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PPC - PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - CEL01334/EEL0003 REVISITANDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 1. Revisite os conteúdos das aulas, os quatro módulos de cada tema. Explore bastante tudo o que é oferecido para seu aprofundamento: (escrito, vídeos, podcast, imagens...), pesquise, reflita, elabore conhecimento. 2. Visite sites de Escolas do Ensino Fundamental e Ensino Médio (Escolas Públicas, Religiosas, Militares...) e busque as propostas pedagógicas dessas escolas, que ficam disponíveis nas em suas páginas virtuais (sites). Ao revisitar os conteúdos e visitar sites, tenha como referências os seguintes pontos: • Quais características foram identificadas dos modelos educacionais no decurso da história, bem como suas contribuições para a formação dos sujeitos e das sociedades? • Quais fatos e situações que se destacam da história da educação no Brasil e no mundo, você conseguiu perceber nas propostas pedagógicas observadas? • Qual a importância do diálogo produtivo entre História e Pedagogia? • Traga contribuições que não foram expostas nos pontos acima. Agora é só elaborar sua reflexão escrita a partir das experiências de revisitação dos conteúdos e das visitas aos sites. ✓ Você pode fazer um texto corrido em forma de lauda e se quiser ilustrar com imagens, fotos, links etc. ✓ Você pode também gravar um vídeo próprio apresentando o conteúdo e postá-lo no YouTube. Para entregar o vídeo, cole o link do Youtube em um documento Word e faça a postagem na ferramenta Trabalhos. Se você fez o vídeo, poste e link também no fórum de tutoria para divulgar seu trabalho. Veja na outra página o modelo para elaborar este trabalho. UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM (Completar) DIGITE AQUI O SEU NOME Digite aqui o título do trabalho acadêmico Local: Completar 2021.2 Escreva seu trabalho. Divida-o em três partes: INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS (dos livros, sites, artigos, que utilizou para realizar o trabalho) Normas para elaboração de referências (consultar a ABNT) https://tecnoblog.net/236041/guia-normas-abnt-trabalho-academico-tcc/ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2011. Formatação das folhas de trabalho: • Folha: tamanho A4; • Margem: 3 cm para as margens superior e esquerda e 2 cm para as margens inferior e direita; • Fonte: Arial ou Times New Roman ou Arial (tamanho 12) em cor preta; • Itálico: usa-se em palavras e expressões de outros idiomas; • Espaçamento: 1,5 no texto e 1,0 para citações com mais de três linhas; • Alinhamento: Justificado. PASSO a PASSO para a realização de nosso trabalho: 1o passo: ler com atenção a proposta de nosso PCC (enviada no início deste texto); 2o passo: assistir todas as aulas de História da Educação; 3o passo: fazer, ao longo das aulas, uma síntese dos modelos educacionais apresentados na disciplina. 4o passo: escolher 3 sites de escolas atuais e analisar os Projetos Políticos Pedagógicos ou as Propostas Pedagógicas. Fazer uma síntese de cada um, analisando se teve avanços em relação aos modelos educacionais estudados. Ressalto que o trabalho pode ser por escrito ou por áudio. Como e até quando entregar: - O PCC só pode ser corrigido e avaliado quando colocado na área de Entrega de Trabalhos. - Prazo final de colocação na Área de Trabalho: 26 de julho. Não deixe para colocar seu trabalho no final deste prazo, porque só realizará a AV se o trabalho for entregue e avaliado. - Importante: o PCC não pontua, mas além de ser uma oportunidade de estudo e aplicação do que foi entendido, é obrigatório. Desejo a tod@s um ótimo trabalho!!! Contem comigo! Abraç@s, Mari´Angela Monjardim DESCRIÇÃO A Antiguidade Clássica é um período fundamental da História. Estudaremos esse longo período, do século VIII a.C. ao século VI d.C., que representa as bases para a compreensão da educação ocidental. Você perceberá que os mundos grego e romano, às margens do mar Mediterrâneo, têm muito a ver com nossa sociedade e com a Educação atual. PROPÓSITO Você, que estudou História, já deve ter se perguntado: é tão importante assim olhar para o passado? Provavelmente, encontrou algumas respostas ao longo de sua vida escolar. Neste conteúdo, você verá como a Educação foi concebida pelas sociedades do período clássico. Além disso, analisaremos suas heranças e fundamentos como influência na Educação contemporânea. OBJETIVOS MÓDULO 1 Explicar as características da Educação na Grécia Clássica. MÓDULO 2 Descrever os elementos que marcaram a Educação na Roma Clássica. MÓDULO 3 Identificar traços da Educação na Antiguidade Clássica na Educação contemporânea. MÓDULO 1 Explicar as características da Educação na Grécia Clássica. INTRODUÇÃO Antes de tratar especificamente sobre a Educação na Grécia Clássica, você precisa conhecer as características e fatos que levaram a formação do que chamamos de mundo grego. Assista ao vídeo para entender como surgiu o sentimento de identidade entre os gregos. Agora, destacaremos brevemente os ideais de três dos maiores pensadores da Filosofia clássica: SÓCRATES Imagem: Shutterstock.com Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) entendia a Filosofia como a procura da verdade, trilhando o caminho da sabedoria. Com a famosa frase “Conhece a ti mesmo”, o filósofo ateniense impulsionou a busca das verdades universais: o caminho para a prática do bem e da virtude. Em resumo, ele almejava que as pessoas se livrassem das falsas certezas para alcançar a verdade própria do ser humano. Assim, no século IV a.C., Sócrates criou a Maiêutica, método de ensino investigativo que se baseava nas interrogações para dar à luz o conhecimento. MAIÊUTICA Esse método tinha duas etapas que destruíam as falsas verdades para criar a universal. São elas: 1ª ETAPA De início, implantava-se a dúvida, de modo que o saber adquirido fosse interrogado para revelar as fraquezas e contradições na forma de pensar. 2ª ETAPA Depois, estimulava-se a busca de novos conceitos, de novas opiniões, o pensamento por si mesmo, a fim de desvelar a verdade, livrando-se do falso conhecimento. PLATÃO Imagem: Shutterstock.com A teoria do conhecimento desenvolvida por Platão (429 a.C. – 348/347 a.C.) tem como base a convicção de que o mundo sensível em que vivemos é apenas um mundo aparente, incapaz de nos oferecer conhecimento verdadeiro. Para chegarmos a esse tipo de conhecimento, necessitamos buscar o mundo inteligível, onde está a verdadeira essência das coisas. Assim, o conhecimento se dá a partir da ideia até a realidade. MITO DA CAVERNA Para ratificar suas concepções intelectuais, Platão criou o Mito da Caverna, cuja história é a seguinte: Prisioneiros acorrentados em frente a uma parede podiam ver apenas sombras. Quando um deles, enfim, se liberta, encontra uma realidade diferente. Impressionado, o preso volta para contar aos demais sobre o mundo que existia fora da caverna. A intenção dele era livrá-los da escuridão. Mas os outros prisioneiros não só se recusaram a acreditar no homem, como o mataram. ARISTÓTELES Imagem: Shutterstock.com Para Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), somente na pólis , o homem se realizava plenamente em busca do bem supremo. No entanto, essa realização não era definitivamente alcançada, pois não estava presa a um tempo específico, mas se refazia – inclusive como sensação –, à medida em que o homem decidia por novas determinações em seu ato constitutivo e reconstitutivo. PÓLIS O mesmo que cidade-estado. Na Grécia Antiga, era um pequeno território localizado geograficamente no ponto mais alto da região, cujas característicasequivaliam a uma cidade. Seu surgimento foi um dos mais importantes aspectos do desenvolvimento da civilização grega. javascript:void(0) Constituída por um aglomerado urbano, abrangia toda a vida pública de um pequeno território e, geralmente, encontrava-se protegida por uma fortaleza. Fonte: https://www.significados.com.br/polis O CONHECIMENTO SEGUNDO ARISTÓTELES Aristóteles propõe uma teoria do conhecimento praticamente inversa à teoria de Platão (que foi seu mestre) ao defender que a relação de nossos sentidos com o mundo visível nos possibilita a chegada ao conhecimento. As etapas desse processo de chegada ao conhecimento seriam as seguintes: Para o pensamento aristotélico, o aprendizado era visto como uma prática política. Somente pelo entendimento do conceito de pólis seria possível compreender seu projeto de educação como canal capaz de desenvolver as condições necessárias para a segurança do regime e para a saúde do Estado. A Educação, para Aristóteles, deveria ocupar toda a vida do cidadão desde sua concepção. Ao Estado, cabia: 1 Guiar os cidadãos à prática das virtudes. 2 Ocupar-se da educação dos jovens. 3 Estabelecer leis que promovessem a educação conforme a moral, voltada à vida política, o que estabelecia seu equilíbrio. 4 Tornar a educação um assunto público. