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INTERNET DAS COISAS AULA 1 Prof. Marcelo dos Santos Moreira 2 CONVERSA INICIAL Quando pensamos em internet das coisas – IoT – vem-nos à mente dispositivos como termostatos ou automóveis conectados à internet. No entanto, nesta disciplina, abordaremos a IoT no contexto do empreendedorismo, isto é, formas de se utilizar a IoT no aprimoramento de qualquer negócio por meio do uso de dados para saber mais sobre como os clientes usam produtos ou serviços e como aprimorar a oferta a esses clientes. Nesse sentido, devemos pensar na IoT como uma solução, e, para tanto, possuir uma estratégia é fundamental. Iniciaremos esta aula com o posicionamento e gestão estratégica de novos negócios, demonstrando a importância de as organizações darem uma resposta rápida e apropriada às constantes mudanças das condições ambientais. Em seguida, discutiremos aspectos voltados à gestão de marketing, além do mix de marketing, composto pelas variáveis que uma organização pode usar e controlar a fim de criar de valor a seus clientes. Apresentaremos ainda a importância de as organizações aprenderem com seus dados, transformando-os em informações. Para isso, a estatística tem sido uma ferramenta eficiente, pois trata o planejamento da coleta de dados e o subsequente gerenciamento dos dados até as atividades de fim de linha, como extrair conclusões de fatos numéricos – dados – e a apresentação dos resultados. Aproveitaremos, aqui, para discutir o processo de mineração de dados – datamining – que tem por objetivo descobrir padrões significativos de forma automatizada. Por fim, trataremos da tomada de decisão em ambientes turbulentos, cobertos de incertezas e riscos. Diante desse cenário, demonstraremos que o grande desafio para as organizações é desenvolver análises sistemáticas visando aumentar a compreensão da relação entre a incerteza e o desempenho organizacional, principalmente quando as organizações procuram gerenciar e aprender com as situações de crise. Para isso, voltaremos a abordar o datamining como importante ferramenta de apoio à tomada de decisões no âmbito organizacional, descrevendo, de forma detalhada, as atividades do processo de mineração de dados. 3 CONTEXTUALIZANDO Ao iniciar a arquitetura da solução IoT, o primeiro passo é formular sua estratégia. Estratégia envolve pensar em todos os aspectos de uma solução e em como desenvolvê-la para que seja holística, cobrindo tudo o que for necessário. Se fizermos uma busca na internet pelo termo IoT ou internet das coisas, encontraremos uma infinidade de definições, porém IoT não é algo que deva ser desenvolvido sem uma consistente estratégia de como aplicá-la. Uma solução de IoT deve abranger mais do que a coleta de dados por um dispositivo; deve considerar o que se fazer com esses dados. Uma solução IoT deve coletar os dados, analisá-los, armazená-los, aplicar técnicas de machine learning e executar programas de inteligência de negócios para analisar esses dados e fornecer informações significativas para a tomada de decisões. Essa análise em tempo real proverá os subsídios necessários à inteligência dos negócios. TEMA 1 – POSICIONAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA A estratégia é algo presente no dia a dia de todos nós; de fato, desenvolvemos e implementamos estratégias desde o momento em que nascemos. Qualquer pessoa é capaz de analisar e reagir aos movimentos estratégicos de outras pessoas. 1.1 A estratégia na natureza A estratégia não é um atributo exclusivo da condição humana. Na natureza, a estratégia considera as características dos indivíduos e das populações para lidar com o objetivo primordial de sobrevivência. Nessa perspectiva, estratégias de sobrevivência surgem e evoluem continuamente. Podemos ilustrar essa dinâmica por meio da teoria da seleção natural. Quando o ambiente e seus recursos mudam, os organismos devem se adaptar rapidamente às novas condições, mantendo pelo menos um objetivo básico: garantir a viabilidade máxima possível da espécie. Os indivíduos e as populações enfrentarão esse desafio por meio de uma troca estratégica entre quantidade e qualidade de sua raça. A ecologia trata esse fenômeno como a teoria da seleção r/K (Gurevitch; Scheiner; Fox, 2009, p. 190). 