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Carolina Mendes – MED102 Pulso Arterial – Sandra Objetivo da aula: correlacionar o exame físico de pulso arterial com a função do ventrículo esquerdo e também do sistema elétrico de condução cardíaco e a gente vai utilizar esses dados do exame físico do pulso arterial para o raciocínio diagnóstico. O exame do pulso arterial vai me trazer dados para que eu possa completar a suspeita diagnostico. O pulso arterial é bem marcante pois toda vez que a gente tem um pulso arterial bom ele significa que é um reflexo direto do volume ejetado pelo ventrículo esquerdo, que é dependente que a gente tenha um bom sistema elétrico de condução. Lembrando da fisiologia, para o VE ejetar o volume é necessário que ele seja despolarizado primeiro, para isso é preciso que o nó sinusal tenha enviado um estimulo elétrico de contração atrial, fazendo a contração atrial, criando a onda A venosa no pulso venoso que está relacionado a contração do atrial, depois essa contração atrial termine o enchimento ventricular porque a gente sabe que a contração atrial é a fase final do sístole, termina o enchimento ventricular e agora esse ventrículo cheio vai precisar de um estimulo no tronco de Hiss, nas fibras de Purkinje para que ele se contraia e ejete o sangue. Então toda vez que eu tenho um pulso arterial normal, significa que o meu sistema elétrico de condução que se inicia no nó sinusal está com o funcionamento completo até chegar no ventrículo esquerdo, bem como a musculatura de VE que está eficiente para mandar um volume sistólico suficiente para encher a aorta e distribuir esse sangue em toda circulação sistêmica gerando pulsos. Toda vez que eu tenho ejeção ventricular eficiente eu tenho um pulso arterial eficiente. O exame de pulso arterial tem uma simbologia especial no que diz quando a gente pega um paciente e não sabe se ele tem vida ou não. Antes de iniciar uma manobra de ressuscitação a primeira coisa que a gente faz é buscar o pulso arterial, se tiver ele tem vida. Pulso arterial vem sempre na mente que o coração esquerdo está funcionando normalmente. Toda vez que a gente tem variáveis hemodinâmicas modificadas por diversas patologias nós podemos ter variações do nosso pulso arterial. Então o pulso arterial é dependente de variações como: → Volume sistólico - o volume sistólico baixo em um paciente com desidratação, hemorragia, obstrução da válvula aórtica que não permita uma boa saída de sangue, o pulso arterial não vai ser normal. → Inotropismo – força de contração ventricular → Frequência cardíaca → Resistência vascular periférica (pós carga) – se tiver muito elevada, dificulta a ejeção do seu volume sistólico e consequentemente vai ter o pulso alterado. O que deve ser avaliado ao palparmos um pulso arterial? Avalia todas as características com exceção da frequência e regularidade do pulso, se eu considero que é o meu coração que manda a mesma onda de pulso para todas, bata avaliar um pulso, porque todos vão estar com a mesma frequência e regularidade. → Frequência: se eu medir a FC do paciente no pulso radial, que é um pulso de escolha para frequência cardíaca, eu não preciso medir a frequência cardíaca no pulso femural, porque quem está gerando essa frequência de pulso para esse paciente é o coração. ∙ Normal entre 60-100bpm ∙ <60 bpm = bradisfigmia - Atletas, hipotireoidismo, bradiarritmias (consequência por uma disfunção do nó sinusal, vão gerar uma frequência cardíaca baixa e consequentemente vai ter um pulso com frequência menor). ∙ > 100 bpm – taquisfigmia - Atividade física, estados hiperdinâmicos (febre, gravidez no primeiro trimestre, infecções generalizadas), hipertireoidismo, taquiarritmias (enfoco diferente do nó sinusal que consegue despolarizar na frequência de 80 até 120 bpm, pode ter um foco ectópico gerado com uma reentrada do sistema elétrico de condução que vai fazer esse coração bater a 160bpm) e Insuficiência cardíaca (o débito cardíaco é igual ao volume sistólico X frequência cardíaca, se eu pego um paciente com insuficiência cardíaca em que a força cardíaca está diminuída, a variável que está diminuindo é o volume sistólico, para que esse paciente que tem disfunção cardíaca mantenha o débito, ele vai Carolina Mendes – MED102 compensar na frequência cardíaca, aumentando-a para manter o débito cardíaco estável, esse paciente vai ter uma amplitude de pulso baixa mas com uma alta frequência cardíaca). → Regularidade: preciso saber se esse pulso tem uma cadência, se ele é regular, se bate sempre na mesma cadência. A regularidade do pulso tem a ver com o sistema elétrico de condução. Quem dita a regularidade do pulso é o volume sistólico ejetado nesse pulso, porem para que