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Ana Barasuol / Medicina UFFS PATOLOGIAS CIRÚRGICAS GASTROINTESTINAIS NEONATAIS E PEDIÁTRICAS Reconhecimento da criança cirúrgica: • VÔMITO (principal manifestação): intensidade, pressão/jato, imediatamente após alimentação ou poucos minutos após, cor, aspecto, número, ganho de peso; • DISTENSÃO ABDOMINAL: quanto mais baixa a obstrução, maior a distensão; • SANGRAMENTO DIGESTIVO: pode ser anal ou oral, sangue vivo, vermelho • DOR EM CÓLICA: manifestada por irritação, choro, estresse, agitação, inquietação, diaforética; • DOR INFLAMATÓRIA: secundária a irritação peritoneal; • DIARREIA • TOQUE RETAL ONFALOCELE DEFEITO NA PAREDE ABDOMINAL MAIOR QUE 4cm, COM FORMAÇÃO DE UM SACO HERNIÁRIO COM VÍSCERAS OCAS E SÓLIDAS, RECOBERTAS INTERNAMENTE POR PERITÔNIO PARIENTAL E EXTERNAMENTE POR MEMBRANA AMNIÓTICA. CORDÃO UMBILICAL INSERE-SE NO ÁPICE DO SACO AMNIÓTICO. >10cm: ONFALOCELE GIGANTE. <4cm: HÉRNIA DE CORDÃO ASSOCIADA A TRISSOMIA DO 13, 18 e 21, CADIOPATIA CONGÊNITA, TETRALOGIA DE FALLOT, DEFEITO DO SEPTO ATRIAL. GASTROSQUISE EXTERIORIZAÇÃO DAS ALÇAS INTESTINAIS POR UM DEFEITO NA PAREDE ABDOMINAL, GERALMENTE PEQUENO E À DIREITA DO CORDÃO UMBILICAL, ou seja, lateral à linha média. Alças espessadas e edemaciadas. ASSOCIADA A MÁ ROTAÇÃO OU ATRESIA INTESTINAL. Tabagismo, aspirina, ibuprofeno, pseudoefedrina tem sido associados como fatores de risco. DIAGNÓSTICO: US 12/14 SEMANAS: ONFALOCELE 2º/3º TRIMESTRE: GASTROSQUISE (+ alta dosagem de alfafetoproteína) TRATAMENTO - Estabilização - Na sala de parto: 1. Mesa de reanimação com fonte de calor radiante 2. Vísceras: 1) envoltas em uma bolsa plástica com soro fisiológico OU 2) envoltas em filme plástico estéril OU 3) envoltas em compressas estéreis embebidas com SF 0,9% morno. 3. Sonda orogástrica para descomprimir o estômago 4. Hidratação venosa com uma taxa hídrica 50% maior que o habitual. 5. Antibioticoterapia: ampicilina + gentamicina CONDUTA Fechamento primário do defeito da parede ou silo de redução progressiva ao longo de 5 dias. HÉRNIA UMBILICAL FECHAMENTO INCOMPLETO DAS FÁSCIAS DOS RETOS ABDOMINAIS NA CICATRIZ UMBILICAL. Mais comum em RN baixo peso e RN afro- descendentes. Conduta: Acompanhamento mensal com registro da medida da hérnia (polpas digitais), se está encarcerada, etc. Geralmente fecha até o 1º ano de vida, mas pode acompanhar ate o 5º. ONFALOCELE GASTROSQUISE LOCALIZAÇÃO ANEL UMBILICAL PERIUMBILICAL TAMANHO 4-10 cm Pequeno<4cm SACO Presente Ausente CORDÃO UMBILICAL Envolvido no defeito Lateral ao defeito INTESTINO Normal Edemaciado, com inflamação ROTAÇÃO INTEST. INCOMPLETA Pode estar presente Ausente ANOMALIAS ASSOCIADAS Comuns Raras INFARTO INTESTINAL Raro Comuns Ana Barasuol / Medicina UFFS CIRURGIA em casos de: • Encarceramento; • Anel herniário >2cm; • Permanência da hérnia até os 5 anos; ATRESIA DO ESÔFAGO E FÍSTULA TRAQUEOESOFÁGICA Fator preditivo: prematuridade, idade materna avançada, obesidade, tabagismo e baixo nível socioeconômico. Patologias associadas: hipospadia, criptorquidia, atresia duodenal, hidrocefalia, polidrâmnio. Falha no processo de formação e separação do intestino anterior ao trato respiratório. 50% não possuem outras anomalias e 50% sim (entre elas, sd. de VATER). • Vertebrais • Anorretal atresias • Traqueal fistula • Esofageal atresia • Renais/radiais anomalias Sinais logo após nascimento: SALIVAÇÃO, TOSSE, ENGASGOS, DIFICULDADES RESPIRATÓRIAS E CIANOSE. RX: sonda nasogástrica enrolada no coto proximal + distensão gasosa do estômago. ATRESIA DE ESÔFAGO COM FÍSTULA DISTAL: + comum Não há progressão da sonda nasogástrica, sialorreia pela boca e nariz, alimentação com regurgitação, tosse, cianose, distensão abdominal. Cirurgia tem 24-72 horas: fechamento primário da fístula + anastomose primária esôfago-esofagiana termino-terminal com acesso por toracotomia posterior. ATRESIA DE ESÔFAGO SEM FÍSTULA: Secreção oral abundante, asfixia (por aspiração de saliva) e abdome escavado. Esofagectomia cervical através do esternocleido e gastrostomia por volta de um ano de idade. FÍSTULA TRAQUEOESOFÁGICA SEM ATRESIA Sufocação perinatal OU mais tardia (tosse crônica, pneumonias aspirativas recorrentes, hiperatividade de vias aéreas). Cx por acesso cervical. ESTENOSE HIPERTRÓFICA DE PILORO Hipertrofia e hiperplasia da musculatura circular do piloro, determinando sub oclusão ao esvaziamento gástrico. Herança genética, APLV, uso de macrolídeo (eritromicina) no 1º tri de gestação, hipergastrinemia na infância. Manifestações a partir da 2ª-8ª semana de vida. Vômitos não biliosos em JATO pós- prandiais, RN irritadiço, abdome escavado, icterícia. Diagnóstico CLÍNICO: oliva pilórica (tumoração em epigástrio e quadrante superior direito) mais facilmente palpável após refeição. US da região epigástrica pode ser pedido. LABORATORIAIS: para avaliar complicações. Gasometria arterial: alcalose metabólica (perde H+ gástrico no vômito) Eletrólitos: hipocloremia e hipocalemia (tentando reter H+ para compensar, elimina potássio) Ana Barasuol / Medicina UFFS IMAGEM: US de abdome: espessura do piloro <3mm e comprimento >14mm. EED (RX com contraste): SINAL DA CORDA (contraste passando pelo piloto de forma estreitada) CX: PILOROMIOTOMIA A FREDET-RAMSTED Incisão no piloro até a submucosa. ATRESIA/OBSTRUÇÃO DUODENAL Pode ser parcial ou completa. Está associada a malformações de outros órgãos como ducto biliar, pâncreas, veia porta, a. mesentérica superior, intestino médio. Está associada à Síndrome de Down e prematuridade. ETIOLOGIA 1. Intrínseca do duodeno: atresia de duodeno, membrana, diafragma; 2. Extrínseca ao duodeno: volvo de intestino médio (associado a má rotação intestinal causando obstrução do duodeno), cisto enterógeno (abdome), veia porta ou artéria mesentérica superior pré-duodenal; 3. Mista: Pâncreas anular; CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO OBSTRUÇÃO DUODENAL TIPO 1 Membrana interna e hipotrofia duodenal TIPO 2 Hipotrofia grave conectada por cordão fibroso TIPO 3 Separação completa da porção atresiada Essa malformação do TGI acontece entre 8ª e 10ª semana de gestação, porque é a formação do intestino anterior e médio. INVESTIGAÇÃO 1. PRÉ-NATAL: polidrâmnio + dilatação duodenal do feto no US. 2. PÓS-NATAL: quadro clínico de obstrução alta geralmente, pois a atresia se dá na maioria das vezes depois da ampola de Vater → vômitos biliares pós-prandiais. Associação com outras malformações. EXAME FÍSICO • BEG na fase inicial, possível desidratação • Na sala de parto, quando o aspirado gástrico pela sonda orogástrica for >30mL, isso é sinal de alarme. • Distensão e hipertimpanismo e epigástrico (acúmulo de gás no estômago). 1 AO 2 DIA DE VIDA → VÔMITO BILIOSO SEM DISTENSÃO ABDOMINAL → PENSAR EM ATRESIA DUODENAL E mandar para: RADIOGRAFIA SINAL DA DUPLA BOLHA: grande distensão de estômago, piloro funcionante, segunda bolha de gás na porção proximal de duodeno. TRATAMENTO 1. Clínico: descompressão gástrica por sonda. 2. Cirúrgico (é o definitivo): duodenoduodenostomia (segmento proximal da estenose é anastomosado com a porção distal) ATRESIA/OBSTRUÇÃO JEJUNOILEAL Causa mais comum de obstrução intestinal congênita. Diferente da atresia duodenal (defeito na recanalização do órgão), as jejunoileais são decorrentes de acidentes vasculares intrauterinos → Tabagismo e uso de cocaína promovem vasoconstrição → não costumam estar associadas com anomalias extraintestinais. Ana Barasuol / Medicina UFFS CLÍNICA • Vômitos biliosos • Polidrâmnio • Distensão abdominal discreta• Icterícia RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDOME: níveis hidroaéreos e pobreza de gás. CLASSIFICAÇÃO: TRATAMENTO Cirúrgico eletivo → incisão transversa supra- umbilical com anastomose término-terminal → realimentação de forma lenta e gradual. Complicações pós-op: SÍNDROME DO INTESTINO CURTO → Delgado com <25cm com válvula ileocecal OU Delgado com <40cm sem válvula ileocecal. MÁ ROTAÇÃO INTESTINAL E VOLTO DE INTESTINO MÉDIO Defeito na rotação intestinal que pode ser completa ou incompleta (+ comum) ao redor da a. mesentérica superior. 