4 De qualquer forma, as estratégias nos sistemas naturais parecem emergir espontaneamente da interação entre o ambiente e os organismos ao longo do tempo. Se um indivíduo ou uma população terá mais ou menos sucesso para lidar com as mudanças ambientais, isso é determinado por sua capacidade de responder a essas mudanças ou, em outras palavras, por sua capacidade de adaptação. Assim, existe um vínculo implícito entre a estratégia e a necessidade de se adaptar com sucesso às novas condições ambientais. Para as pessoas, isso não é muito diferente, uma vez que a estratégia também considera a busca pela sobrevivência. O fato de sermos mais ou menos bem-sucedidos na vida depende de como conseguimos responder às mudanças no ambiente em que estamos inseridos. Essa capacidade será determinada em parte pelos traços de nossa personalidade e pelo equilíbrio entre as oportunidades e as ameaças do ambiente externo. No contexto organizacional, as estratégias são formuladas no sentido de direcionar e concentrar seus esforços na criação de valor visando o lucro e na orientação da organização para o futuro (Martins; Guindani, 2013, p. 29). O meio ambiente, aqui, é o mercado com seus recursos limitados e, portanto, onde existe a concorrência. Esse ambiente pode ser mais ou menos estável, porém em constante mudança. Assim, a estratégia se torna um processo sistêmico e racional, o qual deve ser gerenciado para atingir com êxito os objetivos organizacionais. 1.2 Definição de estratégia Embora o termo estratégia seja empregado em uma diversidade de setores e situações, não há uma definição universalmente aceita. Portanto, em diferentes contextos, a estratégia se apresenta como coisas diferentes, entre as quais destacamos: 1. Arte de planejar e coordenar as operações das forças militares, políticas, econômicas e morais envolvidas na condução de uma guerra ou na preparação da defesa de um Estado ou comunidade de nações. 2. Arte de utilizar planejadamente os recursos de que se dispõe ou de explorar de maneira vantajosa a situação ou as condições favoráveis de que porventura se desfrute, de modo a atingir determinados objetivos. (Dicionário Michaelis, 2020) Segundo Sertek, Guindani e Martins (2011) citados por Martins e Guindani (2013, p. 17), do ponto de vista etimológico, a palavra estratégia vem do francês antigo strategyie, que por sua vez deriva do grego antigo stratēgia, que significa 5 gabinete de general ou comando. Vemos então que a estratégia tem, de fato, um verdadeiro vínculo histórico com a deliberação, as ações hábeis, a liderança e a guerra. Por volta do século VI a.C., o estrategista militar chinês Sun Tzu escreveu uma obra prima sobre estratégia: A Arte da Guerra (Tzu, 2014). Esse tratado militar composto de 13 aspectos básicos da guerra tornou-se uma referência da estratégia militar na Ásia e do pensamento dos militares orientais. Com o tempo, a publicação ampliou sua influência para as organizações. O tratado ressalta a importância do posicionamento estratégico e defende que essa posição é afetada pelas condições objetivas no ambiente físico e pelas opiniões subjetivas dos atores competitivos desse ambiente. O autor considera a estratégia não como um plano de ação detalhado, mas como uma resposta rápida e apropriada às mudanças das condições ambientais. A partir dessa perspectiva, o autor sugere que o planejamento é eficaz apenas em ambientes estáveis, já que seguir um plano em um ambiente com mudanças constantes gerará conflitos inesperados. Quer tratemos estratégia como umamanobra, um plano ou qualquer outra ação, podemos relacioná-la a duas origens: as estratégias podem ser: (1) formuladas (estratagema, manobra) ou (2) modeladas (padrão, modelo). Já com relação às suas características, as estratégias podem ser: (1) realizadas (a partir de um padrão ou um modelo) ou (2) pretendidas (por meio de um plano). No mundo dos negócios, as estratégias não são especificamente formuladas ou modeladas, nem são exclusivamente