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A Química dos corantes Naturais e o Ensino de Química

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1
A QUÍMICA DOS CORANTES NATURAIS: UMA ALTERNATIVA PARA O 
ENSINO DE QUÍMICA 
 
Ivane Benedetti Tonial – Professora PDE/2008. 
Expedito Leite Silva – Professor Orientador IES/UEM 
 
RESUMO: 
Neste trabalho apresentamos uma metodologia alternativa para o ensino de Química 
utilizando corantes naturais com o intuito de despertar nos estudantes o interesse pela 
química e o gosto pela pesquisa, além de proporcionar a construção e reconstrução de 
conceitos químicos e científicos, bem como suas implicações nos aspectos sociais, 
políticos, econômicos e ambientais. Como recurso para atingir tal objetivo utilizou-se a 
experimentação investigativa com materiais do cotidiano do aluno. Atualmente os 
corantes naturais são empregados na indústria alimentícia e de bebidas, uma vez que 
não apresentam toxidez e não apresentando desta forma danos à saúde, 
possibilitando assim uma melhor qualidade de vida com a conservação do meio 
ambiente. Na análise das concepções prévias dos alunos contatou-se que os mesmos 
possuem conhecimento a respeito da utilização de corantes pelas indústrias 
alimentícias. Nesta metodologia desenvolveram-se atividades que propiciassem os 
alunos o conhecimento de métodos de extração, constituição, solubilidade e 
propriedades ácidos/base dos corantes existentes na cenoura, urucum, açafrão, 
beterraba e couve. A avaliação desta proposta de ensino foi realizada pelos 
estudantes através da aplicação de um questionário. Através desta avaliação 
constatou-se que os alunos aprovam a metodologia de ensino aplicada e sentem-se 
estimulados e interessados por serem parte integrante do processo de ensino-
aprendizagem. Assim sendo, cabe a nós profissionais da educação inovar nossas 
metodologias de ensino no intuito de despertar maior interesse e melhor 
aprendizagem por parte dos alunos. 
 
PALAVRAS CHAVES: Ensino de Química; Experimentação Investigativa; 
Aprendizagem Significativa. 
 
ABSTRACT: 
In this work we present an alternative methodology for teaching chemistry using natural 
colors in an effort to awaken in students an interest in chemical and taste for research, 
while providing the construction and reconstruction of chemical and scientific concepts 
and their implications on the points social, political, economic and environmental. As a 
resource for achieving that goal using the investigative experimentation with materials 
of daily life of the student. Currently, natural colors are used in the food and beverage 
industry, as it does not have toxicity and thus not showing damage to health, thus 
enabling a better quality of life to the conservation of the environment. In the analysis of 
preliminary designs of the students contacted is that they possess knowledge about the 
use of dyes by food industries. This methodology was developed activities that 
encourage students knowledge of extraction methods, constitution, solubility properties 
and acid/base of colors in the carrot, annatto, turmeric, beet and cabbage. The 
evaluation of this draft was prepared by teaching students through the application of a 
questionnaire. Through this assessment it was found that students accept the teaching 
methodology applied and they feel stimulated and interested in being part of the 
teaching-learning process. Therefore, it is up to us professionals in education innovate 
our methods of teaching in order to arouse greater interest and better learning by 
students. 
 
KEY WORKS: Teaching Chemistry; Investigative Experimentation; Significative 
Learning. 
 2
1.0. INTRODUÇÃO 
 
 
O ensino de Química ainda hoje sofre com as conseqüências de um 
ensino com abordagens tradicionais onde o aluno muitas vezes é considerado 
um mero receptor. Nesta abordagem metodológica de ensino o aluno é levado 
à memorização e não a compreensão de conteúdos, onde na maioria das 
vezes é levado a decorar conceitos, regras, nomes e fórmulas. 
No intuito utilizar a experimentação investigativa como meio para facilitar 
e promover uma aprendizagem significativa propõe-se uma metodologia para 
disciplina de química, baseada em projetos de ensino, onde o aluno é 
considerado indivíduo ativo no processo de ensino-aprendizagem e sua 
participação passa a ser considerada fundamental para o desenvolvimento das 
aulas, melhorando inclusive relacionamento entre professor e aluno. 
Esta metodologia que se propõe encontra se de acordo com o 
pensamento de Gouvêa (1987) que diz: “O que ensinar ciências, numa visão 
atualizada não se baseia em ditar, em decorar leis, técnicas, nomes de coisas 
ou fazer com que os alunos façam experiências seguindo roteiros como se 
fosse uma receita. Fazer ciência nesta visão atual de ensinar ciências é 
despertar no indivíduo à capacidade de pensar, de questionar sobre os 
acontecimentos já adquiridos, levando-o a relação teoria e prática.” 
Há consenso entre vários autores que o aluno aprende a partir daquilo 
que sabe (conhecimento prévio), na forma de mudança conceitual, ou seja, o 
aluno substitui o conhecimento popular pelo conhecimento científico. 
Neste sentido é importante a investigação sobre o conhecimento prévio 
dos alunos pelo professor para que este perceba a forma de pensar do aluno e 
para que possa planejar suas ações de ensino. Essa investigação pode ser 
feita pelo professor por meio de um questionamento oral sustentado no diálogo, 
por meio de escrita (relato) ou outros instrumentos que sistematizem o 
pensamento do aluno (Galiazzi e Gonçalves, 2004). 
Hoje, espera-se que o estudo da química possibilite ao homem o 
desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que o cerca, podendo analisar, 
compreender e utilizar este conhecimento no cotidiano, tendo condições de 
perceber e interferir em situações que contribuem para a deterioração de sua 
qualidade de vida (Cardoso & Colinvaux, 2000). 
 3
Os corantes estão amplamente presentes no meio em que vivemos, nos 
alimentos que consumimos, nas roupas, nos produtos naturais e nos mais 
variados objetos que adquirimos, além disso, possibilita ao aluno a 
compreensão dos conceitos químicos, constituição, propriedades e processos 
de obtenção e transformação da matéria, bem como desenvolver interesse pelo 
conhecimento científico em estreita relação com suas aplicações tecnológicas 
e implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. 
Neste contexto, a fim de aproximar o aluno de seu cotidiano e promover 
um ensino através da experimentação utilizamos corantes provenientes de 
materiais naturais para despertar o interesse e m otivação nos alunos a fim de 
promover um aprendizado significativo. 
Assim sendo, este trabalho teve como objetivo aplicar uma metodologia 
alternativa para o ensino de Química utilizando corantes naturais no intuito de 
despertar nos estudantes o interesse pela química e o gosto pela pesquisa, 
além de proporcionar a construção e reconstrução de conceitos químicos e 
científicos bem como suas implicações nos aspectos sociais, políticos, 
econômicos e ambientais. 
 
