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Sistema Complemento - Resumo de Imunologia

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Imunologia 
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Sistema Complemento 
São proteínas plasmáticas (resposta imune 
humoral inata) que podem ser ativadas 
através de uma reação em cascata 
Essas proteínas do sistema complemento 
são produzidas no fígado; caso haja algum 
problema no fígado, ocorre uma diminuição 
na produção das proteínas do complemento 
Por que é chamado de sistema 
complemento? 
O sistema complemento foi descoberto por 
Jules Bordet (1919), o responsável por pegar 
o plasma e colocá-lo junto as bactérias. No 
plasma, ele sabia que havia anticorpos 
contra a bactéria, então ao colocar em 
temperatura ambiente, a bactéria passava a 
apresentar buracos devido a lise. Logo, Jules 
Bordet pegou o plasma, esquentou em mais 
de 56°C e percebeu que a bactéria não 
ficava mais lisada, mas continuava com a 
sua capacidade de aglutinação. Conclusão: 
ao aquecer, o anticorpo continua funcionando 
(capacidade de aglutinação), mas a bactéria 
deixa de sofrer lise devido as proteínas do 
complemento, as proteínas termolábeis. 
o Soro fresco contendo anticorpos 
antibacterianos + bactérias = lise da 
bactéria 
o Se o soro fosse aquecido a mais de 
56°C perderia a capacidade lítica. 
Permanece com a capacidade de 
aglutinação. Anticorpos são 
termoestáveis 
o Componente termolábil que 
‘’complementa’’ a função dos 
anticorpos 
Vias de Ativação do Complemento 
Via Clássica: foi a 
primeira a ser descoberta; 
ativada por anticorpos 
 
Via Alternativa: foi a 
segunda a ser descoberta; 
ativada diretamente na 
superfície do patógeno 
 
Via lectinas: foi a última a 
ser descoberta; ativada por 
uma MBL que se liga a 
carboidratos de superfície 
em microrganismos 
 
Resultado da ativação do S. Complemento 
Via clássica: anticorpo 
Via alternativa: microrganismo 
Via da lectina: lectina ligante de manose 
(MBL) 
Quais são as funções efetoras 
desse sistema? 
Inflamação (C3a), Opsonização e 
fagocitose (C3b), Inflamação (C5a), Lise 
de microrganismo (MAC) 
 
Todas as vias começam de forma diferente, 
mas passam a ser iguais quando chegam na 
degradação de C5 
 De C5b até à lise, é chamado de via 
comum 
Via Clássica 
É ativada por uma interação 
partícula/anticorpo. Logo, é necessário haver 
1 molécula de IgM e 2 moléculas de IgG 
Imunologia 
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A ligação provoca uma mudança 
conformacional no anticorpo, que abre um 
sítio de ligação para C1 
o C1: apresenta 6 moléculas C1q, 2 
C1s, 2 C1r 
o C1qr2s2 liga-se a 1 IgM ou 2 IgG 
O complexo C1 liga-se em cima dos 
anticorpos 
Avidez: IgM>IgG3>IgG1>IgG2 
Menor parte é representado pela letra a e a 
maior parte é representado pela letra b 
Como ocorre essa ativação da Via 
Clássica? 
C1q se liga às duas moléculas de IgG (na 
fração constante) que estão ligadas a parede 
do microrganismo. C1q ativa C1r que ativa 
C1s. A C1s cliva C4 em C4a e C4b; a C4a 
vai ser liberado para o plasma e C4b vai para 
a parede do microrganismo. C1s também 
cliva C2 em C2a e C2b; nesse caso, C2b é 
liberado e C2a se deposita na parede do 
microrganismo 
 
Logo, é formado o complexo C4b + C2a (C3 
convertase). A C3 convertase vai clivar C3 
em C3a e C3b; C3a vai ser liberado e servir 
de anafilatoxina e fator quimiotático, 
enquanto C3b vai para à parede do 
microrganismo, caso esse C3b se ligue 
sozinho à parede do microrganismo, ele vira 
uma opsonina; nesse caso, C4b + C2a + C3b 
formam a C5 convertase que irá clivar C5 em 
C5a e C5b; C5a vai ser liberado e C5b vai 
continuar na reação de cascata do 
complemento 
 
 
 
 
 