realizadas ou pretendidas. Em termos gerais, as estratégias são uma combinação de decisão e de impulsividade com base em ideias e ações atuais e passadas (Martins; Guindani, 2013, p. 32-37). Dessa forma, as organizações não praticam estratégias apenas com base na criação de novas estratégias, mas também no aperfeiçoamento das estratégias existentes, com base nos fatos, no instinto e na sabedoria de seus gestores. As estratégias são uma intrincada mistura de propósito e instinto que emerge da experiência e, ao mesmo tempo, das expectativas futuras. TEMA 2 – GESTÃO DE MARKETING E MIX DE MARKETING (4PS) A produção e a comercialização de bens e de serviços são a essência da vida econômica em qualquer sociedade. Todas as organizações desempenham essas duas funções básicas para satisfazer seus compromissos com os 6 stakeholders: proprietários, clientes, fornecedores, governo etc. Assim, é criado um benefício que os economistas chamam de utilidade, o qual é representado pelo poder de satisfazer um desejo ou uma necessidade de um bem ou serviço (Oliveira, 2012, p. 69). Ainda segundo o autor, existem quatro tipos básicos de utilidade: a forma, o tempo, o local e a propriedade. A utilidade da forma é criada quando a empresa converte matérias-primas e insumos em bens e serviços acabados. Embora o marketing forneça informações importantes que especifiquem a preferência do consumidor, a função de produção da organização é responsável pela criação real da utilidade da forma. A função de marketing cria utilidade de tempo, de local e de propriedade. A utilidade de tempo e de local ocorre quando os consumidores encontram os bens e serviços disponíveis quando e onde desejam comprá-los. Exemplo disso são os sítios de e-commerce que disponibilizam seus produtos e serviços no formato 7/24, enfatizando, assim, a utilidade do tempo. As máquinas de venda automática de refrigerantes fornecem utilidades para as pessoas. A transferência de titularidade de bens ou serviços no momento da compra cria a utilidade de propriedade. A fim de sobreviverem, as organizações necessitam criar utilidade. Projetar e comercializar mercadorias, serviços e ideias que satisfaçam o mercado é a base para a criação de utilidade. Drucker (2017, p. 217) enfatiza a importância do marketing ao afirmar que se alguém quiser conhecer um negócio, deve começar pela razão de sua existência, pois seu propósito deve estar fora do negócio em si. Assim, há uma única definição válida da finalidade comercial: criar um cliente. Com isso, podemos concluir que as atividades de marketing se concentram sempre no consumidor. Dessa forma, uma organização orientada ao mercado inicia sua estratégia genérica com uma descrição detalhada de seu mercado-alvo, ou seja, o grupo de pessoas para quem a organização decide direcionar seus esforços de marketing. Após a seleção do mercado-alvo, a organização deve direcionar suas atividades à satisfação desse mercado-alvo de forma lucrativa. Embora seja necessária a manipulação de diversas variáveis para atingir esse objetivo, a tomada de decisões de marketing pode ser dividida em quatro áreas: produto, preço, praça (distribuição) e promoção (comunicação de marketing). 7 2.1 Mix de marketing (4Ps) As quatro áreas de decisões de marketing – produto, preço, praça e promoção – são denominadas 4Ps, composto ou mix de marketing. Os 4 Ps se combinam para atender às necessidades e preferências de um mercado-alvo específico. Trata-se de quatro variáveis que uma organização pode usar para controlar suas estratégias de marketing em diferentes combinações e criar valor para seus clientes (Oliveira, 2012, p. 21). Vale ressaltar que as decisões sobre os 4Ps são afetadas pelos fatores ambientais e, diferentemente dos elementos controláveis do mix de marketing, as variáveis ambientais frequentemente estão fora do controle da organização. • A estratégia do produto envolve decidir quais bens e serviços a organização deve oferecer a um grupo de consumidores e também tomar as decisões apropriadas sobre o atendimento ao cliente, o nome da marca, a embalagem, a rotulagem, os ciclos de vida do