2.0. DESENVOLVIMENTO 
 
2.1. SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS 
O ensino de Ciências e particularmente o ensino de Química nos dias 
atuais ainda sofre com as conseqüências de um ensino com abordagens 
tradicionais. Nesta metodologia de ensino o aluno é levado a decorar, regras, 
nomes e fórmulas e é considerado apenas como receptor de informações. 
Numa visão atualizada, no entanto, fazer ciência é despertar no indivíduo à 
capacidade de pensar, de questionar sobre os acontecimentos já adquiridos, 
levando-o a relação teoria e prática, (Gouvêa, 1987) 
Segundo Galiazzi e Gonçalves (2004), o aluno aprende a partir daquilo 
que sabe, na forma de mudança conceitual, neste sentido, a explicitação do 
conhecimento prévio é importante para que o professor perceba a forma de 
pensar do aluno. Essa ação do professor pode ser conduzida por meio de um 
questionamento oral sustentado no diálogo ou outros instrumentos que 
sistematizem o pensamento do aluno. 
 4
As concepçõesprévias do estudante e sua cultura cotidiana não têm 
que, necessariamente, serem substituídas pelas concepções da cultura 
científica. A ampliação de seu universo cultural deve levá-lo a refletir sobre as 
interações entre as duas culturas, mas a construção de conhecimentos 
científicos não pressupõe a diminuição do status dos conceitos cotidianos, e 
sim, a análise consciente das suas relações. (Mortimer & Machado, 2001; 
Silva, 2007). 
De acordo com Schnetzler (1980), a mudança do conhecimento prévio 
pelo científico pode ocorrer de várias formas diferentes: a) pelo acréscimo de 
novas concepções em função da experiência anterior do seu desenvolvimento 
pessoal e pelo contato com idéias de outras pessoas; b) pela reorganização 
das concepções existentes, tanto desafiada por alguma externa do aluno, 
quanto como resultado de um processo de pensamento desenvolvido 
internamente por ele próprio e c) pela rejeição das concepções existentes 
como resultados de uma organização conceitual que implica na substituição 
dessas idéias por outras concepções novas em função do confronto entre seu 
ponto de vista anterior, com o ponto de vista da ciência. 
Para Piaget (1977), o conhecimento “realiza-se através de construções 
contínuas e renovadas a partir da interação com o real”, não ocorrendo através 
de mera cópia da realidade, e sim pela assimilação e acomodação a estruturas 
anteriores que, por sua vez, criam condições para o desenvolvimento das 
estruturas seguintes. 
Neste sentido, diversos estudiosos têm defendido a utilização de 
pesquisas nas aulas de química, podendo ser na forma de leitura de textos 
literários ou artigos científicos e na forma de experimentação, induzindo alunos 
e professores a discussões criticas a respeito do assunto estudado. Considera-
se importante propor aos alunos leituras que contribuam para a formação e 
identificação cultural, que possam construir elemento motivador para a 
aprendizagem da Química e contribuir eventualmente, para a criação do hábito 
de leitura (DCE, 2008). 
O desenvolvimento da pesquisa em sala de aula em grupo com alunos, 
que sempre envolve questionamento, argumentação e validação, tem mostrado 
ser um espaço profícuo de enriquecimento das teorias sobre os processos, 
sempre complexos, de ensino e aprendizagem presentes em sala de aula. 
 5
Dessa forma, contribui para a consolidação de um conhecimento profissional 
mais enriquecido e fundamentado em cada um dos participantes (Galiazzi 
Gonçalves, 2004). 
Pesquisadores como Santos & Schnetzler (1997) e Santos (2002), 
defendem a necessidade de que os processos educativos estabeleçam 
diálogos permanentes com situações do contexto, do ponto de vista 
pedagógico e dos conteúdos próprios de ensino. 
Para Demo (1997) a pesquisa pode ser desenvolvida em sala de aula 
como princípio educativo e a pesquisa precisa ser vista, entendida e praticada 
como instrumento metodológico para construir conhecimento, como um 
movimento para a teorização e para a inovação. 
Sendo assim, é preciso que tanto professores quanto alunos aprendam 
a buscar o conhecimento existente para, a partir dele, construir novos 
argumentos e contra-argumentos; é preciso que se percebam como sujeitos 
agentes de produção de conhecimento e de sua aprendizagem, (Galiazzi, et 
al., 2001). É também de consenso que a experimentação é uma atividade 
fundamental no ensino de Ciências. Porém, a experimentação na vivência das 
escolas é uma atividade pouco freqüente, (Galiazzi et al., 2001). De acordo 
com Izquierdo et al., (1999), a origem do trabalho experimental nas escolas foi, 
há mais de cem anos e tinha por objetivo melhorar a aprendizagem do 
conteúdo científico, porque os alunos aprendiam os conteúdos, mas não 
sabiam aplicá-los. 
As atividades experimentais, são apontadas como a solução que 
precisaria ser implementada para a tão esperada melhoria no ensino de 
Ciências (Gil-Pérez et al, 1999) e para que isso seja possível as aulas 
deveriam acontecer com maior assiduidade. 
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008), 
os experimentos realizados nas aulas de química podem ser o ponto de partida 
para a apreensão de conceitos e sua relação com as idéias a serem discutidas 
em aula. Os estudantes, assim, estabelecem relação entre a teoria e a prática, 
e, ao mesmo tempo, expressam ao professor suas dúvidas. 
Hoje, espera-se que o estudo da química deve possibilitar ao homem o 
desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que o cerca, podendo analisar, 
compreender e utilizar este conhecimento no cotidiano, tendo condições de 
 6
perceber e interferir em situações que contribuem para a deterioração de sua 
qualidade de vida (Cardoso & Colinvaux, 2000). Para tanto, é necessário que a 
atividade experimental seja problematizadora do processo ensino, sendo 
apresentada antes da construção da teoria nas aulas de ciências, e não 
ilustrativo dos conceitos já expostos (DCE, 2008). 
 
