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Doenças Respiratórias - Clínica de Pequenos Animais

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Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
1 Doenças do Sistema Respiratório 
SÍNDROME DOS BRAQUICEFÁLICOS 
A síndrome braquicefálica, também denominada 
síndrome das vias respiratórias dos 
braquicefálicos, caracteriza-se por anormalidades 
anatômicas congênitas das vias respiratórias 
anteriores, identificadas por alterações como 
estenose dos orifícios nasais, prolongamento do 
palato mole e hipoplasia traqueal. Estas ocorrem 
de maneira isolada ou combinadas, podendo ser 
agravadas por complicações secundárias. 
As raças de maior ocorrência incluem Shih Tzu, 
Lhasa Apso, Maltês, Boxer, Buldogues Inglês e 
Francês, Cavalier King Charles Spaniel, Pequinês, 
Pug e Boston Terrier, e alguns gatos de face curta, 
como Persa e Himalaio. 
As malformações de maior ocorrência são o 
prolongamento do palato mole e estenosa das 
narinas. 
CARACTERÍSTICAS FISIOPATOLÓGICAS 
ORIFÍCIOS NASAIS ESTENOSADOS 
Os animais com orifícios nasais estenosados 
apresentam deslocamento medial da asa da 
narina, colapsando e fechando o espaço aéreo e, 
em situações mais graves, a respiração passa a 
ser totalmente dependente da cavidade oral. 
Estes animais apresentam esforço inspiratório 
maior e com padrão de dispneia de grau leve a 
importante. 
HIPOPLASIA DE TRAQUEIA 
A hipoplasia da traqueia é caracterizada por 
significativo estreitamento ao longo de toda a 
extensão traqueal. Os anéis traqueais 
cartilaginosos tendem a ser menores e mais 
rígidos que o normal, inclusive se sobrepondo 
dorsalmente, de modo que praticamente não 
existe o músculo dorsal. 
PROLONGAMENTO DO PALATO MOLE 
Os cães com prolongamento do palato 
apresentam interferência da respiração como 
resultado do seu avanço além da borda da 
epiglote e, como consequência, a obstrução da 
laringe. Esta obstrução mecânica determina 
vibração do tecido pela passagem de ar na 
inspiração, com a produção de graus variados de 
estridores respiratórios, bem como edema 
inflamatório da laringe. 
SÁCULOS LARÍNGEOS EVERTIDOS 
 É uma afecção secundária 
Os sáculos laríngeos, por apresentarem baixa 
resistência de sustentação, podem ser facilmente 
evertidos quando há pressão negativa no interior 
das vias respiratórias nas crises respiratórias. 
SINAIS E SINTOMAS 
Os sinais e sintomas clínicos dependem da 
intensidade da oclusão do fluxo aéreo nas vias 
respiratórias superiores, podendo variar de 
discretos a importantes, incluindo: 
• Respiração ruidosa 
• Estridores e estertores 
• Tosse 
• Alteração vocal 
• Tentativas de vômito 
• Engasgos 
• Espirros reversos 
• Intolerância ao exercício 
• Dispneia 
• Mucosas pálidas ou cianóticas 
• Síncope. 
Nos casos mais graves, podem evoluir para 
edema pulmonar devido à redução da pressão 
intratorácica. 
Uma das complicações secundárias da síndrome 
são as alterações digestivas. Com o aumento do 
esforço respiratório inspiratório, particularmente 
nos animais com obstrução total das narinas, 
podemos ter dilatação esofágica e gástrica como 
resultado da aerofagia. Nestes animais são ainda 
comuns, além da flatulência, distúrbios de 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
2 Doenças do Sistema Respiratório 
deglutição, regurgitação ou vômitos. 
A hipertensão pulmonar é outra complicação 
encontrada nesta síndrome respiratória, 
particularmente em casos crônicos, com evolução 
para quadros de cor pulmonale, com dilatação e 
hipertrofia compensatória do ventrículo direito. 