produto e o desenvolvimento de novos produtos (Oliveira, 2012 p. 148). • A estratégia de preços trata dos métodos de fixação de preços lucrativos e justificáveis (idem, p. 183). • A organização deve desenvolver uma estratégia de distribuição – praça – para garantir que os consumidores encontrem os produtos nas quantidades adequadas e nos locais e horários adequados. As decisões relacionadas à praça envolvem os canais de distribuição (idem, p. 208). • Na estratégia de promoção, a organização combina os vários elementos da promoção para se comunicar de maneira mais eficaz com seu mercado-alvo. Muitas organizações se utilizam da abordagem de Comunicação Integrada de Marketing (CIM) no sentido de coordenar todas as atividades promocionais para que o consumidor receba uma mensagem unificada, consistente e eficaz (idem, p. 228). TEMA 3 – NOVOS MERCADOS O e-commerce – comércio eletrônico – tem provocado uma profunda mudança na economia global e, consequentemente, afetado todos os aspectos dos negócios. Hoje em dia, nenhuma organização pode se dar ao luxo de ignorar o e-commerce. Especialistas apontam que ele deve se tornar parte das principais funções de negócios, como contabilidade, marketing etc. 8 O sistema de e-commerce inclui transações comerciais na internet e pode ser classificado por tipos de aplicação, como e-marketing e EDI – Electronic Data Interchange –, conforme ilustrado na Figura 1 (Turban, 2004, p. 188). Figura 1 – Classificação do sistema de e-commerce E-marketing significa o marketing de produtos ou serviços pela internet. Trata-se de uma redefinição de como as empresas interagem com seus clientes. Os termos e-marketing, marketing online e marketing na internet geralmente são considerados sinônimos. O e-marketing é tratado como uma nova abordagem do marketing de bens, serviços, informações e até ideias por meio da internet e outras mídias eletrônicas (Oliveira, 2012, p. 337). As estratégias de e-marketing abrangem os serviços existentes e os combinam com a internet para estabelecer um forte relacionamento entre a organização e seus clientes. O e-marketing pode incluir smartphones, ambientes de intranet, extranet etc. Dessa forma, ele ajuda o e-commerce a potencializar os negócios tradicionais por meio da internet. 3.1 Tipos de e-marketing A estratégia de e-marketing é utilizada usada para expandir os negócios de maneira dinâmica por meio da internet, pois esta desempenha papel importante no gerenciamento de ferramentas e atividades de marketing nos negócios. Atualmente, a publicidade por meio de banners tem sido a forma mais popular de publicidade, mas existem diferentes tipos de e-marketing, conforme descrito a seguir. • Marketing por e-mail: uma das principais formas de fortalecer o relacionamento com os clientes, sendo uma maneira eficaz de retê-los, economizando tempo e papel (Oliveira, 2012, p. 337). e-Marketing EDI e-Commerce 9 • Marketing por dispositivos móveis: dá-se por meio da rede de telefonia à qual os clientes estão conectados. As organizações devem se preparar desenvolvendo aplicativos específicos para smartphones. A customização é muito importante nesse tipo de marketing, pois as organizações interagem com seus clientesindividualmente ao fornecer um serviço, produto ou mensagens personalizadas conforme suas necessidades (idem, p. 385). • Marketing viral: a crescente popularização das redes sociais tem oferecido maneiras eficazes do uso do marketing viral em larga escala – consumo de conteúdo online. Os usuários que se utilizam intensamente das redes sociais têm como base a confiança entre os indivíduos e tendem a compartilhar conteúdo online em larga escala (idem p. 238). • Marketing digital: tecnologias que auxiliam as atividades de marketing, tendo como objetivo melhorar o conhecimento sobre os clientes e, assim, atender de forma mais eficaz às suas necessidades. Os clientes podem ler resenhas e escrever comentários sobre as suas experiências em blogs e isso pode ser usado como uma ferramenta de marketing digital (p. 339). • Marketing de conteúdo: criação e compartilhamento de mídias e publicação de conteúdo para atrair