 
Ativação da via clássica por meio da ligação 
do C1q na fração constante do anticorpo IgG. 
C1r e C1s vão ativar C4, C4a vai ser liberado 
e C4b vai se depositar. C1s também vai 
clivar C2 em C2a e C2b. C2b vai ser liberado 
e C2a vai se depositar, formando junto com a 
C4b a C3 convertase. C3 convertase clivar 
C3 em C3a e C3b, caso C3b se ligar sozinho, 
ele vira uma opsonina e junto com a C4b, 
C2a, eles formam a C5 convertase. C5 
convertase cliva C5 em C5a e C5b 
Via alternativa 
Não há formação do complexo antígeno-
anticorpo 
Ocorre ativação espontânea de C3 
Único via que apresenta outras letras além 
da letra C – fator D e fator B 
C3 se liga diretamente à parede do patógeno 
Vigilância: clivagem de C3 em uma taxa 
lenta que atua nas células próprias e 
patógenos (tickover) 
Se C3b não se ligar, C3b é inativado 
Como ocorre a ativação da Via 
Alternativa? 
Anafilatoxina= auxilia na inflamação 
Fator quimiotático= atração de outras 
células, como o neutrófilo 
C4b+C2a= C3 convertase 
C4b + C2a + C3b= C5 convertase 
 
Imunologia 
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C3 é clivado em C3a e C3b, caso C3b 
encontre um açúcar, ele se liga à parede do 
microrganismo. Com C3b depositado, o fator 
B aparece para se ligar ao C3b e um outro 
fator, o fator D, cliva B em Bb e Ba. Ba vai 
ser liberado e Bb vai se depositar na 
superfície do patógeno. C3b e Bb juntos 
formam a C3 convertase 
 
C3 convertase vai clivar C3 em C3a e C3b; 
C3a vai ser liberado e ajudar na anafilatoxina 
e no fator quimiotático, enquanto C3b vai se 
ligar, mas caso esse C3b se ligue sozinho, 
ele vira opsonina. C3b junto com a C3b e Bb 
formam a C5 convertase, que irá clivar a C5 
em C5a e C5b 
 
 
 
Ativação da via alternativa por meio da C3 
que vai se clivar em C3a e C3b, se C3b 
encontrar algo, ele vira uma opsonina e se 
deposita na superfície do patógeno. O fator B 
aparece, se liga ao C3b e atrai o fator D que 
vai clivar B em Bb e Ba. Ba vai ser liberado e 
Bb vai se depositar e junto com a C3b vai 
formar a C3 convertase. C3 convertase cliva 
C3 em C3a e C3b, a C3b vai se juntar a Bb e 
C3b e formar a C5 convertase que vai 
continuar a reação em cascata do sistema 
complemento 
Via lectina 
Via mais antiga; similar à via clássica 
É a via mais recentemente descrita, porém 
evolutivamente é a mais antiga 
É deflagrada por proteínas plasmáticas: 
o Lectina ligante de Manose (MBL) – 
Manose 
o L- Ficolina 
o H- Ficolina N-acetilglicosamina 
o M- Ficolina 
Atuam também com aglutinina e opsonina 
MASP1 e 2: cliva C4 e C2 
Como ocorre a ativação da Via 
Lectina? 
Inicia-se pela MBL ou pela N-
acetilglicosamina ligando-se à manose da 
parede celular de fungos e bactérias. A 
MASP1 vai ativar MASP2 que vão clivar C4 
em C4a e C4b; C4a vai ser liberado e C4b 
vai se depositar. Além disso, a MASP1 e a 
MASP2 vão clivar C2 em C2a e C2b; C2a vai 
se depositar e C2b vai ser liberado. C4b e 
C2a juntas vão formar a C3 convertase 
 
A C3 convertase vai clivar C3 em C3a e C3b; 
C3a vai ser liberado e caso C3b se ligue 
sozinho, ele vira uma opsonina, mas se ele 
se ligar a C4b e C2a, juntos eles formam a 
C5 convertase 
 
 
 
Via Comum ou Efetora 
A partir de C5b não há mais clivagem 
C3b + Bb= C3 convertase 
C3b + Bb + C3b= C5 
convertase 
 
