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GINECOLOGIA e OBSTETRÍCIA Indução do parto . DEFINIÇÃO . ● Resumidamente, é o início artificial do trabalho de parto. ● É a utilização de métodos que desencadeiam contrações uterinas objetivando o trabalho de parto, a fim de assegurar o nascimento da criança em um tempo apropriado, quando se avalia que a mesma estará mais segura fora do útero ou para melhorar o prognóstico materno. Assim, é o início artificial do trabalho de parto. . CONDUTAS IMPORTANTES . ● Avaliar indicação da indução e ausência de contraindicação; ● Confirmação da idade gestacional; ● Confirmação da avaliação cefálica em casos de ser um feto vivo, sendo que a apresentação córmica é considerada uma contraindicação. ● Adequação pélvica materna; ● Condições cervicais pelo Escore de Bishop; ○ 6 pontos ou menos é considerado um colo imaturo, 7 pontos ou mais é tido como maduro. ● Avaliação do estado das membranas amnióticas (íntegras ou rotas) e da qualidade do líquido; ● Analisar a atividade uterina; ● Batimentos cardiofetais e cardiotocografia basal, se disponível. . POTENCIAIS RISCOS DA INDUÇÃO . ● O aumento da incidência de parto vaginal operatório (com uso de fórceps) e cesariana; ● Alterações na contratilidade uterina; ● Anormalidades da frequência cardíaca fetal (FCF): taquicardias, bradicardias e desacelerações; ● Síndrome de hiperestimulação; ● Rotura uterina, principalmente em pacientes com cicatriz uterina prévia ou por cesariana ou por mioma; ● Prematuridade devido à estimativa inadequada da idade gestacional; ● Possível prolapso ou compressão de cordão quando se usa a rotura artificial de membranas. . ASSISTÊNCIA ADEQUADA . ● É fundamental que, se aplicada a indução de parto, sejam garantidas as condições adequadas de assistência ao parto, principalmente: ○ A disponibilidade médica ou da enfermagem para monitorar a frequência cardíaca fetal e as contrações uterinas a cada 15-30 minutos durante todo o processo de indução; ○ A disponibilidade de uma bomba de infusão para o uso de citocina, preferível em casos em que o escore de Bishop indica colo uterino maduro. ○ Um agente tocolítico disponível para o uso em casos de alterações de contratilidade uterina (como por exemplo, alterações de intensidade como a hipersistolia; e de freqüência, como a taquissistolia ou polissistolia). . INDICAÇÕES . ● Existem as indicações eletivas, por conveniência do médico ou da paciente, e as indicações terapêuticas, decorrentes de maior risco fetal e/ou materno pela permanência do feto no útero. ● Entre os principais motivos que justificam a indução do parto, tem-se: ○ Síndrome hipertensiva da gravidez descompensada; ○ Isoimunização de Rh; ○ Rotura prematura de membranas a partir de 34 semanas completas; ○ Intercorrências clínicas maternas descompen- sadas (diabetes, insulino dependente, doença renal, hipertensão crônica); ○ Gestação acima de 41 semanas; ○ Oligodramnia (exige muita atenção e cuidado); ○ Restrição do crescimento intrauterino; ○ Insuficiência uteroplacentária; ○ Morte fetal, não indicada uma cesariana, evitando uma cirurgia desnecessária; ○ Corioamnionite, não indicada a cesariana, pois aumenta risco de infecções e sua disseminação; ○ Fatores logísticos (história de parto rápido, distância do hospital, condições psicossociais) – condições que devem ser bem discutidas e com avaliação rigorosa da idade gestacional para evitar a possibilidade de um parto prematuro. . SITUAÇÕES DE MAIOR CUIDADO . ● Certos quadros exigem maior análise e cuidado ao se considerar a indução de parto, entre elas: ○ Multiparidade: a partir do quarto parto, os benefícios da indução de parto se reduzem; ○ Apresentação cefálica não encaixada; ○ Gestação múltipla (gemelar); ○ Polidrâmnio; ○ Presença de uma cicatriz uterina segmentar ou transversa: nesses casos de cesariana anterior, é preferível o uso de ocitocina. ○ OBS: no caso de cicatriz longitudinal (Cesária clássica), não se deve induzir. ○ Hipertensão arterial grave; ○ Indução por conveniência do médico e da gestante: muita atenção a possível prematuridade