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ATENÇÃO Não estamos resumindo o pensamento destes filósofos. Além da impossibilidade de fazer isto em poucas linhas, nosso objetivo aqui não é este, mas despertar para a influência destes autores na Educação grega. Imagem: Viacheslav Lopatin / Shutterstock.com Pintura da Escola de Atenas feita por Raffaello Sanzio (ou apenas Rafael) em um conjunto de cômodos pintados pelo artista (Os Quartos de Rafael). Essa obra sintetiza os maiores pensadores gregos. Os cômodos, hoje, fazem parte do museu do Vaticano. EDUCAÇÃO GREGA Não existia o modelo de escola como conhecemos na Grécia Clássica. O jovem cidadão estava constantemente aprendendo. A própria família tinha essa responsabilidade, conforme a tradição religiosa, e muitas atividades reuniam os gregos em comemoração: esses eram os momentos que faziam a Educação acontecer naturalmente. O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco mais para se difundir, pois, na formação escolar, a preocupação recaía, prioritariamente, sobre a prática esportiva. Os gregos tratavam a educação como um processo de preparação para a vida social. O homem era visto não só como um ser racional, mas como o centro do universo. Imagem: Shutterstock.com A busca pelo conhecimento e o estudo da natureza, do ser humano e das artes, da observação e da investigação do mundo levaram ao desenvolvimento da Filosofia, entendida como a formação do homem, de seu espírito e de sua alma. Assim como o aspecto intelectual, a educação pelas artes era fundamental para gerar esse homem. Esse processo era resumido pela palavra paideia, que não é possível traduzir em virtude de seus inúmeros significados. Mas segue uma boa tentativa de Werner Jaeger: WERNER JAEGER Jaeger (1888-1961) foi um escritor e entusiasta dos estudos clássicos nascido na Prússia, atual território alemão. Possui cerca de 16 publicações, dentre elas, a Paideia: javascript:void(0) livro de extrema importância na fundamentação da Didática, que foca na estrutura grega clássica de construção do processo da Educação. [...] A ESSÊNCIA DE TODA A VERDADEIRA EDUCAÇÃO, [O] QUE DÁ AO HOMEM O DESEJO E A ÂNSIA DE SE TORNAR UM CIDADÃO PERFEITO, [O QUE] O ENSINA A MANDAR E A OBEDECER, TENDO A JUSTIÇA COMO FUNDAMENTO. Jaeger, 1995. Não entendeu ainda o significado de Paideia ? Rodrigo Rainha fala mais um pouco sobre a importância desse conceito. A educação de cada pólis refletia a forma de organização e os ideais de cada sociedade. Iremos especificar os pormenores da educação ateniense e da espartana a seguir. EDUCAÇÃO ATENIENSE O principal objetivo da educação em Atenas era preparar integralmente o cidadão. Imagem: Shutterstock.com ASPECTOS GERAIS Na pólis ateniense, a Ágora era o principal lugar de manifestação da opinião pública, adequado à cidadania cotidiana, onde o povo se reunia em assembleia para debater e deliberar sobre as questões de interesse da comunidade. A Educação de Atenas tinha como finalidade preparar os futuros cidadãos para a política, ou seja, para a retórica, de modo que fossem capazes de se expressar oralmente, prontos para o diálogo e o convencimento. RETÓRICA A arte da eloquência, a arte de bem argumentar; arte da palavra. Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa Imagem: Shutterstock.com EDUCAÇÃO ELEMENTAR Até os sete anos de idade, a educação era responsabilidade das famílias e ocorria no espaço doméstico. javascript:void(0) As crianças atenienses eram preparadas para o debate e a deliberação. Tinham um dia de estudos e de instrução para a cidadania. Elas iam à palestra – local onde estudavam – duas vezes ao dia: de manhã, quando aprendiam música e ginástica, e à tarde, após o almoço em casa, para o ensino da leitura e da escrita, que era acompanhado por um escravo, chamado de pedagogo. PEDAGOGO Termo que surgiu na Grécia Clássica, advindo da palavra παιδαγωγός, cujo significado etimológico é “preceptor, mestre, guia, aquele que conduz”. O paidagogo (paidagōgós) era o condutor que guiava a criança e o jovem até o local de ensino, ou seja, em direção ao saber. Imagem: Shutterstock.com EDUCAÇÃO POR GÊNERO As meninas continuavam a ser educadas no ambiente familiar, especificamente no gineceu A educação masculina organizava-se em três níveis: javascript:void(0) javascript:void(0) Elementar (até os 13 anos); Secundário; Superior. A partir da Educação Elementar, as crianças eram encaminhadas para aprender algum ofício ou continuavam estudando e frequentando os ginásios. Inicialmente, esses lugares eram destinados apenas aos exercícios físicos, mas, com o tempo e as exigências da pólis, incluíram as práticas musicais e literárias. GINECEU Local da casa reservado aos afazeres domésticos. Imagem: Shutterstock.com ENSINO SUPERIOR A partir dos 16 ou 18 anos, o jovem se dedicava ao Ensino Superior. Esse foi o momento em que Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram suas reflexões e teorias. O ensino profissional desenvolvia-se no cotidiano, durante a própria execução do trabalho. Assim, a educação ateniense propiciou o surgimento e o desenvolvimento da Filosofia, que pode ser dividida em três fases: PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO Buscava-se explicar as questões da natureza e a origem do mundo. PERÍODO SOCRÁTICO A reflexão residia sobre o homem. Este foi o momento em os filósofos clássicos estudados se destacaram. PERÍODO HELENÍSTICO A Filosofia ficou marcada pela visão cristã e por soluções individuais em detrimento do coletivo. EDUCAÇÃO ESPARTANA A educação em Esparta era mais voltada para a formação de soldados para as guerras. Imagem: Shutterstock.com ASPECTOS GERAIS A estrutura da Educação espartana – chamada de agogê – foi organizada por Licurgo (800 a.C.-730 a.C.). O ensino era obrigatório e estava voltado à formação militar. javascript:void(0) O poder político-militar norteou a Educação de Esparta, que, patrocinada pelo Estado, tinha como principal objetivo preparar os futuros soldados. A prática educacional consistia em desenvolver as habilidades físicas para a formação do guerreiro, tais como força, bravura e obediência – virtudes necessárias à guerra. LICURGO Legislador que também organizou o Estado espartano, fundamentado no militarismo. Foto: Sailko/Wikimedia Commons/licença(CC BY 3.0) EDUCAÇÃO ELEMENTAR Semelhante ao que ocorria em Atenas, até os sete anos, os meninos permaneciam em casa sob os cuidados das mães, que os treinavam de forma rigorosa. Após esse período, o Estado assumia a educação: os jovens eram afastados da família e encaminhados para as casernas públicas,onde recebiam ensinamentos militares e treinavam: ginástica, saltos, natação, corrida, lançamentos de dardo e de disco. Eles também aprendiam a suportar a fome, o frio, a dormir com desconforto e a vestir-se de forma despojada. Além disso, estudavam as armas e manobras militares, com o propósito de se tornar hábeis, perspicazes e com autodomínio. Imagem: Shutterstock.com EDUCAÇÃO POR GÊNERO As mulheres também se preparavam fisicamente e eram criadas para viver de maneira saudável, a fim de conceber filhos sadios. A educação sexual fazia parte da instrução feminina a partir da puberdade e era de responsabilidade da mãe. Em torno dos 20 anos, a moça recebia autorização do governo para casar e procriar e era estimulada a engravidar, pois, quanto mais filhos nasciam, mais soldados havia na cidade. A DISCIPLINA ERA UM VALOR, E O RESPEITO DOS GUERREIROS A SEUS SUPERIORES ERA PRIMORDIAL. ASSIM, A EDUCAÇÃO MORAL ESPARTANA VALORIZAVA A OBEDIÊNCIA, A ACEITAÇÃO DOS CASTIGOS E O RESPEITO AOS MAIS VELHOS, BEM COMO PRIVILEGIAVA A VIDA COMUNITÁRIA. ARANHA, 2000, p. 51 VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O MÉTODO INVESTIGATIVO CRIADO POR SÓCRATES, QUE SE BASEAVA NAS INTERROGAÇÕES PARA DAR À LUZ O CONHECIMENTO E QUE DESTRUÍA AS FALSAS VERDADES PARA GERAR UMA UNIVERSAL, ERA CONHECIDO COMO: A) Arché . B) Dialética. C) Maiêutica. D) Pedagogia. 2. UMA DAS CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO GREGA, ESPECIFICAMENTE EM ATENAS, ERA A VALORIZAÇÃO DA RETÓRICA NESTE PROCESSO. LEVANDO EM CONTA QUE ESTE PONTO É UM DOS MAIS CONTRASTANTES COM A EDUCAÇÃO ESPARTANA, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE EXPLICITA ESTE CONTRATE: A) Em Atenas, a preocupação era formar um cidadão capaz de defender suas ideias na Ágora. Em Esparta, o objetivo era formar o guerreiro. B) Em ambas as cidades-estados, a preocupação era a formação do cidadão. No entanto, a Retórica era uma característica exclusiva de Atenas. C) A importância da Retórica era impedir que o filósofo pudesse chegar ao poder administrativo da cidade-Estado, tão comum em Esparta. D) Em Atenas, a Retórica desenvolve a arte da argumentação. Em Esparta é o Agogê que assume o mesmo papel, destacando a música e a poesia. GABARITO 1. O método investigativo criado por Sócrates, que se baseava nas interrogações para dar à luz o conhecimento e que destruía as falsas verdades para gerar uma universal, era conhecido como: A alternativa "C " está correta. Você reconheceu a Maiêutica, método de Sócrates, provando então, saber identificar essa característica da Filosofia da Grécia Clássica. 2. Uma das características da Educação grega, especificamente em Atenas, era a valorização da Retórica neste processo. Levando em conta que este ponto é um dos mais contrastantes com a Educação espartana, assinale a alternativa que explicita este contrate: A alternativa "A " está correta. Como vimos, a Educação de Atenas visava à formação do cidadão, que necessitaria saber argumentar na Ágora. A retórica era apenas um dos instrumentos nesta formação. Em Esparta, a meta educativa se baseava no rígido código do Agogê. Portanto, um filósofo jamais chegaria ao poder administrativo daquela cidade-Estado militar e bélica. MÓDULO 2 Descrever os elementos que marcaram a Educação na Roma Clássica. INTRODUÇÃO Se quiser saber sobre o contexto histórico em que se estabeleceu o Império Romano, assista a este vídeo. Para compreender a Educação no Império Romano, necessitamos buscar alguns elementos entre aqueles conhecidos como seus grandes pensadores: poetas, filósofos e historiadores. Destacaremos três destes ilustres personagens: HORÁCIO Imagem: Shutterstock.com Horácio (65 a.C. - 27 a.C.) Além de sua importância como poeta, pois trouxe muito da filosofia grega para Roma através de sua poesia, Horácio (65 a.C. - 27 a.C.) presenciou o nascimento do Império Romano, sendo contemporâneo de Julio Cesar, Marco Antonio, Cleópatra e Otaviano Augustus. De sua vasta obra, que influenciou o pensamento romano, podemos destacar uma frase que será reconhecida como a marca do filósofo: SAPERE AUDE! OUSE SABER! Séculos mais tarde, Immanuel Kant, um dos fundadores do pensamento contemporâneo, traduziu a frase como: “TENHA CORAGEM DE PENSAR POR SI MESMO”. SÊNECA Imagem: Shutterstock.com Sêneca (4 a.C - 65 