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Conflitos na Aquisição de Direito de Uso e Aproveitamento de Terra em Moçambique

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FACULDADE DE DIREITO
CURSO CIÊNCIAS JURÍDICAS ECONÓMICAS
ALCÍDIO AMADEU LUÍS LEÃO
CAUSAS DOS CONFLITOS NA AQUISIÇÃO DO DIREITO DE USO E APROVEITAMENTO DE TERRA COMO UM DIREITO REAL NO REGIME JURÍDICO MOÇAMBICANO E SEUS MEIOS DE DEFESA
MATOLA
2018
Alcídio Amadeu Luís Leão 
Causas dos conflitos na aquisição de direito do uso e aproveitamento de terra como um direito real no regime jurídico moçambicano e seus meios de defesa
Monografia apresentada ao curso De 
Graduação ciências jurídica económico
da Universidade Nachingwea como 
Obtenção do Grau de Licenciado
Orientador: Mestre Dique Virgílio Mateus
_______________________________
MATOLA
2018
Alcídio Amadeu Luís Leão 
Causas dos Conflitos na Aquisição de Direito de uso e Aproveitamento de Terra como um direito real no regime jurídico moçambicano e seus meios de defesa
Monografia apresentada ao curso De 
Graduação ciências jurídica económico
da Universidade Nachingwea como para
Obtenção do Grau de Licenciado
Orientador: Mestre Dique Virgílio Mateus 
_______________________________
Presidente
Assinatura:___________________________________;
Supervisor 
Assinatura:___________________________________;
Oponente
Assinatura:___________________________________; 
MATOLA
2018
Dedicatória
A todos que sempre incentivaram a
Trilhar o caminho da pesquisa experimental
Agradecimentos
A Deus pelo dom da vida e por sempre abençoem os meus caminhos;
Aos meus pais, familiares e amigos, pelo apoio;
Ao meu orientador: Mestre Dique Virgílio Mateus pela orientação e incentivo.
A equipe do grupo e da biblioteca. 
A todos os meus professores ao longo do curso.
A todos os colegas da turma pelo carinho e amizade compartilhados.
Resumo
Este presente trabalho trata sobre as Causas dos Conflitos na Aquisição de Direito de Uso e Aproveitamento de Terra, vulgarmente conhecido por DUAT, como um direito real no regime jurídico moçambicano e seus meios de defesa numa olhado uma perspectiva actual vivida no meio social urbano e rural uma vez que tem se notado que os terrenos estão a tornar-se uma fonte de problemas. 
A Constituição estabelece que “o Estado determina as condições de uso e aproveitamento da terra e o direito de uso e aproveitamento de terra é conferido as pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim social ou económico e reconhece os direitos adquiridos por herança ou ocupação da terra”. Uma vez que na República de Moçambique a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida, ou por qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada.
Trata-se de um direito com conteúdo exclusivo, na medida em que só o Estado pode ser proprietário, a terra só pode pertencer ao Estado. Os poderes de uso e fruição incluídos no direito de propriedade são exercidos através dos cidadãos, que na prática gozam deles. Os direitos reais menores, que concorrem e coexistem com a propriedade, atribuem ao seu titular a faculdade de ter o bem em seu poder. São direitos absolutos, inerentes a uma coisa e funcionalmente dirigidos á afectação desta aos interesses do sujeito. 
A transmissão é definida como o fenómeno jurídico pelo qual um direito subjectivo ou uma vinculação jurídica passa da esfera jurídica por acto entre vivos da esfera jurídica de um para outro.
O direito de uso e aproveitamento d a terra, não pode ser concedido nas zonas de protecção total e parcial, visto tratar-se de zonas de domínio público (zonas destinadas à satisfação do interesse público). Nestas zonas só é permitido o exercício de determinadas actividades mediante emissão de licenças especiais.
Como meio de defesa do cidadão tem o direito de recorrer aos tribunais contra os actos que violem os seus direitos reconhecidos pela constituição e pela lei e garante o acesso á justiça, bem como o direito de defesa (artigos 62 e 70 da CRM), disposição constante também do art.º 4 da LOTJO art.º 32 n.º 2 da LT.
Abstract
This present work deals with the causes of conflicts in the acquisition of rights of use and enjoyment of land as a right in rem in the Mozambican legal system and its means of defence looked a current perspective lived in urban and rural social environment since have you noticed that the grounds are becoming a source of problems.The Constitution states: "the State determines the conditions for the use and enjoyment of the land and the right of use and enjoyment of land is given the natural or legal persons having regard to your social or economic purpose and recognizes the rights acquired by inheritance or occupation of land ".Once in the Republic of Mozambique the land is owned by the State and cannot be sold or otherwise alienated, mortgaged, or pawned.It is a right to exclusive content, to the extent that only the State can be the land owner can only belong to the State.The powers of use and enjoyment that is included in the right of ownership are exercised by citizens, they enjoy them in practice.The smaller rights compete and coexist with the property, attach to your holder the option of having the good in your power.Are absolute rights, inherent in something and functionally driven to this allocation to the interests of the subject.The transmission is defined as the legal phenomenon whereby a subjective right or a legal binding legal ball passes (direct or useful) by an act between the legal sphere of another.The right of use and enjoyment of the land, cannot be granted in the total and partial protection zones, as it is public domain zones (zones designed to satisfy the public interest).In these areas is only allowed the exercise of certain activities by issuing special licenses.As a defence of the citizen has the right to appeal to the courts against the acts that violate their rights recognized by the Constitution and by law and ensures access to justice and the right of defence (articles 62 and 70 of CRM), also from the provision RT 4 LOTJO paragraph of article 32 paragraph 2 of the LT.
Índice…………………………………………………………………………………..….
Agradecimentos	2
Resumo	3
Abstract	4
Introdução	1
1.1.	Objectivo geral	3
1.2.	Objectivos específicos;	3
1.3.	Hipóteses	4
2.	Metodologia	5
3.	Abreviaturas	6
4.	Estrutura do Trabalho	7
Capítulo I	8
5.	Conceitos básicos	8
6.	Causas dos conflitos	11
6.1.	Ocupação costumeira	11
6.2.	Ocupação por boa-fé	12
6.3.	Acesso á terra por via de uma autorização do Estado	13
7.	Factores que influenciam no conflito de terra	15
Capítulo II	16
8.	A aquisição de direito de uso e aproveitamento de terra	16
9.	Domínio Público	18
10.	Direito de uso e aproveitamento da terra como um direito real	21
11.	Transmissão	25
12.	Competência para atribuições de DUAT	27
Capitulo III	28
13.	Meios Extrajudiciais na Defesa do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra	28
Secção I	29
Meios Extrajudiciais	29
13.1.	Acção Directa	29
13.2.	Tribunais Comunitários	30
13.3.	Autoridades Comunitárias	31
Secção II	32
14.	Os Meios Judicias na Defesa do Direito do Uso e aproveitamento da Terra	32
14.1.	Acções Reais	33
14.2.	As providências Cautelares	33
14.3.	Restituição Provisória da Posse	33
14.4.	Embargo de Obra Nova	34
14.5.	Providências Cautelares não especificadas	34
14.6.	Acção de prevenção	35
14.7.	Acção de Manutenção	35
14.8.	Acção de restituição	35
14.9.	Acção de Reivindicação	36
15.	Acção Real de Demarcação	37
Capitulo IV	38
16.	Esta parte é reservada Caso/ Trabalho de campo realizado no distrito de Marracuene	38
17. Conclusão	40
Recomendações	41
18. Bibliografia	42
Legislação	42
Introdução 
Actualmente tem si notado que os terrenos estão a tornar-se uma fonte de problemas, principalmente nas zonas habitadas, da qual é ocupada por prática costumeira, modelo de ocupação de terra reconhecida pela Lei de terras. 
Na maioria das vezes as causas dos conflitos estão relacionadas com as formas através das quais é adquirido o direito de uso e aproveitamento da terra nomeadamente:
· Ocupação por pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas e práticas costumeiras no que não contrariem a constituição.
· Ocupação por pessoas singulares nacionaisque, de boa-fé, estejam a utilizar a terra há pelo menos dez anos
· Autorização de pedido apresentado por pessoas singulares ou colectivas na forma estabelecida pela lei de terras.
 As condições de uso e aproveitamento da terra são determinadas pelo Estado. O direito de uso e aproveitamento da terra é conferido às pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim social.
O direito de uso e aproveitamento da terra, não pode ser concedido nas zonas de protecção total e parcial, visto tratar-se de zonas de domínio público (zonas destinadas à satisfação do interesse público). Nestas zonas só é permitido o exercício de determinadas actividades mediante emissão de licenças especiais.
Problema 
Há milhares de anos que o homem deixou de ser nómada é uma das razões que influiu na sua decisão, foi a descoberta das potencialidades da terra. Desde então, a terra tem sido objecto de uso ou exploração por parte de pessoas singulares e colectivas. 
Devido á procura deste recurso, e em alguns países também devido a sua escassez, os Estados viram-se obrigados a regular o modo de acesso, uso e aproveitamento da terra. Para o caso de Moçambique, é princípio bem assente que, a terra é propriedade exclusiva do Estado, e que este determina as condições do seu uso e aproveitamento. 
A presente pesquisa tem como pergunta de partida:
Até que ponto causas e conflitos na aquisição do direito do uso e aproveitamento de terra como um direito real é interpretada pelos cidadãos no regime jurídico moçambicano e os seus meios de defesa?