o ventrículo ejete esse volume sistólico nessa regularidade, eu vou precisar que o meu sistema elétrico de condução me mande a eletricidade numa regularidade, o nó sinusal tem que estar regular. Normal é ter a cadencia entre as ondas, o pulso anormal é aquele que pode ser momentaneamente irregular, estou sentindo o pulso e de repente uma extra sístole, um foco diferente do nó sinusal libera uma sístole fora do tempo normal, entra um estimulo supra limiar e faz com que tenha uma sístole fora do normal e o coração que vinha batendo numa regularidade teve uma extra sístole e depois volta a bater normal. Por outro lado, existe uma arritmia muito frequente que não tem uma regularidade que é quando o nó sinusal perde a função de mandar estimulo e todo o corpo atrial começa a gerar focos ectópicos que são focos diferentes com limiar maior que o nó sinusal e esse atrial ao invés de no final da fase de diástole, que é a contração atrial e gerar uma onda A de contração, ele fica fibrilando chamada de fibrilação atrial. A fibrilação atrial não mata como a fibrilação ventricular, o átrio bate muito mas o nó atrioventricular segura. Fibrilação atrail gera onda de pulso irregular com deficiência da contração atrial, se não tem contração atrial, não tem onda A de contração atrial. Essa onda A é traduzida no eletrocardiograma de onda P, que é ela que vai dizer se o nó sinusal está funcionando e se tem regularidade no pulso. Então a onda A, é uma onda mecânica de contração atrial, pode ser transmitida ao pulso venoso, ela representa eventos mecânicos do ciclo cardíaco que são traduzidos por eventos elétricos no eletrocardiograma. Isso mostra que existe uma regularidade. Quando eu pego o pulso regular, eu penso que é o nó sinusal que está conduzindo, mas eu só posso dizer que é ritmo sinusal quando eu fizer o eletrocardiograma porque eu posso ter arritmias que são regulares e que não contém a presença da onda P. O pulso não diz se o ritmo é sinusal ou não. Quando não tem onda P, a gente tem uma irregularidade que não forma a presença da onda P, também não existe uma regularidade do complexo QRS que representa a contração ventricular. Na hora de sentir o pulso, ele vai ficar irregular, quando a sístole é maior, o pulso é de alta amplitude, quando a sístole não é boa, o pulso é de baixa amplitude. É um pulso totalmente irregular. Falou em pulso irregular, tem que pensar em fibrilação atrial, que é uma arritmia cardíaca que interfere no processo de contração atrial, isso ocorre porque o sistema de condução não está funcionando bem, isso gera um desarranjo, isso gera uma piora na dispneia, porque o átrio dele não está esvaziando, se o átrio não está esvaziando as vezes o paciente vai para emergência com queixa de dispneia porque começou numa fibrilação com o átrio batendo tão forte que ele não consegue contrair e esvaziar, as veias pulmonares que drenam para o átrio, se elas não conseguem drenar, aumenta a pressão nos capilares pulmonares e vai gerar dispneia nesse paciente. A fibrilaçãoatrial vai estar frequente em algumas válvulopatias, como a estenose mitral, porque ela vai acontecer principalmente quando esse átrio cresce, qualquer patologia que aumente o átrio. Fibrilação atrial em átrios normais, é mais comum em homens na faixa etária de 40-50 anos, quando fazem alta ingestão de bebidas alcoólicas que possuem um teor alcoólico muito elevado com whisky. Por estímulos da bebida, a frequência cardíaca aumenta e pode gerar uma fibrilação atrial, chamada de fibrilação atrial do dia seguinte. → Simetria: significa que eu preciso ter uma onda de pulso da carótida direita igual a onda de pulso da carótida esquerda, os meus pulsos precisam ser simétricos. O ideal é que a gente possa palpar o pulso simetricamente, ao mesmo tempo palpa o pulso radial direita e esquerda. A mesma sensação tátil do pulso radial direita, tem que ter no pulso radial esquerdo. Se tiver uma sensação tátil menor, significa que naquele pulso pode ter uma obstrução daquela artéria que não permite que tenha amplitude de pulso normal. Pacientes com trombose arterial, não vou conseguir palpar nenhum pulso por causa do trombo que Carolina Mendes – MED102 impede a passagem de sangue para as artérias da frente. → Característica de parede: preciso saber se esse pulso tem características normais, como sentir o trajeto da artéria, ao palpar o pulso sentir a onda de pulso e tenho que avaliar também a amplitude do pulso, o quanto ele pulsa no meu dedo. Isso consegue perceber quando coloca a mão no pulso radial. A parede é elástica, então quando eu falo em palpar uma onda de pulso, eu não estou palpando a parede da artéria e sim a distensibilidade que fluxo de sangue faz na parede, só que quando