d.C.) Vivenciou eventos fundamentais na sociedade romana, foi preceptor de Nero na sua infância e seu conselheiro até se tornar imperador. Como filósofo, advogado, dramaturgo e homem público, Sêneca é considerado um dos mais importantes autores do império. Além de vasta obra, deixou como herança sua preocupação ética: coerência entre aquilo que pensava e escrevia com aquilo que vivia. Também defendia o conceito de igualdade natural entre os homens – vivia em constante combate à escravidão, tão comum em seu tempo. FLÁVIO JOSEFO Imagem: Shutterstock.com Josefo (37d.C. – 100 d.C.) Foi um historiador judeu, tornado cidadão romano. Ele testemunhou eventos fundamentais de seu tempo, todos registrados em suas obras: a expansão definitiva do Império Romano sobre a Palestina, a destruição do Templo de Jerusalém (70 d.C.) e o nascimento do Cristianismo. Vivendo permanentemente dividido, não só como historiador, mas como homem público, deixou relatos fundamentais daquele período, que ainda hoje são fontes preciosas. Neste contexto, podemos falar em Educação Romana. Imagem: Shutterstock.com EDUCAÇÃO ROMANA Na fase latina da Educação romana, havia resistência à influência helenística. Os pequenos camponeses do Lácio protegiam-se das inovações estrangeiras pelo respeito a uma tradição ancestral, de acordo com a qual a finalidade da educação era prática e social. Esperava-se que se proporcionasse à criança o saber necessário para o exercício de sua profissão de soldado ou de proprietário rural. Imagem: Shutterstock.com No século II a.C., o pater familias concedeu à mãe os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, incluindo as meninas, que também aprendiam os elementos iniciais do alfabeto. A criança crescia em casa, com os colegas, entre os brinquedos e as aprendizagens básicas. A mulher adquiriu uma autoridade desconhecida na Antiguidade grega. Essa tradição permaneceu por muito tempo, inclusive no século I d.C., conforme destaca Manacorda (2006, p. 75): MARIO ALIGHIERO MANACORDA javascript:void(0) Mario Alighiero Manacorda (Roma, 1914 - 2013) foi professor, pedagogo e tradutor de italiano. Na segunda metade do século XX, ele ocupou posições de prestígio no mundo acadêmico italiano e exerceu uma intensa atividade política. Imagem: Shutterstock.com Resumindo, então, a formação da criança na Roma Antiga: Por volta dos sete anos de idade, o pai deveria proporcionar ao filho a educação moral e cívica, baseada na tradição, bem como na aprendizagem de noções jurídicas e de conceitos estabelecidos na Lei das XII Tábuas, a fim de desenvolver sua consciência histórica e o patriotismo. Para isso, a Educação romana compreendia, também, os exercícios físicos e militares. Em torno de 16 anos, finalmente livre da infância, o jovem dava início à aprendizagem da vida pública, militar ou política, acompanhado do pai ou, se necessário, de um parente e, até mesmo, de um escravo instruído, com o objetivo de se inserir na sociedade. Durante cerca de um ano, antes de cumprir o serviço militar, adquiria conhecimentos de Direito, de prática pública e da Eloquência (baseada diretamente nos estudos gregos em Retórica). javascript:void(0) javascript:void(0) LEI DAS XII TÁBUAS Antiga legislação, origem do Direito romano, que formava a essência da constituição da República de Roma, bem como do mos maiorum (antigas leis não escritas e regras de conduta). Disponível em: https://www.stf.jus.br. Acesso em: 20 jun. 2018 ELOQUÊNCIA Na concepção romana, a arte do dizer. INFLUÊNCIA GREGA NA EDUCAÇÃO ROMANA No início da República, o crescimento do comércio e a expansão de Roma propiciaram transformações na organizaçãoda sociedade. Inclusive, aos poucos, consolidou-se outro modelo de educação mais coerente com o novo momento vivido pelos romanos. javascript:void(0); PROVAVELMENTE, A EVOLUÇÃO HISTÓRICA FOI DO ESCRAVO PEDAGOGO E MESTRE DA PRÓPRIA FAMÍLIA AO ESCRAVO MESTRE DAS CRIANÇAS DE VÁRIAS FAMÍLIAS E, ENFIM, AO ESCRAVO LIBERTUS, QUE ENSINA NA SUA PRÓPRIA ESCOLA. Manacorda, 2006, p. 78. E quem eram esses escravos? A maioria deles veio da Grécia conquistada pelos romanos. Em Roma, os escravos gregos ensinaram a própria língua e transmitiram sua cultura aos romanos. Além disso, os etruscos (povo da Etrúria, uma terra antiga da Península Itálica) também foram influenciados pelos gregos, com quem aprenderam o alfabeto. De modo gradual, a Educação tornou-se um ofício praticado, inicialmente, por escravos no interior da família e, em seguida, por libertos na escola. Imagem: Helene Guerber/Wikimedia Commons/Domínio Público. Professor punido Nesse período, os mestres eram mais desprezados do que estimados e, muitas vezes, lembrados pelos castigos corporais e pela pobreza. Apesar de sua severidade, é comum encontrarmos relatos de revoltas por parte dos alunos, que até os agrediam fisicamente. Em seguida, foram criadas as cátedras de Retórica nas grandes cidades. Além disso, houve favorecimento e promoção da instituição de escolas municipais de gramática e de retórica nas províncias. Então, pela primeira vez, os romanos desenvolveram um sistema de ensino: um organismo centralizado que coordenava inúmeras instituições escolares espalhadas por todas as províncias do império, constituídas em caráter oficial pela intervenção do Estado. ATENÇÃO Observamos a influência grega e etrusca sobre a origem de uma forma de educação não familiar, mas institucionalizada na escola. Logo, a cultura grega converteu-se em patrimônio comum dos povos do Império Romano e, depois, foi repassada durante muito tempo à Europa medieval e moderna, chegando, assim, à nossa época. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DENTRE TANTOS AUTORES, FILÓSOFOS, POETAS, JURISTAS E DRAMATURGOS, QUE MARCARAM A ROMA CLÁSSICA, DESTACAMOS A IMPORTÂNCIA DE SÊNECA NAQUELE CONTEXTO, MESMO QUANDO SUAS IDEIAS CONTRASTAVAM COM A PRÓPRIA ESTRUTURA DO IMPÉRIO ROMANO. ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE IDENTIFICA UM DESSES CONTRASTES EM RELAÇÃO À EDUCAÇÃO ROMANA: A) O ensino visava oferecer à criança o aprendizado suficiente para sua atuação social. B) Grande parte do processo educativo era realizada por escravos. C) A responsabilidade da família era destacada na Educação romana. D) Educação romana também compreendia exercícios físicos e militares. 2. APESAR DA TENTATIVA DE UM MODELO DE EDUCAÇÃO PRÓPRIO, ROMA NÃO TEVE COMO IMPEDIR A INFLUÊNCIA GREGA, NÃO SOMENTE PELA UTILIZAÇÃO DOS ESCRAVOS, PRISIONEIROS DE GUERRA, MAS POR UMA SÉRIE DE FATORES LIGADOS AO PROCESSO EDUCACIONAL DO CIDADÃO. ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE APRESENTA UMA ANALOGIA À EDUCAÇÃO GREGA, ESPECIALMENTE AO ENSINO DA RETÓRICA: A) Exercícios físicos e militares como parte do processo pedagógico. B) O ensino das primeiras letras (alfabetização) no âmbito familiar. C) O ensino da Eloquência, última fase de aprendizado antes do serviço militar. D) O desprezo pelo mestre por parte dos alunos, pela condição de escravos que se encontravam a maioria. GABARITO 1. Dentre tantos autores, filósofos, poetas, juristas e dramaturgos, que marcaram a Roma Clássica, destacamos a importância de Sêneca naquele contexto, mesmo quando suas ideias contrastavam com a própria estrutura do Império Romano. Assinale a única alternativa que identifica um desses contrastes em relação à Educação romana: A alternativa "B " está correta. Todas as alternativas indicam características da Educação romana, mas a preocupação de Sêneca especificamente, e de outros pensadores do Império, contrastava com o modelo escravocrata vigente. Vale lembrar que, naquele momento, os escravos eram prisioneiros de guerra, e, geralmente, eram os mais qualificados para o trabalho que exerciam. 2. Apesar da tentativa de um modelo de Educação próprio, Roma não teve como impedir a influência grega, não somente pela utilização dos escravos, prisioneiros de guerra, mas por uma série de fatores ligados ao processo educacional do cidadão. Assinale a única alternativa que apresenta uma analogia à Educação grega, especialmente ao ensino da Retórica: A alternativa "C " está correta. Embora todas as alternativas apresentem características da Educação romana, o ensino da Eloquência está diretamente ligado ao ensino de Retórica, na Grécia. Ou seja, ao preocupar-se com a formação do cidadão, o processo educacional visava oferecer um conteúdo referente à apresentação clara das próprias ideias e, especialmente, a argumentação, capacidade de sustentar tais ideias com argumentos. MÓDULO 3 Identificar traços da Educação na Antiguidade Clássica na Educação contemporânea. A HERANÇA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA Para entender como o Mito da Caverna se relaciona ao conceito de Educação sob um viés atemporal, assista o video. É provável que você já tenha identificado os elementos que marcam a influência da Educação Clássica sobre nós. No entanto, gostaríamos de destacar alguns pontos sobre isto, pois é importante que você possa posicionar-se frente a eles e, assim, repensar a prática educativa que conhece e aquela que assumirá como sua. MUNDO INTELIGÍVEL EDUCAÇÃO: MISSÃO PRÁTICA DIALÉTICA O MITO DA CAVERNA FORMAÇÃO CIDADÃ EDUCAÇÃO ROMANA MUNDO INTELIGÍVEL (PLATÃO) É preciso conhecer as formas, a verdade e a razão de tudo o que existe no mundo sensível. Tudo o que nasce e desaparece não pode ser considerado o ser de maneira plena. Neste mundo, tudo é instável, pois se transforma com o tempo. A verdade é o lugar para onde devemos retornar, pois viemos dela, das formas inteligíveis e das essências. EDUCAÇÃO: MISSÃO A instrução deve culminar na formação do cidadão e da cidade dos justos. Por isso, é necessário haver equilíbrio entre as três almas presentes no homem: animal, passional e intelectual. O intelecto (razão) tem de dominar as paixões e os instintos. PRÁTICA DIALÉTICA Embora nossa legislação educacional, nos últimos anos, tenha passado por muitas alterações, é fácil