2.2- CORANTES NATURAIS E EDUCAÇÃO EM QUÍMICA 
 
A cor, segundo Araújo (2004), é um fator que influência 
significativamente a aceitabilidade dos produtos. Com o objetivo de melhorar 
coloração e a aceitabilidade destes pelos consumidores, surgiram os corantes. 
Os corantes são substâncias responsáveis em transmitir cores ou exaltar as 
cores que os produtos já possuem, com a finalidade de melhorar o seu 
aspecto. 
Duas classes bem distintas de corantes estão disponíveis no mercado, 
os sintéticos e os naturais. Apesar dos corantes sintéticos apresentarem 
menores custos de produção e maior estabilidade (luz, oxigênio, calor e pH), o 
número de aditivos sintéticos permitidos nos países desenvolvidos está 
diminuindo, a cada ano, em favor dos pigmentos naturais (que compreendem 
desde partes comestíveis e sucos de vegetais, animais e insetos até 
substâncias naturais extraídas e purificadas) tem sido gradativa (Lessa 
Constant et al., 2002). 
A utilização pelo Homem de corantes naturais, isto é os de origem 
animal, vegetal e mineral, é muito antiga, havendo evidências que os antigos 
egípcios usavam hena e carmim e outros corantes na pele e nos cabelos. Os 
corantes começaram a ser usados em alimentos na China, India e Egito cerca 
de 1500 a.C. (Giri, 1991; Araújo, 2005). 
Até 1850 todos os corantes alimentícios provinham de três fontes: 
vegetais (cenoura, beterraba, uva, etc.); extratos de origem animal ou vegetal 
normalmente não consumidos como tais (acido carmínico e açafrão); e os 
resultantes da transformação de substâncias naturais (caramelo = marrom) 
(FDA, 1998; Carvalho, 2004). 
 No Brasil, os corantes naturais têm importante relação com sua história, 
a começar pelo nome do país, proveniente da madeira de Pau-brasil 
 7
(Caesalpinia echinata), importante fonte de corante vermelho no século XVI. 
Durante muito tempo, o Pau-brasil foi o produto local mais precioso para os 
portugueses que o vendiam na Europa para o tingimento de tecidos (Rossi, 
2008; Dallogo & Smaniotto, 2005). 
 Durante grande parte do século XIX, o Brasil também forneceu corante 
índigo extraído da planta Indigofera tinctoria, de coloração azul (Rossi, 2008). 
Atualmente os corantes naturais são empregados na indústria 
alimentícia e de bebidas, uma vez que apresenta ausência de toxidez, não 
apresentando danos a saúde e possibilitando uma qualidade de vida melhor 
para o usuário e interagindo com a conservação do meio ambiente (Carvalho, 
1989; Constant et al., 2002). Estes corantes podem ser divididos em três 
grupos principais: a) Os compostos heterocíclicos (que compreendem as 
clorofilas presentes em vegetais, o heme e as bilinas encontradas em animais, 
b) os compostos de estrutura isoprenóide (os carotenóides, encontrados em 
animais e principalmente em vegetais) e c) os compostos heterocíclicos 
contendo oxigênio (os flavonóides, que são encontrados exclusivamente em 
vegetais). Além desses existem outros dois grupos de corantespresentes 
unicamente em vegetais: as betalaínas que são compostos nitrogenados e os 
taninos, que agrupam diversos compostos de estruturas altamente variáveis 
(Bobbio, 1992). 
 Um corante natural é uma substância corada extraída apenas por 
processos fisico-químicos (dissolução, precipitação, entre outros) ou 
bioquímicos (fermentação) de uma matéria-prima animal ou vegetal. Esta 
substância deve ser solúvel no meio líquido onde vai ser mergulhado o material 
a tingir (Araújo, 2005). 
Entre a grande variedade de corantes naturais o carmim, o urucum, a 
curcumina, a betalaína e a clorofila são imensamente utilizados. 
 O carmim é um corante natural extraído a partir de fêmeas dessecadas 
de insetos da espécie Dactylopius coccus Costa. Muitas espécies desses 
insetos têm sido usadas como fonte de corantes vermelhos e sua principal 
origem é peruana (Henry, 1996). 
O ácido carmínico é o principal constituinte da cochonilha (responsável 
pelo poder tintorial do corante), sendo considerado um composto 
toxicologicamente seguro para ser utilizado em alimentos (Francis, 1996). 
 8
Quimicamente o ácido carmínico é um composto orgânico derivado da 
antraquinona, especificamente uma hidroxiantraquinona ligada a uma unidade 
de glicose. Sua nomenclatura oficial é ácido 7-D-glucopiranosil- 9,10-dihidroxi-
3,5,6,8-tetrahidroxi-1-metil-9,10-dioxi-2-antraceno-carboxílico (Constant et al., 
2002). 
 A Figura 1 mostra a fórmula estrutural do Carmim (ácido 7-D-
glucopiranosil-7-D-glucopiranosil-9,10-dihidroxi-3,5,6,8-tetrahidroxi-1-metil-10-
dioxi-2-antraceno-carboxílico). 
 
