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Docente: Tomás Hale 1 SISTEMAS DE CUSTEIOS Objectivos da Aula No final desta aula o estudante deve ser capaz de; o Descrever os sistemas de Custeio, caracterizando e evidenciando as suas vantagens e desvantagens o Entender a finalidade dos sistemas de custeio o Descrever as técnicas de Custeio, caracterizando e evidenciando as suas vantagens e desvantagens o Aplicar as Técnicas de Custeio para apresentação dos Resultados da Empresa o Comparar as diversas técnicas de custeio sobre os resultados da empresa 1. Custeio Total O Custeio por Total ou completo consiste em considerar todos os custos de, sejam fixos ou variáveis fazendo assim parte dos custos do produto. Neste sistema as existências de produtos acabados são avaliados pelos custos de produção. Os Custos Fixos e os Variáveis são Custos do Produto, só se tornam Custos do Período à medida que vão sendo vendidos os produtos. O custeio total tem algumas vantagens como: Não minimiza a importância e indispensabilidade dos custos fixos; Evita perdas fictícias; Consistência com a informação externa Não precisa de muito custo para implementar, pois ele não requer a separação dos custos de manufactura nos componentes fixos e variáveis. Esta de acordo com os princípios de contabilidade e das normas tributárias. Por outro lado, existem algumas desvantagens como: Arbitrariedade das repartições dos gastos indirectos; Instabilidade dos custos ao longo do exercício, devido a ;presença dos custos fixos no custo de produção; Docente: Tomás Hale 2 Um aumento das vendas pode ser acompanhado por uma diminuição do lucro ou mesmo acontecer o contrário porque os custos fixos influenciam na determinação da margem liquida. 2. Custeio Variável Segundo Martins (2006), no custeio variável considera-se como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos, sendo os custos fixos separados e só estes serão considerados para efeitos de valorização das Existências Finais de Produtos Acabados, indo para os resultados. Neste sistema os custos fixos são excluídos dos custos de produção. Não esquecer que as existências de matérias são igualmente avaliadas apenas pelos custos variáveis. Os custos fixos com elas relacionadas - custos de armazenagem, por exemplo – são custos do período. Padoveze (2000) apresenta algumas vantagens e desvantagens do custeio variável, sendo que ele aponta como vantagens deste custeio: a) o lucro líquido não é afectado por mudanças de aumento ou diminuição de inventários; b) os dados necessários para análise das relações custo-volume-lucro são rapidamente obtidos do sistema de informação contabilística. c) é mais fácil para os gerentes industriais entenderem o custeamento dos produtos sob o custeio variável, pois os dados são próximos da fábrica e de sua responsabilidade, possibilitando a correcta avaliação de desempenho sectorial; d) o custeamento variável é totalmente integrado com o custo padrão e o orçamento flexível, possibilitando o correto controlo de custos; e) o custeamento variável constitui um conceito de custeamento de inventário que corresponde directamente aos dispêndios necessários para manufacturar os produtos; f) o custeamento variável possibilita mais clareza no planeamento do lucro e na tomada de decisão. g) o custeamento variável apresenta de imediato a margem de contribuição; h) a geração de informações para a administração, quando se deseja saber, com segurança, quais produtos, linhas de produtos, departamento, territórios de vendas, clientes e outros segmentos (ou objectivos) que são lucrativos e onde a Contabilidade de custos deseja investigar os efeitos inter- Docente: Tomás Hale 3 relacionados das mudanças ocorridas nas quantidades produzidas e vendidas, nos preços e nos custos de despesas; Entre as desvantagens, Padoveze (2000) aponta: a) a exclusão dos custos fixos indirectos para valoração dos estoques causa a sua subavaliação, fere