A termorregulação apresenta-se comprometida 
em muitos animais braquicefálicos. Esses animais, 
em sua maioria, não conseguem regular sua 
temperatura corporal, podendo haver 
hipertermia, que invariavelmente se agrava, 
dependendo da temperatura ambiental. 
Os cães não se refrescam utilizando apenas a 
superfície da língua e a respiração para dissipar o 
calor. Na cavidade nasal desses animais existem 
cornetos ramificados extremamente finos, sendo 
o maior destes o corneto nasal ventral, revestido 
por um epitélio respiratório, olfatório e também 
por uma superfície mucosa de grandes dimensões 
e altamente vascularizada. Quando o fluxo de ar 
inspirado passar por essa estrutura previamente 
umidificada por uma glândula existente apenas 
nos cães, o sangue contido nessa mucosa será 
arrefecido por meio de evaporação. Assim, esse 
órgão tem, nos cães, além das funções olfatória e 
respiratória, uma terceira função vital: 
termorregulação. 
DIAGNÓSTICO 
Se baseia no histórico de obstrução das vias 
respiratórias superiores em raças predispostas. A 
endoscopia das vias respiratórias anteriores e o 
exame radiográfico podem ser indicados para a 
confirmação do diagnóstico e para a avaliação da 
gravidade desta síndrome. 
TRATAMENTO 
O tratamento consiste na correção cirúrgica das 
alterações anatômicas, como estenose das 
narinas e palato mole prolongado, visando à 
desobstrução das vias respiratórias superiores. 
Além disso, é interessante atenuar ou evitar os 
fatores que intensificam o quadro clínico, como 
exercícios, excitação e superaquecimento. 
Cães com eversão dos sacos laríngeos podem ser 
tratados com o uso de glicocorticoides, como 
hidrocortisona intravenosa, nos casos agudos, e 
prednisona, nos casos inflamatórios crônicos. 
Em cães hiperexcitados e com angústia 
respiratória, o uso de ansiolíticos como o 
tartarato de butorfanol (0,01 a 0,02 mg/kg) pode 
ser uma alternativa importante na melhora do 
padrão respiratório em momentos de crise. 
Em dias quentes, particularmente nos animais 
com palato mole prolongado, ingerir água e 
tomar banhos gelados pode ajudar no controle da 
hipertermia corporal. 
Em casos que apresentam como complicação 
secundária hipertensão pulmonar, o uso de 
fármacos como furosemida, inibidores de enzima 
conversora de angiotensina e citrato de 
sildenafila pode minimizar a cianose e os sinais de 
insuficiência cardíaca congestiva direita. 
COLAPSO DE TRAQUEIA 
ETIOLOGIA 
Geralmente acomete animais de idade média a 
avançada, porém há relatos de jovens com lesões 
congênitas. O colapso de traqueia é caracterizado 
por estreitamento ou deformidade da traqueia, 
em que a membrana traqueal dorsal prolapsa 
para dentro do lúmen. Isso ocorre por deficiência 
ou ausência de sulfato de condroitina e 
glicosaminoglicanos alterando a matriz orgânica 
dos anéis traqueais. Estes se tornam 
hipocelulares, perdem a eficiência em reter água, 
o que leva à diminuição da capacidade de manter 
a rigidez funcional, causando enfraquecimento e 
achatamento dos anéis da traqueia. Fatores como 
compressão extrínseca, inflamação crônica e 
alterações nas fibras elásticas da membrana 
traqueal dorsal e dos ligamentos anulares 
também foram considerados possíveis causas 
contribuintes para o desenvolvimento do colapso. 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
3 Doenças do Sistema Respiratório 
Pode estar colapsada apenas na região cervical, 
mas é mais comum na região cervical e torácica. 
Devido ao esforço feito pelos animais 
acometidos, ocorre colapso dinâmico da 
membrana da traqueia dorsal para dentro do 
lúmen e, consequentemente, irritação e 
inflamação da mucosa, insuficiência do aparelho 
mucociliar e aumento do risco de extensão do 
colapso traqueal para os brônquios e região de 
carina. 