iatrogênica. . CONTRAINDICAÇÕES . CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS: ● Placenta prévia centro-total (placenta obstruindo colo). ● Vasa prévia (vasos fetais correm desprotegidos pelas membranas ovulares, interpostos entre o orifício interno do colo e a apresentação fetal). ● Apresentação córmica; ● Prolapso de cordão em feto vivo; ● Cesárea clássica anterior (cicatriz longitudinal) e outras cicatrizes uterinas prévias (miomectomias) ● Anormalidade na pelve materna; ● Tumores prévios (câncer invasivo no colo ou vagina e mioma uterino em segmento inferior) ● Desproporção cefalopélvica ● Sofrimento fetal agudo ● Cicatriz segmentar de repetição (2 cesáreas ou mais): mesmo que seja transversal, se for após repetição de cesária, não indicar. ● Obstrução do canal de parto. CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS: ● Frequência cardíaca fetal não tranquilizadora ● Macrossomia fetal (peso fetal maior que 4 kg) ● Gestação gemelar ● Apresentação pélvica ● Doença cardíaca materna ● Polidrâmnio ● Grande multiparidade ● Oligoidrâmnio (ILA menor que 5) ● Cesariana anterior de cicatriz transversa ● Herpes genital ativo com feto vivo ● Situações de urgência . AMADURECIMENTO CERVICAL . ● O amadurecimento cervical pré-indução é um processo importante e objetivado em casos em que o colo uterino da paciente é desfavorável (escore de Bishop menor ou igual a 6). ● É necessário que o amadurecimento cervical seja realizado antes da iniciação da indução do parto. MÉTODOS DE AMADURECIMENTO CERVICAL: ● MISOPROSTOL: por via vaginal ● Em caso de feto vivo, antes de sua administração, é necessária a avaliação da vitalidade fetal (cardiotocografia, BCF, Bishop). ● Ele é utilizado na dose de 25 microgramas de 6 em 6 horas (A) até um máximo 6 doses ou (B) até que o colo apresente escore de Bishop maior que 6 ou (C) apresente a fase ativa do trabalho de parto ⇒ o que acontecer primeiro. ● Após cada administração, deve-se realizar-se o monitoramento da atividade uterina e a frequência cardíaca fetal de 15-30 min. ● Deve ter cuidado em não administrar dose errada do Misoprostol (existe o comprimido de 25 microgramas e o de 200, perigo!) ● Deve ser realizada a avaliação dos sinais vitais maternos de 4 em 4 horas (temperatura, pulso e pressão arterial). ● Não deve iniciar ocitocina em menos de 6 horas após a última dose de misoprostol ⇒ o uso de ocitocina é para quando a paciente não apresenta contrações uterinas eficientes. ● Em gestantes em uso de misoprostol que atingirem a fase ativa do trabalho de parto, não há necessidade do uso de ocitocina, exceto para outras indicações como na necessidade de estimulação da vigência de progresso inadequado. ● Não utilizar misoprostol em gestantes com cesárea prévia, devido ao risco aumentado de rotura uterina. ● Durante a indução, a gestante pode deambular e se alimentar normalmente. RISCOS DO MISOPROSTOL: ● Atividade uterina excessiva ou taqui ou hipersistolia (mais de 5 contrações em 10 minutos ou 1 contração durando mais de 2 minutos) ● Síndrome de hiperestimulação uterina, em que ocorrem alterações da contratilidade uterina com desacelerações e/ou outras anormalidades da frequência cardíaca fetal. ● Se houver sinais de comprometimento fetal, administrar um agente tocolítico (terbutalina 0,25mg subcutâneo). CONTRAINDICAÇÕES DO MISOPROSTOL: ● Hepatopatia grave e coagulopatias. ● DINOPROSTONA: um pessário vaginal. ● Também indicado para o início e/ou continuação da maturação do colo uterino. ● Aplicar na vagina 1 vez por dia. ● Deve ser mantido em freezer e não é necessário descongelar para aplicar. ● CATETER DE FOLEY: 'indução com balão’ ● Introduzir, sob condições estéreis, um cateter de Foley de número 16 a 24 no canal cervical, ultrapassando o orifício ● O cateter deve ser deixado no local até se soltar espontaneamente ou no máximo por 24horas. ● O cateter deve ser mantido sob tração, através da fixação na face interna da coxa com uma fita adesiva ou esparadrapo, e submetido a trações manuais periódicas com ajuste da fixação até mesmo se soltar. ● Quando o cateter se soltar, se não tiver