os princípios contabilísticos e altera o resultado do período; b) na prática, a separação de custos fixos e variáveis não é tão clara como parece, pois existem custos semi-variáveis e semifixos, podendo no custeamento directo incorrerem problemas semelhantes de identificação dos elementos de custeio; c) o custeamento directo é um conceito de custeamento e análise de custos para decisões de curto prazo, mas subestima os custos fixos, que são ligados à capacidade de produção e de planeamento de longo prazo, podendo trazer problemas de continuidade para a empresa. d) as informações do custeio variável são bem aplicadas em problemas cujas soluções são de curto alcance no tempo. Para obter soluções de longo prazo, normalmente as informações do custeio variável não são recomendadas; e) o trabalho de análise das despesas e custos em fixos e variáveis é dispendioso e demorado. Sempre deverão ser feitos estudos de custos x benefícios; f) os resultados do custeio variável não são aceitos para a preparação de demonstrações contabilísticas do uso externo. 3. Custeio Racional O método de imputação racional dos custos fixos é um método de cálculo dos custos de produção que tem por objectivo eliminar ou isolar a variação do volume de produção sobre os custos. Para tal, este sistema de custeio, considera como custos do produto não só, a totalidade dos custos variáveis, como também uma percentagem dos custos fixos. Essa percentagem será a que resulta do quociente entre a produção/actividade real e a produção/actividade normal. Custos fixos industriais a imputar = CF ∗ Produção real Produção Normal Docente: Tomás Hale 4 Custos fixos industriais a nao incorporado = CF ∗ (1 − Produção real Produção Normal Neste custeio imputam-se aos produtos os custos fixos respeitantes à percentagem da capacidade realmente utilizada e a parte respeitante ao não aproveitamento da capacidade instalada, ou seja, os custos de subactividade, será custo do período e não do produto. Vantagens a) Neutraliza, no custo total do produto (ou encomenda), os efeitos das variações da actividade; b) O custo de produção unitário é um bom instrumento de orientação da política de vendas; c) Repartição racional dos custos fixos pelo número de unidades produzidas. Desvantagens a) A dificuldade em definir a capacidade normal ou actividade normal; b) Arbitrariedade das repartições dos gastos indirectos. Exemplo Prático A empresa Kulimba, Lda. dedica-se à produção de calças. A sua produção normal é de 250 000 unidades por ano. Durante o mês de Outubro de N produziram-se 20 000 unidades. Para tal, incorreu nos seguintes custos: Designação Valores em Meticais Matéria- Prima 220.000,00 Mão-de-obra directa 150.000,00 GGF 80.000,00 Custos Fixos de Produção 280.000,00 Custos não Industriais Custos Variáveis não Industriais 50.000,00 Custos Fixos não Industriais 50.000,00 Docente: Tomás Hale 5 Sabe-se ainda que: a variação de existências de produtos em vias de fabrico é nula. a existência inicial de produtos acabados é nula. das 20.000 unidades produzidas este mês, foram vendidas 15.000 unidades a um preço unitário de 120,00. Pede-se: a) Calcular os resultados com base nos três sistemas de custeios (total, variável e racional). 1. Calculo pelo custeio total Note que no Custeio total os custos variáveis e os custos fixos industriais são imputados no custo de produção. Custos variáveis (220.000+150.000+80.000) 450.000,00 Custos Fixos 280.000,00 Custo Industrial Total 730.000,00 Produção do mês 20.000,00 Unidades Custo Unitário de produção (730.000/20.000) 36.50 CIPA (20 000 un) (36.50*20.000) 730.000,00 Existências finais de produtos acabados (5.000) (36.50*5.000) 182.500,00 CIPV (730.000- 182.500) 547.500,00 Noteque o custo de produção é igual ao CIPA porque não existe produtos em curso tanto no início como no fim. E no cálculo de CIPV foi considerado as 5.000 unidades que sobraram (20.000 unidades produzidas subtraindo as 