Figura 1. Fórmula estrutural do Carmim. 
 
O Urucum é obtido da semente do urucuzeiro (Bixa orellana, L.), planta 
originária das Américas Central e do Sul (Francis, 1996). 
Do urucum são fabricados os corantes naturais amarelo-alaranjados 
mais difundidos na indústria de alimentos, principalmente a bixina e são 
extraídos da camada mais externa das sementes (Ghiraldini, 1996). 
A Figura 2 mostra a fórmula estrutural da Bixina. 
 
CH3
COOH
CH3
CH3 CH3
COOCH3
 
Figura 2. Fórmula da Bixina. 
 
A partir da bixina são obtidos os demais pigmentos do urucum, como a 
norbixina (lipossolúvel), o sal da norbixina (hidrossolúvel), como mostra a 
figura 3 e 4. 
 9
CH3
COOH
CH3
CH3 CH3
COOH
 
Figura 3. Fórmula da norbixina. 
 
CH3
COO
CH3
CH3 CH3
OOCM
M
 
Figura 4. Fórmula do sal da norbixina. 
 
A curcumina é o principal pigmento presente no risomas do açafrão-da-
Índia (Curcuma longa). Além de ser utilizada como corante e condimento 
apresenta substâncias antioxidantes e antimicrobianas, que lhe conferem a 
possibilidade de emprego nas áreas de cosméticos, têxtil, medicinal e de 
alimentos. (Constant et al., 2002). 
A curcumina [1,7-bis-(4-hidroxi-3-metoxifenil)-hepta-1,6-dien-3,5-diona] é 
mostrado na Figura 5. 
 
O O
HO
H3CO
OH
OCH3
 
Figura 5. Fórmula estrutural da curcumina 
 
A beterraba (Beta vulgaris) é uma ótima fonte de pigmentos, entre as 
quais encontra-se as betalaínas (Henry, 1996). 
São conhecidas aproximadamente setenta betalaínas, todas com a 
mesma estrutura fundamental (Figura 6) 1,7 diazoheptamelina. Das setenta 
conhecidas, cinqüenta são pigmentos vermelhos denominados betacianinas e 
vinte são pigmentos amarelos, as betaxantinas (Constant et al., 2002). 
. 
 10
 
Figura 6: Fórmula estrutural básica da betalaína. 
 
Das betacianinas, 75 a 95% consistem em betanina (Figura 7). A 
betanina, pigmento de coloração intensa, apresenta maior poder tintorial que 
alguns corantes sintéticos (Stuppner e Egger, 1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7: Fórmula estrutural da betanina 
 
A Clorofila é o único corante natural verde permitido, e o pigmento 
responsável pela cor verde dos vegetais folhudos como a couve e o espinafre e 
de algumas frutas. Nos vegetais, a clorofila é isolada nos cloroplastidios e 
forma-se somente em presença de luz (Multon, 1988). 
A Figura 8 mostra a fórmula estrutural da clorofila 
 11
 
Figura 8: Fórmula estrutural da clorofila. 
 
O Beta-caroteno é um carotenóide altamente ativo no corpo que exerce 
atividade antioxidante. Ele pode reduzir os efeitos do envelhecimento, tem um 
papel importante na função imunológica, inibe o desenvolvimento de câncer no 
pulmão e doença do coração, (Kirsh et al., 2006). É utilizado como corante em 
maioneses, temperos, molhos, etc. 
 A Figura 9 mostra a fórmula estrutural do ß-caroteno. 
 