perceber que alguns dos pontos definidos como essenciais por Platão estão presentes ainda hoje. Sim, a dialética ainda permanece nos discursos, mas é fundamental para que haja, verdadeiramente, Educação. O MITO DA CAVERNA Provavelmente você já percebeu, mas é importante destacar que não há nada mais emancipador para o ser humano que a Educação. Ela que permite ao homem “ter coragem de pensar por si mesmo” (uma conclusão também romana). javascript:void(0) Moral da história: a educação liberta, ilumina os que estão no mundo das sombras e leva à verdade. FORMAÇÃO CIDADÃ Outro ponto em que esta influência é perceptível corresponde à preocupação da formação do cidadão. Ou melhor: a Educação é uma prática social, no seio da pólis. Portanto, representa uma prática política. A educação era, portanto, uma condição da pólis e não podia ser negligenciada. Para Aristóteles, a política era a ciência mais importante, e, apenas por meio da educação, o homem desenvolvia a prática do bem-estar comum. Mas, para que a educação alcançasse seus objetivos, era necessário um conjunto de atividades pedagógicas e coordenadas, que visassem a uma cidade perfeita e a um cidadão feliz. O filósofo grego também deixou de herança o método peripatético, que discutia as questões filosóficas mais profundas, relacionadas à metafísica, à Física e à Lógica. EDUCAÇÃO ROMANA A crítica a esse modelo de educação se fez presente e partiu de dentro da própria sociedade, que, por meio de seus importantes pensadores ou filósofos, não só condenou como também externou proposições a respeito da escola. Veremos uma dessas colocações a seguir. A MEMORIZAÇÃO E A REPETIÇÃO MARCARAM FORTEMENTE ESSA ESCOLA INICIAL. CERTAMENTE, javascript:void(0)O TÉDIO DE TAL DIDÁTICA, O MEDO DAS VARAS E DOS CHICOTES, E OS CONTEÚDOS MUITO DISTANTES DA VIDA DIÁRIA E DOS INTERESSES REAIS DOS JOVENS E DA SOCIEDADE NÃO ENCORAJARAM A FREQUÊNCIA AOS ESTUDOS. [...] EM ROMA, ENCONTRAMO-NOS, PELA PRIMEIRA VEZ, PERANTE UMA CRÍTICA FUNDAMENTAL DA ESCOLA PELO QUE ELA É, E NÃO PELOS ACIDENTES DE SUA VIDA DIÁRIA – ASSISTIMOS, ENFIM, AO NASCIMENTO DE UMA CONSCIÊNCIA CRÍTICA SOBRE A ESCOLA E A EDUCAÇÃO. Manacorda, 2006, p. 93-94. DIALÉTICA Também um ideal platônico. Processo de diálogo, debate entre interlocutores comprometidos com a busca da verdade, por meio do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou ideias. Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa MÉTODO PERIPATÉTICO Doutrina cujo nome deriva de perípato: alameda dos jardins do Liceu (escola filosófica fundada por Aristóteles, onde ministrava suas aulas caminhando). Ao longo do tempo, o método se difundiu e passou a designar todo aquele que tem o hábito de ensinar dessa forma. Caracteriza-se pela diversidade e complexidade temática – sistematização e aperfeiçoamento de todos os saberes de seu tempo – com profunda influência sobre o desenvolvimento posterior da cultura ocidental. Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa Foto: Shutterstock.com PERCEPÇÕES GERAIS SOBRE O ATUAL MODELO DE ENSINO Precisamos superar a visão de que a escola não tem conseguido educar porque estamos muito mal posicionados na classificação mundial de desempenho. Devemos assumir nossa responsabilidade, como sociedade, para realizarmos uma educação plena. Dentre os inúmeros passos que podemos dar, além de oferecer formação acadêmica de qualidade, é preciso investir esforços para termos um relacionamento sadio e respeitoso entre escola e sociedade e entre professores e alunos. IMPORTANTE Para que tomemos consciência de como essa tarefa é urgente, observe a tabela abaixo: Fonte: FBSP, 2019, p. 182 Perceba que quase ½ (metade) dos entrevistados já presenciaram algum tipo de violência de alunos a professores ou funcionários da escola; e quase 2/3 (dois terços) presenciaram a violência entre os alunos. E sabemos que a realidade em muitas localidades pode ser ainda mais grave. Como profissionais da Educação – atuais ou futuros – necessitamos estar atentos às lições da História e da História da Educação. E assim superarmos essa realidade de violência, e podermos fazer da escola verdadeiro ambiente de segurança, convivência e, claro, Educação. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O PENSAMENTO PLATÔNICO, A RELAÇÃO ENTRE O MUNDO INTELIGÍVEL E A EDUCAÇÃO, E AS PROPOSTAS QUE ELE APRESENTA COMO DISCIPLINA ESCOLAR PODEM NOS TRAZER IMPORTANTES REFLEXÕES SOBRE UMA ESTRATÉGIA FUNDAMENTAL PARA QUE A EDUCAÇÃO NÃO SEJA APENAS IMPOSIÇÃO DE CONHECIMENTOS ALHEIOS. ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE IDENTIFICA ESSA ESTRATÉGIA: A) A recriação do Gineceu nas escolas para a existência de um ensino mais prático e objetivo. B) A criação de uma Escola Peripatética, em que os conhecimentos serão mais aprofundados. C) A valorização da Reminiscência, levando os alunos a buscarem conhecimentos esquecidos. D) O resgate do ensino da Dialética a fim de possibilitar uma educação dialógica. 2. ARISTÓTELES DEIXOU MUITAS HERANÇAS PARA A EDUCAÇÃO GREGA E ROMANA. UMA DELAS FOI UM MÉTODO DE ENSINO QUE DISCUTIA AS QUESTÕES FILOSÓFICAS MAIS PROFUNDAS, RELACIONADAS À METAFÍSICA, À FÍSICA E À LÓGICA, CONHECIDO COMO: A) Phisis . B) Peripatético. C) Dialética. D) Maiêutica. GABARITO 1. O pensamento platônico, a relação entre o mundo inteligível e a Educação, e as propostas que ele apresenta como disciplina escolar podem nos trazer importantes reflexões sobre uma estratégia fundamental para que a educação não seja apenas imposição de conhecimentos alheios. Assinale a única alternativa que identifica essa estratégia: A alternativa "D " está correta. A Dialética tornou-se fundamental no contexto da Educação Clássica por valorizar exatamente a condição necessária para a autonomia do cidadão, a fim de assumir seu papel na sociedade, através do diálogo. Da mesma forma, espera-se que a formação do educando passe pelo mesmo caminho para que também seja responsável por seu aprendizado. 2. Aristóteles deixou muitas heranças para a educação grega e romana. Uma delas foi um método de ensino que discutia as questões filosóficas mais profundas, relacionadas à Metafísica, à Física e à Lógica, conhecido como: A alternativa "B " está correta. A origem do nome deste método vem do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, caminhando, enquanto lia e dava preleções sob os portais cobertos do Liceu (perípatos) ou sob as árvores que o cercavam. Sempre pelas manhãs, mestre e discípulos debatiam sobre os temas mencionados. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Se quisermos resumir a importância da Educação Clássica para o desenvolvimento das práticas educacionais atuais, seja em seu período específico ou através da herança deixada a nós, devemos nos concentrar na valorização e no respeito ao conhecimento, ou seja, há algo a ser aprendido. Daí o grande papel da Filosofia naquele contexto. Assim, formar o cidadão, nos tempos clássicos da Grécia e de Roma ou atualmente, é permitir a ele o acesso ao conhecimento e às condições para posicionar-se frente a este mesmo conhecimento e, consequentemente, frente à sociedade em que vive. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ARANHA, M. L. de A. História da Educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2000. JAEGER, W. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 1995. MANACORDA, M. A. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006. SOUZA, N. M. M. (Org.). História da Educação: Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea. São Paulo: Avercamp, 2006. EXPLORE+ Para perceber como Sócrates acreditava que a Maiêutica era a melhor forma de instruir o aprendiz, vale conferir o filme Sócrates, de Roberto Rossellini, de 1971. Transcrevemos uma cena, clique aqui e confira. Se quiser conhecer um pouco mais sobre Sócrates, baixe aqui o livro Apologia de Sócrates, escrito por Platão, que foi seu discípulo. Veja nesse link como Sócrates ajuda o escravo de Ménon a perceber que “os homens têm em si conhecimentos que desconhecem”. Recomendamos o filme 300, baseado em HQ homônimo de Frank Miller. SÓCRATES (1971) Percebemos que, ao acolher as dúvidas de seus discípulos, Sócrates trabalha tais dúvidas para fazer novos questionamentos, e, assim, levá-los a compreender o tema que lhe interessa apresentar; no caso, o valor da justiça, da procura pelo bem. javascript:void(0) javascript:void(0); javascript:void(0); A Maiêutica, assim, é apresentada em sua forma mais genuína: uma primeira fase onde o [suposto] conhecimento do discípulo chega a Sócrates (chamado de ironia, no método socrático); e depois a fase onde o conhecimento [verdadeiro] que é gerado (a maiêutica, propriamente dita), a partir das orientações do filósofo. CONTEUDISTA Antônio Sérgio de Giácomo Macedo CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); DESCRIÇÃO Educação na Europa Ocidental no período da Idade Média (entre os séculos V e XV). Legados medievais na forma de pensar a Educação: Artes Liberais, “monopólio” do campo educacional pelo clero, influência árabe para a cultura europeia, método de ensino da Escolástica e aparecimento das universidades. PROPÓSITO Demonstrar que a base da Educação ocidental é fortemente influenciada pelas tradições educacionais desenvolvidas na Idade Média, em especial o papel da Igreja e a formação moral do sujeito, marca recorrente ainda na maneira como a Educação é vista e empreendida no Brasil e no mundo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as principais características da transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média MÓDULO 2 Descrever a importância das artes liberais para a formação dos sujeitos na Idade Média MÓDULO 3 Comparar aspectos da ReformaCarolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental MÓDULO 4 Determinar a importância da Escolástica para as escolas urbanas e universidades na Baixa Idade Média INTRODUÇÃO Como você imagina a Idade