essa artéria vai envelhecendo ela vai perdendo a elasticidade e vai ficando rígida. A medida que ela vai ficando rígida, ela fica fibrosada e eu consigo perceber a característica da parede dessa artéria. É comum em pacientes em envelhecimento. Se eu tenho uma artéria rígida que agora não me permite uma elasticidade para acomodar o fluxo de sangue, essa onda de pulso vai ser maior, porque a parede da artéria não se adapta mais ao fluxo de sangue e com isso esse volume faz uma pressão maior nessa parede e faz com que ela tenha uma amplitude maior, por isso que o pulso no idoso é maior do que em jovens. → Amplitude: quando coloco o dedo sobre a região do pulso e logo percebo o batimento. Posso ter pulsos de baixa amplitude que eu vou ter dificuldade para palpar e eu posso ter pulso de alta amplitude que vai ser como se estivesse empurrando o dedo. Depende do volume ejetado (volume sistólico), se eu tenho um volume sistólico alto, a minha sensação tátil vai ser alta. Se eu tenho um volume sistólico baixo, a sensação tátil vai ser menor. A elasticidade da parede, o paciente idoso passa a ter uma artéria endurecida, no sentido de fibrosada que não permite acomodar o volume de sangue, isso significa que o volume de sangue vai gerar uma onda de pulso alta. Quando e tenho uma parede elástica normal, o volume de sangue chegar, se adapta aquela artéria e gera uma onda de pulso de sensação tátil menor. Então se a parede elástica está muito dilatada, com uma resistência vascular periférica muito dilatada, você quase não vai conseguir palpar o pulso desse paciente. ∙ Aumento da amplitude de pulso: toda vez que tiver aumento do débito cardíaco, significa aumento do volume sistólico circulante. Ex: anemia, gravidez, hipertireoidismo, estado febril, ansiedade, atividade física e infecção. ∙ Insuficiência aórtica: pelo aumento do débito cardíaco A válvula aórtica tem que estar fechada durante a diástole, o coração está enchendo, vai acumulando sangue. Quando eu falo que tenho uma válvula insuficiente, significa que ela não fechou normalmente durante a diástole, ela fica um pouco aberta e um pouco de sangue volta para dentro do ventrículo esquerdo. Então esse ventrículo esquerdo está enchendo pelo átrio esquerdo e pelo volume de sangue que está na válvula aórtica que teria que ir para frente mas a coluna de sangue volta e ele entra no ventrículo. Então esse ventrículo vai aumentando o volume dentro dele, que é o volume diastólico final. Esse ventrículo agora está muito cheio, se eu tenho o mecanismo de Frank-Starling funcionando normalmente, o ventrículo ao distender, a próxima sístole vai ser mais vigorosa, logo a aorta vai receber um volume de sangue muito maior, com isso a distensão arterial vai ser maior mas ao mesmo tempo que vai chegar com uma onda de pulso muito maior porque o volume de sangue é maior ao mesmo tempo esse volume de sangue vai voltar para o ventrículo porque a válvula está insuficiente. Então a gente diz que a válvula aórtica gera uma amplitude de pulso, que sobe muito e cai rápido, isso tem um nome chamado de pulso em martelo d’agua. É um pulso que quando encontrarem em um paciente com insuficiência aórtica, vai sentir que ele bate muita força no dedo mas ele também afasta mais rápido do dedo, porque ele distende porque o coração recebeu um volume de sangue maior mas ao mesmo tempo essa válvula está insuficiente e esse sangue volta. Insuficiência aórtica dá um pulso de alta amplitude e da pulso que chama de martelo d’água. ∙ Diminuição da amplitude de pulso: hipovolemia, sangramento, desidratação. Agora tem condições como a insuficiência mitral. A insuficiência mitral, a válvula não fecha direito, então o átrio esquerdo vai estar aberto, a válvula mitral vai estar aberta, enche o ventrículo Carolina Mendes – MED102 esquerdo, a válvula mitral teria estar fechada, a válvula aórtica se abre e o sangue do ventrículo vai para aorta e vai gerar o volume sistólico, só que na hora que o VE contrai e manda o volume de sangue para aorta, ele também manda o volume de sangue de volta para o átrio esquerdo e quando isso acontece, o ventrículo teve duas vias de escape, então esse volume que vai sair na aorta é menor. Então por isso que o paciente que tem insuficiência mitral tem o pulso de baixa amplitude porque o volume sistólico está comprometido porque o ventrículo ejetou tanto para aorta quanto ejetou de volta para o átrio esquerdo, já que a válvula mitral não estava perfeitamente fechada. Paciente com insuficiência cardíaca não contrai bem logo tem pulso de baixa amplitude. Causas cardíacas no ventrículo direito: tamponamento cardíaco, embolia pulmonar, pericardite constrictiva.
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