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Aula 33 Obstetrícia - resumo Dra Marília Moscal TXVI 1 HEMORRAGIA PÓS-PARTO • PRINCIPAL CAUSA DE MORTE MATERNA; • Definição: perda de mais de 500ml de sangue no parto normal ou mais de 1000ml da cesariana (perda maciça) • Mais comum no pós parto imediato, mas pode ocorrer até 6 semanas após o parto; • “Bebê nasce e já começa a jorrar sangue” • Pode acontecer depois, por exemplo, por restos placentários.Nem todo os restos placentários evoluirão com uma infecção. • Maior parte dos casos de sangramentos puerperais são INEVITÁVEIS E IMPREVISÍVEIS; FATORES PREDISPONENTES PARA A HPP* • Multiparidade; • Placentação anômala (placenta baixa, por exemplo); • Trabalho de parto prolongado (período expulsivo de 2-3h); • Gestante com hipovolemia e anemia; • Infiltração hematomiometrial (útero de Couvelaire – hematoma no corpo do; grande chance de sangramento e pode haver necessidade de histerectomia; acontece muito quando há descolamento prematuro de placenta) • Placenta retida; • Sobredistensão uterina (gemelararidade, bebês muito grandes, polidrâmnio - o útero fica aumentado e há um risco ↑de sangramento pós-parto); • Cesariana prévia e atual (procedimento cirúrgico sangra mais); • Parto instrumentado (fórceps ou vácuo); • Episiotomia (corte médio-lateral ao períneo - ângulo de 45° - muitos vasos podem ser acometidos); • Curetagem uterina pós-parto (raspagem do útero→ puerperal é muito friável); • Tempo prolongado do terceiro período; • Período dequitação ou secundamento iniciado após a expulsão fetal e termina com a liberação da placenta e membranas ovulares – tração controlada do cordão • Corioamnionite (inflamação das membranas/infecção intrauterina); • Uso de ocitocina no primeiro período (período de dilatação 0-10cm/fase latente e ativa); • Muito recente → ocitocina IM não causa efeito no final para contrair o útero • Costuma-se administrar então, idealmente, ocitocina IM e ocitocina correndo em SF por 4h • Uso de uteroinibidores; • Atonia uterina prévia; • Plaquetopenia ou hipofibrinogenemia; • Pré-eclâmpsia (hipotensão + proteinúria); • Descolamento prematuro de placenta (separação intempestiva da placenta normalmente inserida no corpo uterino em gestação com 20 ou mais semanas - também uma causa de sangramento de 3° trimestre); • Embolia amniótica; CAUSA DE HEMORRAGIA PÓS-PARTO Lembrar dos 4 Ts: TÔNUS – atonia uterina (70%) TRAUMA – laceração/trauma (19%) TECIDO – tecido retido/acretismo (10%) TROMBINA – coagulopatias (1%) • Atonia uterina → maioria dos casos, sangra pois não contrai (útero enorme → bebê sai → precisa contrair, caso ficar amolecido → vasos dilatados→ sangra); • Na emergência:pensar em atonia uterina e agir (70% dos casos) • Trauma → rotura uterina, laceração, trauma abdominal que resultou em rotura uterina, fórceps alocado inadequadamente gerando laceração que pega artéria, episiotomia - normalmente identificado num segundo momento (primeiro pensa em atonia); • Tecido → retenção placentária (placenta toda ficou dentro) por acretismo placentário; restos placentários, membrana que envolve a placenta – se observar que a placenta não saiu mesmo com massagem uterina → retirar com a mão • O acretismo placentário é caracterizado por adesão patológica da placenta em relação à parede uterina (na musculatura, invadindo miométrio, endométrio); sangra muito e muito rápido – difícil manusear e dequitar • Coagulopatia → última coisa a pensar, mas coletar exames caso o sangramento não cesse rápido; PREVENÇÃO DA HEMORRAGIA • 2 ampolas de ocitocina IM, geralmente na