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Fisiopatologia aplicada à nutrição II Ananda Cabral Doenças cardiovasculares ● DISLIPIDEMIAS E EVENTOS CARDIOVASCULARES ● EPIDEMIOLOGIA: ● O envelhecimento da população, globalização, urbanização com aumento da obesidade e inatividade física são determinantes; ● O Brasil está entre os 10 países com maiores índices de mortes por DCV; ● Brasil: 17,5 milhões de pessoas morrem por ano de DCV. ● FATORES DE RISCO: ● O escore de Framingham é o método usado em todo o mundo para avaliar o risco de um evento coronariano ● Fatores: - Sexo masculino; - Idade (envelhecimento do sistema circulatório, diminuição da elasticidade vascular) - Colesterol total; - HDL baixo; - Tabagismo; - HAS - Pressão sistólica (aumento da contração cardíaca); - Histórico de doenças cardiovasculares (Infarto ou AVE); - Histórico familiar de doenças cardiovasculares prematuras (antes dos 55 para homens, e antes dos 65 para mulheres); - Diabetes Mellitus tipo 1 ou 2; - Doença renal crônica; - Idade. ● MARCADORES DE RCV ANTROPOMÉTRICOS ● Circunferência da cintura: Indicativo de acúmulo de gordura visceral. ● Risco: > ou igual a 90 para homens, e > ou igual a 80 para mulheres (IDF, 2005) ● O adipócito visceral é maior, tem menos receptores de insulina, é mais lipolítico e mais próximo do sistema porta, portanto, os AG livres chegam ao fígado, onde competem com a oxidação de glicose e aumentam a resistência à insulina; ● Ocorre o aumento da secreção de insulina pelo pâncreas (hiperinsulinemia), a fim de corrigir a hiperglicemia. ● O excesso de insulina também é capaz de reduzir a natriurese (excreção urinária de sódio), levando a um acúmulo de água e sódio no túbulo renal, tendo como consequência a hipervolemia (aumento do volume sanguíneo), ocasionando também o aumento da pressão arterial; ● A ação da insulina não é efetiva por conta da resistência insulínica. ● Circunferência do pescoço (CP) Aferir no ponto médio da coluna cervical até o meio-anterior do pescoço. Em homens com proeminência laríngea, medir abaixo. ● Risco: CP >=37 cm em homens e >= 34 cm em mulheres ● Índice de conicidade (IC): Para avaliar a distribuição de gordura corporal com base nas medidas de peso, estatura e circunferência da cintura ● FISIOPATOLOGIA DA ATEROSCLEROSE: ● É a causa mais comum de DCV e de mortalidade associada; ● O LDL-c penetra na parede das artérias e sofre oxidação → A oxidação do LDL-c atrai células de defesa na circulação sanguínea e desencadeia um processo inflamatório → Placas de gordura e de células sanguíneas mortas se formam e começam acumular-se na parede das artérias → A medida que as placas crescem, podem bloquear o fluxo sanguíneo, ou romper e causar infarto e derrame cerebral. ● 1. Acúmulo de placa ou ateroma (acúmulo de LDL, cálcio e fibrina) nas artérias grandes e médias. ● 2. Formação de trombo por oclusão do lúmen (isquemia), ou seja a interrupção do fluxo de oxigênio e nutrientes, levando necrose do local atingido. Esse processo induz a chegada de células imunológicas, principalmente macrófagos, para fazer a “varredura” das células necrosadas, substituindo-o por tecido fibrótico. ● DISFUNÇÃO ENDOTELIAL: Dispõe o endotélio a estresse oxidativo, inflamação, erosão e vasoconstrição. ● Aumenta a permeabilidade do vaso sanguíneo (favorecendo a infiltração no espaço subendotelial) → LDL capturado pelos macrófagos → Acúmulo de “células espumosas” (são derivadas de macrófagos repletos de colesterol livre e esterificado) e formação de estria gordurosa. ● Com a formação das células espumosas é desencadeada uma série de eventos com liberação de diversos mediadores pró-inflamatórios como IL-1, IL-6, IL-8, TNF-α, aumentando a resposta inflamatória e atraindo mais leucócitos para o local da lesão. ● Proteínas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-6, proteína C reativa) e anti-inflamatórias (IL-9, IL-10) são proteínas-chave a serem balanceadas para prevenir a ruptura da placa e consequências clínicas. ● PROCESSO INFLAMATÓRIO: Aumento de pró-coagulantes, moléculas vasoativas, citocinas e fatores de crescimento da permeabilidade e da aderência de leucócitos e plaquetas. ● PROCESSO DINÂMICO, EVOLUTIVO, SISTÊMICO: Acúmulo de material lipídico no espaço intra e extracelular da camada íntima do endotélio, recoberto por capa fibrosa. ● CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS DA ATEROSCLEROSE: ● A consequência clínica depende do local da lesão: ● Artérias coronárias: Angina (Dor no peito com falta de ar devido à falta de O2 no músculo cardíaco, estável ou instável – mais grave). ● IAM: Isquemia do infarto: O miocárdio é desprovido de