O colapso de traqueia pode estar associado a 
diversas outras condições como bronquite 
crônica, doença cardíaca crônica (como 
insuficiência da valva mitral), traumatismo 
traqueal, obesidade, aumento do tecido adiposo 
mediastinal e massas torácicas. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
O colapso traqueal é uma das causas mais 
comuns de obstrução das vias respiratórias nos 
cães de raças pequenas e é uma causa frequente 
de morbidade e mortalidade. As raças de 
pequeno porte e miniatura (toys), como 
Chihuahua, Lulu-da-pomerânia, Poodle Miniatura, 
Shih Tzu, Lhasa Apso e Yorkshire Terrier são as 
mais acometidas. 
O colapso de traqueia pode causar síndrome de 
angústia respiratória. Normalmente os pacientes 
apresentam históricode tosse crônica e 
paroxística, de alta sonoridade, muitas vezes 
descrita pelo proprietário como um “grasnar de 
ganso” ou um engasgo, como se o animal 
quisesse eliminar algo. Esse sintoma pode ser 
exacerbado após agitação, compressão da 
traqueia (coleiras) e após a ingestão de água e 
alimento. O agravamento da doença pode 
conduzir a taquipneia, intolerância ao exercício e 
desconforto respiratório que tendem a ocorrer 
durante esforço físico, estresse térmico ou em 
condições úmidas. 
Durante o exame físico se o paciente apresentar 
agitação extrema ou angustia respiratória pode 
manifestar cianose, distrição respiratória e febre. 
O colapso traqueal cervical geralmente provoca 
dificuldade respiratória na inspiração, enquanto o 
colapso intratorácico resulta em esforço 
expiratório. 
Alguns pacientes podem apresentar tosse que 
imita um “grasnar de ganso” durante a consulta, 
e esta manifestação clínica pode ser provocada 
com a palpação da traqueia na região da entrada 
do tórax. A auscultação sobre a traqueia pode 
revelar ruídos como estridores na inspiração e 
expiração devido ao estreitamento do diâmetro 
traqueal extratorácico. A ausculta pulmonar pode 
variar com a ocorrência de murmúrio vesicular, 
ruídos crepitantes, estridores, estertores e sibilos. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é baseado em identificação, 
achados de anamnese, exame físico e exames 
complementares. Os exames radiográficos para a 
avaliação da traqueia colapsada devem ser 
realizados em projeções dorsoventral e lateral 
das regiões cervical e torácica. Por ser um 
processo dinâmico, a avaliação deve ser feita 
durante as fases de inspiração e expiração. 
• Traqueoscopia 
• Fluoroscopia 
TRATAMENTO 
A terapia para o colapso de traqueia é dividida 
em abordagem aguda e terapia crônica. A 
abordagem aguda é indicada para animais que se 
apresentam em distrição respiratória. É uma 
emergência médica e requer intervenção 
terapêutica rápida para estabilização do paciente. 
• O fármaco de escolha para iniciar a 
sedação é o butorfanol injetável (0,05 a 
0,1 mg/kg por via subcutânea [SC] a cada 
4 a 6 h), pois é um fármaco que apresenta 
também potente ação antitussígena. Pode 
ser utilizado como agente único ou 
associado à acepromazina (0,01 a 0,1 
mg/kg SC a cada 4 a 6 h). 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
4 Doenças do Sistema Respiratório 
• Para os pacientes que se apresentam em 
distrição respiratória e cianose, é 
necessário o suprimento de uma fonte de 
oxigênio umidificado e a colocação de 
acesso venoso para aplicação de fármacos 
emergenciais. 
• Caso tenha edema traqueal e inflamação 
da laringe usa corticoide como 
dexametasona 0,04 mg/kg IV. 