coxa (PN) ou EV (PC) – é protocolo em todas as instituições. • Momento: após sair os ombros do bebê, não precisa esperar clampear cordão e placenta sair; • O mesmo vale para a cesárea (bebê nasceu → ocitocina EV lenta (em bôlus por 3 minutos) Aula 33 Obstetrícia - resumo Dra Marília Moscal TXVI 2 Bebê nasceu → Ocitocina! • Na falta de ocitocina, pode fazer Methergin® (se não for hipertensa); • Clampeamento do cordão até 1 minuto; • Geralmente a pediatria pede para esperar (até parar de pulsar), mas se esperar muito aumenta a chance de hemorragia • Tração do cordão e massagem uterina para retirada de placenta; • Tração devagar e controlada, com apenas o peso da mão para o cordão não romper – não puxar abruptamente • Massagear a barriga da paciente até que a placenta saia DIAGNÓSTICO E ESTIMATIVA DE PERDA VOLÊMICA • 30ml → uma compressa 250ml → “mancha no lençol” 500ml → cuba rim • Estimativa visual; • Pesar compressas sujas de sangue; • Coletor volumétrico: • Campo de plástico colocado embaixo da paciente que está em posição de litotomia, em que todo o líquido que sair ficará armazenado no plástico – inclusive líquido amniótico que vem em grande quantidade na saída do bebê); ÍNDICE DE CHOQUE • Marcador de instabilidade hemodinâmica • Índice de choque = FC/PAS Se índice de choque maior ou igual a 0,9 significa uma perda sanguínea significativa; • Pelo Protocolo Frebasgo estipula esse índice de choque com perda significativa quando maior que 1; • Representação do índice de choque e estimativa da perda volêmica (5) → índice de choque • Leve, moderado, grave • Necessidade de transfusão • Estado da paciente TRATAMENTO INICIAL (PROVA) 1. Peça ajuda – ideal:pelo menos 2 pessoas durante o parto todo – toda a equipe de enfermagem deve estar ciente de uma hemorragia puerperal, mesmo que quem irá conduzir seja o médico; 2. Determine o ABC (vias aéreas, respiração, coração/pulso/PA) – priorizar apenas quando equipe completa 3. Acesso venoso calibroso em cada braço para infusão de cristaloides EV (Ringer Lactato 500); 4. Massageie o útero – ao mesmo tempo do passo anterior; 5. Primeiras drogas: dê ocitócito/ácido tranexâmico/misoprostol; a. Methergin – medicação que não está nesse protocolo, mas ajuda na contração uterina (no São Lucas é de fácil e rápido acesso) 1 ampola IM e pode repetir em 20 minutos b. Visto que as 2 ocitocinas IM já foram administradas, pode-se realizar 1 ampola de ocitocina, diluída em 10ml em bôlus EV (em 3 minutos/lento) c. Depois da ampola em bôlus, coloca-se 4 ampolas no SF/Ringer de 1000ml (125ml/h → em 4horas vai correr para manter a contração do útero, evitar que contraia e relaxe) Aula 33 Obstetrícia - resumo Dra Marília Moscal TXVI 3 d. Problema da ocitocina: algumas marcas devem ser guardadas em geladeira, por isso muitas vezes pensa-se no Methergin antes e. Transamin ajudará na coagulação do sangue (age no momento em que está sangrando), podendo ser feito até 4 ampolas (cada ampola com 250mg, ou seja, 1g do Transamin) em bôlus em 5 minutos (também lento) f. MISOPROSTOL 200mcg 4 cp ou seja, 800mcg via retal (o mesmo usado na indução de aborto) – algunas médicos fazem 2 VO e 2 VR 6. Esvazie a bexiga (SDV) a massagem será mais efetiva sem a presença de um bexigoma. 