 
1.1. Objectivo geral
· Identificar as principais causas que geram dos conflitos de terra na aquisição do direito do uso e aproveitamento de terra como um direito real, que geralmente esses conflitos são influenciados pelo Crescimento demográfico, Expansão das cidades e à procura de terra para habitações.
1.2. Objectivos específicos;
· Analisar os mecanismos de resolução de conflitos de terra; 
· Compreender vários modos de aquisição do direito do uso e aproveitamento de terra; 
· Apreciar Factores que influenciam no conflito de terra; 
1.3. Hipóteses
No escólio do Diogo Duarte constatou que em Moçambique existem escassos estudos sobre aspectos jurídicos relacionados com o acesso, a uso e aproveitamento da terra.
Nesta perspectiva escreve Felício e Fernandes (2007), afirmam que, conflito de terra é um confronto entre classes sociais, entre modelos de desenvolvimento, por territórios, enfrentado a partir da conjugação de forças que disputam ideologias para convencerem ou derrotarem as forças opostas.
Sobre o mesmo prisma Chauveau e Mathieu (1998) consideram que conflito de terra pode ser iminente ou declarado. O conflito de terra é iminente quando envolve violência simbólica e é declarado quando a carga de violência simbólica ou física ultrapassa o considerado tolerável nas relações da vida social quotidiana, ou seja, quando passa da simples ameaça, presente nos momentos de interacção e negociação quotidiana, à acção. Assim, pode-se considerar um conflito de terra a disputa, simbólica ou física, pelo acesso e controlo deste recurso, que opõe diferentes interessados e utilizadores.
Sobre este ponto é concludente dizer que: O proprietário goza de modo pleno é exclusivo dos direitos de usos, fruição e disposições das coisas que lhe que lhe pertencem, dentro dos limites da lei com observância das restrições impostas por elas[footnoteRef:1]. Sendo assim o direito de propriedade adquire-se por segundos modos a saber: contrato, sucessão por morte, usucapião, ocupação, acessão e demais modos previstos na lei[footnoteRef:2], como é o caso de direito de uso e aproveitamento de terra que é conferido as pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim social ou económico[footnoteRef:3]. [1: Cfr. Artigo 1306.° do CC.] [2: Cfr. Artigo 1316.° do CC.] [3: Lei n.° 20/97, de 1 de Outubro, (artigo 12.°)] 
Sendo o titular do DUAT o proprietário do espaço em disputa este tem o poder de exigir judicialmente de qualquer possuidor[footnoteRef:4] ou detentor da terra em destaque, sendo assim é reconhecido o seu direito de propriedade é a consequente restituição que lhe pertence em caso de perturbação. 
 [4: Cfr, Artigo 1311.° do CC.] 
2. Metodologia 
O presente trabalho, é resultado de um conjunto de fontes. Além disso, há uma extensa pesquisa bibliografia para fundamentar a problemática aqui levantada, fornecendo os subsídios teóricos para o desenvolvimento de uma pesquisa académica acerca das causas dos conflitos na aquisição de direito de uso e aproveitamento de terra como um direito real no regime jurídico moçambicano e seus meios de defesa.
Na busca da base para o desenvolvimento do presente trabalho foi efectuada uma pesquisa bibliografia pelos termos Direito de Uso e Aproveitamento da Terra, e causa e conflitos.
Dentro desta abordagem o presente trabalho conta com o conjunto de meio de defesa relativos aos conflitos de terra meios extras judiciais e meios judiciais que se encontra regulados no regime jurídico Moçambicano.
A presente pesquisa inserisse no trabalho de fim do curso tem como contributo principal analisar os casos de conflito de terra. Na qual ela contribui em duais vertentes a saber académica e o meio social do quotidiano dos Moçambicanos. 
3. Abreviaturas
· CRM – Constituição da República de Moçambique de 2004; 
· CC – Código Civil; 
· CPC – Código de Processo Civil; 
· DUAT – Direito de Uso e Aproveitamento de Terra;
· LT – Lei de Terras; 
· LOTJ – Lei Orgânica do Tribunal Judicial; 
· RLT – Regulamento da Lei de Terras. 
4. Estrutura do Trabalho 
Capítulo I
· Conceitos básicos; 
· Causas dos conflitos;
· Acesso á terra por via de uma autorização de Estado; 
· Factores que influenciam no conflito de terra;
Capitulo II
· A aquisição de direito de uso e aproveitamento de terra;
· Domínio Pública;
· Direito de uso e aproveitamento da terra como um direito real;
· Transmissão
· Competências
Capitulo III
· Meios Extrajudiciais na Defesa do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
· Os meios Judicias na Defesa do Direito do Uso e Aproveitamento da Terra
Capitulo IV
· Esta parte é reservada Caso/ Trabalho de campo realizado no distrito de Marracuene
Capítulo I
5. Conceitos básicos 
Segundo Fernandes apud Felício e Fernandes (2007), um conflito de terra é um confronto entre classes sociais, entre modelos de desenvolvimento[footnoteRef:5], por territórios, enfrentado a partir da conjugação de forças que disputam ideologias para convencerem ou derrotarem as forças opostas. [5: .Os modelos de desenvolvimento a que se refere Fernandes (2007) são o Paradigma da Questão Agrária e o Paradigma do Capitalismo Agrário . as conflitualidades no meio rural tendo como ponto de partida as lutas de classe, e considera que os problemas agrários fazem parte da estrutura do capitalismo. (Fernandes et al. 2014).] 
Chauveau e Mathieu (1998) considera que um conflito de terra pode ser iminente ou declarado. O conflito de terra é iminente quando envolve violência simbólica e é declarado quando a carga de violência simbólica ou física ultrapassa o considerado tolerável nas relações da vida social quotidiana, ou seja, quando passa da simples ameaça, presente nos momentos de interacção e negociação quotidiana, à acção. Assim, pode-se considerar um conflito de terra a disputa, simbólica ou física, pelo acesso e controlo deste recurso, que opõe diferentes interessados e utilizadores.
Em Dynamiques et enjeux des conflits fonciers, Chauveau e Mathieu (1998:245) propõem duas correntes de análise dos conflitos de terra e suas causas. A primeira corrente vê nos conflitos de terra fenómenos completamente negativos a resolver ou prevenir, o máximo possível, por meio de autoridades externas competentes, dotadas de meios próprios. Esta corrente tem em conta o papel dado à integração social, como elemento estruturante das sociedades, e considera a violência e injustiça, frequentemente presentes nos conflitos, fontes de desperdícios humanos e sociais. 
A desvantagem destaabordagem, consideram os autores, é de confiar a resolução dos conflitos de terra a actores externos ao local onde acontecem os conflitos (poderes públicos), correndo o risco de ser ineficaz por querer impor uma ordem social muito diferente das lógicas sociais locais e criar violência e injustiças de outra natureza, que podem enfraquecer as capacidades locais de resolução dos conflitos.
Esta visão pode ser encontrada em autores como Durkheim (1893), por exemplo. Em De la division du travail “social”, Durkheim considera que os conflitos são reveladores de uma ruptura do contrato moral e da coesão social, e uma forma patológica ligada à divisão social do trabalho. Durkheim considera positiva a diferenciação dos indivíduos e das profissões, a regressão da autoridade da tradição e o domínio crescente da razão, mas, no entanto, observa que, com a divisão do trabalho, os homens deixaram de conhecer o seu lugar e o seu papel, entrando em confrontações e aumentando a taxa de suicídios, expressão de certos traços patológicos da organização actual da vida colectiva (Aron, 2000).
A segunda corrente, de carácter neo-institucionalista, vê nos conflitos de terra uma forma normal e, por vezes, necessária e benéfica à vida social. Esta corrente considera que o conflito é um meio, entre outros, de comunicação entre diferentes actores e grupos de actores, e reflecte a inadaptação entre os sistemas preexistentes de identificação e administração dos direitos sobre a terra, e os novos problemas que se colocam ao sistema social. Para esta corrente, o aumento progressivo da escassez e do valor da terra conduzem a conflitos sobre a propriedade da terra, que levam à necessidade de uma inovação institucional.
Esta ideia do conflito como um estado normal e forma de interacção constitutiva da sociedade é defendida, no domínio da sociologia, por autores como Marx (1845), Coser (1956) e Simmel (1966), por exemplo. Na obra Conflict and the web group-affiliations, Simmel (1966) considera o conflito como algo positivo que resolve tensões entre elementos contrários. O autor considera que, “se toda a interacção entre os indivíduos é uma inter-acção, o conflito, que é uma das formas de interacção mais intensa e que envolve, não apenas um único indivíduo, deve certamente ser considerado uma forma de inter-acção (...). Assim como o universo necessita de forças atractivas e repulsivas, amor e ódio, a sociedade também, para alcançar uma determinada configuração, precisa de uma relação quantitativa de harmonia e desarmonia, de associação e competição. O conflito é, assim, uma forma de alcançar uma certa unidade, ainda que seja por meio da aniquilação de uma das partes conflituantes”.
Apoiando-se nos trabalhos de Simmel, Coser (1956) considera, igualmente, em Les fonctions du conflit social, o conflito como um factor regulador da ordem social, que ajuda a fortalecer os vínculos entre os membros dos grupos em oposição, a tal ponto que um grupo possa ter interesse em que apareça um inimigo exterior para poder consolidar os laços entre os seus membros. O conflito, entende Coser, nem sempre provoca problemas de relacionamento no seio dos grupos em que ele acontece; pelo contrário, ele pode cumprir uma importante função de integração social.
