhecimento da receita não se dará 
por completo na entrega das chaves.
5) A construção de imóveis é uma atividade que envolve diversos tipos de custos ao 
longo do desenvolvimento das obras. São exemplos de custos que compõem o custo do 
imóvel:
A) gastos com regularização do terreno, custo dos projetos e despesas com propaganda.
B) encargos financeiros referentes ao financiamento do imóvel, preço do terreno e impostos 
não recuperáveis referentes à compra de materiais de construção.
C) gastos com móveis para o apartamento-modelo, gastos com regularização do terreno e 
custo dos projetos.
D) gastos relacionados com a construção do estande de vendas, preço do terreno e impostos 
não recuperáveis referentes à compra de materiais de construção.
E) encargos financeiros referentes ao financiamento do imóvel, preço do terreno e despesas 
com propaganda.
NA PRÁTICA
No setor imobiliário, os custos de construção podem ser um grande problema. Se não forem 
corretamente administrados, podem trazer prejuízos para o empreendimento. Manter um bom 
controle de custos, além de atender às normas contábeis, pode contribuir para a gestão do 
negócio.
A partir de um estudo de caso, você vai conhecer uma solução simples e barata para o controle 
dos custos em uma incorporadora com pouco tempo de atuação no mercado.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Reconhecimento de receita no setor de incorporação imobiliária
Este vídeo orienta os preparadores de demonstrações financeiras sobre o reconhecimento de 
receitas no setor imobiliário, tomando como base o Ofício-Circular CVM 01, de 11 de janeiro 
de 2019.
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Ofício-Circular CVM/SNC/SEP 02/19
Apesar de a leitura ser um pouco complexa, este documento poderá sanar suas dúvidas quanto 
ao reconhecimento de receitas e aprofundar seu conhecimento no assunto, uma vez que o CPC 
47 é bastante recente e as empresas do setor imobiliário ainda estão em processo de adaptação 
em razão da complexidade do assunto.
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Comportamento dos custos das empresas de construção civil listadas na BM&FBOVESPA 
entre 2008 e 2017
A análise de custos é de suma importância para o gerenciamento de empresas, pois permite 
verificar o comportamento econômico da entidade, além de auxiliar na tomada de decisão. Este 
artigo buscou verificar como se comportam os custos das empresas do ramo da construção civil 
listadas na BM&FBOVESPA entre 2008 e 2017.
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