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61 Bioquímica Metabólica | Bárbara C. Rovaris | Prof. Liz Claudio Miletti Os nucleotídeos são um conjunto formado pela associação de três moléculas: uma base nitrogenada, um grupamento fosfato e um glicídio do grupo das pentoses. Esses nucleotídeos, quando juntados, formam os ácidos nucleicos dos organismos, ou seja, o DNA e o RNA. Sendo assim, existem cinco tipos de nucleotídeos, cada qual com sua própria base nitrogenada. Existem cinco diferentes bases nitrogenadas: adenina, guanina, citosina, timina e uracila. Sendo que, o DNA é composto apenas por adenina, guanina, citosina e timina; e o RNA, por sua vez, é composto por adenina, citosina, guanina e uracila. As bases nitrogenadas são divididas em dois grupos: as purinas e as pirimidinas. são bases nitrogenadas formadas por dois anéis. Compõem esse grupo: a adenina e a guanina. são bases nitrogenadas formadas por apenas um anel. Compõem esse grupo: a citosina, a timina e a uracila. Dessa forma, observa-se na tabela abaixo as principais bases, nucleosídeos e nucleotídeos. Sendo assim, na primeira coluna observa-se a fórmula das bases púricas e pirimídicas. Na segunda coluna, pode-se ver o nome de cada base, quando no local do x representado na figura, coloca-se um hidrogênio (H). Caso no lugar do x seja adicionado uma ribose ou uma desoxirribose, ou seja, um açúcar, ocorre a formação de um nucleosídeo. Sendo assim, um nucleosídeo é a junção da base com uma pentose. E se no lugar do x for adicionado um grupamento fosfato, observa-se a formação do nucleotídeo, ou seja, a ligação entra a base, a pentose e o grupamento fosfato. Os nucleotídeos podem ser sintetizados de duas maneiras diferentes: através da síntese “de novo” ou através da via de salvamento. Metabolismo de Nucleotídeos 62 Bioquímica Metabólica | Bárbara C. Rovaris | Prof. Liz Claudio Miletti A síntese “de novo” consiste na formação de ribonucleotídeos que, posteriormente, são convertidos, também, a desoxinucleotídeos. A síntese “de novo” recebe esse nome devido ao fato de que ela começa a partir de moléculas que não têm relação direta com as bases nitrogenadas. Além do mais, a síntese das purinas e das pirimidinas acontece de maneira diferente. As purinas se originam a partir de uma molécula de PRPP (fosforibosilpirofosfatado) – uma ribose altamente fosfatada – derivada da ribose 5 fosfato, que através de 11 passos químicos reage com metabólitos simples para formar o IMP. O IMP é uma molécula intermediária, que dá origem: a um AMP e a um GMP. Tanto o AMP quanto o GMP passam por reações com enzimas quinases e são transformados em ATP (adenosina trifosfato) e GTP (guanosina trifosfato), ou seja, nas purinas. Já as pirimidinas têm origem a partir de metabólitos simples que, através de 4 passos químicos, são transformados em orotato. O orotato é uma base intermediária as pirimidinas. Ele reage com uma molécula de PRPP e dá origem ao OMP (ornitidina monofosfato), que por sua vez, é um intermediário nucleotídico. O OMP, então, é transformado em UMP. O UMP passa por reações de enzimas quinases e é transformado em UTP (timidina trifosfato). O UTP, então pode ser convertido a CTP (citidina trifosfato) ou a TTP (timidina trifosfato). E dessa maneira, são formadas as pirimidinas. a biossíntese de purinas acontece em dois passos principais. Sendo assim, o primeiro passo é transformar o PRPP em IMP. Dessa forma, primeiramente o PRPP, ou seja, o núcleo inicial para a síntese de purinas, reage com uma glutamina. A glutamina doa seu NH2 para o PRPP, sendo assim, ela sai na forma de glutamato. Junto com o glutamato, ainda saem PPi. Isso acontece, porque o NH2 se liga ao PRPP no local da ligação desses dois PPi. Depois disso, uma glicina doa um grupamento amino, que se liga ao NH2 deixado, anteriormente, pela glutamina. Para que o NH3 se ligue a estrutura há o gasto de uma molécula de ATP, que