 
C4b + C2a = C3 convertase 
C4b + C2a + C3b= C5 convertase 
 
Imunologia 
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C5B vai se juntar à C6, C7 e C8. Por fim, 
para que ocorra a lise na membrana, é 
necessário que apareça 5 moléculas de C9 e 
essas moléculas formem um funil, o 
complexo de ataque a membrana (MAC), que 
irá causar a lise do microrganismo 
 
A função da via comum é formar o complexo 
de ataque a membrana que lisa o 
microrganismo 
Regulação do Sistema Complemento 
As proteínas do sistema complemento 
podem ser ativadas mesmo se não tiver 
bactérias ou fungos presentes, por isso que é 
necessário que haja regulação 
A regulação é realizada por proteínas 
solúveis e ligadas a membrana de diferentes 
tipos de células 
As proteínas regulatórias inativam vários 
componentes do sistema complemento 
Baixos níveis de ativação do complemento 
ocorrem contínua e espontaneamente, 
podendo causar dano às células e aos 
tecidos normais 
Produtos da degradação de proteínas do 
complemento podem se difundir para as 
células adjacentes e produzir lesãoRegulação das Vias Clássica e Lectinas 
Mediadores solúveis: 
o Inibidor de C1 (liga-se C1r e C1s e 
dissocia) – somente na via clássica 
o Fator I (Cliva C4b e C3b usando fator 
H, MCP, CR1 como cofator) 
o C4BP liga-se a C4b e desloca C2 
Receptores e Proteínas de Membrana: 
DAF, MCP, CR1 (desfazem o complexo 
C4bC2b) 
 
Regulação da Via Alternativa 
Mediadores solúveis: 
o Fator H liga-se a C3b e desloca Bb 
Receptores e Proteínas de Membrana: 
DAF, CR1, MCP ligam-se a C3b e deslocam 
o fragmento Bb 
 
Imunologia 
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Regulação da Via Comum 
o Proteína CD59 inibe a ligação do poli 
C9 
o Proteína S se liga a C7 e impede a 
inserção na membrana 
 
Funções do Sistema Complemento 
Imunidade Inata: opsonização; lise celular; 
quimiotaxia; inflamação; ativação celular 
Homeostase: retirada de imuno-complexo e 
células apoptóticas 
Imunidade Adaptativa: amplificação da 
resposta por anticorpos; promoção da 
resposta por célula T 
Opsonização e fagocitose 
C3b e C4b são opsoninas, na qual 
C4b apresenta menor poder de 
opsonização 
O anticorpo potencializa a fagocitose 
Foco em C3b e C4b 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inflamação 
Foca em C3a, C4a e C5a, sendo a C5a a 
principal na ativação da inflamação 
 
Histamina é liberada mediante a ativação das 
proteínas 
Depuração fagocitária de 
imunocomplexos 
Acontece na homeostasia 
A presença de imunocomplexos ativa o 
sistema complemento 
 
Imunologia 
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Lise celular 
Formação do MAC que faz o furo que causa 
a lise celular 
 
Ativação do Linfócito B 
 
As células dendríticas foliculares ajudam a 
célula B, de forma específica, a se ativarem 
em plasmócitos 
Aplicação clínica 
HIPERcomplementemia: aumento das 
proteínas do sistema complemento 
 Acontece quando há aumento da 
produção de proteínas inflamatórias 
pelo fígado 
 Liberação de citocinas, como a IL-6, 
que vão para o fígado e lá o fígado 
produz mais proteínas do sistema 
complemento 
 Inflamação sistêmica 
HIPOcomplementemia: diminuição das 
proteínas do sistema complemento 
 Acontece quando há problemas no 
fígado ou quando há doenças de 
consumo 
 Exemplos de doenças de consumo: 
Lúpus ou doença do soro 
 Diminuição de IL-6 para o fígado 
 Hepatopatias crônicas 
Hemoglobinúria paroxística noturna (HPN): é 
uma anemia hemolítica crônica adquirida 
 Hemoglobina na urina – conforme a 
pessoa vai urinando durante o dia, a 
cor da sua urina vai clareando 
 A falência em sintetizar GPI madura 
gera redução de todas as proteínas de 
superfície normalmente ancoradas por 
ela 
 Dentre elas estão o CD55 e o CD59, 
que controlam a ativação da cascata 
do complemento. Assim, na HPN há 
aumento da susceptibilidade de 
eritrócitos ao complemento, gerando 
hemólise 
Aplicação clínica

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