novos clientes. Consiste na utilização de vídeos, fotos, artigos, webinars e podcasts. Concentra-se na comunicação com o público e não necessariamente na comercialização de produtos ou serviços (idem, p. 340). Como pode ser visto, o e-marketing pode criar inúmeras oportunidades para uma organização, além de reduzir diversas ameaças. TEMA 4 – ESTATÍSTICA, ANÁLISE DE DADOS E DATAMINING Um dos grandes desafios para as organizações atualmente é aprender com seus dados, transformando-os em informações. Conhecimento é o que sabemos, e a informação é a comunicação desse conhecimento. Segundo Laudon e Laudon (2014, p. 13), os dados são conhecidos por estarem em estado bruto e não produzem conhecimento. Assim, podemos descrever a sequência dos dados para a produção do conhecimento – Figura 2: • de dados para as informações: os dados se tornam informações quando são relevantes para o problema de decisão; 10 • da informação aos fatos: as informações se tornam fatos quando os dados podem suportá-las; • dos fatos ao conhecimento: os fatos se tornam conhecimento quando são usados na conclusão bem-sucedida do processo de decisão. Figura 2 – Sequência dos dados para a produção do conhecimento Por esse motivo as organizações precisam lidar com as estatísticas, para colocar o conhecimento em uma base sistemática de evidências. 4.1 Datamining Datamining, mineração de dados, situa-se na interseção entre estatística, ciência da computação, inteligência artificial, machine learning, gerenciamento de banco de dados, visualização de dados, entre outros campos. Laudon e Laudon (2014, p. 197) definem datamining como o processo de exploração e análise, por meios de processos automatizados ou semiautomatizados, de grandes quantidades de dados, a fim de descobrir padrões significativos. Assim, no mundo dos negócios, entendemos datamining como o processo de identificação de padrões ou modelos válidos, novos, potencialmente úteis e compreensíveis de dados, visando a tomada de decisões cruciais para a sobrevivência da organização. Vale ressaltar que: • válido: significa que os padrões são válidos no geral; • novo: significa que não se conhecia o padrão previamente; • compreensível: pode-se interpretar e compreender os padrões. Portanto, como as estatísticas, datamining não é apenas modelagem e previsão, nem um produto que pode ser comprado, mas um ciclo ou processo dados Nível de melhoria do processo de tomada de decisão Nível de precisão do modelo estatístico informação fatos conhecimento 11 de solução de problemas que deve ser dominado pela organização. Definir o objetivo exato é o grande desafio de um datamining bem-sucedido, pois se trata exclusivamente de um problema de comunicação. Os analistas de dados precisam entender exatamente do que a organização precisa. Mesmo os algoritmos mais avançados não conseguem descobrir o que é mais importante. Devemos sempre ter em mente que a entrada de lixo produz a saída de lixo. O pré-processamento de dados ou a preparação de dados também é uma parte essencial em datamining. As decisões de qualidade e os resultados do processo de datamining de qualidade vêm de dados de qualidade, e nem sempre os dados estão prontos para a mineração de dados no mundo real. A parte crítica do processo de datamining está relacionada à análise dos dados e ao uso de técnicas de software para encontrar padrões e regularidades em conjuntos de dados. O computador é o responsável por encontrar os padrões, identificando as regras e os recursos contidos nos dados. O processo de análise começa com um conjunto de dados, por meio de uma metodologia que desenvolva uma representação ideal da estrutura dos dados durante a qual o conhecimento é adquirido. Depois que o conhecimento é adquirido, isso pode ser estendido para conjuntos maiores de dados, trabalhando na suposição de que o conjunto maior de dados possui uma estrutura semelhante aos dados da amostra. Isso é análogo a uma operação de mineração na qual grandes quantidades de materiais de baixa qualidade são filtradas para encontrar algo de valor. 