Média? Imagem: Shutterstock.com Castelos e princesas, lembrando as histórias infantis? Imagem: Shutterstock.com Lutas de espadas e as ações da Igreja, como nos filmes e séries? Imagem: Shutterstock.com Professores que explicam que a Idade Média era a Idade das Trevas? Essas visões construídas fazem parte do nosso cotidiano e têm relação com os iluministas, que queriam se afirmar contra o pensamento da Igreja. Além disso, há o Romantismo, que idealizou as figuras do cavaleiro e da donzela e, por fim, o cinema e a literatura contemporânea que veem com certo fascínio a Idade Média. A tarefa de resumir a Idade Média a esses conceitos é difícil, pois um milênio não é representado por uma coisa só. De fato, esse olhar europeu só tem sentido se pensamos nos legados medievais. As sociedades atuais são frutos de influências europeias e do seu auge, que gerou o colonialismo e o imperialismo. Esse período fez com que as instituições europeias e suas diversas formações dessem base às nossas estruturas sociais, políticas e, principalmente, educacionais. A Idade Média concentra os fundamentos da moral ocidental, marcados pela tradição judaico- cristã da Igreja. As referências da Antiguidade foram reconstruídas e marcam nossa forma de ver o mundo. Apesar de ter sido reconhecida de maneira pejorativa como apenas um período de transição, uma época de trevas, a Idade Média apresenta práticas que fazem parte de nosso cotidiano mesmo que nós não percebamos. Nosso objetivo, portanto, é demonstrar que as tais trevas tinham intelectuais importantes, debates vigorosos, além de disputas entre grupos sociais para organizar e manter a Educação. MÓDULO 1 Identificar as principais características da transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média CONTEXTO A Idade Média é um período marcado pelo surgimento de um novo tipo de intelectual na Europa Ocidental: os padres cristãos. Esse grupo foi o principal responsável por manter uma Educação formal (escolas) na Europa entre os séculos V e XV. Os primeiros a inaugurarem esse novo pensamento são conhecidos como membros da Patrística. PATRÍSTICA Nomenclatura adotada para englobar os principais intelectuais que construíram os dogmas, as bases filosóficas e as práticas da Igreja Romana, que seria conhecida posteriormente pelo nome de Igreja Católica. O termo significa pais da Igreja, mas poderíamos também apresentá-lo como inauguradores da filosofia cristã, que muito contribuíram para o conhecimento e para a Educação. A Igreja Cristã foi a única instituição que atravessou todo o período de transição da Antiguidade para a Idade Média. Em meados do século III, o Império Romano apresentava graves sinais de crise econômica e política. Na busca de reformulações que permitissem sua permanência, foram procuradas novas formas de governo – chega-se a ter quatro imperadores de uma só vez. Outra tentativa foi a organização das mensagens e preceitos religiosos que dessem sentido à nova construção imperial. Quando o Imperador Constantino se converteu ao cristianismo, houve um movimento que pode ser interpretado como uma tentativa de coesão pela religião. javascript:void(0) Mesmo assim, após a fragmentação do Império Romano Ocidental, a Educação foi creditada à Igreja, já que valorizava os princípios educacionais herdados da Antiguidade para ocupação dos seus quadros e para sua pregação. FRAGMENTAÇÃO DO IMPÉRIO ROMANO OCIDENTAL No lugar de um império, passamos a ter reinos menores, conhecidos como “reinos bárbaros”. Esses reinos tinham um modelo político aristocrático – o rei comandava um conselho de senhores em que cada um mandava na sua região – e passaram a ter forte relação com a Igreja depois da conversão dos reis e de seus povos germânicos ao cristianismo. O diálogo entre esses grupos foi iniciado pela religião cristã e gerou, com a conversão, a construção de um novo mundo. O império romano deixou de existir, tornou-se um conjunto fragmentado de reinos com a mistura de três grandes tradições: 1. As romanas - com a maior parte da população. 2. As germânicas - reunião de características dos novos senhores. 3. A cristã – grupo que se difundia e se fazia presente no cotidiano, marcando intensamente a Educação no período. javascript:void(0) Foto: Statue de Constantin Ier, Musée du Capitole, Rome/Wikimedia Commons/licença CC-BY- 2.5 Constantino, primeiro imperador cristão, foi canonizado pela Igreja Ortodoxa. Imagem: Bibl. nat. de France, manuscrit français n°9198, f. 19. Scriptorium - Copiste au travail. A Igreja, por meio de seus membros, transmitiu uma mistura das culturas antigas (greco- romana) cristianizadas. Sua pregação era levada às praças, para o cotidiano dos reis, para todos que ouviam a Igreja, fazendo com que a Educação fosse difundida por meios não formais. No entanto, sua estrutura de manutenção era formal, organizada em centros de formação desses clérigos. O saber antigo preservou-se nos livros que os mosteiros e as igrejas agasalharam carinhosamente (NUNES, 2018). MOSTEIROS Os mosteiros possuíam bibliotecas e recebiam hóspedes vindos das regiões mais diversas. Nesses locais, eram desenvolvidas as tecnologias dos óculos, as melhorias das técnicas de irrigação, de produção de fermentados (incluindo pão e cerveja) e até estudo das ervas (inclusive medicinais). Os mosteiros eram verdadeiros ambientes educacionais presentes e disseminados por toda Europa, norte da África e Oriente Próximo durante o período medieval. CURIOSIDADE HISTÓRICA O clero impulsionou fundamentalmente o fenômeno de latinização nos séculos IV e V, o que representou o embrião das línguas neolatinas, fio condutor que fez possível também a transmissão de elementos culturais da Antiguidade Clássica até a Baixa Idade Média. LÍNGUAS NEOLATINAS Italiano, francês, espanhol, catalão, galego, português e romeno são exemplos de línguas neolatinas. CONCEITOS javascript:void(0) javascript:void(0) Nessa época, a Igreja Católica foi muito importante para o desenvolvimento da ciência e para a preservação da cultura. Além disso, foi fundamental na manutenção da Educação. Os monges copistas foram responsáveis pela armazenagem do saber, pois copiavam e guardavam os registros escritos. Assim, toda a produção de conhecimento nas civilizações antigas – principalmente dos sábios gregos – foi preservada e retomada no período do Renascimento. CATÓLICA O termo católico, derivação da palavra grega katholikos, que significa universal, passou a ser adotado pela Igreja no século XII, mas, mesmo antes, muitos dos seus membros já utilizavam esse nome. RENASCIMENTO Movimento do fim da Idade Média em que intelectuais, pintores e filósofos alegavam recuperar os valores romanos. Na prática, esses valores nunca desapareceram, só foram adaptados à forma de um discurso cristão. Fonte: Madonna a Maesta/Wikiart/Domínio públic Ognissanti Madonna obra de Giotto di Bondone de 1310. Mesmo com a expansão do cristianismo, ainda na Antiguidade, bem como nos séculos subsequentes, os jovens romanos e cristãos frequentavam as mesmas escolas, liam os mesmos textos, recebiam a mesma instrução. O ensino da cultura clássica era necessário, sobretudo para aqueles oriundos das classes médias e altas, que formariam os quadros das carreiras administrativas. javascript:void(0) javascript:void(0) Por conta dessa característica, a cultura clássica influenciava os principais intelectuais da Igreja de forma intensa. O modelo educacional da Igreja era uma cópia do modelo do Império Romano. A arte da transição é um bom exemplo dessa mistura. De um lado, a forma é romana, de outro, o discurso é cristão. Repare nesta imagem. A Bíblia e a cruz, o pergaminho em grego e as roupas da nobreza. Foto: Shutterstock.comAs obras clássicas foram adotadas, seus pensadores reconhecidos, sua forma de educar valorizada, mas os objetivos e formas universalistas foram abandonados e substituídos por elementos cristãos. Por outro lado, a cultura romana também foi muito influenciada pelo catolicismo. As pinturas, as esculturas e os livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas apresentavam cenas bíblicas, pois essa era uma forma didática de transmitir o evangelho a uma população quase toda formada por iletrados. Assim como os romanos faziam com seus monumentos e afrescos, a Igreja repaginou e permaneceu com sua utilização. Fonte: Shutterstock.com CURIOSIDADE HISTÓRICA Gregório (papa entre os anos 590 e 604) criou o canto gregoriano – outra forma de disseminar as informações e os conhecimentos religiosos por meio de um instrumento simples e interessante da tradição romana: a música. CORRENTES FILOSÓFICAS MEDIEVAIS Pode-se dividir, de forma generalista, a Idade Média, no que diz respeito à Educação, em duas linhas principais: Imagem: Antonio Rodríguez (1636 - 1691)/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Agostinho de Hipona Patrística Pretende expor racionalmente a doutrina religiosa, com destaque para Agostinho de Hipona. Imagem: The Yorck Project (2002)/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Tomás de Aquino Escolástica Predominante nos espaços escolares durante o Renascimento Carolíngio e readaptada a partir do racionalismo cristão e de Tomás de Aquino. O termo patrística foi criado para designar os primeiros intelectuais da Igreja Romana, como Justino, Tertuliano, Orígenes, Atenágoras, Clemente. No entanto, dedicaremos nosso olhar a um membro tardio, mas fundamental para a Educação na Idade Média: Agostinho de Hipona. A Patrística se configurou como uma corrente de pensamento fundada pelos padres da Igreja Católica que procuravam estabelecer uma concepção racional dos fundamentos dos dogmas da fé cristã e uma resposta às suas perspectivas antagônicas, que eles denominavam de heresias. FÉ CRISTÃ O cristianismo não nasceu de forma espontânea. Ele precisou da ação de muitos homens. Dependeu dos Atos dos Apóstolos, liderados por Paulo de Tarso e sua javascript:void(0) disseminação da religião entre os gentios. Uma vez que a religião chega ao Mediterrâneo, ela passa a ser disseminada e ganhar características helenísticas, com a valorização da retórica, a construção de uma dialética singular, o que exigia a formação de grupos de especialistas, que, de fato, organizavam a mensagem de Deus. Vários nomes são importantes nessa estrutura, como Jerônimo – que organizou a primeira versão da Bíblia, chamada de Vulgata –, Cirilo de Alexandria, que levava tantos a ouvirem sua pregação que era necessário organizar filas para entrada e saída para evitar que pessoas fossem pisoteadas. EDUCAÇÃO A base do pensamento educacional na Idade Média é o neoplatonismo cristão. Essa corrente filosófica misturava traços da leitura de Platão e princípios diversos filosóficos do Mediterrâneo, como estoicismo, e os preceitos da religião cristã. NEOPLATONISMO O prefixo neo indica o novo ou a retomada. ESTOICISMO Movimento filosófico romano que defendia que o homem deve lutar contra a natureza e seus desejos. O nome mais importante para a Educação formulada para a Igreja e para além dela é o bispo africano Agostinho de Hipona (354-430). Ele estruturou seu pensamento como os demais javascript:void(0) javascript:void(0) membros da Patrística, isto é, combinando elementos da fé a princípios filosóficos de nomes importantes da cultura clássica, como Platão (428 a.C.