• Os broncodilatadores são indicados por 
diminuírem os espasmos das vias 
respiratórias menores, reduzirem a 
pressão intratorácica e a tendência das 
vias respiratórias maiores a entrarem em 
colapso. Adicionalmente estes fármacos 
melhoram a depuração mucociliar e 
diminuem a fadiga diafragmática. 
A terapia crônica é indicada para pacientes 
estáveis e envolve basicamente a diminuição da 
ansiedade com o uso de antitussígenos, 
broncodilatadores, nebulização ou inalação com 
solução salina, evitar contato com fatores 
alérgicos, identificação e tratamento de doenças 
concomitantes. 
• Os antitussígenos são indicados quando a 
infecção e a inflamação foram tratadas de 
maneira adequada. Estes fármacos 
reduzem a irritação crônica e inibem a 
tosse; incluem o butorfanol (0,5 mg/kg 
por via oral a cada 6 a 12 h) e a codeína 
(0,25 mg/kg por via oral a cada 6 a 12 h) 
o Ao tratar um animal com 
supressores de tosse, recomenda-
se começar com um intervalo de 
dosagem frequente e, 
gradualmente, prolongar o tempo 
entre cada administração, até que 
a dose eficaz mais baixa seja 
utilizada em intervalo mais longo. 
Os efeitos secundários destes 
fármacos incluem sedação, 
constipação intestinal e 
desenvolvimento de tolerância ao 
fármaco. 
• O uso de glicocorticoides na terapia 
crônica deve ser eventual, pois apesar de 
aliviarem os sintomas pelo seu efeito anti-
inflamatório, eles podem contribuir para o 
ganho de peso 
o anti-inflamatória de prednisona 
(0,5 mg/kg, por via oral a cada 12 
h) ou esteroides inalados 
(propionato de fluticasona, 110 μg, 
administrado por máscara (Figura 
149.3), durante 5 a 7 dias 
As próteses extraluminais de polipropileno são 
indicadas para colapso traqueal cervical. Apesar 
do sucesso da estabilização extraluminal, com 
uma taxa de recuperação de 75 a 85%, este 
procedimento é invasivo, pois o método requer 
cirurgia aberta, o que pode levar a complicações 
adicionais, tais como tosse persistente, paralisia 
laríngea iatrogênica, dispneia e óbito. Paralisia 
laríngea pósoperatória pode ocorrer como um 
problema em potencial por causa da lesão do 
nervo laríngeo. 
No caso do colapso intratorácico, pode se colocar 
um dispositivo intraluminal de nitinol 
autoexpansível (liga de níquel-titânio). O nitinol é 
um material flexível e elástico e tem propriedades 
físicas semelhantes às da cartilagem da traqueia. 
Após a implantação do stent no interior do lúmen 
traqueal, este dispositivo se adapta gradualmente 
ao tamanho do lúmen. 
COMPLEXO RESPIRATÓRIO FELINO 
Os agentes virais mais comuns isoladamente os 
associados são: herpes-vírus felino 1 (FHV-1) e 
calicivírus felino (FCV). os agentes bacterianos, os 
de maior importância são Bordetella 
bronchiseptica, bactéria considerada um 
patógeno primário do trato respiratório dos 
felinos, e Chlamydophila felis, que, embora esteja 
relacionada com a doença respiratória, é 
predominantemente um agente que causa 
enfermidade conjuntival. Outros agentes 
bacterianos podem estar envolvidos no complexo 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
5 Doenças do Sistema Respiratório 
respiratório, como Mycoplasma spp., além de 
reovírus felino e cowpox vírus. 
EPIDEMIOLOGIA 
O FHV-1 é eliminado pelos animais portadores 
inaparentes ou doentes, por meio das secreções 
nasal e oral. A principal porta de entrada são as 
conjuntivas ocular, nasal e oral, sendo que o 
quadro clínico manifesta-se após o período de 
incubação, que varia de 2 a 6 dias. Os animais 
suscetíveis são especialmente os mais jovens, 
mas animais de todas as idades podem 
apresentar quadro clínico da enfermidade, 
principalmente quando acometidos de 
enfermidades imunossupressoras, como o vírus 
da imunodeficiência felina. 