 
 
Figura 9: Fórmula estrutural do ß-caroteno. 
 
 
2.3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Este trabalho foi realizado com um grupo de 25 alunos do 3º ano do 
Ensino Médio no Colégio Estadual Rodrigues Alves do Município de 
Maringá/PR. 
No intuito de aproximar a química de sala de aula com o dia a dia do 
aluno, despertar o interesse pela disciplina e gosto pela pesquisa além de 
promover a motivação, neste trabalho propôs-se trabalhar através do uso de 
corantes naturais, sua importância no cotidiano e constituição, funções 
 12
químicas orgânicas e interações intermoleculares, propriedades ácido base e 
métodos de separação. 
A investigação a respeito do conhecimento prévio dos alunos foi 
realizada utilizando-se a atividade 1, a qual foi de fundamental importância no 
desenvolvimento das atividades e do aprendizado de química em sala de aula. 
 
ATIVIDADE: 1 
 
1. Preencha a tabela abaixo com alimentos coloridos que você consome em seu dia a dia: 
 
Alimento naturais Produtos alimentícios comercializados em 
supermercados 
Alimento Cor Produto Cor 
 
 
 
 
 
 
 
1. Você conhece algum tipo de corante alimentício? Qual (is)? 
 
 
 
2. Você tem o hábito de ler as embalagens (rótulos) dos alimentos? 
 
 
 
Os resultados obtidos através do levantamento dos conhecimentos 
prévios foram discutidos em sala de aula juntamente com os alunos. Após a 
discussão dos conhecimentos prévios iniciou-se um trabalho de identificação e 
formação das cores, para isso, os alunos foram divididos em 5 grupos. As 
experiências realizadas com cores e corantes naturais foram realizadas 
conforme descrito abaixo: 
 
1) Teste de chama 
O teste de chama foi realizado com o objetivo de promover a 
interdisciplinaridade com a Física no que se refere à formação das cores e 
também oportunizar aos estudantes vivenciarem o conhecimento de que cada 
 13
elemento químico metálico presente no sal utilizado no teste emite uma chama 
de coloração característica. 
Materiais: Cloreto de lítio, cloreto de bário, cloreto de sódio, cloreto 
cuproso, cloreto de cálcio, cloreto de potássio (para realização do teste de 
chama); Ácido clorídrico (para limpeza da haste metálica); lamparina; haste 
metálica e álcool etílico comercial. 
Procedimento: 
a. Lavar a haste metálica em ácido clorídrico e secar na chama da 
lamparina; 
b. Transferir uma quantidade equivalente a 1/5 de grão de arroz do sal a 
ser testado para a haste e levá-la a chama da lamparina; 
c. Observar e anotar o resultado. 
 
2) Extração dos corantes naturais: 
A extração dos corantes naturais foi realizada com o objetivo de 
aproximar a química com o cotidiano dos estudantes, além de permitir que eles 
percebam que estes materiais são fontes de corantes empregados 
constantemente na indústria de alimentos, bem como oportunizá-los a adquirir 
conhecimento com relação à constituição (elementos químicos presentes nas 
fórmulas dos compostos naturais, tipos de ligações, etc.), solubilidade e 
propriedades químicas (caráter ácido ou básico) dos corantes extraídos. 
Materiais: couve; beterraba; cenoura; açafrão; urucum; álcool. 
Procedimentos: 
a. Extração de clorofila: Em um copo de Becker colocar 25 gramas de 
couve picada, adicionar 100 mL de álcool comercial e deixar em repouso 
por 24 horas. 
b. Extração de ß-caroteno: Em um copo de Becker pesar 25 gramas de 
cenoura ralada, adicionar 50 mL de álcool comercial e deixar em 
repouso por 24 horas. 
c. Extração de Betalaínas: Em um copo de Beckerpesar 25 gramas de 
beterraba ralada, adicionar 50 mL de álcool comercial e deixar em 
repouso por 24 horas. 
 14
d. Extração de curcumina: Pesar num copo de Becker 25 gramas de 
açafrão, adicionar 30mL de álcool comercial e deixar em repouso por 24 
horas. 
e. Extração de Urucun: Pesar 5 gramas de sementes de urucum num 
copo de Becker, adicionar 30 mL de álcool comercial e deixar em 
repouso por 24 horas 
Após 24 horas procede-se a filtração para obtenção da solução alcoólica 
dos corantes naturais respectivos. 
 
3) Utilização dos corantes naturais como indicadores ácido base: 
O objetivo desta atividade é proporcionar aos estudantes a percepção 
de que os corantes além de serem utilizados na indústria de alimentos, podem 
também serem utilizados em laboratório como indicadores naturais ácido/base. 
Materiais: Solução aquosa de Hidróxido de sódio a 5% (NaOH) e 
vinagre (solução ácida – 4 a 5% de ácido acético). 
Procedimento: 
a. Colocar etiquetas em duas séries de 6 tubos de ensaio; 
b. Transferir para os tubos da primeira série 2 mL da solução de hidróxido 
de sódio 5% (NaOH); 
c. Transferir para os tubos da segunda série 2mL de vinagre; 
d. Adicionar 5 gotas de cada solução alcoólica dos corantes naturais 
extraídos em cada tubo de ensaio contendo as soluções de hidróxido de 
sódio e vinagre; 
e. Em dois tubos de ensaio (um com solução de hidróxido de sódio e o 
outro com vinagre) adicionar 5 gotas do corante natural carmim o qual 
não foi extraído, mas adquirido de forma concentrada numa indústria de 
embutidos. 
 