é quebrada em ADP+Pi. Depois disso, uma molécula de N-formil, ou seja, uma molécula ativada composto por apenas um carbono, adiciona mais um carbono a estrutura, o qual se liga ao NH3 deixado pela glicina. Em seguida, outra glutamina doa um NH2 a molécula, o qual se liga a um dos carbonos. Então, através de uma reação o primeiro anel da purina é fechado. Depois disso, ocorre a entrada de um CO2 que se liga ao carbono de cima do primeiro anel, para que comece a se formar o segundo anel. Em seguida, há a entrada de um aspartato, que doa mais um NH2, que se liga ao CO2, no lugar de um dos oxigênios que está ligado ao carbono. Então, um N-formil doa mais um carbono a molécula. Com isso, o segundo anel da purina é fechado, e forma-se o IMP (inosina monofosfato), ou seja, um intermediário para a formação do AMP e do GMP. Sendo assim, a síntese de purinas começa com um açúcar, o PRPP, e através da adição de grupamentos aminos, doados por aminoácidos, e pela adição de carbonos, doados por N-formil, são formados os dois anéis das purinas. Então, com o IMP formado, inicia o segundo passo para a formação das purinas. Dessa forma, o IMP pode sofrer duas reações, uma para formar ATP e outra para formar GTP. 63 Bioquímica Metabólica | Bárbara C. Rovaris | Prof. Liz Claudio Miletti Dessa forma, caso o IMP reaja com um aspartato, ele será transformado em adenilossuccinato. Ou seja, nessa reação, o asparato se liga ao IMP, no lugar da dupla ligação com oxigênio. Em seguida, o aspartato deixa o NH2 ligado ao adenilossucinato, e sai na forma de fumarato da reação, formando um AMP. O AMP através da ação de quinases, recebe mais grupamentos fosfatos, formando primeiramente ADP, e depois AMP. Caso, o IMP sofra uma reação, no qual um NAD++H2O adicionam uma dupla ligação com um oxigênio a um dos carbonos dele, liberando NADH+H+, o IMP é transformado em XMP. Então, uma glutamina doa um NH2 ao XMP, saindo na forma de glutamato. Esse NH2 se liga exatamente na posição em que antes havia a ligação dupla com oxigênio recém-adicionada, formando o GMP. O GMP, como o AMP, passa por reações de enzimas quinases e recebe grupamentos fosfato formando, primeiro, GDP e depois GTP. Primeiro passo da biossíntese de purinas. Segundo passo da Biossíntese de purinas. a biossíntese de pirimidinas é feita por três passos principais. Sendo assim, a síntese delas iniciada a partir de metabólitos simples, ou seja, a partir de CO2+H2O. Primeiro passo para a biossíntese de pirimidinas. Dessa forma, a junção desses dois metabólitos forma o ácido carbônico. Depois disso, um H+ sai espontaneamente do ácido carbônico, e, assim, forma-se o bicarbonato. O bicarbonato, por sua vez, sofre uma reação e é transformado em carbonil 64 Bioquímica Metabólica | Bárbara C. Rovaris | Prof. Liz Claudio Miletti fosfato. Então, uma glutamina doa seu NH2 para o carbonil fosfato, e sai na forma de glutamanto. E, dessa maneira, forma-se o ácido carbâmico. O ácido carbâmico é, então, transformado em carbamil fosfato, através da quebra de um ATP em ADP. Segundo passo para a biossíntese de pirimidinas. Depois disso, o carbamil fosfato se liga a um aspartato, formando o N-carbamilasparato. Essa molécula, então, passa por uma reação e é transformada em diidro orotato, que por sua vez passa por uma oxidação, e vira orotato. O orotato é uma base intermediária as pirimidinas, uma vez que não é usada para o organismo para outra função. Sendo assim, o orotato se junta a uma molécula de PRPP, e forma a orotidina 5 fosfato. Depois disso, a Terceiro passo para a biossíntese de pirimidinas. orotidina 5 fosfato perde um CO2, e se transforma em uridina 5 fosfato, a primeira base pirimídica a ser formada. Por fim, o UTP recebe um NH2 de uma glutamina, e forma o CTP. A via de salvamento é a via metabólica pela qual o organismosalva do metabolismo os nucleotídeos e as bases que vieram da alimentação do animal. Sendo assim, o