atividade uterina suficiente, iniciar ocitocina conforme protocolo. ● Seu uso é contraindicado em placenta baixa, sangramento uterino, rotura de membranas e cervicite. . INDUÇÃO DO PARTO . ● Existem mecanismos mecânicos e farmacológicos que são utilizados para o desenvolvimento da indução do trabalho de parto. MECÂNICOS: ● CATETERES TRANSCERVICAIS: similares ao Cateter de Foley, porém possuem dois compartimentos que são insufláveis. ● LAMINÁRIAS: dispositivo de alga marinha com poder higroscópico que, colocado no canal cervical, tem a capacidade de dilatá-los. ● INFUSÃO SALINA EXTRA-AMNIÓTICA: não é mais utilizado, não dá bom resultado e tem riscos. ● DESCOLAMENTO DAS MEMBRANAS: com o próprio dedo, através do exame de toque, ele vai descolar o colo de útero da membrana. ● AMNIOTOMIA ASSOCIADA A OCITOCINA: necessita de mais estudos. FARMACOLÓGICOS: ● OCITOCINA: A ocitocina administrada é idêntica à ocitocina natural produzida pela hipófise e faz com que o útero se contraia com maior frequência e força. ● PROSTAGLANDINAS (Misoprostol): usado mais para o processo de amadurecimento do colo uterino, antes de iniciar a indução de parto propriamente dita. CONDUÇÃO DA INDUÇÃO DO PARTO: ● A indução de parto, propriamente dita, ocorre quando o colo está favorável para a indução (Bishop maior ou igual a 6), sendo a ocitocina o principal método farmacológico utilizado. ● As doses e o aumento da ocitocina devem ser seguidos de acordo com a tabela por meio de bomba de infusão. ● Antes de qualquer aumento na dose, as contrações uterinas devem ser avaliadas por meio de palpação ou monitorização externa e a menor dose deve ser utilizada, a fim de prevenir hiperestimulação uterina. ● As contrações devem ser avaliadas a cada 30 minutos e a frequência cardíaca fetal a cada 15-30 minutos. ● Os sinais vitais da mãe devem ser avaliados a cada 4 horas. ● A ocitocina pode ser utilizada em gestantes com cesariana prévia (TRANSVERSAL), seguindo os cuidados preconizados. ● Não se deve iniciar a ocitocina em intervalo menor que 6 horas em relação ao uso de misoprostol. RISCOS DA OCITOCINA: ● Dentre os riscos da ocitocina, tem-se: ○ (1) Alterações da contratilidade uterina (mais de 5 contrações em 10 minutos e 1 contração durante 2 minutos) ○ (2) Síndrome de hiperestimulação (alterações da contratilidade com desacelerações e/ou anormalidades da frequência cardíaca fetal). CONDUTAS: ● (1) Caso ocorra as alterações de contratilidade, deve-se diminuir a velocidade de infusão e reavaliar a situação, reiniciando a uma dose e velocidade menores caso as condições melhorem. ● (2) Caso ocorra a síndrome de hiperestimulação, deve-se suspender a infusão de ocitocina, posicionar a gestante em decúbito lateral esquerdo, oferecer O2 por máscara (10l/min) ou cateter (5l/min), avaliar a pressão arterial, fazer toque vaginal e avaliar a dilatação cervical e prolapso de cordão. ● É interessante considerar a infusão rápida de cristaloides, administrar um agente tocolítico (terbutalina 0,25 mg subcutâneo) e estar sempre preparado para uma possível cesariana se as condições fetais não retornarem ao normal. . FALHAS DE INDUÇÃO . ● Para o misoprostol, é considerada falha de indução quando tem-se 6 doses administradas sem início do trabalho de parto ativo. ● Para a ocitocina, considera-se como falha do procedimento a ausência de padrão contrátil eficaz, ou seja, que promova dilatação cervical progressiva, mesmo após doses máximas de ocitocina. ● Assim, deve-se compartilhar com a mãe e os familiares a decisão sobre a conduta. CONDUTA: ● Quando a indução apropriadamente conduzida falha, sua indicação deve ser reavaliada. ● Se for eletiva e não inclui situações de risco materno/fetal, pode-se suspender o procedimento e adiar a decisão por tempo determinado com a concordância do médico e da gestante. ● Optando-se por repetir a indução, pode-se considerar utilizar amniotomia (ruptura artificial da membrana amniótica) associada ao uso de misoprostol ou ocitocina. ● Se a indicação inclui risco materno e/ou fetal é indicado cesárea.
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