Buscar

ÂMBITO DE INCIDÊNCIA LEI DE FALÊNCIAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIAS
Compete a Lei n.º 11.101/2005 disciplinar a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, que são referidos simplesmente como devedor. Não abrange os agentes econômicos civis, que se sujeitam ao regime processual da insolvência. Não abrange entidades econômicas de fins públicos. “Para se sujeitar à falência é necessário explorar atividade econômica de forma empresarial. Disso resulta que não se submete à execução concursal, de um lado, quem não explora atividade econômica nenhuma e, de outro, quem o faz sem empresarialidade” (COELHO, 2012, p. 265).
Empresário Individual. Responderá com todo o seu patrimônio particular, porque a firma individual não ostenta personalidade jurídica independente da de seu titular.
Empresário rural. De acordo com o art. 971 do Código Civil o empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Espólio. Não será decretada a falência do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor (art. 96, § 1º). Na falência do espólio, ficará suspenso o processo de inventário, cabendo ao administrador judicial a realização de atos pendentes em relação aos direitos e obrigações da massa falida (art. 125)
Empresário irregular e sociedade em comum. De acordo com Fazzio Júnior, (2008, p. 582) “a falência incide tanto sobre o empresário ou sociedade empresária regular, como sobre o empresário de fato, mas a recuperação só alcança os que praticam a empresa conforme a lei. A recuperação é instituto decorrente de favor legal conferido pelo órgão judiciário aos que preenchem os requisitos postos no direito positivo. Como desfrute de outorga jurídico-legal, submete-se às respectivas condições de exercício”.
Impedido de exercer a empresa. “Mesmo em face de interdição legal, os impedidos de exercer a empresa em nome próprio podem, de fato, vir a empreender. Se exercerem profissionalmente a atividade econômica, em nome próprio, merecerão da lei o mesmo tratamento dispensado aos empresários irregulares. Praticam, pois, atos válidos e sujeitam-se à falência” (FAZZIO JÚNIOR, 2008, p. 585).
Aquele que se utiliza de interposta pessoa, o “laranja”. “A nosso ver, não apenas por uma questão de justiça, mas por uma questão de imputação, há que se rerconhecer a submissão do empresário indireto à falência. Se a atividade é desenvolvida no interesse específico e exclusivo do empresário indireto, é natural que ele seja considerado efetivamente o empresário e, por isso, possa vir a falir. Não se deve admitir que esse tipo de sujeito que se beneficia da atividade fique imune às sanções impostas em razão da insolvência da atividade. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, usando a desconsideração da personalidade jurídica, já estendeu a falência ao empresário indireto” (TOMAZETTE, 2012, p. 362-363).
Sócio na sociedade em conta de participação. Segundo os parágrafos segundo e terceiro do art. 994 do Código Civil a falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário, porém, falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.
Sócio com responsabilidade ilimitada. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem (art. 81 da Lei n.º 11.101/2005). Ademais, todas as vezes que esta Lei se referir a devedor ou falido, compreender-se-á que a disposição também se aplica aos sócios ilimitadamente responsáveis (art. 190 da Lei n.º 11.101/2005).
1. Casos de não incidência absoluta
Não abrange os agentes econômicos civis, que se sujeitam ao regime processual da insolvência (CPC, arts. 748 a 786-A). A Lei n.º 13.105/2015 dispõe: “Art. 1.052.  Até a edição de lei específica, as execuções contra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973”.
Podemos verificar a não aplicação da Lei n.º 11.101/2005 nos seguinte casos:
Atividades intelectuais e profissionais liberais (CC, art. 966, parágrafo único).
As associações (CC, art. 44, I);
As fundações (CC, art. 44, III);
As organizações religiosas (CC, art. 44, IV);
Os partidos políticos (CC, art. 44, V);
Sociedade simples (CC, art. 997 e seguintes);
Cooperativas (Lei n.º 5.764/71 c/c art. 982, parágrafo único).