HERPES-VÍRUS FELINO 1 
 Vírus da rinotraqueíte infecciosa felina 
 DNA 
 Pouco resistente, facilmente destruído por 
desinfetantes comuns 
 Infecta os gatos domésticos, além de 
outros felídeos, como leões, pumas e 
guepardos 
 Apresenta tropismo pelas células epiteliais 
e pelo tecido nervoso, local onde fica 
latente, na maioria das vezes, no gânglio 
do nervo trigêmeo 
O animal infecta-se naturalmente pelas vias nasal, 
oral e conjuntival e a replicação viral ocorre 
predominantemente na mucosa nasal, na mucosa 
que reveste os ossos turbinados, na nasofaringe e 
nas tonsilas. A excreção viral pode ser detectada 
24 h após a infecção e persiste por até 3 semanas. 
Quadros de viremia são raros, mas podem 
ocorrem em animais debilitados ou em neonatos, 
levando a um quadro de doença sistêmica. A 
infecção por FHV-1 leva a quadros de necrose 
epitelial, ocorrendo infiltrado neutrofílico e 
exsudato fibrinoso. As lesões virais podem levar a 
um quadro de osteólise dos ossos turbinados que 
se caracteriza como um dano permanente. As 
infecções bacterianas secundárias podem 
aumentar as lesões causadas pelo herpesvírus, 
provocando quadros de pneumonia e sinusite. Em 
casos não complicados, as lesões regridem dentro 
de um período de 2 a 3 semanas. 
Em animais suscetíveis, o FHV-1 produz quadros 
respiratórios graves que se manifestam 
geralmente após o período de incubação que 
varia entre 2 e 6 dias, podendo ser mais longo na 
dependência da carga viral infectante. 
Os sintomas incluem: depressão, espirrosfrequentes, inapetência, febre, descargas nasais e 
oculares que inicialmente são serosas, mas 
tornam-se gradualmente mucopurulentas, 
formando crostas nas narinas e nos olhos. Outras 
manifestações clínicas incluem queratite 
intersticial e ulcerativa, sequestro córneo e 
possível correlação aos quadros de uveíte. 
A resolução dos sintomas ocorre, na maioria das 
vezes, dentro de 10 a 20 dias, porém gatos com 
danos graves aos ossos podem desenvolver 
quadros crônicos de rinite, osteomielite, sinusite 
e conjuntivite. 
 Raças de nariz curto tem uma tendencia 
maior 
CALICIVÍRUS FELINO 
O vírus é excretado pelas secreções nasal e oral e 
as principais portas de entrada são as conjuntivas. 
Os animais não portam o vírus pela vida toda. 
O FCV pode acometer animais de todas as idades, 
mas os filhotes são os mais suscetíveis e, 
geralmente, apresentam as formas clínicas mais 
graves. 
 RNA 
 Não envelopado 
 Resistente, sobrevive durante semanas ou 
mais 
 Não é sensível aos desinfetantes comuns, 
mas uma boa maneira de higienizar o 
ambiente, tanto para o FCV quanto para o 
FHV-1, é o uso de água sanitária diluída na 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
6 Doenças do Sistema Respiratório 
proporção 1:32, em água acrescida de 
detergente 
 Infectados eliminam o vírus durante um 
período de 30 a 74 dias 
O vírus persiste nas tonsilas e na orofaringe e 
pode ser excretado em maior ou menor 
quantidade. As vacinas comercialmente 
disponíveis são capazes de proteger o animal da 
infecção clínica, mas não são capazes de evitar 
que o animal se infecte e se torne um portador 
inaparente. 