4.2 Business intelligence Essa cadeia no leva ao que chamamos de business intelligence: de dados a informações, de informações a conhecimento, de conhecimento a decisões e de decisões a ações (Laudon; Laudon, p. 367). Exemplos de decisões: • promover o produto PR na região RG; • enviar mala direta às famílias do perfil PF; • promover a venda cruzada dos produtos M e N aos clientes K. O grande desafio para as organizações, portanto, é saber como passar dos dados ao conhecimento e, com datamining, elas podem analisar o histórico dos comportamentos de seus clientes de modo a tomar decisões estratégicas para o futuro. 12 TEMA 5 – TOMADA DE DECISÃO EXECUTIVA EM AMBIENTES TURBULENTOS, SOB INCERTEZA E RISCO A incerteza é um fenômeno constante no cotidiano de qualquer organização, afetando sobremaneira suas escolhas e decisões. É muito comum encontrarmos estudos no campo da gestão que tratam o fenômeno da incerteza, e isso se deve ao alto custo da falta de entendimento e da incerteza na tomada de decisões organizacionais. Esses custos surgem na forma de resultados imprevistos, efeitos negativos ou oportunidades perdidas. Fato é que o ambiente de negócios é extremamente instável, o que faz criar incertezas para os gestores. Esse cenário de incerteza ambiental se apresenta na forma de incapacidade de determinar a probabilidade de eventos futuros, falta de informações sobre as relações de causa e efeito, incapacidade de prever com precisão as implicações da decisão etc. Laudon e Laudon (2014, p. 364) definem incerteza como a percepção do indivíduo sobre a incapacidade de prever com precisão. Essa incapacidade se deve à falta de dados suficientes para prever corretamente ou ao senso de incapacidade de distinguir entre dados relevantes e irrelevantes. Muitos gestores usam a incerteza e o risco de forma intercambiável, porém há diferenças sutis entre os termos: • a incerteza é um termo amplo e cobre riscos; • o risco existe quando dois ou mais estados são possíveis e a probabilidade de cada um deles pode ser determinada com segurança; • a incerteza é usada nos casos em que a informação é insuficiente e as observações são irregulares; • existe uma profunda incerteza quando a conclusão do conhecimento é fraca. Dessa forma, podemos tratar a incerteza como a complementaridade do conhecimento, ou seja, a incerteza é a lacuna entre o que sabemos e o que precisamos saber para tomarmos as decisões corretas. 5.1 O processo de tomada de decisão O processo de tomada de decisões em qualquer ambiente organizacional é caracterizado por uma série de riscos e de incertezas. Laudon e Laudon (2014, 13 p. 366) argumentam que, para que as organizações tenham sucesso em um futuro imprevisível, elas devem desenvolver estratégias práticas combase em múltiplas escolhas que respondam às exigências de diferentes futuros possíveis, e não em um único compromisso estratégico. Diante disso, podemos dividir o processo decisório em quatro etapas: • antecipação: envolve a identificação dos fatores determinantes da mudança ou das forças que estão moldando o futuro; a identificação de possíveis cenários de futuro e a decisão de quais cenários de futuro são plausíveis ou com as maiores chances de ocorrência; • formulação: inclui o desenvolvimento de uma estratégia ideal para cada cenário e a identificação dos elementos principais – comuns – e dos elementos contingentes – circunstanciais – dessas estratégias; • acumulação: inclui a decisão de se comprometer com os elementos principais de uma estratégia e aceitar as opções dos elementos contingentes; • operação: envolve a implementação e o monitoramento das opções estratégicas. O grande desafio para as organizações é desenvolver análises sistemáticas que aumentem a compreensão da relação entre a incerteza e o desempenho organizacional, principalmente quando as organizações procuram gerenciar e aprender com as situações de crise. O foco no curto prazo restringe a capacidade de as organizações desenvolverem estratégias econômicas para lidar com as futuras crises. 