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Infecção Urinária

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Rebeka Freitas 
 
 
INTRODUÇÃO 
- Infecção do sistema urinário é uma condição clínica de 
ocorrência muito comum, com elevada prevalência em 
mulheres de todas as idades e, no homem, nos extremos da 
vida. 
- O termo pielonefrite aguda indica infecção bacteriana do 
sistema urinário alto (rins e pelve renal), ocasionando uma 
síndrome clínica caracterizada por febre alta de aparecimento 
súbito, calafrios e dor no flanco. 
- O termo pielonefrite crônica é utilizado para caracterizar 
ataques recorrentes de infecção, geralmente associados a 
diminuição da função renal. 
- As infecções do sistema urinário baixo (cistite, uretrite, 
prostatite) caracterizam-se por disúria, polaciúria e urgência. 
- A infecção urinária pode ser recorrente por recidiva ou 
reinfecção. 
- Por recidiva entende-se recorrência de bacteriúria 
ocasionada pelo mesmo microrganismo, a despeito do 
tratamento, nas 3 semanas após o tratamento. 
-Reserva- se o termo reinfecção quando esta ocorre após a 
cura aparente, mas com cepas diferentes. 
-É clinicamente importante classificar as ITUs pelo tipo de 
infecção, presença ou ausência de sintomas, tendência à 
recorrência e presença ou ausência de fatores complicadores. 
- Fatores do hospedeiro que facilitam o estabelecimento e a 
manutenção da bacteriúria ou que agravam o prognóstico das 
ITUs que acometem os rins: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
- Considerando que muitos pacientes com ITU apresentam 
infecções recorrentes, o número de indivíduos com ITU a cada 
ano é menor do que o número de casos. 
- Em geral, 90% dos pacientes manifestam cistite, enquanto 
10% desenvolvem pielonefrite. 
- As infecções são esporádicas em aproximadamente 75% dos 
pacientes e recorrentes em 25% 
- As ITUs são um pouco mais comuns em lactentes do sexo 
masculino do que do sexo feminino, por causa da maior 
frequência de malformações uretrais em meninos. 
-Já na infância, a ITU sintomática é mais comum no sexo 
feminino, assim como a bacteriúria assintomática. 
- As ITUs sintomáticas são mais comuns em mulheres 
sexualmente ativas. 
- Em homens jovens, as ITUs bacterianas são raras, e resultam 
comumente de infecções prostáticas subjacentes. 
- Nos idosos, tanto as ITUs sintomáticas quanto a bacteriúria 
assintomática são comuns. 
- Em mulheres, a ITU geralmente resulta da mucosa vaginal 
atrófica enquanto em homens é frequentemente uma 
consequência da hiperplasia prostática ou de neoplasia maligna 
da próstata. 
- Considerando-se o uso frequente de sondas vesicais em 
pacientes internados, a ITU é o tipo mais comum de infecção 
associada à assistência à saúde. 
FISIOPATOLOGIA 
- Na maioria dos pacientes, as ITUs resultam de colonização da 
urina por bactérias fecais de crescimento aeróbio (ocorre 
comunicação entre o intestino e o TU). 
- O crescimento de um fungo na urina pode ser observado em 
pacientes com cateteres vesicais e nos pacientes 
imunocomprometidos com disseminação hematogênica de 
espécies de Candida, proveniente de infecções em outros 
sítios. 
- Em mulheres, as bactérias colonizam a área periuretral; a 
partir daí alcançam a parte distal da uretra. 
 