O2 e nutrição. A extensão da musculatura envolvida, presença de circulação colateral (desvio da circulação, já que o caminho normal está obstruido) e requerimento de O2 determinarão a sobrevida e prognóstico. ● Morte súbita ● Artérias cerebrais: AVC e ataque isquêmico transitório ● Circulação periférica: Isquemia do membro e gangrena (necrose do tecido). ● ATEROSCLEROSE OU ARTERIOSCLEROSE ● Aterosclerose: Ocorre mobilização de mediadores inflamatórios em resposta às lesões no endotélio vascular causadas por alto LDL, gerando placa aterosclerótica e estreitamento luminal. ● Arteriosclerose: É uma doença não oclusiva da vasculatura, com dilatação difusa e hipertrofia das grandes artérias, o que leva a perda da elasticidade e redução de sua complacência. ● As manifestações clínicas são hipertrofia ventricular esquerda, diminuição da perfusão coronária e aumento da PSS = Pressão sanguínea sistólica (na contração cardíaca). ● CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS ● Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL). ● Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). ● Hiperlipidemia mista: aumento do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) e dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). Se TG ≥ 400 mg/dL, considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. ● HDL-c baixo: redução do HDL-c (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação ao aumento de LDL-c ou de TG. ● VALORES DE REFERÊNCIA ● Adultos: ● Crianças: ● ASPECTOS NUTRICIONAIS DO TRATAMENTO ● Intervenção não medicamentosa: ● Redução do peso; ● Redução na ingestão de bebidas alcoólicas; ● Redução na ingestão de açúcares simples; ● Substituição (parcial) de AG saturados, por mono e poli insaturados; ● Atividade física. ● Omêga 3: ● O consumo ≥ 2 porções de peixes ricos em EPA e DHA por semana está associado à redução do risco cardiovascular entre indivíduos em prevenção primária e secundária; ● O uso de suplementos de EPA e DHA pode ser considerado na prevenção cardiovascular; ● Suplementação com EPA e DHA (2 a 4 g) deve ser recomendada para hipertrigliceridemia grave (≥ 500 mg/dL); ● Suplementação com EPA e DHA (1 a 5 g) pode ser recomendada para hipertrigliceridemia leve e moderada; ● Suplementação com EPA e DHA (1 g/dia) pode ser recomendada na insuficiência cardíaca. ● INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) ● Limitação do fluxo coronário →Necrose do músculo cardíaco (vasoespasmo ou trombose) ● Placas de ateroma tornam-se instáveis e rompem-se → Liberação de citocinas pró-inflamatórias → Adesão e agregação plaquetária com ativação da cascata de coagulação (trombos) → Estreitamento luminal da artéria coronária que reduz o fluxo sanguíneo e a oxigenação no miocárdio. ● Se ocorrer isquemia prolongada (>30 a 45min), pode ocorrer dano celular miocárdico irreversível e morte do músculo cardíaco; ● A isquemia leva à fibrose nas áreas afetadas. Com isso, as fibras musculares precisam de mais força para bombear o sangue → Em casos mais graves, de vários infartos, ocorre a hipertrofia do músculo cardíaco → Levando a cardiomegalia (aumento do coração). ● GRAVIDADE DO INFARTO ● Localização e severidade do estreitamento aterosclerótico nas coronárias; ● Tamanho do leito vascular perfundido pelos vasos estreitados; ● Necessidade de oxigênio no miocárdio mal perfundido; ● Extensão do desenvolvimento de vasos sanguíneoscolaterais; ● Presença de fatores teciduais capazes de modificar o processo necrótico. ● IAM: CASCATA FISIOPATOLÓGICA ● Liberação de enzimas e proteínas cardíacas (CK-MB, troponina - diagnóstico); ● Após 24h, o músculo infartado torna-se edemaciado e cianótico; ● infiltração de leucócitos na área necrótica para remoção de células necrosadas; ● Após 3 semanas, inicia-se a cicatrização (fibrose), que prejudica a contração cardíaca; ● Mecanismos compensatórios: vasoconstrição, aumento da frequência cardíaca e retenção renal de sódio e água (SRAA) para manter o débito cardíaco. ● ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) ● Definição: Sinais clínicos de distúrbio focal ou global da função encefálica com duração >24h ● Isquemia cerebral: quando há interrupção ou redução crítica do fluxo sanguíneo devido à oclusão parcial (focal) ou total (global) de uma artéria cerebral ● Aneurisma cerebral: é uma dilatação num dos vasos sanguíneos que levam sangue até ao cérebro, podendo levar ao rompimento. ● Idosos: Redução na velocidade do fluxo cerebral e resistência arterial ● Grau de lesão isquêmica: Proporcional à severidade de redução do fluxo sanguíneo. Ananda Cabral
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