Os animais infectam-se com FCV pelas 
membranas nasal, oral e/ou conjuntival. A 
replicação viral ocorre predominantemente na 
mucosa oral e nos pulmões, mas existem algumas 
diferenças entre as linhagens virais, sendo que 
algumas têm predileção pelo tecido pulmonar, 
enquanto outras podem ser encontradas nas 
membranas sinoviais, infectando macrófagos. 
Partículas virais já foram detectadas em outras 
vísceras, bem como nas fezes e, ocasionalmente, 
na urina. 
As úlceras orais são os achados mais significativos 
de infecções por calicivírus. Estas úlceras 
começam como vesículas que posteriormente se 
rompem, provocando necrose do epitélio e 
ocorrência de infiltrado neutrofílico. A resolução 
das úlceras se dá dentro de 2 a 3 semanas. 
A maioria das linhagens tem os sintomas: febre, 
ulceração oral e conjuntivite, além de sinais 
respiratórios brandos. Há relatos de surtos com 
quadro sistêmico grave e com alta mortalidade, 
que incluem edema, pneumonia, icterícia e 
hemorragia, geralmente associadas a linhagens 
de alta virulência. Em um quadro típico de 
infecção por FCV, os sintomas incluem apatia, 
anorexia, febre e, posteriormente, a formação de 
úlceras na cavidade oral, sendo que este último 
pode ser o único sinal clínico presente. 
BORDETELLA BRONCHISEPTICA E 
CHLAMIDOPHILA FELIS 
Os sintomas associados a infecções por B. 
bronchiseptica incluem febre, espirros, descargas 
oculares e tosse, aumento dos linfonodos 
submandibulares, podendo incluir, em casos mais 
graves, dispneia grave, cianose e morte associada 
a quadros de broncopneumonia. Nas infecções 
mais brandas, que ocorrem na maioria das vezes, 
a resolução do quadro ocorre em 
aproximadamente 10 dias. 
A Chlamidophila felis (antigamente nomeada 
como Chlamydia psittaci) é um patógeno 
conjuntival primário em gatos e sua transmissão é 
comum em locais de alta densidade populacional. 
Pode causar conjuntivite em gatos jovens, além 
dos quadros de oftalmia neonatal. 
O período de incubação é curto e o quadro clínico 
inclui descarga nasal e espirros, não tão 
proeminentes como nas infecções por FHV-1 e 
FCV, descargas oculares acompanhadas de 
hiperemia conjuntival e blefaroespasmo. 
Inicialmente, as alterações podem ser observadas 
em apenas um olho, mas, na maioria das vezes, 
ambos os olhos são acometidos. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico do complexo respiratório felino 
pode ser basicamente realizado mediante 
observações clínicas. Animais que 
predominantemente apresentam úlceras na 
cavidade oral indicam infecção por FCV; já em 
animais com pronunciado quadro de espirros, 
com sinais respiratórios e conjuntivais mais 
graves, suspeita-se de FHV-1. Em casos em que o 
quadro de conjuntivite é intenso e persistente, a 
infecção por Chlamydophila é a principal suspeita 
diagnóstica. 
O isolamento de FHV-1 e FCV pode ser obtido 
pelo cultivo celular de material proveniente de 
swab conjuntival ou de nasofaringe, além da 
realização de técnicas de ELISA e de PCR. Para o 
diagnóstico de B. bronchiseptica, os swabs nasal 
ou de orofaringe devem ser acondicionados em 
meio de transporte até sua chegada ao 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
7 Doenças do Sistema Respiratório 
laboratório. Porém no caso de Bordella e FCV, 
não podemos fechar diagnóstico pois eles podem 
estar presentes em animais hígidos. 
TRATAMENTO 
Nas enfermidades respiratórias em geral, os 
antibióticos devem ser empregados no controle 
de infecções bacterianas secundárias; estes 
podem incluir tetraciclina, doxiciclina, 
enrofloxacino, orbifloxacina, eritromicina, 
azitromicina e sulfatrimetoprima. 