 
Rebeka Freitas 
- A mucosa vaginal atrófica com microbiota vaginal alterada 
após a menopausa, e o uso de diafragmas e espermicidas em 
mulheres sexualmente ativas constituem fatores que 
aumentam o risco de colonização por grandes quantidades de 
bactérias uropatogênicas. 
- O intercurso sexual aumenta o número de bactérias na área 
periuretral da vagina e na parte distal da uretra, elevando o 
risco de bacteriúria. 
- A bacteriúria em homens sempre deve ser considerada um 
achado anormal, e eles frequentemente desenvolvem 
infecções complicadas. 
- Com muitos uropatógenos, o transporte é facilitado pela 
adesão das bactérias às células do epitélio uretral. 
- As células bacterianas, como as cepas de Escherichia coli que 
causam pielonefrite não complicada, têm fímbrias que aderem 
sobre as células mucosas na uretra e nos ureteres, facilitando, 
assim, o estabelecimento de bacteriúria e o transporte de 
bactérias para os rins. 
- Esta adesão estimula as células mucosas a liberar citocinas, 
como a interleucina-6, que causa febre e aumento da proteína 
C reativa, e a interleucina-8, que determina mobilização de 
leucócitos para o sítio de infecção. 
- Quando a bactéria atinge a bexiga, o estabelecimento de 
bacteriúria é facilitado pelo esvaziamento vesical incompleto. 
- A pielonefrite resulta de uma bacteriúria ascendente 
proveniente da bexiga, via ureter, para a pelve e o parênquima 
renais. 
- Este transporte pode ser facilitado por fatores do 
hospedeiro, como defeitos anatômicos dos ureteres ou dos 
rins, refluxo vesicoureteral ou, em pacientes sem defeitos 
anatômicos, pela adesão à mucosa ureteral. 
- Em raros casos, a bacteriúria e a fungiúria podem resultar 
de disseminação hematogênica das bactérias para os rins, 
causando abscessos renais. 
-A pielonefrite é comum durante a gestação, porque o refluxo 
vesicoureteral ocorre frequentemente durante o segundo e o 
terceiro trimestres. 
- Em crianças, assim como em adultos, a bacteriúria 
assintomática pode ser um sinal de malformações subjacentes 
do trato urinário. 
- O cateterismo vesical determina bacteriúria ou fungúria em 
todos os pacientes com cateter vesical por mais de uma 
semana. 
- A formação de um biofilme sobre as superfícies do cateter 
facilita o crescimento dos micro-organismos. 
- Etiologia da ITU: em todos os tipos de ITU, a E. coli é a espécie 
bacteriana predominante, causando mais de 85% de todas as 
ITU sintomáticas em mulheres com infecções não complicadas, 
esporádicas e adquiridas na comunidade 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
- O início da cistite é rápido, e os sintomas se desenvolvem em 
menos de 24 horas. 
- Clinicamente, muitas vezes é impossível diferenciar entre 
cistite e uretrite causada por clamídia, ureaplasma, ou 
gonococos, especialmente quando não há corrimento uretral. 
- A presença de febre é incomum em pacientes com cistite. 
- Nas mulheres sexualmente ativas, a cistite comumente 
ocorre 24 a 48 horas após uma relação sexual, principalmente 
se não se segue a prática do esvaziamento vesical pós-coito. 
- Pacientes com cistite normalmente têm sintomas por 3 a 5 
dias. 
- A pielonefrite também apresenta um início rápido com ou 
sem sintomas precedentes de cistite. 
- A típica dor lombar, resultante da inflamação e edema do 
parênquima renal, pode ser mascarada pela ingestão de 
analgésicos como o acetaminofeno, que também pode reduzir 
a febre. 
Rebeka Freitas 
- Um diagnóstico diferencial importante é o cálculo renal, que 
pode apresentar uma localização similar para a dor, mas 
normalmente sem febre. 
- Também, pacientes com apendicite e a colecistite podem 
apresentar dores em flanco similares às de um paciente com 
pielonefrite à direita. 
- A sepse de foco urinário ou urossepse é uma condição 
ameaçadora à vida, causada pela disseminação de uma bactéria 
a partir da urina em um paciente com bacteriúria. 
- A causa mais comum de urossepse é a retirada (ou, algumas 
vezes, a inserção) de um cateter vesical. Portanto, pacientes 
com urossepse nem sempre apresentam infecção renal. 
• Pielonefrite Aguda 
- Caracteriza- se pela invasão bacteriana aguda do rim e da 
pelve renal e costuma ser unilateral. 
- O aparecimento da infecção pode estar associado à 
ocorrência de algum tipo de obstrução do sistema urinário, 
como hipertrofia prostática em homens e obstrução ureteral 
pelo útero gravídico em mulheres. 
- Cálculos, neoplasias e malformações anatômicas também 
predispõem a infecção.. 
- A pielonefrite caracteriza-se pelo aparecimento súbito de 
febre (39 a 40°C), calafrios, náuseas e vômito; mal estar, 
taquicardia e hipotensão arterial podem ocorrer. 
- Muitos pacientes apresentam dor em um ou em ambos os 
flancos, com irradiação para a fossa ilíaca e região suprapúbica. 
- Pode haver disúria, polaciúria,urgência e eliminação de urina 
turva, denotando a presença de cistite associada. 
- Dor e contração muscular no ângulo costovertebral e região 
lombar costumam ocorrer ao exame físico. 
- Dentre os dados laboratoriais, destaca-se, ao exame de urina, 
a presença de piócitos, cilindros leucocitários e bactérias. 
- A presença de microrganismos em urina recém eliminada e 
não centrifugada tem grande valor como indício de infecção. 
- Em geral, hematúria microscópica está presente; leucocitose 
é comum.. 
- Na infância, a pielonefrite pode apresentar um quadro febril, 
muitas vezes sem sinais de localização. 
- Em adultos, a pielonefrite pode evoluir com pouco ou nenhum 
sintoma urinário. Isso acontece especialmente na gravidez, 
situação em que a bacteriúria assintomática ocorre com maior 
frequência, podendo evoluir para o quadro de pielonefrite 
aguda. 
- Com tratamento adequado, as manifestações clínicas 
desaparecem em 1 a 2 dias, e a urina torna-se estéril em 
pouco tempo. 
- Recuperação completa é comum em pacientes sem afecções 
subjacentes que facilitem a manutenção ou o reaparecimento 
da infecção, principalmente litíase e obstrução urinária. 
- Em algumas condições, contudo, os sintomas desaparecem, 
mas a bacteriúria persiste, transformando-se em infecção 
crônica. 
- Em pacientes diabéticos, a infecção aguda pode ser 
suficientemente grave para causar necrose de papila renal. 
• Pielonefrite Crônica 
- A pielonefrite crônica surge geralmente após um episódio 
inicial de pielonefrite aguda ou cistite, principalmente associada 
a obstrução urinária, presença de cálculo, hipertrofia 
prostática, bexiga neurogênica e refluxo vesicouretral. 
- As lesões fibróticas decorrentes da infiltração inflamatória 
uni ou bilateral levam a uma redução do tecido renal 
funcionante. 
- Quando a infecção é unilateral, o rim normal compensa a 
redução da função do rim comprometido. 
- Os sinais e sintomas (polaciúria, dor lombar) podem sugerir 
que a origem da doença seja no sistema urinário. No entanto, 
é comum o paciente não apresentar queixa atribuível ao 
aparelho urinário, dominando o quadro clínico fraqueza geral, 
apatia, perda de peso ou sintomas relacionados com a uremia; 
a hipertensão arterial pode ser o achado dominante. 
- A urina geralmente contém piócitos, bactérias e pequena 
quantidade de proteínas. 
- A evolução da doença costuma ser longa, com exacerbações 
frequentes. 
• Cistite e Uretrite 
- Definição: infecção urinária restrita à bexiga e/ou uretra, 
caracterizada por polaciúria, disúria, urgência e piúria. 
Rebeka Freitas 
- A cistite provoca desconforto e sensação dolorosa na região 
suprapúbica. 
- A irritação da parede vesical causa contração espasmódica 
da bexiga, fazendo com que o paciente apresente desejo de 
urinar acompanhado de dor, mesmo quando o órgão está vazio 
ou imediatamente após a micção (estrangúria). 
- A urina pode apresentar-se turva e com odor desagradável. 
- Piócitos, hemácias, células epiteliais e bactérias são 
encontrados no exame do sedimento urinário. 
- Na uretrite aguda, observa-se queimor intenso ou dor 
durante a micção. 
- Observa-se, também, corrimento uretral purulento entre as 
micções. 
DIAGNÓSTICO 
- O procedimento-padrão para as culturas quantitativas é 
coletar uma amostra de urina de jato médio. 
- Os homens devem recolher o prepúcio e as mulheres devem 
manter os grandes lábios afastados. 
- A lavagem do trato genital antes da coleta não é 
recomendada. 
- Após a coleta, a urina deve ser resfriada (mas não congelada) 
para prevenir o crescimento durante o transporte até o 
laboratório. 
- Todas as técnicas de cultura requerem incubação durante 
toda a noite. 
- Para o rastreamento de bacteriúria, um teste de nitrito pode 
ser utilizado. É um teste com fita que demonstra a presença 
de nitrito na urina. 
- As bactérias Gram-negativas, com exceção da P. aeruginosa, 
metabolizam nitrato em nitrito, o que pode ser demonstrado 
por uma reação de cor na fita de papel. 
- Pacientes com pielonefrite aguda, mas não aqueles com 
cistite aguda, têm níveis de proteína C reativa (PCR) 
aumentados no sangue. 
- Em pacientes com pielonefrite aguda, cilindros leucocitários 
podem frequentemente ser demonstrados no sedimento 
urinário. 
 