2. Casos de não incidência relativa
Por disposição do art. 2º, I da Lei n.º 11.101/2005 não se aplica a falência para a empresa pública e sociedade de economia mista. Entretanto, Bandeira de Mello (2012, p. 210) aduz que quando forem exploradoras de atividade econômica e não simplesmente prestadoras de serviços poderão se submeter aos termos da Lei n.º 11.101/2005, ou seja, “quando se tratar de exploradoras de atividade econômica, então, a falência terá curso absolutamente normal, como se de outra entidade mercantil qualquer se tratara. É que, como dito, a Constituição, no art. 173, §1º, II, atribuiu-lhes sujeição "ao regime jurídico próprio das empresas privadas inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais (...)". Disto se deduz, também, que o Estado não poderia responder subsidiariamente pelos créditos de terceiros que ficassem a descoberto, pois se o fizesse, estaria oferecendo-lhes um respaldo de que não desfrutam as demais empresas privadas. Quando, pelo contrário, forem prestadoras de serviço ou obra pública, é bem de ver que os bens afetados ao serviço e as obras em questão são bens públicos e não podem ser distraídos da correspondente finalidade, necessários que são ao cumprimento dos interesses públicos e quem devem servir”.
3. Casos especiais
Instituição financeira e cooperativa de crédito. Sujeição à Lei n.º 6.024, de 13 de março de 1974 (Dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financeiras, e dá outras providências). É efetuada pelo Banco Central. Aplica-se às instituições financeiras, públicas ou privadas, bem como as cooperativas de crédito (art. 1º da Lei n.º 6.024/1974). “Trata-se de procedimento administrativo no qual o Estado assume os poderes de gestão e disposição da entidade financeira e a retirada do mercado em face de sua inviabilidade ou inidoneidade” (FAZZIO JÚNIOR, 2008, p. 580). Podem falir, porém, somente quando for autorizado pelo Banco Central, ou seja, o credor não pode pedir.
Consórcios. Regulamentação pela Lei n.º 11.795, de 08 de outubro de 2008 (Dispõe sobre o sistema de consórcio). A normatização, coordenação, supervisão, fiscalização e controle das atividades do sistema de consórcios serão realizados pelo Banco Central do Brasil (art. 6º). Compete ao Banco Central do Brasil intervir nas administradoras de consórcio e decretar sua liquidação extrajudicial na forma e condições previstas na legislação especial aplicável às instituições financeiras (art. 7º, VII). A administração especial e a liquidação extrajudicial de administradora de consórcio são regidas pela Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974, pelo Decreto-Lei nº 2.321, de 25 de fevereiro de 1987, pela Lei nº 9.447, de 14 de março de 1997, e por legislação superveniente aplicável às instituições financeiras, observado o disposto nesta Lei (art. 39).
Entidades de previdência complementar. Sujeição ao regime da Lei Complementar n.º 109, de 29 de maio de 2001 (Dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar e dá outras providências). Art. 44. Para resguardar os direitos dos participantes e assistidos poderá ser decretadaa intervenção na entidade de previdência complementar (art. 44). Observe que há exclusão absoluta da hipótese de falência para entidades fechadas, pois, seu art. 47 aduz que as entidades fechadas não poderão solicitar concordata e não estão sujeitas a falência, mas somente a liquidação extrajudicial.
Operadoras de plano de assistência à saúde. Sujeição ao regime da Lei n.º 9.656, de 03 de junho de 1998 (Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde). As operadoras de planos privados de assistência à saúde não podem requerer concordata e não estão sujeitas a falência ou insolvência civil, mas tão-somente ao regime de liquidação extrajudicial (art. 23) que é Decretado e realizado pela ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar. 
Todavia, conforme o art. 23, § 1º da própria Lei n.º 9.656/1998 as operadoras sujeitar-se-ão ao regime de falência ou insolvência civil quando, no curso da liquidação extrajudicial, forem verificadas uma das seguintes hipóteses: I - o ativo da massa liquidanda não for suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos créditos quirografários; II - o ativo realizável da massa liquidanda não for suficiente, sequer, para o pagamento das despesas administrativas e operacionais inerentes ao regular processamento da liquidação extrajudicial; ou III - nas hipóteses de fundados indícios de condutas previstas nos arts. 186 a 189 do Decreto-Lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945 (norma revogada).
Sociedade seguradora. Sujeição ao Decreto-Lei n.º 73, de 21 de novembro de 1966 (Dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, regula as operações de seguros e resseguros e dá outras providências). Trata-se de sistema de liquidação extrajudicial a cargo da SUSEP – Superintendência de Seguros Privados. Verifique que de acordo com o art. 26 do Decreto-Lei n.º 73/1966: “as sociedades seguradoras não poderão requerer concordata e não estão sujeitas à falência, salvo, neste último caso, se decretada a liquidação extrajudicial, o ativo não for suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar”.
