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PÊNFIGO FOLIÁCEO Laderm UFR Pênfigo engloba doenças caracterizadas por autoanticorpos direcionados contra a superfície celular do queratinócito, resultando na perda da adesão intercelular dos mesmos por um processo denominado acantólise O termo pênfigo vem do grego pemphix que significa bolha ou borbulha No Pênfigo foliáceo ocorre apenas comprometimento cutâneo, não há comprometimento de mucosa, e as lesões ocorrem na parte superior da epiderme, principalmente na camada granulosa Prevalência igual entre homens e mulheres A média de idade para instalação é 50- 60 anos No Brasil há mais casos de pênfigo foliáceo do que vulgar As pessoas usam esse nome de fogo selvagem por conta da sensação de calor e ardência característica da doença Envolve fator imunológico, genético e ambiental O fogo selvagem afeta jovens, adultos e crianças de qualquer raça ou sexo que são expostas à ecologia local em áreas rurais, e a incidência diminui gradualmente conforme a área é desenvolvida É possível que seja desencadeada por mosquitos pretos (Simulium spp.) ou insetos hematófagos, como percevejo e barbeiro Pênfigo foliáceo endêmico = fogo selvagem O PFE inicia-se apresentando bolhas superficiais que se rompem facilmente deixando erosões, com escamas e crostas finas e aderentes. Geralmente, ocorre na face, pescoço e parte superior do tronco A doença dissemina, no sentido crânio-caudal, de forma gradual, durante semanas ou meses, podendo evoluir para a forma generalizada, tendo sua expressão máxima na eritrodermia Pode ocorrer a forma localizada ou a forma disseminada, que é mais grave A fisiopatologia básica de pênfigo é a inibição da função adesiva das desmogleínas pelos autoanticorpos, que levam à perda da adesão célula- célula dos queratinócitos resultando na formação de bolhas Existem dois subgrupos de caderina, as caderinas clássicas e as caderinas desmossômicas (desmogleína e desmocolina) Essas caderinas clássicas formam as junções aderentes, e as caderinas desmossômicas formam os desmossomos; junções aderentes medeiam adesões celulares rápidas, mas fracas; enquanto os desmossomos medeiam adesões celulares lentas, mas fortes Existem quatro isoformas de desmogleína: Dsg 1 e 3 são basicamente restritas ao epitélio estratificado escamoso, onde se formam as bolhas nos pênfigos Dsg2 é expressa em todos os tecidos que possuem desmossomos, incluindo o epitélio simples e o miocárdio Dsg4 desempenha papel adesivo primário importante nos folículos dos cabelos, mutações no gene DSG4 causam desenvolvimento anormal do cabelo Os pacientes com pênfigo possuem anticorpos IgG contra Dsg 1 e/ou Dsg3 Pênfigo foliáceo = anticorpo IgG contra DSG1 Pênfigo vulgar dominante da mucosa = anticorpo IgG contra DSG 3 Pênfigo vulgar mucocutâneo = anticorpo IgG contra DSG 1 e DSG 3 O padrão de expressão das desmogleínas é diferente: na pele, há mais DSG 1 superficialmente e DSG 3 profundamente na epiderme na mucosa, existe DSG 1 e 3 por toda camada escamosa, porém há maior expressão de DSG 3 Pênfigo foliáceo não tem acomentimento mucoso e apresenta lesões mais superficiais na pele O pênfigo vulgar pode se apresentar com acometimento dominante na mucosa (se DSG 3) ou acometimento mucocutâneo (se DSG 1 e 3) - se acomentimento cutâneo, as lesões serão mais profundas na epiderme A doença se inicia de maneira súbita com a formação de vesículas superficiais e frágeis, sendo que essas vesículas se rompem, gerando crostas com base eritematosa A doença pode permanecer localizada por anos ou progredir rapidamente, em alguns casos para um comprometimento generalizado Sinal de Nikolsky presente Lesões orais são raras Queimação e dor nos locais de lesão Como diferenciar o Pênfigo foliáceo esporádico do Pênfigo foliáceo endêmico (fogo selvagem) Pacientes com pênfigo foliáceo endêmico (fogo- selvagem) apresentam quadro clínico, histopatológico e imunológico indistinguível do pênfigo foliáceo esporádico (doença de Cazenave). A distinção entre essas duas variantes se baseia na distribuição geográfica, predisposição familiar e idade de apresentação. Pênfigo Eritematoso (Síndrome de Senear- Usher) É a variante localizada do pênfigo foliáceo Inicialmente pensou-se que estaria relacionada com o lúpus, mas apenas alguns pacientes apresentam as duas doenças concomitantes Caracteriza-se por lesões escamosas e crostosas típicas do pênfigo foliáceo que aparecem na região malar da face e em outras áreas “seborreicas” Pênfigo Herpetiforme Atividade dos anticorpos é mais fraca quando comparada com os casos clássicos de pênfigo Clinicamente é menos grave, mas a evolução pode ser mais crônica Pode ser variante de pênfigo vulgar Pênfigo induzido por fármacos Se manifesta como pênfigo foliáceo ou como pênfigo vulgar -penicilamina -captopril -piroxicam -ácido acetil salicílico -levodopa -rifampicina -AINEs Bolhas iniciais no pênfigo foliáceo apresentam acantólise na camada granular ou espinhosa superior Estas bolhas superficiais são histologicamente indistinguíveis daquelas observadas na síndrome da pele escaldada estafilocócica ou impetigo bolhoso, porque Dsg1 é alvo em ambas as doenças Diagnóstico IF direta IF indireta Imunoprecipitação Imunotransferência ELISA Tratamento Corticoesteroides Agentes imunossupressores Plasmaférese Imunoglobuina IV Rituximabe permite diferenciar melhor os tipos de pênfigo Estudo de caso Paciente do sexo masculino,13 anos, procedente de Valparaíso-GO, relata, há quatro meses, surgimento de bolhas frágeis, de evolução crânio-caudal e com piora, há um mês, da admissão, sendo realizada biópsia, cujo exame histopatológico evidenciou epiderme exibindo bolha acantolítica, cujo teto é constituído por queratina e porção da camada granulosa e o assoalho pela camada espinhosa, tendo em seu interior típicas células acantolíticas, confirmando a hipótese clínica de pênfigo foliáceo. Foi realizado Imunofluorescência direta, que foi negativa. A Imunofluorescência indireta não foi realizada por dificuldades técnicas no serviço. Prednisona - dose de 2 mg/Kg/dia anemia hemolítica e aumento de transaminases micofenolato mofetil 1,5g/dia + Prednisona por 1 mês sem melhora clínica/ sem medicamento no serviço rituximabe 575 mg intravenoso - em ciclos semanais Prednisona - dose de 1 mg/Kg/dia Prednisona + Dapsona 100 mg/dia sem melhora clínica IgIV 2g/kg/ciclo, em doses mensais Tratado de Dermatologia - Bolognia
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