TRATAMENTO 
- Todos os tipos de ITUs sintomáticas devem ser tratados. 
- O propósito do tratamento precoce é reduzir o risco de 
progressão para pielonefrite. 
- O tratamento não afeta a duração dos sintomas, que é de 3 
a 4 dias. 
- Nos pacientes com pielonefrite, o tratamento precoce tem 
como objetivo reduzir a duração dos sintomas, eliminar os 
micro-organismos do parênquima renal e reduzir o risco de 
disseminação para o sangue. 
- Como a identificação bacteriana e a determinação da 
suscetibilidade a fármacos antimicrobianos demoram pelo 
menos 1 dia e frequentemente mais de 2 dias, o tratamento 
inicial é empírico. 
PREVENÇÃO 
-Há medidas bem conhecidas que reduzem acentuadamente o 
risco de recorrências das ITUs. 
- A mais importante é a recomendação para mulheres 
sexualmente ativas de urinar logo após o coito, porque dessa 
forma eliminam o número aumentado de bactérias na uretra 
distal. 
- Outra sugestão útil é recomendar dupla ou tripla micção a 
pacientes com ITUs recorrentes. Isso significa fazer um 
esforço extra para esvaziar a bexiga em cada micção, fazendo 
com que o volume de urina residual diminua. 
- Hoje, a profilaxia antimicrobiana para ITUs está restrita a 
apenas alguns grupos de pacientes. 
- Um grupo em que ainda se recomenda a profilaxia é no de 
gestantes com bacteriúria assintomática. 
- Logo, o rastreamento de bacteriúria em intervalos regulares 
durante a gravidez é recomendado. 
- Outro grupo no qual se recomenda o rastreamento de 
bacteriúria e profilaxia é o de pacientes com diabetes melito, 
especialmente aqueles com o tipo 2.

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