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Carolina Mendes – MED102 Sopros – Sandra Na sequência de ausculta, a gente primeiro buscando por bulhas normais, depois eu vou buscar as bulhas acessórias que são buscadas nos focos de ponta (mitral e tricúspide), depois que eu cheguei a conclusão que o meu paciente tem ou não a bulha acessória, eu volto nos 5 primeiros passou (das bulhas normais) buscando sopro. A gente sabe que quando temos um fluxo laminar dentro do vaso, esse fluxo não gera sopro porque mantem uma constância dentro do vaso e isso não vai gerar sopro porque ele tem velocidade normal e ele não tem nenhum empecilho fazendo com que ele possa turbilhonar e gerar o sopro. A gente só tem sopro quando o fluxo é turbilhonar. Esse fluxo turbilhonar ele pode acontecer porque reduz o tamanho do vaso, tem uma obstrução na frente de um vaso ou porque a gente está com um fluxo que teria que ir em uma direção mas ele está voltando em outra, toda vez que tem um supro, significa que o fluxo deixou de ser laminar e passou a ser turbilhonar. Quando tem deficiências nas valvas do coração, são as condições mais frequentes de encontrar sopros nos pacientes com doença cardiológica. O sopro pode ser por uma estenose valvar ou vascular, posso ter uma estenose na carótide e gerar um sopro, eu posso ter uma estenose na válvula aórtica, na válvula mitral, na válvula pulmonar, na válvula tricúspide em que eu vou diminuir o diâmetro do vaso e quando o fluxo passar por aqui ele vai turbilhonar e vai gerar o sopro. A segunda coisa que leva ao sopro é quando tem uma comunicação entre uma câmara e alta pressão, isso é muito frequente em crianças que nascem com distúrbios congênitos, que nascem com comunicação intertrial que é a comunicação entre os dois átrios por um defeito de fechamento lá na embriologia. Quando o septo não se fecha normalmente pode ter uma comunicação entre os átrios ou entre os ventrículos. Pode ter também uma fistula arteriovenosa, que é uma condição bem frequente de encontrar no hospital que são os pacientes que fazem hemodiálise que precisam fazer uma fistula arteriovenosa, que é a junção de uma artéria e uma veia, isso vai gerar um turbilhonamento inclusive com frêmito, se palpar onde existe a fistula, tem a sensação tátil do som. Quando o sangue passa entre a comunicação interatrial, isso gera um sopro, porque está existindo passagem de fluxo de uma câmara de alta pressão para uma de baixa pressão que, é o átrio esquerdo para o átrio direito. A outra condição é a comunicação interventricular, é quando o septo interventricular não se forma adequadamente, existindo a passagem do sangue do ventrículo esquerdo para o ventrículo direito, gerando turbilhonamento e consequentemente o sopro. Quanto mais intenso o sopro, menor o diâmetro. Quando a gente pega uma criança com um sopro muito grande, eu sei que a CIV é pequena que pode até se fechar espontaneamente. As vezes pego uma CIV tão grande que praticamente uma cavidade única e essa criança nem tem sopro, porque o septo está praticamente todo aberto. Depois pode ter também a presença de sopro em uma válvula que deveria fechar direito e não fecha, como na insuficiência mitral e insuficiência aórtica. Na insuficiência aórtica, na diástole a válvula teria que estar fechada e está aberta, isso gera um sopro durante a diástole porque o fluxo de sangue vai estar voltando da aorta para o ventrículo esquerdo. Já na insuficiência mitral, o sopro é na sístole, porque é nessa fase que a válvula mitral teria que estar fechada mas não está, então o fluxo que está indo para aorta, ele volta para válvula mitral, ele turbilhona por estar passando naquela válvula que não fechou direito e está gerando um sopro do tipo sistólico. A regurgitação valvar pode gerar sopro de insuficiência mitral, aórtico, tricúspide e pulmonar. Outra coisa que pode dar sopro são os aneurismas, pode ser tanto o aneurisma de aorta, dilatação da aorta, tanto a nível torácico quanto abdominal. Tanto a dilatação da artéria, o fluxo vem laminar e de repente, o tamanho da artéria aumenta e aquele sangue turbilhona para tentar encher toda aquela área e ele gera um sopro. A estenose da artéria rena, que causa hipertensão arterial secundária, gera um sopro na loja renal. Quando tem um aumento da velocidade de fluxo, é muito frequente crianças que tem anemia que tem sopro, esse sopro é por aumento de debito cardíaco Carolina Mendes – MED102 consequente da anemia. Outra coisa comum é um sopro inocente que é muito frequente em crianças, uma das causas maiores que os pediatras pedem avaliação de um cardiologista ou um ecocardiograma, porque as crianças mais jovens ainda estão em formação da válvula, então por exemplo a válvula aórtica ainda está se formando, em crianças o