6. Causas dos conflitos
· Ocupação costumeira
· Ocupação por boa-fé 
· Acesso á terra por via de uma autorização do Estado 
6.1. Ocupação costumeira 
O carácter sagrado da terra e a sua inalienabilidade estão na base do costume em África. A terra é sagrada porque ela conserva, no seu seio, os antepassados cuja memória e espírito são venerados pela comunidade. 
O vínculo religioso que existe entre o homem e a terra vê-se progressivamente substituído pelo vínculo jurídico, embora ainda costumeiro. No direito da terra costumeira/o, distinguem-se essencialmente três modos de aquisição de direitos sobre a terra:
· Aquisição por um facto material: o facto de se instalar sobre a terra, de a delimitar e de a valorizar ou aproveitar. Esse facto material equivale a uma ocupação, primeiro modo de aquisição de direitos sobre a terra;
· O direito pode também nascer de acto jurídico: é o caso da venda e da doação, contratos translativos de propriedade;
· O direito sobre a terra pode também ser adquirido devido ao evento morte, caso em que estamos perante a transmissão sucessória. 
A ocupação, a venda, a doação de um terreno e sua transmissão sucessória não efectuadas segundos os usos e costumes podem ser fontes de múltiplas contestações 
[footnoteRef:6]O costume, isto é, prática repetida dos mesmos actos por parte dum grupo de indivíduos, é aceite no código Civil, desde que não seja contrario aos princípios de boa-fé[footnoteRef:7]. No caso da ocupação através de normas e práticas costumeiras, o acesso á terra é realizado através dos sistemas comunitários locais. [6: Quadro Maria da Conceição, Direito da Terra, Centro de Formação Jurídica e Judiciaria. Pág. 46.] [7: Cfr. Artigo 3.° do CC.] 
A base deste processo são as linhagens e as famílias. Os sistemas consuetudinários ou costumeiros expressam-se através de um conjunto de regras e normas, e moldam os direitos e obrigações de um grupo que os reconhece.
Existe a intervenção directa ou indirecta das respectivas autoridades locais, casos o régulo, ou as novas autoridades locais implantadas após a independência, cuja expoente é o Secretário, Chefe do Bairro, Presidente ou Chefe Da Aldeia. Constata-se que as primeiras têm geralmente maior influência e acção ao nível das zonas rurais, verificando-se uma diluição da sua intervenção nas zonas urbanas. É também comum a coexistência destes dois tipos de autoridades.
Estas autoridades actuam no processo de atribuição de terras, com recurso as práticas costumeiras, e também lideram o processo de consulta as populações e comunidades locais, no contexto de pedidos de terra através da via oficial.
Estima-se que cerca de 80% da população vive nas zonas rurais e são os principais utilizadores da terra. Pode-se afirmar que, na administração e gestão de terras e de recurso naturais e na resolução de conflitos emergentes do seu uso, o estado recorre em grande medida ao sistema costumeiro.
6.2. Ocupação por boa-fé
Tal como a ocupação costumeira, a ocupação de boa-fé resulta igualmente de factos matérias, nomeadamente o desbravamento, a delimitação da parcela através de sinais visíveis e o seu uso efectiva. Esta forma de aquisição do direito á terra implica a convecção de que não se esta a prejudicar o direito de outrem.
Para que esta forma de ocupação se torne um direito definitivo e valido para todos perante a lei, o ocupante tem de permanecer no terreno, usando-o e aproveitando-o por um período mínimo de dez anos. Por outro lado, não deve ter havido violência física ou moral e durante esse tempo não deve ter sido alvo de alguma contestação legítima por terceiras pessoas, pela comunidade local ou por alguma autoridade do Estado. De igual modo, essa ocupação e permanência deve processar-se a vista de todos os interessados. Estamos na presença de figura de posse não ti, de boa-fé, pacífica e pública, tratada nos artigos 1258, e seguintes do CC, que se converte num direito definitivo de uso e aproveitamento da terra pelo mecanismo da usucapião.
Deste mecanismo beneficia sobretudo a população rural. Nas cidades torna se difícil concretizar esta forma de aquisição do direito, na medida em que há sempre intervenção das autoridades locais e a ocupação espontânea é considerada, de um modo geral, ilegal.
Os efeitos práticos da previsão legal desta via acesso á terra foram os deter salvaguardado, no momento de entrada da nova lei, os direitos daqueles que vinham ocupando e utilizando a terra há mais de dez anos, sem nenhum título, e sem terem um laço de parentesco com as linhagens dominantes. 
6.3. Acesso á terra por via de uma autorização do Estado 
Para além dos mecanismos do sistema de costumeiro, o acesso á terra pode ocorrer em consequência da autorização de um pedido formal dirigido ao órgão da administração pública centralou autárquica competente, no caso, respectivamente, das zonas rurais e das cidades e vilas. Esta autorização será posteriormente consubstanciada num título de uso e aproveitamento da terra emitido pelo Estado ou pela autarquia. 
A legislação de terras prevê um mecanismo relativamente simples para a aquisição do direito por via da administração pública. Nesse sentido, o acesso à terra não deveria ser tão complicado como tem sido na prática, fundamentalmente devido a pesada burocracia que enferma o actual funcionamento do aparelho do Estado em Moçambique. No entanto, o Governo tem empreendido esforços no sentido de simplificar esses procedimentos. A partir de 2001, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural determinou um prazo máximo de 90 dias, dentro do qual a entidade competente deve responder ao requerente[footnoteRef:8]. [8: Entrevista do Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural ao Jornal “Domingo”, de 8.06.2001. pág. 17.] 
Nos termos da lei de terra e do seu regulamento, o processo consiste em apresentar um pedido á entidade competente para a autorizar, em função da dimensão da área pretendida[footnoteRef:9]. O pedido é apresentado aos Serviços de Cadrasto, a nível provincial, para a correspondente tramitação. No pedido devem constrar os elementos de identificação do requerente, a dimensão e localização do terreno e a descrição das actividades a realizar. Ao requerimento junta-se o parecer do Administrador Distrital, assim como um documento da comunidade local devidamente assinado pelos seus representantes, onde se declare expressamente que a área recaiam direitos da comunidade, o parecer do Administrador incluirá as condições para o estabelecimento de uma parceria entre a comunidade e o investidor. Esta declaração da comunidade é emitida em resultado de um processo de consulta conduzido pelas autoridades do Estado a nível do distrito, com a assistência dos Serviços de Cadastro. [9: Governador Provincial, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural ou Conselho de Ministros, nas zonas rurais.] 
No caso do pedido se destinar á realização de uma actividade económica[footnoteRef:10], deve-se juntar um documento descrevendo mais detalhadamente o conjunto das actividades, trabalhos e construções a realizar, devidamente calendarizadas, denominado “plano de exploração”. Para este exige-se igualmente o parecer das instituições que superintendem no sector, e em particular, da autoridade em matéria ambiental, o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MIOA)[footnoteRef:11]. [10: Interpretamos este termo como querendo a lei distinguir as actividades de economia familiar e aquelas de tipo empresarial.] [11: Cfr. Anexo ao Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, aprovado pelo Decreto n.° 76/98, de 29 de Dezembro, e publicado no 3.° Suplemento ao BR n.° 51, I série, de 29.12.1998 ] 
Este processo não dispensa as licenças exigidas pela legislação sectorial para a actividade em causa, seja agrícola, pecuária, pela legislação sectorial para a actividade em causa, seja agrícola, pecuária, florestal, turística, industrial, mineira ou de construção.
Nas áreas urbanas cobertas por planos de urbanização e com serviços de cadastro próprios, seja cidades, vilas ou povoações[footnoteRef:12], este quadro geral sofre algumas modificações quanto as entidades competentes para autorização, que são os Presidentes dos conselhos Municipais ou Povoação e os Administradores de Distrito quando não existem. [12: As povoações são autarquias locais e correspondem á circunscrição territorial da sede do posto administrativo, nos termos do artigo 190.°/1 e 3 da Constituição da República. ] 
O regulamento do solo urbano, actualmente em preparação, clarificara os mecanismos adequados para a aplicação da lei, dado que o actual Regulamento da lei de Terras se aplica exclusivamente as zonas rurais[footnoteRef:13]. [13: Quadro Maria da Conceição, Direito da Terra, Centro de Formação Jurídica e Judiciaria. Pág. 52. ] 
7. Factores que influenciam no conflito de terra 
· Crescimento demográfico;
· Expansão das cidades e à procura de terra para habitações que a acompanham;
· Questões culturais ligadas à herança e à tradição;
· Fraco conhecimento da legislação de terras;
· Deficiências na implementação da Lei de Terras e outros instrumentos legais.
· O pedido de grandes extensões de terras que não raras vezes envolvem mais do que uma comunidade;
· Desconhecimento dos limites ou da titularidade original (caso de herdeiros cujos progenitores tinham cedido/recebido a terra por empréstimo;
· Práticas corruptas por parte de alguns oficiais da administração de terras, com o objectivo de favorecer uma das partes em troca de algum benefício;
· Práticas corruptas por parte de alguns líderes comunitários, permitindo a entrada de um investidor sem realizar as consultas comunitárias e ignorando os interesses dos seus liderados.