15.000 vendidas). Demonstração de Resultados Vendas (15.000,00 *120,00) =1.800.000,00 CIPV (730.000-182.500) =547.500,00 Custos Fixo Industriais não Incorporados 0,00 Margem Bruta (1.800.000 – 547.500 - 0) = =1.252.500,00 Custos não industriais Variáveis 50.000,00 Fixos 50.000,00 Resultado Antes do Imposto 1.152.500,00 Docente: Tomás Hale 6 2. Calculo pelo custeio variável Note que no custeio Variável somente os custos variáveis industriais são imputados no custo de produção, assim, os custos fixos industriais não fazem parte no cálculo dos custos de produção devendo somente serem considerados na Demonstração de Resultados como custos não imputados. Custos Variáveis (220.000+150.000+80.000) 450.000,00 Custos Fixos 0,0 Custo Industrial Total 450.000,00 Produção do Mês 20.000,00 Unidades Custo de Produção Unitário 450.000/20.000 22.50 CIPA (22.50*20.000) 450.000,00 Existências finais de produtos acabados (5.000 un) 22.5*5.000) 112.500,00 CIPV (450.000- 12.500) 337.500,00 Demonstração de Resultados Vendas (15.000,00 *120,00) =1.800.000,00 CIPV =337.500,00 Custos Fixo Industriais não Incorporados 280.000,00 Margem Bruta (1.800.000 – 337.500 – 280.000) =1.182.500,00 Custos não industriais Variáveis 50.000,00 Fixos 50.000,00 Resultado Antes do Imposto 1.082.500,00 3. Cálculo pelo Custeio Racional No custeio racional os custos fixos são imputados na sua totalidade no custo de produção, porém os custos fixos são imputados consoante o nível de produção em relação a produção normal da empresa. Custos fixos industriais a imputar = 280.000 ∗ 20.000 ( 250.000 12 ) Custos fixos industriais a imputar = 280.000 ∗ 0.96 Custos fixos industriais a imputar = 268.000,00 Docente: Tomás Hale 7 Custos variáveis (220.000+150.000+80.000) =450.000,00 Custos fixos 268.800,00 Custo Industrial Total 718.800,00 Produção do mês 20.000,00 Unidades Custo Unitário de produção (718.800/20.000) 35.94 CIPA (20 000 un) (35.94*20.000) = 718.800,00 Existências finais de produtos acabados (5.000) (35.94*5.000) 179.700,00 CIPV (718.800- 179.700) 539.100,00 Custos não incorporados = Custos fixos totais – custos fixos incorporados Custos não incorporados = 280.000 – 268.800 Custos não incorporados = 11.200,00 Vendas (15.000,00 *120) 1.800.000 CIPV (450.000-112.500) 539.100,00 Custos fixos não incorporados 11.200 Margem Bruta (1.800.000 – 539.100-11.200) 1.249.700,00 Custos não industriais Variáveis 50.000,00 Fixos 50.000,00 Resultado Antes do Imposto (1.249.700-100.000) 1.149.700,00 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS Designação Custeio total Custeio Variável Custeio Racional Vendas =1.800.000,00 =1.800.000,00 1.800.000 CIPV =547.500,00 =337.500,00 539.100,00 Custos fixos não incorporados 0,00 280.000,00 11.200 Margem Bruta =1.252.500,00 =1.182.500,00 1.249.700,00 Custos não industriais Variáveis 50.000,00 50.000,00 50.000,00 Fixos 50.000,00 50.000,00 50.000,00 Resultado Antes do Imposto 1.152.500,00 1.082.500,00 1.149.700,00 Com base nessa tabela, qual dos custeios é o melhor? Responda esta questão. Docente: Tomás Hale 8 Exercício proposto A empresa Kanimambo Lda. dedica-se à produção do produto M. A sua produção normal é de 40 000 unidades mensal. Durante o mês de Agosto de N produziram-se 35 000 unidades. Para tal, incorreu nos seguintes custos: Designação Valores em Meticais Matéria- Prima 760.000,00 Mão-de-obra directa 533.020,00 GGF Variáveis 166.550,00 Fixos 205.066,50 Gastos não Industriais Distribuição e Venda 45.300,00 Administrativo 79.200,00 Sabe-se ainda que: Existiam no início produtos em via de fabrico avaliados em 53.000,00. A existência inicial de produtos acabados é nula. Das 20.000 unidades produzidas este mês, foram vendidas 32.000 unidades a um preço unitário de 235,00. Pede-se: b) Calcular os resultados com base nos três sistemas de custeios (total, variável e racional). c) Comparar os resultados nos 3 custeios.
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