débito cardíaco é muito elevado, isso com a válvula que ainda está se formando pode gerar um sopro mas de características fisiológicas, chamado de sopro inocente. Até uns 12 anos pode ver jovens normais com sopro inocente por aumento de velocidade de fluxo e não uma lesão na válvula. Esse sopro inocente é audível em torno do foco aórtico acessório que ocorre por aumento de volume e velocidade no sangue pela válvula aórtica e diminuem com o ato de ficar em pé. Tem três questões iniciais que ajudam a diagnosticar o sopro Primeiro sempre é a história clínica. Para chegar ao diagnóstico do que é o sopro, tem que saber primeiro: → Qual o epicentro do sopro? O epicentro do sopro é onde surge, ele pode surgir no foco mitral mas eu posso auscultar o sopro em todos os outros focos do coração. Onde é o epicentro, é sempre onde ele é mais forte. O epicentro é localizado nos focos, ou no aórtico, aórtico acessório, pulmonar, tricúspide ou mitral. As lesões aórticas, o epicentro do sopro vai ser no aórtico ou aórtico acessório. As lesões pulmonares, vai ter o epicentro no foco pulmonar. As lesões mitrais, no foco mitral. E as lesões tricúspide no foco tricúspide. → Está na sístole ou na diástole? Lembrar de palpar o pulso carotídeo. Tem que saber qual é a bulha que bate junto com o pulso carotídeo. Esse sopro vai ser sistólico ou diastólico dependendo da localização dele entre as bulhas cardíacas. Se o sopro vem entre B1 e B2, é um sopro que acontece na sístole, os sopros sistólicos que eu posso ter: insuficiência mitral, estenose aórtica, estenose pulmonar, insuficiência tricúspide. Estenose aórtica, durante a sístole válvula aórtica abre, o fluxo de sangue sai e vai para aorta. Quando a válvula está estenosada, ela não abre totalmente, o que vai acontecer é que o sangue agora para passar pelo buraco menor vai turbilhonar e gerar um sopro. Esse sopro sistólico com maior epicentro no foco aórtico ou aórtico acessório. Se você pega um sopro sistólico com maior epicentro na pulmonar, está acontecendo a mesma coisa na válvula pulmonar, é uma estenose pulmonar. Posso ter sopro sistólico que nem sempre é de estenose de válvula, mas sim por uma insuficiência de válvula. Vamos imaginar que a válvula mitral abre, todo o sangue do átrio esquerdo vai para o ventrículo esquerdo através do enchimento rápido, enchimento lendo e contração atrial e essa válvula mitral se fecha depois. Quando ela fecha, ela vai gerar o primeiro ruído, que é a primeira bulha e vai marcar o início da sístole. No caso da insuficiência mitral, ela não fecha totalmente. Quando a válvula aórtica abre, o sangue do ventrículo esquerdo vai sair para aorta, mas durante a contração ele também volta para dentro do átrio porque a válvula mitral não se fechou direto, se ela não fechou direito, vai gerar um sopro que é sistólico com epicentro no foco mitral e de insuficiência. A localização do epicentro é muito importante, porque agora eu sei que o sopro é sistólico,então eu tenho duas opções de sopro, as mais comuns são: estenose aórtica ou insuficiência mitral. - Como eu vou saber qual é estenose aórtica ou insuficiência mitral? Uma das coisas é o epicentro, é melhor audível no aórtico então é estenose aórtica. É melhor audível no mitral, então vai ser insuficiência mitral. Pode confundir, um sopro de estenose aórtica pode vir em foco mitral, ele irradia do foco aórtico para o mitral. Existe sopros diastólicos, são mais difíceis de serem auscultados, é um sopro que tem timbre que são mais suaves. O sopro de insuficiência aórtica, o sangue volta para o ventrículo esquerdo na fase em que a válvula aórtica deveria estar fechada. Na hora que esse sangue volta, ele volta turbilhonando gerando um sopro diastólico com epicentro no foco aórtico ou aórtico acessório, com timbre que lembra uma “água de cachoeira” Carolina Mendes – MED102 Sopro diastólico com epicentro no foco aórtico é sopro de insuficiência aórtica, se fosse no foco pulmonar seria insuficiência pulmonar. Os sopros diastólicos de estenose mitral e tricúspides, durante a diástole a válvula mitral tem que abrir e permitir a passagem de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo, só que ela não abre direito. Quando isso acontece, o sangue quando passa do átrio para o ventrículo, turbilhona e gera sopro. É um dos sopros mais difícil de ser auscultado. Se fosse no tricúspide, seria sopro de estenose tricúspide. Se eu tenho um sopro que vai de B2 até a próxima B1, é um sopro diastólico, eu posso ter: estenose mitral, insuficiência aórtica, estenose tricúspide e insuficiência pulmonar. → É de cavidade esquerda ou direita? Esse sopro de insuficiência mitral, originado na cavidade direita ou um sopro de insuficiência tricúspide que se originou na cavidade direita? Vale uma regra, que