5.2 Datamining como apoio à tomada de decisões Datamining se apresenta como uma importante ferramenta de apoio à tomada de decisões no âmbito organizacional. Vejamos a seguir a decomposição do processo de mineração de dados sugerida por Sharda, Delen e Turban (2019, p. 240-241): • classificação: examinar as características de um objeto recém- apresentado e atribui-lo a um conjunto predefinido de classes; • estimativa: considerar alguns dados de entrada, apresentar um valor para uma variável contínua desconhecida – faixa etária, consumo de produtos naturais, renda mensal etc.; 14 • previsão: repete-se o mesmo processo da classificação e da estimativa, porém os registros são classificados de acordo com algum comportamento futuro previsto ou valor futuro estimado; • agrupamento por afinidade ou regras de associação: determinar quais objetos serão agrupados de forma conjunta – modelagem de dependência; • fragmentação: segmentar uma população em vários subgrupos ou agrupamentos; • descrição e visualização: promover a mineração de dados exploratória ou visual. Os autores ressaltam que as atividades: • de classificação, estimativa e previsão são exemplos de descoberta direcionada de conhecimento – aprendizado supervisionado, no qual o objetivo é usar os dados disponíveis para criar um modelo que descreva uma variável específica de interesse. • de agrupamento por afinidade ou regras de associação, fragmentação e descrição e visualização são exemplos de descoberta não direcionada de conhecimento – aprendizado não supervisionado, no qual nenhuma variável é apontada como alvo, pois o objetivo é estabelecer alguma relação entre todas as variáveis. O aprendizado não supervisionado tenta encontrar padrões ou semelhanças entre os grupos de registros sem o uso de um campo específico ou da coleção de classes predefinidas. Um processo complexo, assemelhando-se a procurar uma agulha no palheiro. Como visto, o datamining tem muito a oferecer ao processo de decisões organizacionais, pois os dados estão sendo produzidos e armazenados; o poder da computação está cada vez maior e mais acessível; e a pressão competitiva também está cada vez maior. TROCANDO IDEIAS A IoT representa um avançado sistema automatizado de análise de dados que se utiliza de sensores, tecnologias de inteligência artificial e da internet, fornecendo uma eficiente solução na gestão dos negócios. Ela permite que os dispositivos IoT sejam controlados remotamente por meio da internet, criando 15 oportunidades para se interconectar, integrando o mundo físico a sistemas computadorizados e a sensores. Na sua opinião, quais são os principais benefícios de uma solução de IoT? Respostas esperadas: • Redução de desperdícios por meio da disponibilização de informações em tempo real, possibilitando aos gestores a tomada de decisão e o gerenciamento de recursos de modo eficaz. • Um maior envolvimento do cliente, pois a IoT tem grande potencial para melhorar a experiência do cliente por meio da automação de diversas ações. Exemplo: um problema em um automóvel poderá ser detectado automaticamente pelos diversos sensores, resultando em uma pronta notificação tanto para o motorista como para o fabricante. NA PRÁTICA Diversos setores começam a adotar soluções IoT como diferencial competitivo no mercado devido ao grande potencial de dispositivos a serem conectados à internet. De forma proeminente, destacamos o ramo de seguros, o qual se baseia em sua capacidade em avaliar riscos. Historicamente, os corretores de seguro se basearam em sua experiência profissional, nas análises e informações fornecidas pelos segurados, sendo este último potencialmente subjetivo. Com a implementação de dispositivos conectados no processo de subscrição de apólices, as seguradoras obtêm acesso a uma ampla gama de dados pessoais e têm uma visão mais precisa de cada um de seus clientes. A importância de IoT no ramo de seguros é devido a ele ser baseado em dados, e a IoT tem grande potencial em lidar com grandes volumes de dados. Dessa forma, as seguradoras podem obter maior clareza, em tempo real, sobre o comportamento de seus segurados e, consequentemente, obter uma série de vantagens, tais como: • avaliações mais precisas de riscos; • aperfeiçoamento dos controles de perda; • redução dos custos; • aperfeiçoamento do gerenciamento das políticas de preços; • aceleração do crescimento; • aperfeiçoamento das práticas de negócios. 