Capítulo II
8. A aquisição de direito de uso e aproveitamento de terra 
Na República de Moçambique a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida, ou por qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada.
Trata-se de um direito com conteúdo exclusivo, na medida em que só o Estado pode ser proprietário, a terra só pode pertencer ao Estado[footnoteRef:14]. As outras pessoas colectivas de população e território, como as autarquias locais, não podem ser sujeitos do direito de propriedade sobre a terra. [14: Cfr. Artigo 109.° n° 1 e 2 da CRM.] 
 Como meio universal de criação da riqueza e do bem-estar social, o uso e aproveitamento da terra é direito de todo povo moçambicano[footnoteRef:15]. [15: Cfr. Artigo 109.° n° 3 da CRM] 
Os poderes de uso e fruição incluída no direito de propriedade[footnoteRef:16] são exercidos através dos cidadãos, que gozam deles na prática. O poder de disposição do proprietário é exercido através da máquina da Administração Publica, cujas funções principais incluem: [16: Cfr. Artigo 1305.° do CC.] 
· Administração (responder aos pedidos de autorização de uso e aproveitamento da terra),
· Redistribuição (em função de objectivos de justiça social e da equidade)
· Gestão (tomar e impor medidas de protecção e conservação, garantir o uso planeado e sustentável e as condições de utilização),
· Garantia dos direitos (assegurada através dos tribunais e outros órgãos de resolução de conflitos)
As condições de uso e aproveitamento da terra são determinadas pelo Estado[footnoteRef:17]. O direito de uso e aproveitamento da terra é conferido às pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim social[footnoteRef:18]. [17: Cfr. Artigo 110.° n°1 da CRM.] [18: Cfr. Artigo 110.° n°2 da CRM.] 
Na titularização do direito de uso e aproveitamento da terra o Estado reconhece e protege os direitos adquiridos por herança ou ocupação[footnoteRef:19], salvo havendo reserva legal ou se a terra tiver sido legalmente atribuída a outra pessoa ou entidade. [19: Cfr. Artigo 111.° da CRM.] 
9. Domínio Público
 A figura do domínio público foi introduzida pela constituição de 1990, que nele integrou os seguintes bens:
a) A zona marítima;
b) O espaço aéreo;
c) O património arqueológico;
d) As zonas de protecção da natureza;
e) O potencial hidráulico;
f) O potencial energético;
g) Os demais bens como tal classificados por lei.
O direito de uso e aproveitamento da terra, não pode ser concedido nas zonas de protecção total e parcial, visto tratar-se de zonas de domínio público (zonas destinadas à satisfação do interesse público). Nestas zonas só é permitido o exercício de determinadas actividades mediante emissão de licenças especiais.
As zonas de protecção da natureza, referidas na alínea d) do artigo 35°. Da Constituição, são reguladas pela Lei do Ambiente, e pela legislação sobre Floresta e Fauna Bravia[footnoteRef:20]. [20: Lei n.° 20/97, de 1 de Outubro, (artigo 13.°) e Lei n.° 10/99, de 7de Julho e seu Regulamento, aprovado pelo Decreto n.° 12/2002, de 6 de Junho (artigos 10.° a 12.° da Lei e 2.° a 6.° do Regulamento). ] 
Noactual regime a figura de domínio público encontra-se previsto no artigo 98° n°2 da Constituição da República a acrescenta o número 3 do presente artigo “a lei regula o regime jurídico dos bens do domínio público, bem como a sua gestão e conservação. 
O direito de uso e aproveitamento da terra, não pode ser concedido nas zonas de protecção total e parcial, visto tratar-se de zonas de domínio público (zonas destinadas à satisfação do interesse público). Nestas zonas só é permitido o exercício de determinadas actividades mediante emissão de licenças especiais.
Diversas leis ordinárias afectaram outros bens ao domínio público, entre elas a Lei de terras. O domínio público íntegra, segundo esta última, as áreas destinadas á satisfação do interesse pública. São elas as zonas de protecção total e parcial. As primeiras destinam-se a actividades de conservação ou preservação da natureza e de defesa e segurança do Estado[footnoteRef:21]. As zonas de protecção parcial destinam-se á protecção das águas, da fronteira terrestre, e de infra-estrutura de carácter publico (estradas classificadas, aeroportos e aeródromos e linhas férreas). [21: As Zonas de Protecção Total destinadas á preservação e conservação da natureza são tratadas na Lei n.° 20/97, de 1 de Outubro- Lei do Ambiente, no seu artigo 13.°, e na legislação sobre Florestas e Faunqa Bravia ( Lei n.° 10/99, de 7 de Julho e seu Regulamento, aprovado pelo Decreto n.° 12/2002, de 6 de Junho), nos seus artigos 10.° a 12.°, e 2.° a 6.°, Respectivamente. ] 
Nas áreas do domínio publico não é possível a aquisição do direito de uso e aproveitamento da terra. Os utilizadores deverão obter uma licença especial para os exercícios de quaisquer actividades, sendo estas processadas pela entidade responsável pelo sector, segundo a legislação em vigor, e a sua autorização é da competência do Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, no caso das zonas de protecção total, do Governador Provincial, nas zonas de protecção parcial.[footnoteRef:22] [22: Artigos 6. A 9. E 22 da LT e 7. 8 Do RLT.] 
 
O direito de uso e aproveitamento da terra para fins de actividades económicas está sujeito ao prazo máximo de 50 anos (Cinquenta anos), renovável por igual período a pedido do interessado. Após o período de renovação, um novo pedido deve ser apresentado.
Podem ser sujeitos do DUAT:
· As pessoas nacionais, colectivas e singulares, homens e mulheres, bem como as comunidades locais;
· As pessoas singulares e colectivas estrangeiram, desde tenham projecto de investimento devidamente aprovado e observem as seguintes condições:
· Sendo pessoas singulares, desde que residam há pelo menos 5 anos na República de Moçambique;
· Sendo pessoas colectivas, desde que estejam constituídas ou registadas na República de Moçambique. O direito de uso e aproveitamento da terra é adquirido por:
· Ocupação por pessoas singulares e comunidades locais, segundo as normas e práticas costumeiras no que não contrariem a Constituição;
· Ocupação por pessoas singulares nacionais que, de boa-fé, estejam a utilizar a terra há pelo menos dez anos;
Autorização do pedido apresentado por pessoas singulares ou colectivas na forma estabelecida por Lei.
Entidade Responsável
O Pedido do DUAT faz-se junto aos Serviços de Cadastro, da Província onde se localiza o terreno pretendido. 
10. Direito de uso e aproveitamento da terra como um direito real
Os direitos reais menores, que concorrem e coexistem com a propriedade, atribuem ao seu titular a faculdade de ter o bem em seu poder. São direitos absolutos, inerentes a uma coisa e funcionalmente dirigidos á afectação desta aos interesses do sujeito[footnoteRef:23]. [23: ASCENCAO, José de Oliveira, Direito Civil- Reais, Coimbra Editora, pág. 44. 5ª Ed., 1993. ] 
Em qualquer destas definições dos direitos sobre as coisas, encontramos presentes cinco elementos ou caracteres[footnoteRef:24]: [24: PINTO, 2001.] 
· Incidência, directa ou não, do direito sobre uma coisa;
· Existência de uma posição activa-a do titular do direito;
· A existência de uma ligação, jurídica ou de facto, entre o titular do direito e a coisa;
· Especial reforço face a terceiros dessa posição activa;
· Existência de posições passivas – as dos não titulares do direito.
Ao analisarmos o direito de uso e aproveitamento da terra, encontramos todos os elementos que caracterizam os direitos reais:
	Elementos que caracterizam os direitos reais
	Direitos de uso e aproveitamento da terra
	Incidência directa sobre um bem 
	O bem neste caso é a terra, isto é, a parcela demarca do fundo Estatal de terras
	Existência de uma posição activa do sujeito titular 
	Poderes de se defender contra qualquer intrusão de uma segunda parte no seu terreno, o que pressupõe o uso da acção directa[footnoteRef:25] e de introduzir melhoramento ou benfeitorias. [25: Cf. Artigo 13 a) do RLT.] 
	Existência de uma ligação com o bem:
a) De facto (posse)
b) Jurídica (com ou sem titulo escrito);
c) Admissão de figura de usucapião, posse mantida por um lapso de tempo conferindo direitos definitivos sobre a coisa[footnoteRef:26]. [26: Exceptuam-se as servidões perdias não aparentes e o direito de uso e habitação (Artigo 1293. Do CC).] 
	
 No caso de Moçambique, exige-se um período mínimo de 10 anos. 
	Especial reforço da posição activa face a terceiros, sendo aplicáveis os meios de defesa da propriedade e da própria posse, máxime a acção de reivindicação.
	Aplicável
	Existência de posições passivas as dos não titulares do direito. Estes devem abster-se de perturbar o uso e aproveitamento da terra por quem legitimamente a possui
	Aplicável 
Relacionar o DUAT aos direitos reais, implica antes de mais, ter-se bem assente que, estes últimos, versam sobre o modo de efectivação das coisas ás pessoas, ou seja, trata-se de um complexo de normas do nosso ordenamento jurídico que disciplinam a atribuições das coisas pelas pessoas.