-347 a.C.) e Plotino (204 d.C.-270 d.C.). A influência de Agostinho de Hipona no campo educacional foi notória na Idade Média com suas obras: A DOUTRINA CRISTÃ A obra que mais influenciou a Educação medieval, servindo de guia para os estudos dos intelectuais cristãos, bem como de ideário e planejamento para as escolas desse período. Para Agostinho, o lugar de aprendizagem era a Bíblia. Além disso, para ele, Deus era o único mestre. Os professores, na realidade, nada ensinavam, apenas despertavam em seus alunos a busca pelo conhecimento. Agostinho idealizou a Educação como um processo por meio do qual o “homem exterior”, material, mutável e mortal cedia espaço para o “homem interior”, espiritual, imutável e imortal. Essa transformação se dava à medida que o homem se aproximava e se familiarizava com Cristo: a Verdade, a Palavra de Deus que se fez homem (MELO, 2002, p. 67). Assim, fica claro que o Bispo de Hipona acreditava que a aprendizagem se dava por intermédio de Deus, uma vez que Ele permitia que se captassem as coisas da verdade essencial. DE MAGISTRO Em De Magistro, Agostinho dedica-se a explicar a postura do mestre (professor). A estrutura é de um diálogo filosófico entre Agostinho, no papel de mestre, sendo questionado por um discípulo chamado Adeodato. Um dos elementos centrais da obra é a forma como a Educação pode ser atingida e para que ela serve. A proposta é mostrar que o conhecimento pelo conhecimento, como muito era pensado e visto na tradição romana, não levaria a lugar algum. Assim, o único mestre possível era Jesus, e a Salvação era atingir o mundo real, abandonar a ilusão e as dificuldades desse mundo. O professor seria, portanto, um guia, alguém que deveria mostrar que as paixões e prazeres desse mundo são insignificantes diante do peso e da beleza da Salvação efetiva. Esse sentido pode parecer religioso, mas ainda é recorrente na maneira do senso comum interpretar a Educação em nossos dias. A percepção de que o conhecimento deve formar o sujeito para que ele se torne um ser melhor, aqui possui sentido religioso; mas podemos pensar no âmbito da moral. A Educação como o caminho de formação do ser humano, incutindo valores sociais necessários é, sem dúvida, parte do legado agostiniano. Um dos legados é a ideia de que religião e Educação podem ser tratadas como elementos indissociáveis, isto é, a formação educacional e a formação religiosa podem e devem ser feitas com base nos mesmos instrumentos e para o mesmo fim. Veja que as escolas de matriz religiosa, por exemplo, continuam fortemente reconhecidas no nosso cotidiano. Além disso, os pastores, padres e afins assumem funções didáticas com seus fiéis nas pregações e nas homílias, demonstrando a proximidade, que bebe, sem dúvida, na tradição inaugurada por Agostinho. HOMILÍA Sermão religioso ministrado por um sacerdote no decorrer de uma celebração religiosa após a leitura da Bíblia, destinado a explicar o tema ou texto religioso. Vimos que para Agostinho o conhecimento era advindo de Deus, mas para quem se destinava os ensinamentos? Quem eram os alunos? Imagem: Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Quem estudava, nesse momento, era a elite. Essa escola servia para formar novos quadros de clérigos, mas acabava também servindo à elite local. RESUMO Neste vídeo, veremos um resumo dos principais tópicos deste módulo, com foco no principal representante da corrente filosófica Patrística: Agostinho de Hipona. O professor Rodrigo Rainha explica a importância de Agostinho de Hipona na formação da educação na Idade Média. javascript:void(0) FIGURAS RELEVANTES Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo. Foto: Statue de Constantin Ier, Musée du Capitole, Rome/Wikimedia Commons/licença CC-BY- 2.5 Constantino Primeiro imperador romano a professar a religião cristã. Foto: The Yorck Project (2002) /Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Papa Gregório Criador do canto gregoriano. Imagem: Antonio Rodríguez (1636 - 1691)/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Agostinho de Hipona Representante da corrente Patrística que influenciou fortemente a Educação medieval. Imagem: The Yorck Project (2002)/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Tomás de Aquino Representante da corrente Escolástica, com influências na Filosofia e Teologia. Imagem:Blaffer Foundation Collection, Houston, TX/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Paulo de Tarso Disseminou a religião entre os gentios. Imagem: Wikimedia Commons/licença CC-BY-2 Jerônimo de Estridão Traduziu a Bíblia para a primeira versão em latim, chamada de Vulgata. Imagem: Cirilo de Alexandria em Chora/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Cirilo de Alexandria Alcançou multidões com suas pregações, expandido a doutrina cristã. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANDO O HISTORIADOR MEDIEVALISTA RONALDO AMARAL AFIRMA QUE, “PARA PREDICAR A VERDADE CONTIDA NA LITERATURA CRISTÃ, SOBRETUDO A BÍBLICA, PODER-SE-IA USAR AS DOUTRINAS DOS PAGÃOS, SENDO TAL POSTURA APENAS PERMISSÍVEL, CASO PREPARASSEM PARA O ENTENDIMENTO DAQUELA (...)”, POSSIBILITA QUE COMPREENDAMOS O PROCESSO EM QUE SE DEU A TRANSIÇÃO DA IDADE ANTIGA PARA A MEDIEVAL. NESTE SENTIDO, PODEMOS AFIRMAR: A) As obras clássicas foram destituídas de suas essências e sentido abrangente, sendo utilizadas conforme as necessidades do cristianismo. B) O cristianismo conquistou a história e nesta se colocou em decorrência de seu Deus ter encarnado. C) Autores como Platão foram utilizados, ganhando características cristianizadas em suas proposições. D) Os padres da Igreja não fizeram uso de absolutamente nada da cultura clássica porque consideravam que ela era imprópria para os desígnios divinos. 2. O LATIM “FOI O FUNDAMENTO DA UNIDADE CULTURAL QUE VIRIA A SER PROPORCIONADA PELAS ESCOLAS MANTIDAS PELA IGREJA” (ARMINDA CAMPOS). AO ENTENDERMOS A FRASE NO CONTEXTO DO PROCESSO EDUCACIONAL QUE SE CONCEBE NO INÍCIO DA IDADE MÉDIA, COMO PODEMOS RESUMIR A POSIÇÃO DE AGOSTINHO DE HIPONA? A) A ideia de que o homem deve seguir sua natureza, explorá-la e melhorá-la como processo educacional. B) A ideia de que o imperador romano era uma liderança política e deveria ser tratado como tal. C) A ideia de usar autores não cristãos, o que poderia configurar uma heresia, para explicações religiosas. D) A ideia de formular debates teológicos, uma vez que a divindade e a mensagem divina não deveriam ser discutidas. GABARITO 1. Quando o historiador medievalista Ronaldo Amaral afirma que, “para predicar a verdade contida na literatura cristã, sobretudo a bíblica, poder-se-ia usar as doutrinas dos pagãos, sendo tal postura apenas permissível, caso preparassem para o entendimento daquela (...)”, possibilita que compreendamos o processo em que se deu a transição da Idade Antiga para a Medieval. Neste sentido, podemos afirmar: A alternativa "A " está correta. A Igreja reutilizou parte da cultura clássica, evidentemente adaptada segundo os preceitos dessa nova cultura cristã buscou-se “cristianizar” a literatura didática herdada dos romanos. 