4) Cromatografia em papel 
Este experimento foi realizado com o objetivo de mostrar aos estudantes 
os diferentes corantes presentes nos extratos naturais bem como salientas a 
cromatografia de papel como uma técnica de separação. 
Materiais: Solução alcoólica dos corantes previamente extraídos; Álcool 
comercial; Copo de vidro americano; Papel filtro. 
 15
Procedimento: 
a. Recortar 6 papéis filtros de modo a obter uma tira de 3cm de largura 
por 6cm de altura; 
b. Em cada tira de papel colocaram 3 gotas de cada um dos corantes 
extraídos e um com o corante Carmim (deixaram secar as marcas 
dos corantes); 
c. Colocar os papéis no álcool (com cuidado para que o álcool não 
atinja as marcas dos corantes previamente feitas); 
d. Observar e anotar os resultados. 
 Como as soluções de corantes obtidas pela extração estavam bastante 
diluídas os estudantes não conseguiram comprovar de maneira eficiente a 
separação dos corantes presentes nos extratos e na intenção de demonstrar a 
separação dos corantes existentes em tintas de canetas, optou-se em repetir o 
experimento utilizando tinta verde de pincel atômico. 
 
5) Confecção de cartazes para exposição da atividade 
Ao término do trabalho os estudantes puderam expor os conhecimentos 
adquiridos e para realização desta atividade, confeccionaram painéis que 
posteriormente foram apresentados e discutidos. 
Para confecção dos painéis além dos conhecimentos adquiridos durante 
a realização dos experimentos, discussão em sala de aula, leitura e 
compreensão de textos, análise e discussão de vídeos e exercícios, os alunos 
realizaram pesquisas na internet disponível no laboratório de informática da 
escola. 
 
2.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Durante as atividades experimentais desenvolvidas estabeleceu-se 
constante diálogo com os estudantes, no sentido de auxiliá-los na construção e 
reconstrução do conhecimento. Além do diálogo e explicações, foi utilizado 
ainda pesquisas em livros, revistas, rótulos de alimentos e internet, leituras e 
discussão de textos e vídeos documentários que viessem favorecer e facilitar o 
entendimento do conteúdo abordado. 
Através do teste de chama, os alunos puderam comprovar a origem das 
cores e associá-las com a presença de metais nos sais testados e com a 
 16
estrutura eletrônica dos átomos. Com a energia liberada na combustão, os 
elétrons externos dos átomos dos metais são promovidos a estados excitados 
e, ao retornarem ao seu estado eletrônico inicial, liberam a energia excedente 
na forma de luz. A cor (comprimento de onda) da luz depende da estrutura 
eletrônica do átomo (Gracetto et al., 2006). 
Com a extração dos corantes naturais os alunos vivenciaram métodos 
de extração, separação (filtração e cromatografia de papel) e obtenção dos 
extratos coloridos. Utilizando as respectivas fórmulas estruturais dos corantes 
naturais discutiu-se sua constituição, elementos químicos presentes, tipos de 
ligações, funções químicas presentes em cada fórmula, solubilidade, 
propriedades ácido/base, procurou-se assim inserir alguns conceitos da 
matéria e sua natureza. 
Ao realizar a extração dos corantes naturais existentes na cenoura, 
beterraba, açafrão, couve e urucum discutiu-se alguns conceitos da 
biogeoquímica, como a dissolução de corantes em álcool e acetona, equilíbrio 
químico referentes às transformações ocorridas nas estruturas dos compostos 
fenólicos e betalaínas ao reagirem com vinagre e hidróxido de sódio, através 
das mudanças de cores das soluções alcoólicas da curcuma e da beterraba 
respectivamente. 
Com esta atividade os alunos puderam visualizar e associar as 
mudanças de cores às transformações químicas. 
 
Equação 1: 
 Ar-OH + NaOH ArO- + H2O 
Fenol base Íon Fenóxi água 
 
Equação 2: 
ArO- + CH3COOH Ar-OH + CH3COO- 
Fenóxi Ácido Acético Fenol Íon Acetato 
 