Na opinião do Professor Oliveira Ascensão, “ direitos reais são direitos absolutos, inerentes e funcionalmente dirigidos a atribuir vantagens intrínsecas as pessoas[footnoteRef:27]. [27: Ascensão, José de Oliveira, Direitos Reais, Coimbra Editora, 5ª Edição, Lisboa, 1993, pp.44; ] 
São direitos absolutos, devido ao facto de, os titulares de um tal direito, terem uma posição suprema porque é garantida pela ordem jurídica, o que faz deste direito, um direito erga omnes, ou seja, o seu titular pode potencialmente fazer valer o seu poder em relação á generalidade dos sujeitos[footnoteRef:28], tendo estes o dever de obtenção. [28: A alínea a) do n°1 do art. 13° do R.L,T., estatui que os titulares do DUAT têm o direito de defender-se contra qualquer intrusão de uma segunda parte;] 
São direitos inerentes, porque intrinsecamente ligados á própria coisa, a relação ao titular do direito – coisa, não pode ser afastada, na ausência de uma causa legal.
É precisamente da absolutidade[footnoteRef:29] retro mencionada, que resulta o principio da tipicidade ou do numerus clausus dos direitos reais[footnoteRef:30], o que significa que só são admissíveis as categorias de direitos reais previstos na lei. [29: Gomes, Hugo Elias, pp 87.] [30: Veja-se o art. 1306° do CC;] 
O facto de o DUAT não estar expressamente previsto no livro III do CC[footnoteRef:31]. Á semelhança do que acontece com a maior parte dos direitos reais[footnoteRef:32], poderia levar-nos ao equívoco de se pensar estar na presença de um direito atípico ou no mínimo perante uma forma residual da propriedade. [31: Parte referente aos direitos reais ou das coisas;] [32: Direito de propriedade (art. 1302° e ss), direito de usufruto (art. 1439° e ss), direito da superfície (art. 1524° e ss), só para citar alguns exemplos;] 
O Dr. André Jaime Calengo afrma que “ sendo assim e considerado que estamos perfeitamente em presença de um direito real, mas que se trata da propriedade, não vê-se também nenhuma dificuldade em considerar o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra como um direito real atípico ou sui-generis[footnoteRef:33]. [33:CALENGO, André Jaime, Aspectos Jurídicos, Económicos e sociais só Direito de Uso e Aproveitamento da Terra, Imprensa Universitária, UEM, Beira, 2003, pp.48. ] 
 A direito reais comummente aceites que não estão prescritos no livro III do CC[footnoteRef:34]. Por outro lado, pensamos que quando se fala da tipicidade dos direitos reais, não se refere apenas ao estatuído á nível do CC., mas também a todo um conjunto de preceitos estabelecidos em legislação extravagante. [34: Como são os casos dos direitos reais de garantia – Penhor e Hipoteca – consagrados nos art. 666° e 686°, ambos do CC. ] 
É neste contexto que, é reservada ao legislador ordinário, a prerrogativa de criar direitos reais diferentes dos previstos no CC. 
Por tudo quanto referido, facilmente se pode concluir que, o DUAT é um verdadeiro direito real tipificado na lei moçambicana. 
Os poderes conferidos aos titulares do direito de uso e aproveitamento da terra são tão amplos que podem chegar a confundir-se com o próprio direito de propriedade:
· Usar a terra cuja posse lhe foi atribuída ou reconhecida;
· Ter acesso á sua parcela e aos recursos hídricos localizados em terrenos vizinhos, através da constituição de servidões;
· Defender-se contra qualquer intrusão;
· Associar-se co-titularidade com outras pessoas singulares ou colectivas;
· Transmitir-se, por via da herança, a posse da terra e eles ligados; 
· Transmitir a terra mediante a venda de prédios urbanos.
· Transmitir as benfeitorias implantadas nos prédios rústicos sobre os quais tenha a posse, exigindo a lei autorização pública para o efeito;
· Constituir hipoteca sobre os bens imóveis e benfeitorias;
· Utilização a certidão de autorização provisória ou do título no contexto de pedidos de empréstimos juntos de instituímos de crédito. 
Esta amplitude de poderes levou alguns autores a afirmar que “o verdadeiro proprietário da terra em Moçambique é o utilizador[footnoteRef:35]. [35: LAWEKI, Lawe, Terra: nosso legado material, in Economia e Negócios, Jornal “Noticias”, 1.08.2003, p.7. ] 
Na distinção entre direitos reais de gozo e de garantia, o direito de uso e aproveitamento da terra classifica-se como um direito real de gozo, porquanto confere ao seu titular o gozo da terra consubstanciado no seu uso e aproveitamento.
Quanto á função, o direito de uso e aproveitamento da terra classifica-se entre os direitos reais autónomos, pois existe por si e não é dependente de outros direitos[footnoteRef:36]. [36: Artigo 1409/11 do CC.
 ] 
Pelo exposto, está suficientemente demonstrado como os arquitectos da Lei de Terras quiseram afastar o direito de uso e aproveitamento da terra da figura da posse[footnoteRef:37], e aproximá-lo o mais possível do direito de propriedade que recairia sobre os utilizadores da terra se esta figura (propriedade privada) fosse constitucionalmente admitida. [37: A posse é uma situação juridicamente protegida, mas não é um direito definitivo, dado que pode extinguir-se um face duma nova posse que tiver durado mais do que ano (art. 1267.°/1, alínea d) do CC). É um direito relativo, porque se funda no comportamento de determinada pessoa e não apenas na situação objectiva do bem. Por ser um direito relativo, não é um direito real. O direito real é inerente ao bem, acompanhado o em todas as vicissitudes, e dirige-se erga omnes, isto é, contra quem quer que interfira no circulo reservado ao titular. Cfr, ASCENSÃO,J.O., Propriedade e posse. Reivindicação e reintegração. Revista Jurídica da Faculdade de Direito da UEM. 1997, Volume II, PAG 145. ] 
11. Transmissão 
 O código Civil utiliza, em relação aos vários direitos reais menores, os conceitos de “transmissão”, “trespasse”, e “alienação”.
· No caso do usufruto, a fórmula escolhida foi que “o usufrutuário pode trespassar o outrem o seu direito, definitiva ou temporariamente”[footnoteRef:38]. [38: Cfr. Artigos 1444.° do Código Civil.] 
· Para o uso e habitação, sob a epígrafe “ Intransmissibilidade do direito”, o artigo 1488.° Refere que “o usuário e o morador usuário não podem trespassar ou locar o seu direito…”
· Relativamente á enfiteuse, reconhecem, tanto ao senhorio como ao enfiteuta, o direito de alienar o seu domínio (directo ou útil) por acto entre vivos ou por morte[footnoteRef:39] [39: Cfr. Artigos 1499.° b) e 1501.° c) do Código Civil.] 
 A transmissão é definida como o fenómeno jurídico pelo qual um direito subjectivo ou uma vinculação jurídica passa da esfera jurídica (directo ou útil) por acto entre a esfera jurídica de outro[footnoteRef:40]. [40: MENDES, Castro, Direito Cível, Teoria Geral, 1967/1979.] 
A transmissão mortis causa tem a sua base na morte do titular. A este respeito, N. Espinosa Gomes da Silva refere que a transmissão de direito diverge da sucessão, pois nesta, considera-se que não é o direito que sai da esfera jurídica dum sujeito para entrar na de outro, mas sim que, da primitiva esfera jurídica, sai um sujeito para entrar um novo. Não é o direito que se desloca entre as esferas jurídicas de dois diferentes sujeitos: é o novo sujeito que se desloca para ocupar a posição do anterior titular[footnoteRef:41]. [41: SILVA, N. Espinosa Gomes da, Direito das Sucessões, 1980.
] 
A atribuição a terceiro dos direitos do usufrutuário, a que se refere o artigo 1444.° do CC, é apenas efectuada por negócio entre vivos, visto a transmissão mortis causa do usufruto não ser legalmente possível. O código Civil escolheu o termo mais genérico de trespasse, em vez do ter “cessão” utilizado noutros ordenamentos jurídicos. A razão para tal é que o termo ceder é tradicionalmente utilizado para a transmissão de direitos de crédito e de modo algum acomoda actos como a locação (artigo 1022.°) ou comodato (artigo 1129.°) que o trespasse é capaz de abranger todas as formas em é possível desdobra-se a atribuição do usufruto a terceiro[footnoteRef:42]. [42: LIMA, F.A.Pires /VALERA, J.M. Antunes, Código Anotado, 1972. ] 
A Lei de Terras, no seu artigo 16.°, Adoptou a epígrafe “transmissão”, para englobar a herança, a compra e venda de prédios rústicos e urbanos e a hipoteca. 
Por sua vez, os seus Regulamento contem dois artigos sob a epígrafe “ Transacções relativas a prédios rústicos”.
As transacções de prédios rústicos:
· O desmembramento de áreas das comunidades com vista á emissão de títulos individualizados para seus membros;
· A compra e venda;
· O contrato de cessão de exploração. 
12. Competência para atribuições de DUAT
 
A Lei de Terra definiu competências para diversos órgãos do Estado, bem como para as comunidades locais[footnoteRef:43]. [43: A LT de 1979 tinha confiado ao Conselho de Ministros a tarefa de definir as competências dos Ministros e Governos Provinciais, o que foi feito no RLT de 1987.] 
É estabelecida uma diferença entre as zonas urbanas e zonas rurais. Para as primeiras, o legislador prevê que o acesso á terra se faça segundo um plano de urbanização, e que funcionem Serviços de Cadastro urbanos.