2. O latim “foi o fundamento da unidade cultural que viria a ser proporcionada pelas escolas mantidas pela Igreja” (Arminda Campos). Ao entendermos a frase no contexto do processo educacional que se concebe no início da Idade Média, como podemos resumir a posição de Agostinho de Hipona? A alternativa "A " está correta. Vamos nos situar. Agostinho é um membro da patrística, pensadores que formulam as bases da Igreja romana. A força do pensamento patrístico é a associação e diálogo com as tradições romanas. O pensamento expresso na letra A, seguir a natureza, tem base em Cícero, e na melhoria do sujeito pela educação. Isso prova, que somente aquilo que fosse dogmaticamente inaceitável do pensamento romano não-cristão seria criticado, se não afetasse o que é base do pensamento religioso cristão, que o homem deva resistir às tentações mundanas, uma vez que não é por si que se alcança a Salvação, mas por Jesus, o restante poderia ser lido e utiizado. Noções como reconhecimento das autoridades seculares, uso de autores da tradição clássica e introdução às dinâmicas de debates – inclusive nos concílios – foram adaptadas e bem vistas por Agostinho e pelos principais membros da Igreja, como a própria manutenção do uso do latim deixa claro. MÓDULO 2 Descrever a importância das artes liberais para a formação dos sujeitos na Idade Média INTRODUÇÃO Boa parte do conhecimento originário da Antiguidade foi preservado graças ao papel desempenhado pelos mosteiros e igrejas, que reproduziram manuscritos clássicos e elaboraram manuais e enciclopédias. Depois da Patrística, uma nova geração de bispos se notabilizou por escrever, defender e disseminar a Educação, como Marciano Capela, Cassiodoro, Boécio, Isidoro de Sevilha e Beda. CURIOSIDADE HISTÓRICA No século IV, houve o aparecimento do códice, que levou ao desaparecimento do papiro – formato de pergaminho. Tal invenção teve consequências psicológicas fundamentais, pois permitiu dispensar um escravo leitor quando havia necessidade de se tomar nota. Podia-se estudar o texto com uma das mãos e escrever com a outra, ou seja, ler e escrever simultaneamente, o que reforçou a prática da leitura mental. Também ofereceu a facilidade de copiar um texto ou comparar vários exemplares ao mesmo tempo. Devemos lembrar que o pensamento de Agostinho é referência na orientação dos estudos nessa fase, o que significa que continuamos com a figura dos mestres e dos discípulos, com a relação pessoal e com a Educação como um caminho para a Salvação. Por outro lado, os conhecimentos do mundo antigo permanecem vivos e presentes. O modelo patrístico é um dos mais longos e presentes. Por isso, neste segundo módulo, estudaremos seu modelo “curricular”. As aspas não são à toa, pois seria anacronismo imaginar a existência de um currículo escolar nesse momento. Porém, há conteúdos que são centrais para a Educação ao longo de toda Idade Média e um legado que ainda nos influencia atualmente. Antes de nos aprofundarmos, vamos conhecer melhor o contexto histórico. O professor Rodrigo Rainha nos explica os principais pontos da Alta Idade Média, expondo os motivos que levaram à conversão dos povos pagãos ao cristianismo. AS SETE ARTES LIBERAIS Quando falamos em Educação no período em questão, notamos a prevalência do modelo chamado de Sete Artes Liberais, que foi criado por Marciano Capela. Essa divisão é marcada por três artes da alma (Trivium), inspiradas por Deus, e quatro artes humanas (Quadrivium), como veremos a seguir. MARCIANO CAPELA “Marciano Capela foi um escritor romano da África no século V e contemporâneo de Agostinho. Esse intelectual escreveu uma enciclopédia, dividida em nove volumes, intitulada As Núpcias de Filologia com Mercúrio, cujos dois primeiros livros tratam das bodas de Filologia com Mercúrio e os outros sete exemplares aludem às sete artes liberais. Esse texto teve como inspiração a enciclopédia de Varrão – Sobre as Nove Disciplinas –, mas Capela incorporou em sua obra apenas sete artes: Gramática, Retórica, Dialética, Geometria, Aritmética, Astronomia e Harmonia, excluindo a Medicina e a Arquitetura. Esse trabalho foi de suma importância para a Idade Média, pois serviu de base para estudiosos e para as escolas desse período e só sofreu uma ampliação no javascript:void(0) século XIII, no qual foram incorporadas as disciplinas filosóficas e científicas “(NUNES, 1979, p. 74-75). TRIVIUM A capacidade de bem falar, bem escrever e bem argumentar é atribuída à Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. Imagem: Les sept arts libéraux/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 DIALÉTICA Exercício filosófico do convencimento, o ponto preciso para se atingir a verdade. É uma das grandes bases de relação entre o exercício da cultura greco-romano e a religião. Imagem: Les sept arts libéraux/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 RETÓRICA Exercício do bem falar, da praça pública, e lida com estilo, com o envolvimento. Imagem: Les sept arts libéraux/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 GRAMÁTICA Exercício de escrever, dominar os aspectos do que já havia sido escrito, reproduzir e construir a escrita com perfeição. O latim era uma língua entendida como sagrada. QUADRIVIUM As artes humanas tinhamrelação direta com a mão humana, trabalhos artesanais e com a interpretação do mundo. Imagem: Les sept arts libéraux/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 ARITMÉTICA Representa a interpretação do mundo, a base matemática de explicação das coisas. Ela fez com que muitos clérigos virassem contadores, ou controladores dos reinos. Os números são seu principal objeto. Imagem: Les sept arts libéraux/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 GEOMETRIA Era usada nos exercícios de medida, normalmente voltados à prática e à interpretação da prática, como construção de moinhos, rodas de transportes e construções como igrejas e muralhas. Envolve também a medida de distâncias, rios e trajetos diversos. Imagem: Les sept arts libéraux/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 MÚSICA Muitos não sabem, mas existiam escalas e teoria musical na Idade Média. No entanto, é importante destacar que, para a Igreja, só era música aquilo que tinha as escalas corretas, tocadas nos ambientes corretos e com o objetivo de aproximar o homem de Deus. Músicas de festa e cantos de guerra eram duramente recriminados. Imagem: Les sept arts libéraux/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 ASTRONOMIA A mais contestada das artes. Muitos defendiam que era perigosa por ser confundida com relações pagãs, pois era responsável pelas colheitas, marcação de datas e calendários e ainda efeitos. Todas as artes eram adaptações ordenadas de estudos que já existiam no mundo grego. De alguma forma, é como se tivessem criado um currículo. O homem comum aprendia o quadrivium, mas o trivium era para aqueles que gostariam de assumir uma outra condição, de líderes, de próximos à Igreja. Ao passo que as instituições escolares oficiais e a dos mestres particulares (literatores) iam sumindo, a Igreja passou a adotar medidas para garantir a formação dos pretendentes ao sacerdócio, com o objetivo de promover a instrução básica indispensável para o ofício do ministério sacerdotal. A fase inicial desse ensino era realizada nas escolas paroquiais, enquanto o nível superior nas episcopais/catedralícias. Também devemos destacar as escolas monásticas. Estas se originaram a partir dos mosteiros, ainda sem a adesão dos estudos filosóficos. A regra agostiniana, por exemplo, recomenda muitas horas de estudo, enquanto a Regula Monachorum, de São Jerônimo, sugere instruir-se com os filósofos segundo a sua utilidade religiosa. Por fim, os mosteiros beneditinos, na prática, podem ser avaliados como “escola”, afinal, a própria Regra de São Bento indica duas noções pedagógicas em seu capítulo 30: “Cada idade e cada inteligência deve ser tratada segundo medidas próprias e os que cometem faltas serão punidos com muitos jejuns ou refreados com ásperas varas, acris verberibus”. Imagem: Santa Maria Gloriosa dei Frari, Sacristy - Triptych Madonna and Child/Wikimedia Commons/licença CC-BY-4.0 São Bento. É importante informar que a cultura intelectual estava monopolizada pela Igreja. Isso fazia da Educação um campo feito de sacerdotes para sacerdotes, com os conteúdos orientados às necessidades do culto. Desse modo, nas escolas paroquiais, episcopais e, especialmente, nas monásticas – diga-se de passagem, na realidade, as únicas existentes –, lecionava-se as denominadas Sete Artes Liberais. Você sabe por que 7 é um número tão importante para o cristianismo? O numeral é a referência da perfeição, são as idades do mundo, é marca do escolhido. Imagem: Philosophia et septem artes liberales (Philosophy and the Seven Liberal Arts), as illustrated in Hortus deliciarum/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Philosophia et septem artes liberales (Filosofia e As Sete Artes liberais) Herrad de Landsberg, da obra Hortus Deliciarum (século XII) Ainda não entendeu o conceito e o papel das artes liberais? Veja os exemplos a seguir: O bispo Isidoro de Sevilha, pensador visigodo da passagem do século VI para o VII, em sua obra Etimologias, definiu as artes liberais da seguinte forma: “As artes liberais consistem em sete disciplinas. A primeira é a gramática, isto é, a capacidade de falar. A segunda, a retórica, que, pela elegância e recursos da eloquência, é considerada extremamente essencial nos assuntos civis. Terceiro, a dialética, também chamada de lógica, que, com os argumentos mais sutis, separa o verdadeiro do falso. Quarta, aritmética, cujo conteúdo são os fundamentos e divisões dos números. A quinta é a música, que lida com esquemas e métricas. O sexto, a geometria, que inclui as medidas e dimensões terrestres. E a sétima, astronomia, que lida com as leis das estrelas”. Foto: Statue of Isidore of Seville/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Isidoro de Sevilha. Mas por que elas eram tão importantes para o bispo? Ele era um conselheiro do rei, líder de uma das cidades mais importantes do reino. Assim, mostrar o quanto era educado para seus pares e para o povo indicava o quão diferente ele era. Na Alta Idade Média, a erudição e o domínio das Sete Artes Liberais eram considerados fatores de diferenciação e importância dentro e fora da Igreja. O reino ostrogodo tinha, ao longo do século VI, a referência do monarca Teodorico, seguidor de uma versão herética do cristianismo conhecida como arianismo. Depois de vencer os romanos, negociou com o bispo de Roma, Gregório Magno. Para que uma certa autonomia fosse dada à Igreja na cidade de Roma, ao mesmo tempo, a Igreja deveria legitimar e reconhecer o seu poder. Para facilitar esse trabalho, foi chamado Boécio, retórico importante, membro vinculado à Igreja, que deveria comandar a construção legislativa nas negociações com as lideranças locais e na articulação política de Teodorico. Imagem: H.F. Helmolt, History of the World, Volume VII, Dodd Mead 1902. Portion of the right half of plate between pages 154 and 155/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2. Teodorico, o Grande - Rei dos Ostrogodos. Teodorico adotou práticas dos antigos imperadores romanos e, como forma de garantir essa disseminação, permitiu a ampliação das escolas – escolas de bispos e monásticas que formavam