 Através do uso de indicadores ácido/base naturais os alunos puderam 
perceber as transformações ocorridas nas estruturas dos compostos e 
puderam associar esta característica aos compostos que apresentam o grupo 
fenólicos como exemplo pode-se citar a curcuma que em meio alcalino compõe 
o equilíbrio químico abaixo: 
 17
Os corantes artificiais também fizeram parte das discussões, pois por 
serem de baixo custo, e alta estabilidade são intensamente utilizados em 
produtos alimentícios industrializados. Neste momento preocupou-se enfatizar 
a importância da química sintética. 
De modo análogo o mesmo ocorre com a betalaína devido à mudança 
estrutural quando submetida em meio ácido ou alcalino. 
Durante a confecção dos painéis pode-se constatar a troca de idéias e 
conhecimentos entre os estudantes para organização e estruturação do 
mesmo. Este foi também um momento para sanar dúvidas. 
Através da análise das respostas dos alunos referentes à atividade 1, 
constatou-se que os alunos possuem conhecimento da presença de corantes 
tanto em alimento naturais como em alimentos industrializados. 
Dentre os alimentos naturais mais citados pelos alunos encontra-se o 
tomate, a alface, a banana, a cenoura e a beterraba. Quanto aos produtos 
industrializados que contem corantes os mais citados pelos alunos foram o 
chips (salgadinhos), refrigerantes, chocolates, miojo, e iogurte. Estes 
resultados nos levam a crer que estes alimentos possivelmente fazem parte da 
alimentação diária destes estudantes. 
Quando questionados se conheciam algum tipo de corante alimentício 
83,80% dos alunos responderam que conheciam algum corante utilizado em 
alimentos e os mais citados foram: o coloral e o açafrão e 16,20% responderam 
que não conheciam nenhum corante utilizado em alimentos. 
Perguntamos ainda se eles tinham por hábito ler as embalagens dos 
produtos industrializados que consumiam diariamente, do total de alunos, 
62,96% responderam que não liam as embalagens, 14,81% responderam que 
as vezes liam e 22,23% responderam que liam entre as respostas algumas 
foram: 
-“Sim, leio para saber as calorias”; 
- “Sim, é muito importante saber do que o alimento foi feito” 
- “Sim, quando já estou comendo”. 
Ao analisar os respostas iniciou-se o processo de ensino aprendizagem 
sobre a constituição dos corantes naturais procurando abordar conhecimentos 
gerais de Física e biologiacomo, a difração das cores no espectro e seus 
respectivos comprimentos de onda e o reconhecimento das cores pelo olho 
 18
humano através dos cones e bastonetes e a questão do daltonismo também foi 
abordado e discutido. 
Somente após uma grande discussão com os alunos relacionados a 
estes assuntos entramos no contexto dos corantes naturais. Disciplinas como a 
Geografia e a História também fizeram parte do estudo, devidos a parte 
histórica dos usos dos corantes pela humanidade. E finalmente os conceitos 
químicos foram abordados, discutidos e aprofundados com o estudo 
envolvendo as fórmulas químicas e propriedades ácido/base dos corantes 
naturais extraídos. 
Após o término do estudo foi solicitado aos alunos que respondessem o 
questionário mostrado abaixo, contendo questões tanto com múltipla escolha 
quanto descritivas para avaliação da metodologia de ensino aplicada. 
 
Questionário Avaliativo 
 
1 - Avalie a prática de ensino. Em sua opinião a forma de ensino aplicada através de um projeto 
foi: 
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Satisfatório ( ) Insatisfatório 
 
2 - A prática aplicada condiz com sua realidade cotidiana? 
( ) Sim ( ) Não ( ) Um pouco (As vezes) 
 
3 – A prática aplica ilustra a parte teórica envolvida? 
( ) Sim ( ) Não ( ) Um pouco (As vezes) 
 
4 – Em relação à aprendizagem do conteúdo abordado, contribui para que você: 
( ) aprendesse um pouco mais ( ) Não interferiu ( ) Interferiu um pouco 
 
5 – Você consegue relacionar o que aprendeu com a prática aplicada com o que você vive em 
seu cotidiano? 
( ) Sim ( ) Não ( ) Um pouco (As vezes) 
 
6 - Avalie a parceria aula prática-aula teórica, nesse caso: 
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Satisfatório ( ) Insatisfatório 
 
7 - Você acha importante que a escola ofereça projetos de ensino para os alunos? Por quê? 
_____________________________________________________________________________ 
8 – Que outros conteúdos você gostaria que fossem ser trabalhados na forma de projetos como 
este? 
_____________________________________________________________________________ 
9 – Qual momento do projeto chamou mais sua atenção? 
_____________________________________________________________________________ 
10 - Em qual momento do projeto você conseguiu aprender melhor? 
_____________________________________________________________________________ 
 