16 Já do ponto de vista dos clientes das seguradoras, existem outros inúmeros benefícios: • descontos e ofertas pessoais; • processo de contrato simplificado; • redução no tempo de verificações; • gerenciamento dos riscos pessoais durante a vigência das apólices. A aplicação prática de IoT por seguradoras pode se dar por meio de certos tipos de fontes de dados: • Sensores em veículos e máquinas: são a evolução da telemática tradicional e do gerenciamento de frotas. Reúnem métricas como a distância percorrida, a velocidade e a frequência de frenagem. Os sensores de diagnóstico são configurados em equipamentos industriais para alertar os usuários se houver mau funcionamento ou risco de falha. • Sensores ambientais: instalados em residências, escritórios, fábricas e outros edifícios para detectar temperatura, umidade, fumaça tóxica, mofo, além de outras condições perigosas. Podem também ser instalados em drones ou câmeras para controlar as condições ambientais e fornecer dados úteis para diversos setores, como a agricultura, por exemplo. • Sensores biométricos: usados para monitorar a saúde, a condição corporal e os hábitos comportamentais. Extraem métricas como frequência cardíaca, pulso, pressão arterial etc. Em ambientes industriais, podem enviar alertas quando os colaboradores excedem a carga de trabalho permitida, violam os regulamentos de segurança, abusam de substâncias ou correm o risco de sofrer ferimentos por causa da fadiga. Nesses casos, o empregador, o colaborador e a seguradora se beneficiam de uma melhor compreensão dos riscos e dos preços mais precisos. Por exemplo, a biometria pode ajudar a prever um ataque cardíaco iminente e desencadear um alerta proativo ou tomadas de ações preventivas. • Sistemas de Informações Geográficas (SIG): fornecem dados geofísicos, topográficos, climatológicos e hidrológicos. Podem ajudar as seguradoras a avaliar melhor os riscos relacionados ao clima e às variações sazonais de setores como agricultura, aeroviário, transporte marítimo, esportes etc. 17 Como visto, aIoT vem mudando radicalmente o setor de seguros, passando de indenizador de sinistros reativo a consultor de riscos preventivos. FINALIZANDO Nesta aula vimos que a IoT descreve uma série de estratégias no sentido de utilizá-la no aprimoramento dos negócios por meio do uso de dados. Isso permite às organizações saberem mais sobre como seus clientes usam produtos ou serviços, além de terem melhores condições de aprimorar sua oferta. Para isso, as organizações precisam estar preparadas para oferecer respostas rápidas e apropriadas às constantes mudanças das condições ambientais, planejando a coleta e o gerenciamento dos dados, além da extração das conclusões de fatos numéricos – dados – e a apresentação dos resultados – datamining. Esse processo de análise sistemática tornará as organizações capazes de aumentar a compreensão da relação entre a incerteza e o desempenho organizacional, proporcionando uma tomada de decisões mais precisa. 18 REFERÊNCIAS DRUCKER, P. Melhores práticas. São Paulo: Autêntica Business, 2017. GUREVITCH, J.; SCHEINER, S. M.; FOX, G. A. Ecologia vegetal. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. LAUDON, K. C; LAUDON, J. P. Sistemas de informações gerenciais. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. MARTINS, T. S.; GUINDANI, R. A. Estratégia e competitividade. Curitiba: InterSaberes, 2013. MICHAELIS. Dicionário da língua portuguesa, 2020. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- brasileiro/estrat%C3%A9gia/>. Acesso em: 9 maio 2020. OLIVEIRA, B. (Org.). Gestão de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. SHARDA, R.; DELEN, D.; TURBAN, E. Business intelligence e análise de dados para gestão do negócio. Porto Alegre: Bookman, 2019. TURBAN, E. Comércio eletrônico: estratégia e gestão. São Paulo: Prentice Hall, 2004. TZU, S. A arte da guerra. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
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