No que diz respeito as zonas rurais, há um conjunto de competências atribuídas por lei aos órgãos do Estado, que são patinhadas com as comunidades locais.
1. Zonas rurais
O artigo 22.° Da Lei de Terras distingue diferentes níveis de competências, que variam segundo a dimensão da área pretendida. 
1.1. Governador Provincial 
É o primeiro nível, onde recai a grande maioria dos pedidos. Compete-lhe autorizar os pedidos até á dimensão de 1000 hectares, independentemente dos fins a que se destina o terreno[footnoteRef:44]. [44: Segundo o disposto no RLT de 1987, a competência do Governo Provincial ia 250 a 1000 há, conforme a actividade fosse agrícola, pecuária ou silvícola (artigo 8.°).] 
1.2. Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural
O segundo nível é o do Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural[footnoteRef:45]. [45: O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural superintende a área do cadastro. 
] 
Compete-lhe autorizar pedidos relativos a áreas com a dimensão entre 1.000 e 10.000 hectares.
Capitulo III
13. Meios Extrajudiciais na Defesado Direito de Uso e Aproveitamento da Terra 
Antes de iniciar a bordagem sobre os meios de defesa do Duat, a referências a alguns dos conflitos de terra poderão ajudar no melhor entendimento dos meios de defesa que serão descritos. A selecção feita engloba alguns exemplos de casos reais e outros exemplos de situações de frequente ocorrência.
1. Tem-se verificado a venda de terra por membros da comunidade, que depois são legalizados, por quem as adquire, junto aos serviços competentes. Porem, muitas destas terras estão no regime de co-titularidade e quando a outra parte tem conhecimento, o acto já se efectivou[footnoteRef:46]. [46: Sr. Ingona Iahaia, adjunto do chefe do Bairro do Posto Administrativo de Maringuane, em entrevista do dia 16.01.2004.] 
2. Tem sido muito frequente surgirem nos Serviços de Geografia e Cadastro conflitos sobre os limites dos terrenos, uma vez que, devido ao sistema rotativo da agricultura e a procura de novos pastos pelos pastores de gado, tem ocorrido invasão de terrenos alheios[footnoteRef:47]. [47: Engenheiro Eusébio M. Tumuitikili, Serviços Provinciais de Geografia e Cadastro, cidade de Pemba, em entrevista do dia 14.01.2004 e Sr. Carlos Enoque, Serviços Provinciais de Geografia e Cadastro, cidade de Manica, em entrevista do dia 13.01.2004. ] 
3. Os casos de dupla autorização do DUAT sobre a mesma parcela tem ocorrido também com alguma frequência, principalmente na cidade de Maputo, seja por dificuldades técnicas, uma vez que não há mapas actualizados[footnoteRef:48], seja burla dos próprios funcionários do Estado[footnoteRef:49]. [48: Dra. Odete Mugumela, Sector Jurídico da DINAGECA, Maputo, em entrevista do dia 04.02.2003. ] [49: Sra. Sara Chambisso, Direcção de Construção e urbanização do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, em entrevista do dia 10.02.2003. ] 
4. A nível das tribunas comunitários é muito comum surgirem conflitos sobre a divisão de terras herdadas, uma vez que as práticas costumeiras muitas vezes afastam as mulheres da herança[footnoteRef:50]. [50: Sr. Pascoal Nhaguira, substituto do Juiz do Tribunal Comunitário de NacaThi, no Distrito de Montepuez, em entrevista do dia 19.01.04. ] 
Secção I
Meios Extrajudiciais são os que se encontram á disposição do titular do DUAT e admissíveis nos termos da CRM, demais legislação ordinária e do Direito Consuetudinário aceite (art. 3° n°1 do CC e art. 12 n°1, art. 24 n°1 b) e n°2 da LT), Diferentes dos meios de execução através dos tribunais Judiciais (com exclusão dos tribunais comunitários) e dos Tribunais Administrativos. 
São meios que, para além de aumentarem a salvaguarda dos direitos dos cidadãos, permitem suprir dificuldades como a morosidade do sistema judicial, falta de recursos e da assistência judicial, desconhecimento da legislação, bem como, aliviar os tribunais judicias de parte público a um custo quase zero para o Orçamento Geral do Estado[footnoteRef:51]. Assim, muitos conflitos de terra não chegam aos Tribunais Judiciais e Administrativo, mas são resolvidos fora deles através dos referidos meios extrajudiciais. [51: Resolução n.°10/95 De 17 de Outubro, Política Nacional de Terra e Estratégia de Implementação, BR n.º 9. I Série, Suplemento de Quarta-feira 28-12-1996, PG.37.] 
A importância dos meios extrajudiciais é mais sentida nos meios rurais, onde há maior carência de recursos financeiros e maior desconhecimento da lei da protecção que esta confere aos titulares do DUAT. Acresce a estas dificuldades o facto de a maior parte da população rural depende da terra para o seu sustento diário, e por isso, ser penoso ter que ficar demasiado tempo a aguardar a decisão dos tribunais. 
13.1. Acção Directa
Perante uma situação de agressão iminente, o possuidor (art. 1277° do CC) e/ou titular do DUAT (art. 1314°, por forca do art1315°, ambas do CC) podem usar a força para realizar ou assegurar o direito, é o que se designa por uma acção (art. 336° do CC).
Trata-se de uma situação excepcional, por isso só aceite dentro dos limites fixados pela lei (art1 do CPC), como seja impossível de se recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais que evitar a inutilidade prática do direito e obrigação de não exceder ao estritamente necessário para evitar o prejuízo 336° n° 1).
E porque se trata de uma situação excepcional devera ser seguida do recurso aos meios coercivos normais, a intentar no prazo fixado para a consolidação das providências cautelares decretadas pelo tribunal, ou seja, 30 dias de acordo com o n.°1 a) Do art. 382° do CPC[footnoteRef:52]. [52: Abílio Neto, Código do Processo Civil Anotado, reimpressão, Livraria Almedina, coimbrã, 1994, anotação n. 1° Do CPC, pág. 47. ] 
13.2. Tribunais Comunitários
Os tribunais comunitários são um importante recurso para a população mais vulnerável, uma vez permitirem a resolução dos conflitos de terra sem os entraves de elevados custos, muita burocracia, muito tempo até o fim do processo, entre outros, para além de juntar a vantagem de a comunidade conhecer as regras que serão aplicadas porque elas é que as legitimaram com a prática que se torna num costume aceite respeitado pelos membros da mesma.
A Lei n°10/92 de 6 de Maio, LOTJ, prevê nos arts63 e 644 que funcionarão órgãos de justiça a nível dos Postos administrativos, Localidades ou Bairros e a sua composição, competências e regras de funcionamento dos seus órgãos serão definidos por lei própria. A Lei n.º 4/92 de 06 de Maio cria os Tribunais Comunitários, legitimado para aplicação do direito consuetudinário[footnoteRef:53]. [53: Plano Estratégico Integrado do Sector da Justiça 2002-2006, autoria conjunta do Tribunal Supremo, Tribunal, Procuradoria-Geral da República e Ministério da Justiça, Fevereiro de 2002, Maputo, 24 Fazia parte dos objectivos estratégicos para melhorar o acesso á justiça até 2003 e continua ao plano para o sector da justiça, o reforço das condições de funcionamento dos tribunais comunitário, idem, pg. 59.] 
13.3. Autoridades Comunitárias[footnoteRef:54] [54: Para um maior aprofundamento sobre as origens dos Tribunais Comunitários, as regras procedimentais seguidas e as receptivas fases do processo, as causas julgadas, as decisões tomadas entre outros aspectos, veja: Conceição Gomes, Joaquim Fumo, Guilherme Mbila e Boaventura de Sousa Santos, Os Tribunais Comunitários, in Conflito e Transformação Social, Uma Paisagem das Justiças em Mocambique Volume II, Boaventura de Sousa Santos e João Carlos Trindade (organizadores), Edições Afrontamento, Março de 2003, Maputo, pg. 189 á 334. 
] 
As autoridades comunitárias resultam da própria capacidade de organização de cada comunidade local que as legitima para intervenção na resolução de conflitos, aplicando para tal os seus conhecimentos das tradições e costumes. Gozam de credibilidade e respeito entre os membros da comunidade o que lhes confere certa autoridade e facilita a tarefa de dirimir conflitos. Dentre as autoridades comunitárias temos chefes tradicionais, secretários de bairros ou aldeia e outros líderes legitimados (art. 1° n.º 1 do Dec. N.º 15/2000 de 20 de Junho[footnoteRef:55] e art. 1° n.º 1 do DM n.°107-A/2000 de 25 de Agosto[footnoteRef:56]. [55: Estabelece as Formas de Articulação dos Órgãos Locais do Estado com as Autoridades Comunitárias, BR n.º 24, Série, terça-feira, 20 de Junho de 2000. Págs. 90 (1) á (2);] [56: Regulamento do Decreto 15/2000 de 20 Junho, Br n.º 34. I Série, Suplemento de sexta-feira, 25 de Agosto de 2000, págs. 140 (1) á 140 (3).] 