todo evento de cavidade direita aumenta com a inspiração. Se eu tenho um sopro e acho que o epicentro dele é no foco mitral mas quando puxo o estetoscópio um pouco para o foco tricúspide eu também ausculto esse sopro. Será que eu tenho as duas insuficiências, mitral e tricúspide? Ou será que eu tenho um sopro tricúspide que está irradiando para o foco mitral? Eu vou pedir para o paciente inspirar profundamente, se o sopro é de insuficiência tricúspide ele vai aumentar, se for de insuficiência mitral de cavidade esquerda, ele vai diminuir. Isso vale para separar o sopro de cavidade direita e esquerda, quando inspira aumenta o sopro do lado direito do coração. O foco mitral e tricúspide são próximos um do outro, então essa zona de conflito pode gerar dificuldade em saber se o sopro é mitral ou tricúspide. Então pede para o paciente inspirar profundamente para tirar essa dúvida. Eu tenho um sopro tricúspide que está irradiando para o mitral ou eu tenho um sopro que é mitral e está irradiando para o tricúspide, não é frequente. Ou eu tenho um sopro mitral e tricúspide Essa manobra de pedir para o paciente inspirar profundamente é chamada de Manobra de Rivero- Carvalo, em que ausculta durante a respiração. Se o sopro for de cavidade direita: aumenta com a inspiração. Se o sopro for de cavidade esquerda: diminui com a inspiração e aumenta na expiração após alguns segundos. Com isso eu vou conseguir levantar as suspeitas diagnósticas para o problema do paciente. Essas outras características abaixo, vão me falar mais até mesmo em relação se é um sopro grave ou não, ou seja, vão me falar mais sobre as características da qualidade do sopro. → Qual a sua irradiação? Alguns sopros apresentam irradiação que são típicas da doença de base dele. ∙ Sopro de Estenose Aórtica: irradia para a fúrcula ou até mesmo para clavícula ∙ Sopro de Insuficiência Mitral irradia para axila e dorso ∙ Sopro de Persistência do Canal Arterial (deficiência congênita): irradia para clavícula esquerda Manobra de Hand Grip Test, pode ter sopro que pode ser sistólico no foco mitral, sopor sistólico pode ser de duas condições, pode ser de estenose aórtica ou de insuficiência mitral. O sopro de estenose tem epicentro maior no foco aórtico e irradia para a fúrcula e o de insuficiência mitral tem epicentro maior no foco mitral e irradia para axila. Mas pode ter um sopor de estenose aórtica que vai irradiar para o foco mitral, esse sopro sistólico que eu estou ouvindo é de estenose aórtica ou de insuficiência mitral. Para isso a gente vai para manobra de Hand Grip que vai mandar o paciente apertar sua mão com muita força, quando o paciente faz muita força ele aumenta a resistência vascular periférica, com isso aumenta a resistência na aorta. Quando eu aumento essa RVP, ao invés desse sangue tentar sair onde já é difícil, ele tenta sair pela válvula mitral que está insuficiente. Então o sopro de insuficiência mitral aumenta na manobra de Hand Grip, porque o paciente tem dificuldade para ejetar para aorta porque tem RVP aumentar, então o coração encontra na válvula mitral, uma maneira de sair para o átrio esquerdo, que tem uma pressão menor. Se esse sopro fosse de estenose aórtica, iria diminuir porque teria mais dificuldade de ejetar, Carolina Mendes – MED102 iria passar menor quantidade de volume e o sopro seria menor. Então a Hand Grip Test, é uma manobra de força na mão para aumentar a RVP é a manobra para diferenciar se o sopro é de insuficiência mitral ou estenose aórtica A Manobra de Rivero-Carvalo é para diferenciar se o sopro é de cavidade direita ou esquerda → Qual sua intensidade? A intensidade é avaliada em cruzes. ∙ Sopro Grau I+/6+: audível com muita atenção ∙ Sopro Grau II+/6+: discreto porém audível ∙ Sopro Grau III+/6+: moderado porém sem frêmito A partir de +++/6+ todos os sopros têm frêmitos ∙ Sopro Grau IV+/6+: somente audível com esteto totalmente acoplado na pele ∙ Sopro Grau V+/6+: audível com esteto com contato parcial ∙ Sopro VI+/6+: audível sem que o esteto esteja em contato com a pele, próximo → Qual seu comportamento com manobras? Descrição de uma Ausculta Cardíaca com Sopro → Ritmo cardíaco regular com 2T com M1>T1, A2>P2 e presença de sopro sistólico mitral ++/6+ irradiando para a axila. Aqui a doença provavelmente deve ser uma Mitral. → Ritmo cardíaco regular em 3T com M1>T1, A2>P2 e presença de B3 de VD e sopro diastólico pulmonar ++++/6+. A doença aqui pode ser Estenose Pulmonar → Ritmo cardíaco irregular em 2T com M1>T1, com presença de sopro sistólico aórtico ++/6 irradiando para a fúrcula Aqui a doença provavelmente deve ter uma fibrilação atrial e uma estenose aórtica. Normal é M1>T1 e A2>P2. Existem patologias que podem inverter isso.
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