Os resultados da avaliação feita pelos alunos são mostrados a seguir. 
 19
Na avaliação feita pelos alunos quanto a forma de ensino utilizada do 
total, 40% acharam excelente, 32% consideraram bom e 28% satisfatório. Com 
estes resultados pudemos confirmar o que já havíamos percebido durante as 
atividades, que os alunos sentem-se estimulados e prazerosos em ser parte 
atuante no processo ensino-aprendizagem. 
Quando perguntamos se a prática condizia com sua realidade cotidiana 
36% responderam que sim, 36% responderam um pouco e 28% responderam 
que não. Isso nos leva a acreditar que 72% dos alunos estão atentos às cores 
dos alimentos que consomem diariamente. 
No questionário avaliativo, perguntou-se aos alunos se a prática 
apresentada ilustrava a parte teórica envolvida e 80% dos alunos responderam 
que sim, demonstrando desta forma que conseguem perceber a importância de 
ambas, 8% responderam um pouco e 12% responderam que a metodologia 
não ilustrava a parte teórica. Percebe-se com isso que alguns alunos (12%) 
não estavam provavelmente com sua atenção voltada à parte teórica, o que na 
prática não se percebeu tal descaso. 
Com relação ao aprendizado perguntou-se se o conteúdo abordado 
havia interferido de alguma forma na sua aprendizagem, 84% dos alunos 
responderam que sim, que aprenderam um pouco mais e 16% responderam 
que a metodologia aplicada não interferiu no seu aprendizado. Na seqüência 
pediu-se para que os alunos avaliassem a parceria teoria/prática e 60% dos 
alunos consideraram excelente, 16% consideraram bom e 24% consideraram 
satisfatório. 
Nas questões descritivas perguntou-se aos estudantes se eles achavam 
importante que a escola oferecesse metodologias de ensino em forma de 
projetos de ensino e a resposta foi 100% positiva, ou seja, todos os alunos que 
participaram do projetam disseram que sim. Destacamos abaixo algumas 
delas: 
- Sim, porque aprendemos mais; 
- Sim, os alunos se interessam mais; 
- Sim, para sair da rotina de sala de aula; 
- Sim, porque é uma forma de incentivo aos alunos; 
- Sim, porque aprendemos de forma diferente; 
- Sim, porque melhora a aprendizagem. 
 20
Questionou-se ainda que momento do projeto foi mais atrativo e mais 
chamou a atenção dos estudantes, 40% responderam que foi a extração e 
filtração (obtenção) dos corantes naturais, 44% responderam que todas as 
práticas desenvolvidas no decorrer do projeto foram atrativas, 12% 
consideraram o teste de chama como parte mais interessante e 4% considerou 
a cromatografia em papel. 
Percebe-se através das respostas obtidas pelos alunos que toda a parte 
experimental do projeto apresentou boa repercussão pelos alunos. 
O último questionamento foi relacionado ao momento do projeto que o 
aluno conseguiu aprender melhor e 44% responderam que houve maior 
aprendizagem durante a extração e filtração dos pigmentos, 32% responderam 
que em todas as práticas houve aprendizado, 16% responderam que houve 
melhor aprendizado em todos os momentos da aplicação do projeto e 4% 
conseguiu aprender mais durante o teste de chama e 4% na cromatografia de 
papel. 
Na metodologia aplicada houve em todas as fases de aplicação 
experiências, leituras, pesquisas, discussões e confecção de painéis a 
participação efetiva dos estudantes, a qual foi registrada através de fotografias. 
Esta metodologia foi considerada atrativa, motivadora e bastante produtiva 
pelos alunos e isto pudemos comprovar pelas respostas obtidas nesta questão. 
De maneira geral com maior ou menor percentual todas as práticas 
trabalhadas de alguma forma apresentaram certa interferência no aprendizado 
do aluno. Isto comprova que é importante que professores de ciências, 
especialmente da química, sempre que possível introduza a experimentação 
investigativa relacionada com o cotidiano do aluno de modo a oferecer uma 
maneira agradável, motivadora e estimulante de promover a aprendizagem 
significativa. 
 
3.0. CONCLUSÃO 
A aplicação deste projeto junto aos alunos do 3º ano do ensino Médio da 
Rede Pública do Estado do Paraná nos permitiu concluir que: 
- Os estudantes possuem um conhecimento prévio a respeito de 
corantes especialmente os alimentícios, estes conhecimentos estão 
relacionados aos seus hábitos alimentares, de informações advindas de fontes, 
 21
tais como: jornais, televisão, convívio familiar. Estes conhecimentos 
possibilitaram despertar a capacidade de pensar e questionar e refletir seus 
hábitos alimentares e conhecimentos favorecendo a construção e reconstrução 
do conhecimento químico e a percepção e estreita relação existente com as 
outras disciplinas como, Biologia, Física, História, Geografia e Artes. 
- Os estudantes através das atividades desenvolvidas, conseguiram 
relacionar suas concepções espontâneas com o conhecimento científico 
favorecendo a reorganização das concepções existentes e acréscimo de novas 
concepções, as quais se deram através da participação efetiva dos alunos, 
diálogos, pesquisas e discussões relacionadas aos temas trabalhados. 
- Os estudantes sentem-se motivados e interessados a ser parte 
integrante do processo de ensino-aprendizagem, o que permitiu o 
enriquecimento das aulas. 
A metodologia aplicada possibilitou aos estudantes, de forma geral 
analisar e utilizar o conhecimento cotidiano para o desenvolvimento e 
compreensão dos conceitos químicos, constituição, propriedades e processos 
de obtenção e transformações da matéria, bem como, o conhecimento 
científico que vem a contribuir namelhora de sua qualidade de vida. 
Por meio dessas conclusões podemos admitir que nós professores do 
ensino básico precisamos melhorar nossa prática didática e permitir que 
nossos alunos façam parte do processo ensino-aprendizagem de forma ativa e 
freqüente. 
 
AGRADECIMENTOS: Ao professor Expedito Silva Leite pelas orientações 
prestadas, à direção, equipe pedagógica e demais profissionais do Colégio 
Estadual Rodrigues Alves pela colaboração e à laboratorista Simone pelo apoio 
prestado em todos os momentos da aplicação do projeto. 
 
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extração e emprego como indicadores de pH. Química nova na Escola. 
nº17, maio. 
 22
Ribeiro, N. M.; Nunes, C. R. (2008). Análise de pimentões por cromatografia 
em papel. Química Nova na Escola, nº29, agosto. 
 
Silva, F. M.; Wouters, A. D.; Camillo, S. B. A. (2008). Visualização prática da 
química envolvida nas cores e sua relação com a estrutura dos corantes. 
Química Nova na Escola, nº29, agosto. 
 
Soares, M. H. F. B.; Silva, M. V. B.; Cavalheiro, E. T. G. (2001). Aplicação de 
corantes naturais no ensino de química. Eclética Química, V.26. São Paulo. 
 
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