7. Compressão bimanual uterina (abaixo da cicatriz umbilical) – Tamponamento uterino – imagem ao lado, em que o canal vaginal ainda está bem dilatado, permitindo a antrada de uma mão com pouco incômodo, e o útero fica entre as duas mãos do médico; 8. Revisão canal de parto e restos placentários/coagulopatia Em outras palavras, primeiro age pensando numa atonia, se mesmo com essas ações o quadro não for solucionado, revisa-se o canal de parto; 9. Tamponamento uterino com BALÃO DE BAKRI – como uma sonda de Foley, em que coloca- se dentro do útero e insulfla com soro ou ar, para pressionar as paredes do útero e estancar o sangramento (imagem ao lado); 10. Sutura compressiva de útero – B-Lynch –quando necessária (após a massagem e todas as medicações, balão mais difícil de colocar → sutura) a. O fio usado sera o Catgut ou Vicryl (absorvível para não gerar problema numa futura gravidez)b. Faz uma contração uterina forçada Se nada funcionar, chamar o vascular: 11. Desvascularização pélvica pelo cirurgião vascular – ligadura de ilíacas internas; 12. Radiologia intervencionista - a emblia das artérias também tornou-se uma opção; 13. Histerectomia para retirada do útero se nada até aqui funcionou ou a conduta vascular não pode ser realizada a tempo; • Depois de muitos estudos constatou-se que a ocitocina é superior ao Methergin; • Medicações uterotônicas → para contrair o útero, como a ocitocina (bôlus ou no soro); • EV em bôlus → efeito mais rápido (menos desperdício de medicação); • Empacotamento pélvico: “edema control”, compressas dentro da paciente → evolução para CIVD com escassez de todos os fatores de coagulação → reabordagem em outro momento (casos em que já retirou o útero mas a paciente continua sangrando); • Paciente perdeu muito sangue → fazer volume; • SF/Ringer Lactato • Se foi necessário mais de 2L de volume para manter a pressão, acompanhar pressão, saturação, FC (enfermagem estará fazendo isso durante todo o processo - ABC) e avaliar transfusão (quadro 4 → meta transfusional) • Coleta de exames (hemograma, TAP, KPTT, fibrinogênio) • Não necessariamente esperar resultados laboratoriais para transfundir • TAP alargado → plasma fresco • Ocitocina profilática → sempre, pode ser feita IM ou EV (geralmente IM em parto normal, EV em parto cesárea pelo anestesista) 2 ampolas; • Diferença de tempo de EV para IM é 2 minutos (não é uma diferença grande) • Depois de estancar sangramento, a primeira hora é a hora de maior chance de ressangramento (mais crítica), depois, monitorizar e observar→ *pode sangrar até 6 semanas pós-parto; CASO CLÍNICO • G1, IG: 41 semanas; Vem para indução do parto visto que o bebê ainda não havia nascido espontaneamente; • Iniciou indução com misoprostol (Bishop score <6 dose de 25mcg VV 6/6h), entrou em fase ativa de trabalho de parto após o terceiro cp; • TP fase ativa é contraindicação para Misoprostol • Parto vaginal aconteceu após 4 horas, sem intercorrências; • No pós parto imediato apresentou sangramento vaginal ativo em grande quantidade; • Dx sindrômico: hemorrágico pós-parto • Causas: atonia uterina, rotura uterina, fragmentos da placenta, laceração • Condutas: ocitocina, ácido tranexâmico (Transamin®), compressão/massagem • Resolução do caso: depois da administração de ocitocina + massagem uterina, a paciente apresentou Aula 33 Obstetrícia - resumo Dra Marília Moscal TXVI 4 melhora do sangramento vaginal. Após uma semana retornou ao hospital com queixa de dor abdominal intensa, febre e corrimento fétido. Ao US foi documentada a presença de restos placentários. • Nova conduta: curetagem uterina pata retirada de restos placentários + ATB (Clindamicina e Gentamicina por 48h EV e Cefalexina para casa) Lembrar: pós parto imediato → PREVENÇÃO DE HEMORRAGIA • Ocitocina IM/EV 2 ampolas – para todas Saber!!!!!! Aula 33 Obstetrícia - resumo Dra Marília Moscal TXVI 5
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