Sociedade de capitalização. Regem-se pelo Decreto-Lei n.º 261, de 28 de fevereiro de 1967 (Dispõe sobre as sociedades de capitalização e dá outras providências). Também se sujeitam à SUSEP. De acordo com o Banco Central são entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos de capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo contratante, o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados corrigidos por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.
PROCEDIMENTOS CONCURSAIS ADMINISTRATIVOS
4. Intervenção extrajudicial
Significa que há um procedimento administrativo conduzido fora do âmbito do Poder Judiciário. Justifica-se ante a especial condição do empresário em crise. O sistema de intervenção mais conhecido é o realizado pelo Banco Central, que pode ser realizado até mesmo ex officio, para as entidades sujeitas ao seu controle. 
Ocorrerá quando a entidade sofrer prejuízo, decorrente da má administração, que sujeite a riscos os seus credores; forem verificadas reiteradas infrações a dispositivos da legislação bancária não regularizadas após as determinações do Banco Central do Brasil, no uso das suas atribuições de fiscalização. A intervenção deve durar por apenas seis meses, prorrogáveis por igual período. O interventor nomeado pelo Banco Central terá plenos poderes de gestão, porém, dependerão de prévia e expressa autorização do Banco Central do Brasil os atos do interventor que impliquem em disposição ou oneração do patrimônio da sociedade, admissão e demissão de pessoal.
A intervenção produzirá, desde sua decretação, os seguintes efeitos: a) suspensão da exigibilidade das obrigações vencidas; b) suspensão da fluência do prazo das obrigações vincendas anteriormente contraídas; c) inexigibilidade dos depósitos já existentes à data de sua decretação.
A intervenção cessará: a) se os interessados, apresentando as necessárias condições de garantia, julgadas a critério do Banco Central do Brasil, tomarem a si o prosseguimento das atividades econômicas da empresa; b) quando, a critério do Banco Central do Brasil, a situação da entidade se houver normalizado; c) se decretada a liquidação extrajudicial, ou a falência da entidade.
5. Regime de administração especial temporária – RAET. Liquidação extrajudicial.
De acordo com o Banco Central “o RAET é um regime previsto na legislação em vigor, com prazo limitado, por meio do qual o Banco Central substitui os dirigentes da instituição por um conselho de diretores ou por uma pessoa jurídica especializada, com a finalidade de corrigir procedimentos operacionais ou de eliminar deficiências que possam comprometer seu funcionamento. Esse regime não afeta o andamento dos negócios da instituição, que continua a funcionar normalmente, podendo realizar todas as operações para as quais está autorizada. Em consequência, é preservada a relação dos credores e dos devedores com a instituição. Assim, tanto os compromissos de terceiros com a instituição quanto as suas dívidas continuam a vencer nos prazos originalmente contratados”.
Disciplina o art. 4º da Lei n.º 9.447, de 14 de março de 1997 poder ao Banco Central do Brasil que poderá, além das hipóteses previstas no art. 1º do Decreto-lei nº 2.321, de 1987, decretar regime de administração especial temporária, quando caracterizada qualquer das situações previstas no art. 15 da Lei nº 6.024, de 1974.
Destacando-se os arts. 5º e 6º da Lei n.º 9.4447/1997 o Banco Central ainda tem a faculdade de determinar as seguintes medidas: capitalização da sociedade, com o aporte de recursos necessários ao seu soerguimento, em montante por ele fixado; transferência do controle acionário; reorganização societária, inclusive mediante incorporação, fusão ou cisão; transferir para outra ou outras sociedades, isoladamente ou em conjunto, bens, direitos e obrigações da empresa ou de seus estabelecimentos; alienar ou ceder bens e direitos a terceiros e acordar a assunção de obrigações por outra sociedade; proceder à constituição ou reorganização de sociedade ou sociedades para as quais sejam transferidos, no todo ou em parte, bens, direitos e obrigações da instituição sob intervenção, liquidação extrajudicial ou administração especial temporária, objetivando a continuação geral ou parcial de seu negócio ou atividade.

Outros materiais