75% dos diagnósticos abaixo de 1 ano de idade. Os outros podem ser assintomáticos por alterações crônicas. CLÍNICA: • Aguda: menores de 1 ano, dor abdominal com distensão, vômitos biliosos • Crônico: maiores de 1 ano, dor abdominal crônica, associada a síndrome de mal absorção, alternância entre diarreia e obstipação. DIAGNÓSTICO: exame de imagem. RADIOGRAFIA CONTRASTADA na maioria. Para maiores de um ano e alterações crônicas TC de abdome. TRATAMENTO: Cirurgia de Ladd para tratamento de volvo agudo. Na dúvida se a alça é viável ou não → 12-24 hrs second look. ENTEROCOLITE NECROSANTE Doença caracterizada por necrose de mucosa e/ou de parede intestinal. O local acometido exibe pneumatose intestinal e pode evoluir para perfuração, peritonite e sepse. Fator de risco: PREMATURIDADE. Tríade: Isquemia intestinal + nutrição enteral + micro-organismos patogênicos. CLÍNICA: sintomas geralmente nas primeiras 2 semanas de vida após introdução de dieta enteral - DISTENSÃO ABDOMINAL, dificuldade de progressão da Ana Barasuol / Medicina UFFS dieta, resíduo gástrico (pode ter vômito bilioso e sangramento gastrointestinal) DIAGNÓSTICO: RX simples de abdome. INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL Causa mais comum de obstrução intestinal (congênita é obstrução jejunoileal). Invaginação de um segmento do intestino que penetra em outro localizado mais distalmente. ➔ Obstrução intestinal e compressão vascular da alça invaginada, levando a edema da alça com isquemia e necrose. CLÍNICA: • Palidez • Cólicas • Vômitos • Fezes com muco e sangue → FEZES EM GELEIA DE FRAMBOESA (toque retal). CIRURGIA nos casos de: • Irritação peritoneal • Instabilidade hemodinâmica • Falha no método de redução hidrostática por pressão ou pneumático • Falha no método endoscópico com insuflação DIVERTÍCULO DE MECKEL Fechamento incompleto do ducto onfalomesentérico, ocasionando um divertículo verdadeiro (todas camadas intestinais). 45-60cm da válvula ileocecal. • As crianças são mais suscetíveis a complicações dentro dos 2 primeiros anos de vida como sangramento, inflamação e infecção. • Dor abdominal em quadrante inferior. • Fezes cor de tijolo ou groselha. DIAGNÓSTICO: Laparotomia ou laparoscopia exploratória (cintilografia tem moderada sensibilidade). SEMPRE ressecção do DM. DOENÇA DE HIRSCHPRUNG MEGACÓLON AGANGLIÔNICO CONGÊNITO Ausência de células nervosas ou ganglionares (Meissner e Auerbach) do esfíncter anal interno até porções variáveis do intestino. Geralmente retossigmoidal (75%), 10% afeta cólon. Mais comum em meninos (4:1), pode estar associada com outras síndromes como Down e malformações (microcefalia, retardo mental, autismo, hidrocefalia etc). CLÍNICA: não elimina mecônio em 48 horas após nascimento, distensão abdominal por acúmulo de gás acima da obstrução (isso favorece proliferação bacteriana e desenvolvimento de enterocolite necrosante). TOQUE RETAL com ampola vazia (pode estimular eliminação de fezes de forma explosiva). DIAGNÓSTICO Radiografia contrastada → distensão do segmento normal, compatível com obstrução baixa. TRATAMENTO: ressecção do segmento agangliônico e colostomia do coto proximal até 6-12 meses de vida, depois reanastomose com o reto.
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