 Limpeza dos olhos e narina com soro 
 Além da instilação de descongestionantes 
nasais à base de fenilefrina, 1 vez/dia 
 Mucolíticos, como a bromexina e a 
nebulização do ambiente com salina 
PROFILAXIA 
Os filhotes sofrem interferência dos anticorpos 
colostrais por até 12 semanas após o nascimento, 
portanto a vacinação de animais de origem 
conhecida deve ser iniciada a partir de 12 
semanas de vida. 
 Reforço vacinal 
 Quarentena de novos animais 
 Limpeza do ambiente 
CLAMIDOFILOSE FELINA 
EPIDEMIOLOGIA 
 É frequente em colônias e abrigos com 
alta densidade de gatos 
 Os acometidos são na maioria jovens com 
menos de 1 ano 
TRANSMISSÃO E PATOGENIA 
 Não sobrevive ao meio externo ao 
hospedeiro 
 Transmissão direta por secreção ocular 
 A interação social dos felinos, relevando-
se os hábitos de autolimpeza e 
higienização mútua (grooming), é 
importante fator de transmissão 
Gatos infectados eliminam pelas secreções 
oculares por 60 dias desde a infecção, porém 
alguns animais podem se tornar 
permanentemente infectados. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Variam, individualmente, de acordo com idade do 
indivíduo infectado, imunocompetência, 
comprometimento tecidual e virulência da cepa. 
Após um período de incubação de 2 a 5 dias, 
iniciam-se os sintomas oculares. A primeira 
manifestação sintomática é a secreção ocular 
unilateral, que em geral compromete o outro 
olho em um intervalo 1 a 2 dias. 
Costuma-se notar conjuntivite grave, com 
hiperemia, congestão e quemose das conjuntivas 
palpebrais, comprometendo também a 
membrana nictitante ou terceira pálpebra. Pode 
haver desconforto ocular e blefarospasmo. A 
quemose é bastante pronunciada em 
clamidofilose, sendo a característica clinica mais 
importante. 
 Sintomas respiratórios são brancos e 
raros. 
Gatos com clamidofilose se apresentam alertas e 
altivos; apesar de raramente mostrarem 
comprometimento do estado geral, febre 
transitória, disorexia e perda de peso podem 
surgir no período de incubação. 
DIAGNÓSTICO 
 Anamnese e sintomas 
 Citologia: da conjuntiva por swab 
 Cultura e isolamento: cultura celular 
 PCR 
 Sorologia: anticorpos em gatos não 
vacinados 
TRATAMENTO 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Pequenos Rebeca Meneses 
8 Doenças do Sistema Respiratório 
 O tratamento tópico com pomadas 
oftalmológicas de tetraciclina a 1% (2 
vezes/dia), durante 15 dias). 
 Tetraciclinas são os fármacos de escolha 
o A doxiciclina traz ainda consigo a 
vantagem da administração em 
dose única diária, sendo 
frequentemente prescrita na 
posologia de 10 mg/kg, a cada 24 
h, por via oral, por 4 a 6 semanas 
 As fluoroquinolonas (enrofloxacino ou 
pradofloxacino, 5 mg/kg,a cada 24 h) 
também são efetivas, mas apresentam 
risco potencial de alterações na visão e 
comprometimento articular, além de não 
eliminarem o estado de portador; por isso, 
o tratamento com amoxicilina associada 
ao ácido clavulânico (12,5 mg/kg, a cada 
12 h) durante 4 semanas representa a 
forma mais segura de tratamento para 
animais muito jovens 
PROFILAXIA 
 Imunização: vacinação em animais com 
risco de exposição ao agente, 
particularmente em grandes agregados e 
criatórios, e colônias, mesmo pequenas, 
com histórico prévio de clamidofilose 
o O esquema vacinal deve ser 
iniciado às 8 semanas de idade, 
requerendo uma segunda dose 
vacinal após 3 ou 4 semanas 
 Manejo higiênico-sanitário

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