Secção II
14. Os Meios Judicias na Defesa do Direito do Uso e aproveitamento da Terra 
A todo o direito real aplica-se um regime geral[footnoteRef:57] que é comum a todos os restantes direitos reais e um regime especial que esse adapta as suas características específicas. Dai a necessidade de procurar se sempre o melhor entendimento, que será aquele que não fere a lei ou O espírito do legislador ao dispor de determinada maneira (art.9° n.°1 do CC). A Titulo de exemplo pode-se citar o caso da usucapião em caso de má-fé[footnoteRef:58].[57: Para os direitos reais não existindo uma parte geral como nos restantes direitos, a doutrina tem entendido que se aplica a parte geral a parte geral do direito da propriedade, art. 1302 e ss. Do CC. ] [58: Não vem previsto na LT a usucapião em caso de ma fé do seu beneficiário e não há nenhum dispositivo que a afasta expressamente, dentro da mesma. Como o CC A prevê, poderíamos pensar em aplicar as regras gerais, por meio de analogia, para estendermos aquele regime ao DUAT, tal como se aplica nos restantes direitos reais. ] 
Dai a necessidade de analisarmos se cada um dos meios previstos em legislação subsidiária da LT poderão efectivamente ser aplicados para a defesa do DUAT.
 A CRM consagra como direito de todos os cidadãos o de recorre aos tribunais contra os actos que violem os seus direitos reconhecidos pela constituição e pela Lei, e garante o acesso á justiça, bem como o direito de defesa (arts 62° e 70° da CRM), disposição constante também do art. 4° da LOTJO art, 32° n.º 2 da LT.
O Prof. Menezes Cordeiro[footnoteRef:59] designa as manifestações anormais dos direitos reais resultantes de violações de normas jurídicas existentes de “patologia dos direitos reais” e faz uma importante distinção entre violações que resultam do próprio titular. [59: A. Menezas Cordeiro, Direitos Reais, Lex edições jurídicas, Lisboa, 1993; ] 
(ex: violação de regras de registos, inobservância do tipo legal, a falta de demarcação, etc.), que tem sanções próprias (é o caso do previsto no art. 39° do RLT.com as alterações introduzidas pelo Dec.1/2003 de 18 de Fevereiro, entre outras); e violações causadas por terceiro.
14.1. Acções Reais 
 
O art. 2° do CPC estabelece que a todo o direito corresponde uma acção destinada a faze-lo reconhecer em juízo ou realizá-lo coercivamente, assim como as necessárias providências cautelares.
As acções reais visam a protecção de um direito real, isto é, de um direito que se exerce sobre determinada coisa.
O problema é colocado por meio de uma pretensão, isto é, um pedido concreto, determinado e processualizado, dirigido ao juiz com a devida justificação (designado por causa de pedir). Em direitos reais trata-se do facto jurídico de que detive o direito real, ex.: compra e venda, sucessão por morte, autorização etc, e não o próprio direito, ex.: direito de propriedade, direito de uso e aproveitamento da terra, direito de habitação, etc.
14.2. As providências Cautelares 
As providências cautelares têm um carácter instrumental em relação a acção principal e são consideradas de carácter urgente devendo ser decididas no prazo máximo de 30 dias, precedendo a qualquer outro serviço judicial não urgente.
O titular do DUAT ou o possuidor pode aproveitar das providências cautelares na defesa do seu direito, podendo servir-se consoante os casos das seguintes:
Restituição provisória da posse, embargo de obra nova e providência cautelares não especificadas.
14.3. Restituição Provisória da Posse
O possuidor ou o titular do DUAT que seja violentamente esbulhado pode solicitar ao tribunal judicial que lhe seja restituída a posse, ocorrendo esta sem citação nem audiência do esbulhador[footnoteRef:60] (excepção ao principio do contraditório previsto no art. 3° n.º 3 do CPC, uma vez o legislador procurar punir o uso da violência[footnoteRef:61]) art.º 1279° conjugado com os artigos 393° e 394° do CPC. Esta devera ser seguida pela acção principal, a acção de restituição (art. 1278° do CC). [60: Nota que, a regra nesta situação é da restituição provisória da posse sem audiência do esbulhador, porém, se pelo exame das provas o juiz não ficar certo da probabilidade da posse alegada pelo esbulhado, poderá citar o esbulhador para audiência (é o resulta da interpretação da redacção do art. 394° do CPC). ] [61: A Lei n.° 10/2002 de 12 de Março vem suavizar esta excepção ao principio do contraditório ao alterar o art. 381° do CPC e estabelece que, sempre que decretada uma providência sem ser ouvida a parte requerida, na decisão que proferir, o juiz marca audiência de comparência das partes dentro de 10 dias, podendo, confirmar, modificar ou revogar as providencias ordenadas (art. 381° do CPC com as alterações introduzidas pela Lei n.° 10/2002 de 12 de Março). ] 
14.4. Embargo de Obra Nova
Sempre que o titular do DUAT ou que estiver na posse da coisa se vir ofendido no seu direito em consequência de obra, trabalho ou serviço novo que lhe cause prejuízo, pode, no prazo de 30 dias a contar do conhecimento do facto, requere que o acto em causa seja mandado suspender imediatamente (art. 412 n.°1 do CPC).
O embargo pode ser feito extrajudicial mente pelo interessado, na presença de duas testemunhas e do dono da obra ou seu encarregado, desde que seja judicialmente ratificado no prazo de 3 dias (art 412° n.°3 do CPC). Caso o embargo prossiga a obra sem autorização, depois de notificado, pode o embargante requerer que a inovação seja demolida. O juiz pode, se assim decidir, responsabilizar criminalmente o embargado por crime de desobediência, nos termos do art 188° do CP (art. 420 n.º 2 do CPC.
14.5. Providências Cautelares não especificadas
Sempre que o titular do DUAT ou quem estiver na sua posse tiver fundado receio de que uma lesão grave possa ser causada ao seu direito antes da propositura da acção ou na pendência dela, e não se enquadrado a situação em causa numa das providencias especificas acima descrita poderá se socorrer das providencias não especificadas (art.º 399° do CPC). Para tal, terá que provar a existência do direito ameaçado e o justo receio da lesão, e o juiz ouvira a réu, se achar que não ira colocar em risco o fim da providência (art. 400° n.°1 e n.°2 do CPC). 
14.6. Acção de prevenção[footnoteRef:62] [62: Nordine Ássama Omar, Direito de uso e aproveitamento da terra, Imprensa Universitária, pág. 241. ] 
O possuidor ou titular do DUAT pode requerer ao tribunal que o proteja, logo que se aperceba de uma situação anormal que fundamente o seu justo receio de ser esbulhado ou perturbado, através de qualquer acto naquele sentido (art.1276° do CC).
14.7. Acção de Manutenção 
Estando o titular do DUAT ou o possuidor ainda com a posse da terra mas ameaçado ou perturbado nesta com actos executórios tendentes ao esbulho, pode requerer ao tribunal que seja mantido na sua posse enquanto não se provar a titularidade do direito, pois, um dos efeitos da posse é a presunção da titularidade do direito (Artigos 1278 n.°1 e 1268° n.°1 do CC) pode ser intentada pelo perturbado ou seus herdeiros contra o perturbador, no prazo de 1 ano (artigos 1281° n. °1 e 1282° do CC), sob pena de caducidade.
14.8. Acção de restituição 
Segundo o art. 1278° CC, tendo já ocorrido o esbulho, o titular do DUAT e/ou o possuidor pode requerer que lhe seja restituída a posse até se provar a titularidade do direito, servindo, tal como na acção de manutenção, da presunção de titularidade. A acção pode ser intentada tanto contra o perturbador como contra quem estiver na posse da coisa tendo conhecimento do esbulho (art. 1281° n.°2 do CC). 
14.9. Acção de Reivindicação[footnoteRef:63] [63: Nordine, Ássama Omar, Direito de uso e Aproveitamento da Terra, Imprensa Universitária, 246.] 
A acção de reivindicação, prevista no art. 1311° do CC, é a mais importante defesa dos direitos reais e não prescreve pelo decurso do tempo, sem prejuízo das regras de usucapião (art. 1313° e art. 12° b) da LT). Esta em conexão com o direito de sequela: 
Perseguir a coisa onde quer que ela esteja, apensar de epigrafe da secção do art. 1311° do CC refere-se á defesa da propriedade, pelo disposto no art. 1315° do CC, essas disposições são aplicáveis á defesa de todos os direitos reais com as necessárias correcções. Dai, portanto, a sua aplicação também ao DUAT. 
A acção de reivindicação consiste em dois pedidos simultâneos: o reconhecimento da existência do direito e a restituição da coisa objecto do direito. É uma acção difícil porque, tendo como causa de pedir o facto constitutivo do direito real, este nem sempreé possível de provar-se e a “diabólica probatio” (prova de anteriores transmissões) é praticamente impossível. Para o DUAT, o comprovativo será a autorização concedida pelas entidades competentes e provada pelo respectivo titulo- art. 15 a) da LT e art. 21 n.°b 1 do RLT. Sendo movida pela comunidade local ou nacional que a tenha adquirido por usucapião, uma vez que a lei permite a ausência de títulos, a comprovação far-se-á nos termos do art. 15° b) e c) LT e art. 21° n°1 b) e c) do RLT, ou seja pela prova testemunhal apresentada pelos membros da comunidade local, que tenham conhecimento da aquisição do direito só lhe resta (caso tenha decorrido tempo para tal) alegar a usucapião (uma vez que esta destrói todos os direitos contraditórios). Para tal, pode-se servir ainda da acessão da posse, prevista no art. 1256° C, isto é, juntar a sua posse á do anterior sucessor para completar o prazo fixado por lei (10 anos – art. 12° b) da LT).