novos clérigos e um corpo burocrático cristão para administrar querelas que remetessem à atuação econômica, como cobrança de impostos, e mediadores em questões políticas. Os “currículos” dessas escolas eram todos pautados nas Sete Artes Liberais. HISTÓRIAS ARTURIANAS Durante a Alta Idade Média, os reinos viviam um quadro de constante disputas, quedas e substituição das estruturas políticas. Nesse momento, aparece uma das principais iconografias representativas da Idade Média: as histórias arturianas. Nos séculos anteriores, as ilhas britânicas eram o verdadeiro fim do mundo romano. As muralhas de Adriano representavam, de alguma forma, o fim da civilidade. MURALHAS DE ADRIANO Construção de pedra e madeira feita no norte da Inglaterra, na fronteira com a Escócia, em homenagem ao Imperador Adriano. Foi construída entre os anos de 122 e 126. Essa é a muralha mais extensa construída durante o Império Romano. Imagem: British Heritage Mapa da Muralha de Adriano. A ideia de fim do mundo acaba sendo um processo dúbio. Por um lado, o centro-sul da Ilha se afirmava com um bastião romano. O norte e a Irlanda, por sua vez, eram um espaço místico, bárbaro e iconográfico. Durante as “invasões saxônicas” à ilha, passaram a coexistir três tradições – as locais, tidas como místicas, as romanas e a dos novos grupos, entendidos como bárbaros. javascript:void(0) Foto: Arthur as one of the Nine Worthies, tapestry, c. 1385/Wikimedia Commons/licença CC- BY-2.5 Tapeçaria retratando Arthur usando uma vestimenta com um brasão geralmente atribuído a sua figura. Ainda que derrotados pelos saxões, a ideia de que um libertador reuniria as forças locais e expulsaria os inimigos passa a ser fortemente construída. A figura de Arthur só ganhou seus contornos mais típicos nos textos franceses do século XII, mas já revelava um certo espírito das ilhas britânicas em imaginar umsalvador político. Por que essa história é importante para a Educação? A ideia de um unificador, um salvador que uniria aqueles povos, também seria utilizada pela religião, mas de forma diferente. Se um une pela espada, o outro une pela palavra, pela proposta de unir as pessoas sob uma mensagem de cunho religioso. A Educação teria a função de mostrar esse papel. Existem muitos “mitos” britânicos nesse sentido, mas o mais famoso é Beda, o Venerável, que, na Irlanda, fundou mosteiros, recuperou Patrício como herói que trouxe o cristianismo aos bárbaros e explicou como a Educação, pautada nas Sete Artes Liberais, era o caminho para a religião e, por consequência, para a Salvação. PATRÍCIO javascript:void(0) Conhecido como São Patrício ou Saint Patrick, foi o primeiro a levar o cristianismo à Irlanda, pregando sem negar totalmente os cultos locais que encontra e, por isso, é tão querido. ESTUDO DA TEOLOGIA Finalizadas as etapas do Trivium e do Quadrivium, passava-se para o último nível: o estudo da Teologia. Vale lembrar que a Teologia era considerada na Idade Média o saber capital, ao qual os eclesiásticos se voltariam por toda a vida. Em razão do ambiente cultural e do próprio objetivo que se conferia ao conhecimento, o pleno desenvolvimento das “ciências investigativas” ficava restrito. Prevalecia o princípio de que o fim último do homem era chegar ao Reino de Deus e que a Revelação se encontrava nas Sagradas Escrituras. Dessa maneira, não se procurava contemplar a natureza com o intuito de formular deduções explicativas ou mesmo elaborar hipóteses, mas unicamente para procurar os símbolos dos desígnios divinos. Fonte: Shutterstock.com Bíblia medieval. FIGURAS RELEVANTES Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo. Foto: BnF, Manuscrits, Latin 7900 A fol. 127v/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Marciano Capela Organizador de um casamento entre a cultura clássica e os saberes cristãos, estabelecendo-o em um modelo que pudesse ser disseminado. Foto: Statue of Isidore of Seville/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Bispo Isidoro de Sevilha Primado do reino visigodo – uma espécie de arcebispo – educou reis e organizou uma escola importante em Sevilha. Sua obra mais importante são as Etimologias – que buscavam reunir todo o conhecimento do mundo até aquele momento. Imagem: Fulda workshop - Leiden, University Library, Ms. vul. 46/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Cassiodoro Monge, fundador do mosteiro de Vivarium. Foi conselheiro de Teodorico e, com a queda deste, se refugiou em Constantinopla, onde foi acusado de traição. Imagem: Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Boécio Líder romano e cristão da península Itálica durante grande parte do governo Ostrogodo. Organizou bibliotecas, escolas e criou uma nova dinâmica de relação com os “bárbaros”. Por conta de intrigas foi julgado e condenado à morte. Imagem: Depiction of the Venerable Bede (CLVIIIv) from the Nuremberg Chronicle, 1493/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Beda Consolidador do cristianismo nas ilhas britânicas a partir de um modelo de criação de mosteiros. Pregava em língua local, traduzindo textos, organizando uma teologia que fizesse sentido para aqueles povos. Imagem: Santa Maria Gloriosa dei Frari, Sacristy - Triptych Madonna and Child São Bento Considerado um dos primeiros santos ocidentais do cristianismo. Criador da Regra Beneditina, um dos regulamentos de vida monástica mais importantes e utilizados. Imagem: H.F. Helmolt, History of the World, Volume VII, Dodd Mead 1902. Portion of the right half of plate between pages 154 and 155/Wikimedia Commons/licença CC-BY-2.5 Teodorico Monarca ostrogodo conhecido como O Grande, era um estrategista militar de excelência. Permitiu a ampliação das escolas de bispos e monásticas que formavam novos clérigos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. HERDADAS DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA E ORGANIZADAS NA IDADE MÉDIA, AS ARTES LIBERAIS ERAM DIVIDIDAS EM: A) Trivium (Dialética, Gramática e Música) e Quadrivium (Aritmética, Lógica, Química e Filosofia). B) Quadrivium (Música, Química e Retórica) e Trivium (Dialética, Astronomia, Filosofia e Geometria). C) Trivium (Astronomia, Música e Retórica) e Quadrivium (Química, Filosofia, Gramática e Geometria). D) Trivium (Dialética, Gramática e Retórica) e Quadrivium (Aritmética, Astronomia, Música e Geometria). 2. MARCIANO CAPELA FOI UM DOS QUE MAIS CONTRIBUIU PARA O DESENVOLVIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DAS SETE ARTES LIBERAIS. O CONJUNTO CONHECIDO COMO QUADRIVIUM TEM NO SEU ENTORNO UM GRUPO DE CONHECIMENTOS QUE LISTAMOS, CUJO FIM ERA: A) Treinar e preparar o homem para as práticas do século. B) Fazer com que o sujeito pudesse se desenvolver neste mundo. C) Dominar o mundo conforme o desejo expresso na Criação. D) Liderar os homens para que pudessem alcançar a Salvação. GABARITO 1. Herdadas da Antiguidade Clássica e organizadas na Idade Média, as artes liberais eram divididas em: A alternativa "D " está correta. As Sete Artes Liberais, que representavam as disciplinas acadêmicas, eram desempenhadas por homens livres, devidamente direcionados pelos membros da Igreja. Lembrando que o Trivium corresponde às artes do espírito e o Quadrivium, às artes do corpo. 2. Marciano Capela foi um dos que mais contribuiu para o desenvolvimento e consolidação das Sete Artes Liberais. O conjunto conhecido como Quadrivium tem no seu entorno um grupo de conhecimentos que listamos, cujo fim era: A alternativa "B " está correta. O “currículo” escolar medieval era dividido em duas fases. Na primeira parte, estudava-se o Trivium (Gramática, Retórica e Dialética). Na segunda fase, aprendia-se as disciplinas que compõem o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). O objetivo desse currículo era preparar o homem para o mundo, sendo uma herança das artes mecânicas. MÓDULO 3 Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental INTRODUÇÃO Agora vamos falar da segunda grande reforma da Educação na Idade Média: a Escolástica. Muitos manuais de História da Educação citariam Tomás de Aquino e a recuperação de textos aristotélicos, um movimento chamado de racionalismo cristão. Mas falta uma peça desse quebra-cabeça, pois, é claro, que não foi uma mudança repentina a ideia de mudar o caminho filosófico que seguíamos e, com isso, a Educação. ESCOLÁSTICA Termo que significa produção intelectual ligada à escola. A Escolástica é um movimento que vem de diversas influências. Optamos por duas delas: REFORMA CAROLÍNGIA Termo histórico inventado para mostrar como importantes mudanças da Educação na corte de Carlos Magno foram iniciadas e abriram caminho para a Escolástica. INFLUÊNCIA DOS MUÇULMANOS Maomé não trouxe só outra religião. A partir da sua fundação, um novo mundo, um novo sistema de governo e uma nova forma de ver a Educação foram criados. O tamanho e o poder javascript:void(0) dessa presença foram tão grandes que fizeram com que eles dominassem norte da África, sul da Europa e partes importantes da Ásia. Mas não era pela espada, era uma expansão que tinha muito comércio e cultura. CONTEXTO: IMPÉRIO CAROLÍNGIO X ISLAMISMO Essas duas culturas desempenharam importante papel na História da Educação e a junção dessas influências possibilitam a compreensão do surgimento da Escolástica. A seguir, identificaremos o ponto de vista dessas culturas tão diferentes e muito importantes para o desenvolvimento da Educação. Especialistas debatem o ponto de vista de cada uma das culturas. Veremos, a seguir, como cada cultura, cristã e islâmica, se desenvolveu, além de suas influências na Educação durante a passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade Média. CULTURA CRISTÃ X ISLÂMICA Será que é possível comparar as duas culturas? Sim, é. Vamos perceber as características de um modelo e de outro e, dessa forma, mostrar como a Escolástica bebe desta relação. Erudição
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