organismo junta o PRPP com a base e forma os nucleotídeos novamente. há enzimas capazes de absorver bases a fim de sintetizar um novo nucleotídeo. Sendo assim, no caso das purinas, o PRPP é juntado com a base (adenina, guanina ou hipoxantina), e através da ação das enzimas APRT e HPRT1, forma-se o IMP, que por sua vez poderá ser transformado em ATP e GTP. no caso das pirimidinas, o organismo salva citosinas vindas da alimentação, e as junta com o PRPP para formar o UMP. Todos os passos demonstrados acima são para a formação de ribonucleotídeos. Sendo assim, depois de formados, a ribose passa por algumas modificações para que sejam formados os desoxinucleotídeos. Dessa forma, o nucleotídeo difosfato, perde um oxigênio, através de uma reação catalisada pela enzima ribonucleotídeo redutase, no qual há a saída de uma H20. Essa enzima, retira o oxigênio do nucleotídeo e capta dois hidrogênios de uma tiorredoxina reduzida. A tiorredoxina possui dois enxofres, e como ela está reduzida, esses enxofres A síntese das purinas inicia com o açúcar (PRPP) e depois, vão sendo adicionados os metabólitos simples. Já a síntese de pirimidinas começa com os metabólitos simples, para então, formar-se uma base intermediária, para depois adicionar o açúcar e formar o nucleotídeo. 65 Bioquímica Metabólica | Bárbara C. Rovaris | Prof. Liz Claudio Miletti estão ligados a hidrogênios. Quando a ribonucleotídeo redutase pega esses hidrogênios, a tiorredoxina fica oxidada, uma vez que seus enxofres se ligam entre si. Dessa forma, a enzima ribonucleotídeo redutase pega o oxigênio e os hidrogênios e forma uma molécula de água. E o nucleotídeo difosfato passa a ser um desoxinucleotídeo difosfato. Para que a tiorredoxina volte a ficar reduzida e possa doar mais hidrogênios para a ribonucleotídeo redutase, uma molécula de NADPH+H+, vinda da Via das Pentoses-Fosfato, a reduz, doando seus hidrogênios para ela. A degradação dos nucleotídeos acontece no período pós-absortivo. Além disso, nenhum animal excreta bases ou nucleotídeos, por esse motivo eles precisam ser degradados até substâncias que possam ser excretadas. O resultado da degradação das piridimindas é: Acetil-CoA e Propionil-CoA. O Acetil-CoA vai diretamente para o Ciclo de Krebs, já o propionil-CoA é primeiro transformado em Succinil-CoA, para que ele possa ser usado pelo Ciclo de Krebs. Sendo assim, os carbonos são usados como fonte de energia, e os nitrogênios vão para o ciclo da ureia. A degradação das purinas chega em duas bases intermediárias: a hipoxantina e a guanina. Sendo assim, ambas são transformadas em xantina. A hipoxantina é transformada em xantina pela enzima xantina desidrogenase, que adiciona uma dupla ligação a hipoxantina. Já a guanina é transformada em xantina pela enzima guanina desaminase, que adiciona uma dupla ligação com oxigênio no lugar do NH2 da guanina. A xantina, por sua vez, é transformada em Ácido Úrico, através de uma oxidorredução feita pela enzima xantina desidrogenase. Nessa reação, um NAD+ oxida a xantina, e sai na forma de NADH+H+. Sendo assim, aves, répteis terrestres, macacos superiores, homens e dálmatas excretam ácido úrico na urina. Porém, algumas outras espécies de animais continuam a degradação. Dessa forma, todos os outros mamíferos excretam alantoina. O ácido úrico é transformado em alantoina pela ação da enzima uricase. Já alguns teleósteos secretam ácido alantóico. Sendo assim, a alantoina é transformada em ácido alantóico pela ação da enzima alantoinase. E por fim, os seláceos e os outros teleósteos secretam ácido glioxílico e ureia. Dessa forma, o 66 Bioquímica Metabólica | Bárbara C. Rovaris | Prof. Liz Claudio Miletti ácido alantóico é transformada em ácido glioxílico e em ureia. A ureia, por sua vez, passa por uma reação catalisada pela enzima urease e libera CO2+NH3. Resumo da degradação de pirimidinas e purinas.
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