Se o titular tiver um registo, presumir-se-á a titularidade até prova em contrário (como poe exemplo a inexactidão do registo ou a sua falsidade), que terá de ser obtido pela parte interessada.
O art. 21 n.° do RLT estabelece que sendo reivindicado o DUAT por duas partes e ambas com provas testemunhais prevalecerá o que adquiriu em primeiro lugar, sem prejuízo das regras de usucapião. Apesar desta protecção que a lei da aos que não têm título como comprovativo do seu direito, estando nas situações previstas pela lei, a população mais vulnerável vê-se muitas vezes entregue as arbitrariedades dos órgãos do Estado. 
 
15. Acção Real de Demarcação[footnoteRef:64] [64: Janete Assulai, André Calengo. Eduardo Alexandre Chiziane, Eduador Chiziane, Diogo Pereira Duarte e Maria da Conceição de quadros, Manual de Direito da Terra, Centro de Formação Jurídica e Judiciaria. Pag 247. ] 
No art. 1353° do CC entramos a demarcação consagrada como um direito do titular para os casos em que haja dúvidas sobre os limites exactos de cada prédio. Isto ajudara a evitar não só a invasão de limites de terrenos alheios, como também as situações de duplas autorizações.
A LT refere-se da demarcação como um dever a que devera se sujeitar o titular do DUAT que adquiriu por meio de autorização (art.12 c) da LT), devendo executá-la no prazo de 1 ano, sob pena de ser cancelada a autorização provisória (art. 30° n.º 2 do RLT). O Anexo Técnico ao RLT[footnoteRef:65]. Fixa os requisitos e os procedimentos técnicos necessários para ser efectuada esta demarcação (art. 17° e ss. Do AT), estabelecendo no.° 2 do art. 15 que a falta de demarcação não prejudica o direito das comunidades locais e de nacionais de boa-fé que tenham ocupado há pelo menos 10 anos (assim com a falta de titulo não prejudica o seu direito-art. 13 n.º 2 LT). Nada obsta que a solicitem, se assim desejarem, ou que esta seja feita quando necessário- art. 9° n.°3 e art. 10 n.º 3 RLT e art. 7° do AT, sendo definida as prioridades para a demarcação neste casos, seguindo-se então, os termos normativos para o mesmo art. 34° e 35 do RLT. [65: Diploma Ministerial n.º 28 A/2000 de 17 de Março, BR n.°11, I Série, Suplemento de Sexta-feira, dia 17 de Março de 2000, págs. 50 (29) á 50 (36). ] 
O titular do DUAT pode intentar junto ao tribunal judicial uma acção real de demarcação para que este, por meio de sentença judicial, fixe os limites definitivos do terreno em conflito (art. 1058 do CPC). A demarcação é um direito imprescritível, um prejuízo das regras da usucapião (art. 1355° do CC). 
Capitulo IV
16. Esta parte é reservada Caso/ Trabalho de campo realizado no distrito de Marracuene
Marracuene é um distrito situado na parte meridional de Moçambique, a 30 km da cidade de Maputo. Seus limites são: a norte, o distrito de Manhiça; a Sul, a cidade de Maputo. O distrito está dividido em dois postos administrativos, tais são: o posto administrativo de Marracuene-sede, que engloba a comunidade de Marracuene e as localidades de Michafutene e Nhongonhane; e o posto administrativo de Machubo, com duas localidades (Taúla e Macandza). 
A proximidade geográfica de Marracuene da cidade de Maputo (30 km) é um dos motivos do aumento da procura por terras naquele distrito que, actualmente, tem que responder ao crescimento populacional, não só da população do seu distrito, como também da população proveniente da província e cidade de Maputo. Com uma população maioritariamente rural (taxa de urbanização de 25%), e uma densidade populacional de 87 há/km², considerada elevada, há uma grande pressão sobre os recursos, em particular a terra.
A sociedade em Marracuene é patrilinear, onde a transmissão do poder e da herança sobre a terra e os bens da família é feita de pai para o filho mais velho, ou outro parente da linhagem paterna (Muteia, 1996). As práticas culturais e tradições que prevalecem neste tipo de sociedade desfavorecem as mulheres, cujo acesso à terra dá-se por via do casamento, que lhe permite cultivar as terras do seu marido, ou por via do pai, onde aquela trabalha nas machambas pertencentes à família até contrair matrimónio e mudar-se para as terras do marido.
A maior preocupação, actualmente, é a existência de um mercado informal de terras num contexto de grande procura de espaços habitacionais, onde o mesmo espaço de terra é vendido para pessoas diferentes, resultando em conflitos entre os que vendem a terra e os que compram esses terrenos[footnoteRef:66]. A venda múltipla de espaços tem vindo a aumentar nos últimos anos, impulsionada pela construção de infra-estruturas como estradas e a Feira Internacional de Maputo. A construção da estrada circular, que liga o distrito de Marracuene à cidade de Maputo, veio juntar- se aos factores de atracção do interesse pelas terras de naquele distrito. A propósito do aumento da procura por terras em Marracuene, o secretário de Ricatla aponta: [66: Sobre os mercados de Terras em Moçambique, vide Negrão (2004).] 
Comprovada a venda múltipla de um terreno, o vendedor pode optar pela devolução do valor que recebeu ou pela identificação de um outro espaço, que corresponda à mesma dimensão que o primeiro, e atribuí-lo ao último comprador. Esta decisão, geralmente, é tomada na presença dos lesados e das autoridades tradicionais, mediadoras do conflito. Um número considerável de casos é também reportado e julgado nos tribunais judiciais.
As aquisições de terras para a construção de grandes infra-estruturas, como a Estrada Circular de Maputo, foram realizadas através de indemnizações monetárias e reassentamentos das pessoas cujos bens e propriedades (casas, empreendimentos comerciais, locais sagrados, etc.) foram afectados pelas obras. Este processo de reassentamento e compensação foi acompanhado por manifestações e descontentamento quanto aos efeitos ambientais da implementação dessas infra- estruturas, ao valor das indemnizações aos afectados, assim como a desagrado com as áreas de reassentamento[footnoteRef:67].
 [67: Jornal o país, http: / / o p a i s. Sapo.mz / i n d ex. p h p / e c o n o m i a / 3 8 - e c o n o m i a/ 2 5 9 5 5 - o b r a s - da - c i r c u l a r - de - Maputo - já - mexem. HTML, 26 de Junho de 2013; Jornal notícias,] 
17. Conclusão
Existem diferentes interesses, económicos, sociais à volta da terra que podem condicionar o surgimento de conflitos entre os diferentes utilizadores. O estudo a acima apresentado pode ajudar o leitor na compreensão dos tipos de conflitos sobre a ocupação da terra existentes no país, suas causas, tipo de direitos reivindicados e as formas de resolução.
No geral, o desconhecimento dos marcos e a não-observância dos limites, as normas de sucessão e herança vigentes segundo a sociedade (matrilinear ou patrilinear), a venda de terras no meio urbano, as deficiências na realização das consultas comunitárias no âmbito dos projectos de investimento, a fraca capacidade institucional de aplicar a Lei de Terras.
Qualquer uma das formas de ocupação da terra previstas por lei (costume, boa-fé e DUAT) é susceptível de provocar conflitos de terra.
RecomendaçõesA presente pesquisa inserisse no trabalho de fim do curso tem como contributo principal analisar os casos de conflito de terra. Na qual ela contribui em vertentes académica. Uma vez em Moçambique existem escassos estudos sobre Causas dos conflitos na aquisição de direito do uso e aproveitamento de terra. Sabido que a terra em Moçambique é não só, vista como um bem com um valor particular e que tem dado azo a muitos conflitos, surgidos entre outras razões, devido ao desconhecimento dos direitos a ele inerentes. 
18. Bibliografia 
· Ascensão, José de oliveira, Direito Civil: Reais, Coimbra Editora, 5ª edição, Coimbra, 1994;
· CONDESSO, Fernando dos Reis, Direito do Ambiente, Livraria Almedina, Coimbra, 2001;
· CORDEIRO, António Meneses, Direitos Reais, Lex Edições Juridicas, Vol. I, Lisboa, 1993;
· PINTO, Carlos Alberto Da Mota, Teoria Geral Do Direito Civil, 3ª edição actualizada, Coimbra Editora, 1990;
· QUADROS, Conceição, Manual Para Melhor Compreender a Lei de Terra, Campanha Terra, Maputo, 1998;
· GONÇALVES, Augusto Da Penha , Curso de Direitos Reais, Universidade Lusiada, Lisboa, 2ª edição, 1993;
· MOREIRA, Álvaro e Fraga, Carlos, Direitos Reais, Livraria Almedina, 3ª edição actualizada, Coimbra Editora, 1990;
· AMARAL, Diogo Freitas do, Direito Administrativo, volume II, Lisboa, 1988;
· ASCENSÃO, José de oliveira, Direito Civil Real, Coimbra Editora, Lda, 4ª edição, 1987. 
Legislação 
· Código Civil; 
· Código de Processo Civil;
· Constituição da República de Moçambique de 1990; 
· Constituição da República de Moçambique de 2004;
· Lei de Terras;
· Regulamento da Lei de Terras; 
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